Este apontamento foi publicado aqui em 5 de Setembro do ano passado. De então para cá, o que foi alterado só veio obrigar-me a republicá-lo hoje.
Novidades para este ano? O regresso dos Directores de Ciclo que há mais de trinta anos haviam sido dados como extintos. Trazem agora uma outra designação e aumentaram de número: São os Professores Titulares. Não, tutelares pareceria mal ...
Acho que a todos os muitos outros milhares se deveria chamar, a partir de agora, suplentes !
A Nova Escola Aberta (8:00-19:00) -republicação
Há no ensino obrigatório nacional os mais diversos disparates, desmandos e incongruências.
Na sua grande maioria, os autores únicos são os altos-comandos do sector que têm sido néscios, lazarentos, prepotentes e impopulares.
Não vou aqui, naturalmente, enumerá-los e anunciá-los.
O espaço para escrever ficaria semelhante a uma enorme escada rolante de que se não avista patamar.
No entanto, nesta questão dos horários há que atentar no seguinte:
- Os pais sempre reclamaram por períodos mais dilatados de presença dos seus filhos na escola.
- Os governos e os trinta e tal ministros que têm passado pela cadeira ao longo de mais de 30 anos (!) sempre tiveram medo dos pais, medo de medidas desagradáveis às hostes mais populares, medo de não oferecerem um "ensino de massas à moderna...à democrata !"
Sempre o medo lhes tolheu uma hipotética acção correctora desatafegante.
- Nunca os cérebros pensantes do Ministério da Educação meditaram no país em que vivemos, nos demasiados pais iletrados e impreparados que temos, nas condições de trabalho de professores e de alunos, nos 28 a 30 alunos por turma, ...isto é, nunca entenderam a educação como sinónimo de formação do corpo e da mente.
- Se os pais ( grosso modo, claro!) querem um depósito para os filhos, pois façamos-lhes a vontade! - anuíram ufanos da sua perspicácia.
E assim se começaram a atamancar espaços que os ministros baptizam com o nome genérico de Escola qualquer coisa.
- Foram-se aos poetas, padres e pedagogos de outrora e vá de lhes usurpar do nome e reputação.
- Acalmados os tais pais, puseram-se, por fim, a pensar. "Que vamos agora fazer a toda esta miudagem compactada nestes espaços?
Se os pomos a brincar parte do dia, vai ser uma "bagunça" dos diabos! - terão concluído, brilhantes e seguros.
- Então, um qualquer João sem ser de Deus, ter-se-á decidido a ler qualquer coisa sobre o tema e terá descoberto, num qualquer alfarrabista de Paris ou de Londres, um "Manual de Novas Teorias Educativas", 1ª edição de 1980.
O livro estava impecável, bem encadernado e imaculadamente conservado.
Os serviços traduziram-no, foi depois lido e aprovado em Conselho de Ministros, nos capítulos de maior interesse, e anunciado como "As novas medidas do Ministério para a Educação", abrindo telejornais e açambarcando primeiras páginas com parangonas garrafais.
- Deste modo terão nascido as "Áreas Curriculares Não-Disciplinares" que nunca alguém de boa fé e cabeça arejada conseguiu perceber o que são e para que servem. Às escolas chegou, se e quando chegou, parca e má informação sobre as mesmas e cada uma, lusitanamente, se desenrascou como quis ou pôde.
- Mas... os pais ficaram felizes, os miúdos sempre vão estando em salas onde se fazem passar os minutos, os professores (aos pares no 2º Ciclo) descansam e vão trocando impressões, e os senhores ministros de ocasião vão aproveitando o tempo para escrever e reescrever portarias e comunicados, copia daqui, traduz dali, e para a recolha de opiniões alvitradas por quem nunca pisou tábuas de uma sala de aulas do ensino oficial, pelo menos como docente.
Tanta gente, afinal, fica contente, excepto alguns professores "chatos" que querem saber bem o que ensinam... e para quê.
Assim se brinca ao faz-de-conta num cantinho de Aquém-Mar!
Publicação nº 454 - J.G.