Postfácio: Meus amigos, amanhã, dia 24, não estranhem a minha menor presença mas vou estar aplicadamente a aplicar, salvo seja, a prova de aferição de Matemática!
( Um utensílio que se diz capaz de colocar uma camisinha em menos de três segundos ganhou um prémio de objecto mais bonito numa feira de design na Cidade do Cabo (sem trocadilho), na África do Sul.
Segundo o inventor, o aparelho é tão fácil de manusear (sem trocadilho) que o seu uso se torna um prazer, não uma obstrução ao prazer. Ele disse que levou seis anos para desenvolver o projecto.
Embrulhado num pacote serrilhado, o aplicador coloca uma camisinha previamente encaixada que escorrega pelo pénis até à sua base. Então, por fim, o aplicador sai.
Segundo o criador, o aparelho elimina a possibilidade de rasgar a camisinha, ou de colocá-la de modo errado e estragar todo o clima da relação.
Atenção, consumidores precoces: o aplicador ainda não está à venda no mercado.
O Editor do UOL Tablóide gostou da ideia e concordou com o prémio de "objecto mais bonito". Mais bonito, mas só antes do uso, é claro! )
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Amanhã, estou certo que todos se entregarão contrariados, mas aplicadamente, a aplicar o que nos foi aplicado pelos aplicantes do texto do “Manual do Aplicador” das provas de aferição para os aplicados e os não-aplicados alunos do 6º ano do ensino aplicado que temos e que os professores se vêem obrigados a aplicar.
Amanhã, a minha voz juntar-se-á em uníssono, às 10:00 em ponto, às vozes de outros milhares de aplicadoras e aplicadores do país. Que podem eles fazer? Desafinar?
Já ontem à mesma hora, pude ouvir o eco imenso do coro de aplicadoras/es que percorreu Portugal, do Minho ao Algarve, lendo clara e pausadamente o belíssimo texto da autoria de ilustres porém modestos, pois ignotos, membros do Ministério da Srª Drª.
Dos meus correspondentes espalhados pelas escolas deste país (assim lhe chamam agora muitos deputados da Nação !) têm-me chegado a cada momento relatos da profunda alegria e regozijo vividos entre a população portuguesa.
Que arraial viveu ontem, 3ºa feira, Portugal!
As crianças do 6ºano estiveram 2 (duas!) horas caladas, sem contactar os companheiros, sem perguntar coisa alguma pois tal lhes era vetado.
Ficaram a saber que a prova era muito importante e que não lhes servia para nada no que respeita ao "3" que é preciso "arrancar".
Por isso, tinham que “dar o seu melhor”!
E, de acordo com relatos, foi vê-los a escrever, a verificar o material emprestado e a sua “utilizabilidade”(palavra que foi cortada à última hora do Manual do Aplicador), a escrever…até as mãozinhas doerem.
Voltaram a ”escrever escritas e a desenhar desenhos”, como sabiam que lhes era permitido, pois todos entenderam perfeitamente e sem a mínima dificuldade as palavras que as senhoras aplicadoras e os senhores aplicadores haviam lido.
Pais, avós, tios e tias, maninhos e maninhas, até vizinhas, concentraram-se nas praças municipais ou em redor dos pelourinhos, escutando no maior silêncio o coro sincronizado dos aplicadores.
Afinal, todos sabiam que as provas de aferição eram boas para os petizes e depois, aquela melodia harmoniosa…
No final da manhã veio a explosão. Contidas as gargantas durante duas horas, crianças e famílias deram largas ao seu entusiasmo e montaram-se arraiais nas ruas livres de automóveis, e dançou-se até às tantas…nos pátios das escolas sem aulas.
Os aplicadores sentiram-se igualmente felizes.
Aplicaram e foram trabalhar para casa.
Afinal, na 6ªfeira voltarão a ser professores!
No Ministério da SrªDrª Ministra os corredores encheram-se de convivas sorvendo a Festa da Educação, tendo mesmo a Srª Drª Ministra sido transportada em ombros pelas ruas da capital até ao Jardim da Estrela onde, à direita do Sr. Engenheiro, inaugurou uma nova estátua.
Amanhã às 10:00 há mais!
E eu lá estarei!...
Publicação nº 379 - J.G.Sineiro - Professor "off duty" 23-5-07 - 21:59