segunda-feira, 19 de maio de 2008
S. IVO - SAINT YVES HÉLORY, de KERMATIN
Não sendo dado a santos e festas de carácter religioso, tal não me impede de gostar de conhecer o pensamento de outras gentes e de outros tempos. Sempre me impressionaram os santos homens, aqueles que se despojaram dos seus bens materiais em prol dos desfavorecidos pela sorte e pelas condições de nascimento. San Francesco de Assisi é, como já o revelei, o meu homem santo mais amado, pela sua vida exemplar em favor das criaturas da terra, fossem seres humanos, animais ou plantas.
Mas hoje, dia 19 de Maio, outra figura grande do mundo eclesiástico católico trago à vossa leitura.
Trata-se de Saint Yves Hélory, São Ivo, nascido em Minihy-Tréguier, na Bretanha, em 1253, no tempo de Louis IX, rei de França que igualmente viria a ser canonizado no reinado de seu neto, Filipe o Belo, após ter falecido na oitava cruzada.
S.Ivo era filho de fidalgo e fez brilhantes estudos de Direito civil, Direito canónico, Filosofia e Teologia, em Orléans e Paris, para onde viajou com 14 anos. Foi ordenado sacerdote e durante quatro anos foi juiz eclesiástico na diocese de Rennes. Tendo herdado o solar de Kermatin de seus pais, ali residia e colocou-o à disposição dos pobres, dos anciãos e das crianças órfãs, fazendo-o funcionar como hospital, espaço de recolhimento de idosos e orfanato. São Ivo atendia gratuitamente os mais desfavorecidos, dando-lhes orientação jurídica para que os seus direitos fossem respeitados e opunha-se aos abusos da cobrança indevida de impostos pelos senhores feudais.
Segundo documentos contemporâneos de São Ivo, este, por vezes, recuperava pelas próprias mãos animais e rendas levados pelos senhores feudais como pagamento de impostos. Conta-se também um caso paradigmático do seu amor pela justiça e pelos pobres, que passo a citar: Um dia livrou uma pobre mulher da prisão, quando lhe faltava apenas o veredicto final. Dois farsantes haviam-lhe entregue uma mala com ouro e dinheiro, para que a guardasse e somente a entregasse na presença de ambos. Passados uns dias, os ladrões levaram adiante o seu plano: o primeiro conseguiu que a mulher lhe entregasse a mala e o segundo levou-a a tribunal, acusando-a de roubo. Compadecido, S.Ivo foi ao tribunal e afirmou: "Esta mulher sabe onde se encontra a mala e está disposta a exibi-la". Pediram então que ela a mostrasse. Santo Ivo acrescentou, então: "Uma vez que a acusada somente pode devolver a mala na presença dos dois interessados, fica o demandante obrigado a apresentar o seu companheiro neste tribunal...
Chamado "O Advogado dos Pobres", este homem, que entrou para a Igreja aos 31 anos de idade, já antes era amado e visto por toda a Bretanha como um santo. É patrono dos advogados, dos juízes e das crianças abandonadas, tendo falecido aos 50anos, em 1303, rezando a missa da Ascensão. Na liturgia católica é mostrado segurando um livro, com um anjo perto da cabeça e um leão a seus pés. Foi canonizado em 1347.
Sanctus Yvo erat Brito, Advocatus et non latro, Res miranda populo.
São Ivo era bretão, Advogado e não ladrão, Coisa admirável para o povo.
Fontes e fotos: Encyclopédie Larousse e vários sites da Net.
Texto: Jorge P.G.
Publicação nº 581 - O Sino da Aldeia - Jorge P.G.
Sino tocado em
maio 19, 2008 -
75 comentários
-> Deixe aqui o seu comentário <-
UM BLOGUE de Jorge P. Guedes - ©
Powered By: Blogger
FINAL DA PÁGINA
|