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domingo, 9 de dezembro de 2007
SÃO NICOLAU e O PAI NATAL - parte I
Com o nascimento de Cristo o ritual das oferendas tornou-se quase sagrado pois repetia anualmente, no dia do nascimento de Jesus, a oferta de prendas feita pelos Reis Magos ao Salvador. Deste modo ficou a tradição de dar e receber prendas nesta época. A partir da Idade Média (de meados do século XIII até meados do século XVI) tornou-se costume os pais darem presentes aos filhos no dia 6 de Dezembro, o dia atribuído pelo calendário litúrgico a São Nicolau. Assim fez-se acreditar as crianças em que São Nicolau vinha pessoalmente colocar os presentes para os meninos na noite de 5 para 6 de Dezembro. Nessa altura, durante as representações teatrais e outras festas em honra do Santo que se realizavam a 6 de Dezembro, escolhia-se um criado que saía para a rua e distribuía prendas às crianças que se haviam portado bem durante o ano e aproveitava-se a ocasião para fazer reprimendas e advertências às que tinham feito muitas diabruras.
Esta tradição de oferecer algo às crianças neste dia foi rapidamente transferida para a noite do 25 de Dezembro, no reinado de Henrique VIII quando o monarca entrou em choque com o papa, em sequência de um segundo casamento. Rompidas as relações religiosas com Roma, as comemorações de 6 de Dezembro foram transferidas para o Dia de Natal, já que Inglaterra passou a ter costumes religiosos distintos daqueles praticados no resto do mundo cristão. Os presentes passaram a ser entregues no dia de consoada enquanto o resto dos europeus dava os seus presente no dia de São Nicolau. A transformação de São Nicolau em Pai Natal teve a sua origem mais remota na Alemanha, no seio das Igrejas Protestantes, sendo a sua figura associada à grande festa do Natal e à tradicional troca de prendas no dia 6 de Dezembro. Mas no período da Contra-Reforma (1545-1563) a função da distribuição de prendas foi atribuída ao Menino-Jesus, na noite de 24 para 25 de Dezembro.
A tradição diz que São Nicolau, bispo de Mira, é proveniente de Petara, na Ásia Menor (Turquia), onde nasceu na segunda metade do século III, e faleceu no dia 6 de Dezembro de 342. A ele foram atribuídos vários milagres. Daí sua popularidade em toda a Europa como protector dos marinheiros e comerciantes, como santo casamenteiro e, principalmente, amigo dos mais pequenos. Dele se conta que teria ressucitado crianças postas na salgadeira por um cruel estalajadeiro. Muito querido ainda hoje na Rússia, na Polónia e nos países germânicos, assim como na Lorena, Alsácia, Bélgica e Holanda. A primeira menção ao santo, remonta ao séc. XIII na Bélgica (Wallonie) e por volta de 1380 na Flandres. Nestes países é o patrono das crianças e dos pescadores.
Na Polónia, as crianças colocam de véspera os sapatos junto à porta dos seus quartos. Ao acordar, encontram pequenos presentes, sobretudo chocolates. Recebem também um diabinho forrado de pele de coelho, com uma fita dourada, símbolo da punição. Na Lorena, de que é o patrono, e também na Alsácia, há o costume de fazer S.Nicolau percorrer as ruas no dia da sua festa acompanhado do père Fouettard. O primeiro recompensa os meninos ajuizados, enquanto que o outro ameaça os desobedientes de os levar no seu saco de trapeiro.
O moderno Pai Natal foi desenvolvido nos Estados Unidos a partir destas tradições. E a Coca-Cola vestiu-o com as actuais vestes vermelhas. De São Nicolau, bispo de Mira (Lícia) no século IV, temos um grande número de notícias, mas é difícil distinguir as autênticas das abundantes lendas que germinaram sobre esta figura muito popular, cuja imagem todos os anos é reactivada pelos comerciantes nas vestes de Pai Natal (Nikolaus na Alemanha e Santa Claus nos países anglo-saxões), um velho corado de barba branca, trazendo às costas um saco cheio de presentes. A sua devoção difundiu-se na Europa quando as suas relíquias, roubadas de Mira por 62 soldados de Bari, e trazidas a salvo subtraindo-as aos invasores turcos, foram colocadas com grandes honras na catedral de Bari a 9 de Maio de 1807. As relíquias eram precedidas pela fama do grande taumaturgo e pelas coloridas lendas: "Nicolau – lê-se na Lenda Áurea – nasceu de ricas e santas pessoas. No dia em que tomou o primeiro banho, levantou-se sozinho da bacia...", menino de excelentes qualidades e já inclinado à ascese, pois conforme acrescenta a Lenda, nas quartas e nas sextas-feiras rejeitava o leite materno. Um pouco mais crescido, desprezava os divertimentos e vaidades e frequentava mais a igreja. Elevado à dignidade episcopal por inspiração sobrenatural dos bispos reunidos em concílio, o santo pastor cuidou do seu rebanho, distinguindo-se sobretudo pela sua generosa caridade. "Um vizinho seu chegou a tal extremo de pobreza que mandou suas três filhas virgens venderem o próprio corpo para assim não morrerem de fome..." Para que fosse evitado esse pecado, São Nicolau, passando três vezes à noite diante da casa do pobre homem, deixou de cada vez uma bolsa cheia de moedas de ouro e com esse dote cada uma das filhas teve um bom marido.(...) Quando, no reinado do imperador Diocleciano (284-305) houve perseguições a membros da sua Igreja, São Nicolau foi encarcerado. Na prisão esquecia-se de si mesmo, indo ao encontro dos mais fracos e necessitados, animando os que com ele sofriam com as suas palavras e o seu exemplo.
Mas, certamente, não era desígnio e vontade de Deus que ele sofresse o martírio.
O novo imperador Constantino, benévolo para com os cristãos, deu-lhes o direito de abertamente confessarem a sua fé e as suas convicções religiosas. São Nicolau pôde, assim, retornar ao seu povo.
Com o passar dos anos e com as ajudas que dava a todos os que o rodeavam, principalmente crianças sem protecção e abandonadas, São Nicolau ficou para a História como um homem bom e generoso. Nuns locais dizia-se que se deslocava num trenó puxado por oito renas, noutros a figura do velhinho de longas barbas brancas aparecia num burrinho, trazendo um saco cheio de presentes. Mais tarde a lenda e as palavras do povo acreditavam que este santo homem descia pelas chaminés das casas, de noite, para deixar os seus presentes, nas meias e sapatinhos das crianças (principalmente na Suécia e Nortuega). A sua figura viveu até aos nossos dias, por diversas razões, como o Pai Natal, símbolo de dádiva, amor e fraternidade, que também caracteriza o Natal Cristão.
(…)São Nicolau morreu já muito idoso em meados do século IV, mas com a sua morte, não cessou a sua ajuda aos que a ele recorrem. Durante mais de 1500 anos, muitos são os que lhe atribuem grande ajuda em atenção às suas orações e pedidos de intercessão. Estes testemunhos constituem uma vasta literatura, e o amor dos cristãos ortodoxos por este Santo cresce a cada dia. Quando, em 1087 a província de Lícia foi devastada, o Santo apareceu em sonho a um padre em Bari, na Itália, pedindo que as suas relíquias fossem trasladadas para aquela cidade. Esta solicitação do Santo foi rapidamente atendida e, desde aquela época, as suas relíquias repousam na igreja de Bari. Delas vertem um bálsamo que cura os doentes. Este acontecimento é comemorado em 22 de Maio de cada ano (9 de Maio no antigo calendário, dia da colocação das relíquias na igreja de Bari).
Fontes: net(várias); bispo Alexander Mileant in ecclesia.com; Salome Joanaz ,regiaocentro.net Tradução e adaptação: Jorge G