Venho desafiar-vos a escrever um pequeno conto colectivo.
O texto de cada um não deverá exceder as 15 linhas da caixa de comentários e cada pessoa só poderá colocar a sua continuação de texto imediatamente a seguir ao que leu na caixinha.
Dou a imagem e o pontapé de saída... e o trabalho de o ir actualizando.
Agora, uma pessoa deverá continuar a história. Depois, será a vez de outra pessoa. A mesma não pode entrar sem que outra o tenha feito antes.
Amanhã à noite, ou no Domingo, fecharemos a história às 24:00, por exemplo. Depois, posso fornecer todo o conto e cada um de nós o poderá guardar ou publicar, como quiser.
Será um conto colectivo! Pertencerá por inteiro a todos os que nele publicarem !
Vamos ver o que sai daqui? QUE DIZEM? O 1º que chegar, publico! CORAGEM!
Carolina do mar salgado
Caminhava lentamente levantando a cada passo pequenas porções de areia que fazia escorrer por entre os dedos. Olhava para os finos grãos e avançava o outro pé, sem outra vontade que não fosse a observação do acto repetido e sempre novo. Ia assim marcando o seu rumo, indiferente ao tempo e ao lugar. Só ouvia o mar no estalar das ondas, mas num rugido abafado a que se habituara desde sempre. O sol, esse, há muito que a não aquecia.
Por um momento, a maré trouxe-lhe uma voz, que a fez parar. E um odor a maresia aproximou-se mais e mais…
Parou, voltando-se num movimento rápido do tronco esguio. Apenas areia e o mar a rodeavam.
Então, a memória de uma voz deixada lá longe e a sugestão de um momento de loucura, tão breve quanto intenso, invadiu a praia e segredou-lhe a sua própria história.
Os seus olhos encontraram-se... ela, comprava o jornal. E aquele olhar foi um raio que a fulminou num instante. E as horas passaram a ter mais minutos, os minutos ficaram mais longos. O amanhã não chegava. A vontade de ver o tempo passar era tão intensa, que entrara numa especie de espiral de luz. Mas era apenas uma passagem no tempo. E de repente vira-se transportada para um imenso campo florido. Borboletas de cores garridas, ensaiavam um lindo bailado à sua volta. O sol brilhava intenso nas águas do pequeno riacho... Um passarinho entoava uma bela ária...
Um ruído estranho, veio tirá-la do seu êxtase. Curiosa, aproximou-se, e um jogo de luzes atravessou-se-lhe entre os olhos e os ouvidos, arrastando lembranças antigas; julgava-as apagadas...
A vontade de ver o tempo passar viu, por momentos, o desejo enfraquecer.
E naquele momento quis sentir a vida que passava rapidamente à sua frente a fluir.
E fluía de uma forma tal, que nunca antes acontecera.
Sentiu nesse momento que estava viva e que o que deixara para trás não eram somente momentos ou lembranças, mas logro tomar conciencia de todo lo que sucedía, era la vida misma que pasaba su vida como una película,donde vio cada pasaje de su vida como si fuera un gran sueño.
Abrió bien los ojos y se dio cuenta que hay momentos que los recuerdos no nos dejan caminar bien por la vida.
Levanto los brazos como reconciliándose con la vida y se dio cuenta que el camino siempre había estado hermoso y que solo el lo había dejado de ver...
(E EIS QUE SE OUVE BELZEBU:
Só ele não tinha visto porque as cataratas lhe danavam a vidinha! Tinha uma Niagara no olho direito e uma Iguaçu logo ao lado e fiquemos por aqui, pois de olhos estamos falados! Deixara-o para trás, porque o estupor tropeçava em tudo e ela já não tinha pachorra. Deu-lhe um Golden Retriever e quatro bengalas e ainda assim ele não atinava com o caminho. )
Aquela voz que a maresia lhe trouxera e que a fizera parar ouvia-se agora nitidamente. Belzebu não a faria recuar na decisão que havia tomado. Apressou o passo, decidida.
Conseguiria encontrá-lo? Nas malhas que o destino tece tudo é possível! Continuou a caminhada. Agora tinha um objectivo e nada a faria recuar. O sol parecia querer raiar por entre as nuvens de um céu ainda plúmbeo e um campo florido começava a vislumbrar-se ao longe. Só agora reparava num vulto que caminhava apressado na sua direcção. Não! Não podia ser! Ela não acreditava no que os seus olhos viam. Estaria a sonhar?
Deu um suspiro e disse para si mesma:
Ai meu Deus, será? Mas não era... Era apenas um velho pescador a caminho do mar nas primeiras horas da manhã.
Devo estar louca, pensou ela...
Tinha os olhos turvos e a mente cansada pela noite insone em que caminhara ao longo da praia e já estava começando a ficar entorpecida. O dia já havia raiado e a vida começava a fervilhar e ela decidiu afastar-se do burburinho que se fazia com a chegada dos barcos pesqueiros no pequeno ancoradouro que servia de mercado àquela hora.
Afastou-se do pier e contornou a viela em direcção a a casa. Antes, porém, passaria pelo quiosque onde se haviam entreolhado pela primeira vez. Acreditava no destino e, assim como não o havia esquecido, cria que também ela faria parte dos pensamentos dele. O hábito de comprar o jornal levava-o todas as manhãs a percorrer a mesma rua, a frequentar o mesmo café, a sentar-se à mesma mesa. Um suor frio descia-lhe pela espinha, arrepiava-a, o coração batia descompassadamente só de pensar nele. E se o encontrasse? Teria coragem de lhe contar que todos os seus projectos de vida passavam por ele? E tal como acontecera da primeira vez, ele estava lá a folhear o jornal e lia os títulos da primeira página. Ruborizou, a voz, trémula, custava a sair-lhe. Ele cumprimentou-a com um sorriso.
Carolina, assim se chamava, sentiu as pernas a tremer, o coração batia cada vez mais forte, teve a sensação que ia mesmo desmaiar ali, mas pensou com os seus botões:
- Não, não será agora que me irás ver cair.
Devolveu o sorriso que ele, António, lhe concedera e olhou em volta procurando uma mesa vaga.
Sentou-se, pegou no jornal, e olhando pelo canto do olho viu que António se levantara e se dirigia para a sua mesa. Continuou fingindo ler o jornal...
Pressentia a sua presença que se aproximava... as folhas do jornal tremiam nas suas mãos! Não sabia se conseguia manter os olhos nas páginas que não lia ou se teria força para levantar os olhos e encará-lo... a distância desapareceu, a sombra caiu sobre as notícias e ele afastou-se. Na garganta seca, cresceu um nó e o sol ofuscou os seus olhos um instante, quando se voltou rapidamente. Na sua frente, parado, ele olhava-a, indeciso, talvez pensando nela, linda como sempre a via nos seus sonhos. Deu um passo em frente, sorriu timidamente e disse:
- Olá Carolina como estás? e ouviu ela responder-lhe que estava bem devolvendo-lhe o sorriso. António ficou encantado com a luz que irradiava do seu olhar. Foi então que Carolina o convidou para se sentar e tomarem um café.
Com as pernas trémulas António puxou da cadeira, sentou-se, olhou fixamente Carolina nos olhos e...ela não iria acreditar nas suas desculpas para aqueles dois longos anos de ausência, sem uma explicação. Certo, certo é que não havia entre eles nenhum compromisso oficial, porém estava implícito em cada olhar, em cada palavra, em cada gesto, o amor que ambos sentiram um pelo outro. Já lá iam uns bons anos. Tinham deixado de ver-se com a frequência habitual. Ele casara, tinha tido um filho que agora vivia com a mãe de quem se tinha separado dois anos atrás. Desde então não tinha tido nenhum caso sério com outra mulher. Por vezes sonhava com Carolina e nesses sonhos ela aparecia sempre acompanhada por alguém quando ele se dirigia a ela. Mas hoje não, ela estava só, e a verdade é que não se tratava de um sonho, era tudo muito real, ela estava mesmo ali...
Perguntou-lhe como estava a sua vida, disse-lhe que estava cada vez mais bonita, e ela.. calada, sorria.
Olhou-a mais uma vez nos olhos, desta vez sem o sorriso, e convidou-a para jantar naquela noite, ao que ela respondeu, olhando-o fixamente, com aquele olhar azul do mar:
- Jantar? Não tenho fome de comida, e ando a fazer dieta, eheheheheh!....
Mas, está bem...acedeu.
Pouco depois, levantaram-se e sem palavras encaminharam-se para um restaurante pequeno, requintado e onde, a sós, à luz das velas, poderiam falar dos projectos que um e outro há muito pensavam para ambos. O jantar prolongou-se pela noite dentro.
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Foram despertados para a realidade por um empregado que, delicadamente, lhes trouxe a conta e lhes fez saber que já passara há muito sobre a hora do encerramento.
António espreitou o relógio e verificou que pouco tempo faltava para as duas da madrugada.
Sorriu, e tirou a carteira. Procurou dinheiro, depois um cartão de crédito, outro, voltou a procurar…
- Já sei. Ficou no carro. Passei pelo multibanco para levantar dinheiro e deixei-o no tablier. Desculpa-me… eu já volto, Carolina.
Levantou-se e tirou o chaveiro do bolso, apressando-se para a saída.
Carolina olhou para o empregado, que a tudo assistia de perto, com ar digno e sem proferir palavra nem arredar pé.
Viu um outro dirigir-se para a porta e ali ficar, especado, como se a quisesse guardar.
António ainda não voltara.
Talvez tenha o carro longe… argumentava para si mesma, enquanto a demora a ia começando a perturbar.
Os empregados continuavam nos seus postos. Imóveis e silenciosos.
Ohou para o relógio e deu-se conta de que mais de vinte minutos se haviam passado desde a fuga de António. Sim, percebia agora tudo. António fugira mais uma vez ao seu amor.
Abriu a carteira, depositou umas notas na bandeja de prata que continha a conta da refeição, lançou um rápido olhar à soma total, e vendo que o dinheiro que tinha lhe chegava para pagar, disse ao empregado:
- Está bem assim, a demasia fica para si !
Levantou-se lentamente, vestiu o casaco que lhe era devolvido e caminhou para a porta da qual o outro empregado finalmente se afastara.
Na rua, o ar tinha arrefecido bastante desde a hora da entrada.
Caminhou sem rumo pela terra deserta.
Não pensava em nada, não queria pensar em nada, via uma massa difusa de imagens a percorrer-lhe a mente. Caminhava apenas…
Viu-se ao cair do sol na praia. Descalçou os sapatos, olhou o mar, e sentiu de novo aquele cheiro da maré a que se habituara desde sempre…
Finalmente chegara a casa.
FIM
Meninas e meninos, caros co-escrevinhadores, também tenho outro FIM que é assim:
...Abriu a carteira. sabia bem que não tinha um tusto, mas convinha disfarçar ... que o empregado já estava com cara de pinto traído pela galinha.
Passar-se, não podia, que o gorila que estava à porta era um armário só comparável aos guarda-fatos da claque do seu clube.
Olhou de novo para o que tinha cara de pinto traído pela sua galinha.
Pestanejou e traçou a perna. O tipo não se comoveu.
Então, Carolina teve uma ideia. Coisa estranha, não se recordava da última que tivera!
Destraçou a perna e voltou a traçar, mais lenta e lânguidamente, tão a ver?
Mordeu ligeiramente os lábios e lambeu um pouco de bâton, enquanto via no pinto a baba a crescer.
Tirou da bolsinha interior da carteira um pequeno cartão que depositou no prato da conta. Olhou fixamente o babado e insinuou-lhe com um olhar de cabra mansa que o lesse.
Dizia simplesmente:
"Carolinette: 9921698756432 - I can dance like a virgin" - era um cartão de visita internacional.
E assim começou uma carreira agarrada a um varão, no calor da noite da sua desilusão.
E consta que o Toni ainda hoje a visita, depois de feitas as pazes numa noite em que a veio ver dançar e lhe mostrou o seu Rolex Gold, dos autênticos, contrastados e tudo, gamado numa casa de penhores de confiança da Baixa da Imbicta.
ESCOLHEI ENTÃO, O FIM DE QUE MAIS GOSTARDES! - O vosso patrãozinho amigo
FICHA ARTÍSTICA, por ordem de entrada em caixa:
Jorge G. – o pobre sineiro
Meg – a recalcitrante
Elvira – a 6ª feira
Zef – o papa-romãs
Profano – o profano
Carminda – a cidadã
Freyja – la romántica chilena
Belzebu – himself
Sophiamar – the story teller
Menina do Rio – a carioca com açúcar
Renda de Bilros – a alexandrina
Paginadora – a ocupada
Paginação e teclados : O pobre sineiro & su Tamagochi
Electricidade: A dividir por todos
Figurinos: Aldeia do Meco – Boutiques S.A.
Uma produção de : O Sino da Aldeia Produções Verdadeiramente Reais (OSDAPVR)
Ano – 2006+1
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Publicação nº 447 - J. G.