segunda-feira, 26 de maio de 2008
OS LIVROS - DOS COPISTAS À INTERNET
PEÇO DESCULPA AOS HABITUAIS AMIGOS DO SINO DA ALDEIA, MAS HOJE UM PROBLEMA DE SAÚDE IMPEDE-ME DE VOS RESPONDER OU VISITAR. FOI COM ALGUM SACRIFÍCIO QUE PUBLIQUEI ESTE NÚMERO, E AINDA ASSIM, SÓ PORQUE ESTAVA EM PARTE JÁ ALINHAVADO. AGRADECIDO PELA VOSSA COMPREENSÃO E FICA A PROMESSA DE QUE LOGO QUE POSSA RETOMAREI A HABITUAL ACTIVIDADE DE RESPOSTAS E VISITAS. ENTRETANTO, O MEU AGRADECIMENTO PELO VOSSO GENEROSO INTERESSE PELA MINHA SAÚDE. BEM-HAJAM!
Foi há já mais de 36 anos(!), mais precisamente em 15 de Novembro de 1971, que nasceu o microprocessador. Na revista Electronic News a firma «Intel» anunciou então "um computador microprogramável num chip". O inventor, Marcian E. "Ted" Hoff, teve a ideia de associar num minúsculo suporte todos os circuitos que constituem um computador. Este microprocessador 4004, com um tamanho de 3,2 mm, era capaz de efectuar até 60 mil operações por segundo. Entrou-se definitivamente na era dos computadores. A partir dessa altura, a evolução tem sido o que sabemos e hoje acontece que a informação está ao alcance de dois ou três toques nas teclas de um computador. Os livros, que até então armazenavam a informação e veiculavam a cultura, começam agora a ser artigos de culto e de prazer, mas não indispensáveis para se poder ler uma obra ou consultar uma enciclopédia. Uma tipografia posterior a Gutenberg, de cerca de 1530. Pois os livros, que sempre existiram como fontes essenciais da transmissão de conhecimentos, tiveram um avanço extraordinário quando Johannes Gensfleisch, que ficou conhecido como Gutenberg inventou a impressão, criando a primeira tipografia, em meados do séc. XV. Gravador em madeira, Gutenberg conseguiu aperfeiçoar um método de gravação à base de caracteres móveis em chumbo. Com a impressão por este método, os homens descobriram uma forma barata de leitura e também a utilidade de mecanizar o trabalho manual. Imagine-se o que terá sido, na época, poder-se ler algo que não tivera de ser copiado à mão durante longas e longas horas. Que avanço extraordinário para o ensino, para a cultura!
No início da Idade Média os livros eram fabricados um a um em mosteiros especializados, como se poderá ver no excelente filme "O Nome da Rosa", de Jean-Jacques Annaud. A partir dos anos 1200, os mosteiros passaram a entregar esta actividade a oficinas de laicos instaladas perto das universidades. Os copistas recopiavam os textos com uma caneta de pena de ganso sobre as folhas de pergaminho ou de papel, a partir de um original, enquanto os iluministas ornamentavam as páginas com delicadas miniaturas em cores vivas. À l’occasion du premier Mai, fête de l’amour, on se rend en cortège dans la forêt voisine pour cueillir des rameaux. «Le Dieu d’Amour est coutumier À ce jour, de fête tenir, Pour amoureux cœurs fêter Qui désirent de le servir ; Pour ce fait les arbres couvrir De fleurs et les champs de vert gai, Pour la fête plus embellir, Ce premier jour du mois de Mai » (ballade de Charles d’Orléans, citée par Jean Dufournet). Les musiciens annoncent les festivités. Les nobles coiffés de couronnes de feuillages parcourent la campagne. En tête Jean de Bourbon, gendre du duc de Berry, en tenue rouge, blanc et noir. Derrière lui, des jeunes femmes en longues robes vertes, la livrée de Mai. Au-dessus des arbres, on distingue une somptueuse résidence, sans doute le Palais de la Cité, à Paris. O "canto do cisne" das iluminuras foi "Les Très Riches Heures", um trabalho encomendado aos irmãos de Limbourg, Paul, Jean e Herman, pelo duque Jean de Berry, um dos irmãos do rei Charles V. Tratava-se de um «Livro de Orações», que foi realizado desde 1410 até... 1485! Tendo os irmãos falecido no mesmo ano do seu mecenas, em 1416, o trabalho passou por outros iluministas como Barthélémy d'Eyck, da Flandres, e Jean Colombe, estabelecido na Savóia. A obra ficou pronta justamente quando eclodiu a técnica de impressão da oficina de Gutenbeg, razão pela qual foi, digamos, a última e igualmente a mais célebre das iluminuras ocidentais, já que os artistas iranianos ainda prolongaram esta arte até ao séc. XVII. O manuscrito está hoje conservado no belíssimo Musée Condé, em Chantilliy.
Os mosteiros e os ateliers laicos cobravam, assim, a preços de ouro os manuscritos que lhes eram encomendados por burgueses ricos ou membros da realeza. Porém, no séc. XV, na época de Gutenberg, a cópia de manuscritos já não satisfazia as necessidades de leitura e de aprendizagem de um número crescente de estudantes e eruditos que existiam na Europa. Com o seu sócio Johann Fust, Gutenberg fundou em Mayence um atelier de tipografia e ao cabo de um intenso labor, conseguiu em 1455 a Bíblia "de quarenta-e -duas linhas", que ficou conhecida pela Biblia de Gutenberg. Deste primeiro livro impresso saíram algumas dezenas de exemplares, tendo de imediato recolhido um êxito fantástico, que se viria a repetir com muitas outras obras.
A tipografia difundiu-se, então, com tal rapidez e aceitação por toda a Europa que é difícil não a compararmos ao sucesso hodierno da Internet. Calcula-se que 15 a 20 milhões de livros tenham sido imprimidos ainda antes da entrada do séc. XVI (num total de mais de 30 mil edições). Desse número, 77% eram escritos em latim e cerca de metade era de carácter religioso. Tinham na altura o nome de incunábulos (do latim incunabulum, que significa 'berço').
Com esta expansão da leitura, naturalmente que os homens começaram a conhecer e a interrogar-se sobre muito do que apenas alguns iluminados sábios e clérigos lhes haviam transmitido como verdades absolutas. A instrução e o espírito crítico desenvolveram-se obviamente.
Assim, não é de admirar que meio século após a invenção da imprensa se tenha vindo a produzir a primeira grande fractura intelectual na cristandade ocidental com a Reforma de Lutero e o emergir do protestantismo. Texto: Jorge P.G. Fontes: Innovations et vie quotidienne - A. Larané : Fotos: Google, Net.
Publicação nº 584 - O Sino da Aldeia - Jorge P.G.
Sino tocado em
maio 26, 2008 -
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