O PLÁGIO CONSTITUI CRIME punível com pena de prisão até 3 anos pelo artº197 da lei 16/2008,de 01 de Abril, a mesma que, no seu artº1, ponto 1, refere que estabelece medidas e procedimentos necessários para assegurar o respeito dos direitos de propriedade intelectual.
O artª180, no seu ponto 3, diz: "Presume-se artista,intérprete ou executante,aquele cujo nome tiver sido indicado como tal nas cópias
autorizadas da prestação e no respectivo invólucro ou aquele que for anunciado como tal em qualquer forma de utilização lícita, representação ou comunicação ao público."
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Em menos de duas semanas partiram do mundo dos vivos duas
das personalidades mais marcantes da cultura portuguesa. Herberto e Manoel
deixam-nos uma obra enorme em volume e grandeza e são, ambos, homens de uma
cultura que se pode considerar não popular, ou melhor, impopularizável. Um e
outro nunca estabeleceram com o grande público uma relação de proximidade. Nem
foi esse o seu desejo. Criadores no mundo que eles mesmos construíram, foram
artistas artesãos apaixonados e desprovidos daquele sentimento pequeno de amor
pelo reconhecimento universal e pelas honrarias efémeras e tantas vezes
hipócritas.
Como sempre, é depois da morte de alguém que se perfilam os
empertigados nas loas, nos epitáfios balofos, numa exaltação oportunística e
tartufista das qualidades do falecido. Que ao menos sirvam estas incursões de
ocasião na obra de Herberto e de Manoel para que os descubram realmente e
possam vir a amar o que eles realizaram. Então, sim, o choro colectivo passará
a ser sentido e cantado, bem mais verdadeiro do que qualquer homenagem ou
estátua.
Recatado, quase anónimo, foi o funeral do poeta “eremita”.
Como ele quereria. «… não digam nada a ninguém e o prémio dêem-no a outro.»
O de Manoel de Oliveira viu-se e reviu-se através da
insaciável sede dos media. E viu-se a mórbida coscuvilhice dos populares que
enxamearam o velhinho cemitério de Agramonte, aquele mesmo onde tantas vezes me
desloquei pela mão de minha avó materna, construído em meados do séc. XIX após
uma tremenda epidemia de cólera no Porto; havia que enterrar os mortos e os
cemitérios então existentes encontravam-se na baixa da cidade, em ruas
propensas ao alastrar da epidemia e, assim, os enterros na baixa foram
proibidos a toda a pressa havendo que encontrar um local nos então arredores da
cidade, hoje a central Boavista.
Em Agramonte, durante o funeral, vi o inimaginável: alguém
brandindo um cartaz a dizer “Não queremos Manoel de Oliveira em Lisboa e se for
preciso construímos um Panteão no Porto”, num clara alusão à hipótese logo
formulada de o cineasta poder vir a ocupar um lugar no Panteão Nacional. O próprio
presidente da Câmara do Porto já afirmou que “gostaria que o corpo de Manoel
Oliveira permanecesse no Porto. A cidade onde nasceu, viveu e morreu”. Manoel
não é do Porto, como Herberto não é do Funchal nem de Lisboa; como Sophia não é
do Porto nem de Lisboa. Esta mesquinhez, esta mentalidade tacanha, este
aproveitamento político nojento é que tornam pequeno este país que muito faz por
não merecer os seus grandes Homens.
Malkovich, numa demonstração de pura civilidade, foi
exemplar ao responder com simpatia mas firmeza: “Hoje, não, talvez noutra
altura”, perante a insistência de uma repórter de TV para que fizesse um
comentário à morte do mestre e amigo. A classe de Malkovich em contraste com os
mirones papalvos e os hipócritas de óculos escuros e gravatas pretas
deixaram-me a pensar se não viveremos justamente onde merecemos: num país de
bonifrates de feira.
- um texto de opinião de Jorge P. Guedes, 4 Abril 2015 – Por
opção, não escrevo segundo o A. O. De 1990
Este sábado, 4 de Abril, dá-se mais um eclipse total da lua.
Depois do eclipse solar de 20 de Março visível em grande
parte da Europa, será a lua, desta vez, a dar espectáculo. Com efeito, o nosso
satélite tingir-se-á de vermelho durante o eclipse total de amanhã, infelizmente
apenas visível na Ásia oriental, na Oceânia e na América ocidental.
O fenómeno deve-se à sombra da Terra que passa sobre o disco
lunar. A refracção dos raios que atravessam a atmosfera do nosso planeta fará
com que sejam apenas as frequências de luzes vermelha a atingir a lua,
colorindo-a assim de vermelho. Será um eclipse insolitamente breve, o mais
rápido de todos no século 21; durará apenas uns cinco minutos. O “Virtual Telescope”,
graças à sua rede de colaboradores por todo o mundo, fará um “streaming” (ou seja,
a transmissão em tempo real) do evento a partir das 12:00 de sábado, 4 de
Abril.
Imagem: Eclipse total da lua em 15 de Abril de 2014- Foto: Ron Delvaux, Arizona / “Virtual
Telescope Project”
O Procurador-Geral de Marseille, na conferência de Imprensa desta manhã, foi célere a advogar a culpa do co-piloto no acidente do Airbus A320 da Germanwings nos Alpes. Segundo o senhor, houve acção voluntária do co-piloto, sozinho no cockpit por motivos ainda desconhecidos e que “recusou responder aos avisos da torre de controlo para a perda de altitude do aparelho” e “não respondeu aos apelos do piloto para reentrar na cabina”.
Há nesta tese vários pontos que não entendo:
1. Através da primeira caixa negra encontrada dizem quefoi possível identificar conversas entre piloto e co-piloto antes da saída do primeiro. Ora, nos contactos de voz registados haverá por certo um diálogo que permite concluir que foi realmente o piloto, e não o co-piloto, a sair do cockpit. Não será, então, possível identificar o motivo da deslocação do piloto para o exterior? Saiu sem dizer nada ao outro? Estranho.
2. Segundo o procurador, em resposta a pergunta de um jornalista, os aviões possuem um sistema de encerramento automático da porta da cabina de comando, sendo necessário para que se abra do exterior um código… mas não só; apesar de inserido o código, é necessário que do interior seja accionado um botão de abertura. Aqui, surge-me a pergunta: a ser assim, em caso de uma síncope do elemento deixado só no interior, como é de aceitar um tal sistema? Incompreensível e estranho.
3. Quando foi dito pelos investigadores que o apuramento dos factos poderia levar meses, que sabe o Procurador para afirmar que, segundo os dados que lhe foram fornecidos (não referiu por quem), se tratou de uma acto voluntário do co-piloto e, portanto, criminoso, ficando ilibadas de responsabilidades as companhias de seguros? Estranho.
Foi pedido pela Lufthansa, a companhia aérea à qual pertence a Germanwings, que não se acreditasse em especulações quando o New York Times avançou na noite de quarta-feira com a notícia de que “um dos pilotos deixou o cockpit antes do desastre e não conseguiu voltar à cabine antes de o avião se despenhar”.
Agora, veio o senhor procurador assumir que tudo indica que se tratou de uma acção voluntária do co-piloto. Terá ele o direito de especular ou já sabe com toda a certeza o que realmente aconteceu?
Estranha é, quanto a mim, esta pressa do procurador em rematar a investigação em dois dias e esta convicção da culpabilidade do co-piloto alemão.
- um texto de opinião de Jorge P. Guedes,2 6-03-15 (não escrevo segundo o A.O. em vigor)
«A Morte sem Mestre» foi o último livro de poesia lançado por Herberto Hélder, em Junho de 2014. Pela primeira vez, um livro do poeta incluiu um CD com cinco poemas ditos pelo próprio Herberto e que a TSF estreou em exclusivo na altura. Esta terça-feira, dia em que a literatura portuguesa perdeu mais uma grande voz, recordamos esses poemas. São eles:
* «Que um nó de sangue na garganta» * «Meus veros filhos em que mudei a carne aflita» * «Se um destes dias parar não sei se não morro logo» * «Queria fechar-se inteiro num poema» * «A última bilha de gás durou dois meses e três dias»