Um aliado venenoso contra a diabetes
Nome científico: Heloderma suspectum
Nome popular: Monstro de gila
Habitat natural: sudoeste dos Estados Unidos e deserto do México
Comprimento médio: 80 cm
Peso médio: 1,3 kg
Dieta: pequenas aves, roedores e lagartos, além de ovos e animais recém-nascidos
Hábitos: nocturno e terrestre
Expectativa de vida: 25 anos
O que tem a ver o simpático, mas venenoso, lagarto que ilustra esta página com uma das mais perigosas epidemias do planeta? A resposta tem um nome: exenatida, composto sintético de uma substância derivada da saliva do monstro de gila, o maior lagarto dos Estados Unidos. A droga é a primeira de uma nova classe a chegar ao mercado americano, a dos miméticos da hormona incretina para o tratamento da diabetes tipo 2.
Agindo no pâncreas, injectada antes das refeições, a exenatida imita os efeitos da incretina, responsável natural pela libertação de insulina após o consumo de alimentos e a posterior elevação da glicose no sangue.
90% dos casos de diabetes são do tipo 2. A maioria dos portadores descobre a doença ao fazer um teste de glicemia ou quando surgem complicações. Costumam ter mais de 40 anos, estão acima do peso ou têm parentes com a doença.
194 milhões de pessoas sofrem da doença em todo o planeta. Segundo a OMS, em 2025 o número deverá chegar a 333 milhões.
A diabetes sempre foi tormentosa para a saúde do homem. De forma simplificada, a doença pode ser definida como a dificuldade da absorção do açúcar (glicose) pelo corpo. O resultado é um aumento da glicose na corrente sanguínea, o que pode provocar danos no coração, nos vasos sanguíneos, nos olhos, nas pernas, pés e até levar à impotência sexual.
Para complicar ainda mais, há duas formas da doença.
A diabetes tipo 1 não tem causas externas e manifesta-se graças à destruição irreversível das células do pâncreas responsáveis pela fabricação da insulina. A sua origem ainda é um mistério para a medicina e costuma atingir crianças e adolescentes, correspondendo a 10% do número total de doentes. É controlada com injeçcões de insulina, uma alimentação saudável e exercícios físicos.
Já a diabetes tipo 2 é uma doença adquirida. O seu principal detonador é a obesidade - outra epidemia mundial. Comida em demasia aumenta a glicose no organismo e o pâncreas fica sobrecarregado na tarefa de produzir insulina.
A boa notícia para quem sofre da diabetes tipo 2 é que o seu pâncreas ainda pode ter as células responsáveis pela fabricação da insulina. E é justamente aí que drogas como a exenatida entram, estimulando o organismo a voltar a produzir a hormona.
"A grande virtude do medicamento é a produção fisiológica da insulina", diz o médico António Chacra, ex-presidente da Associação Latino-Americana de Diabetes.
A droga foi lançada nos Estados Unidos em Junho de 2005 e a dose diária custava US$ 5,75 .
Publicação nº135 - Jorgg