Esta caricatura de ser humano, foi hoje condenada à morte por enforcamento no seu país, considerado responsável pela execução de 148 habitantes da aldeia xiita de Dujail, em 1982, como represália por um atentado falhado de que fora alvo.
Provados crimes contra a humanidade, a sua condenação está fora de causa. Mandou matar milhares de pessoas, "matando" ao mesmo tempo outros milhares de famílias.
Porém, há que lembrar, já, que o ditador ficará na História da Humanidade como um assassino impiedoso e nunca como um mártir em que alguns, por conveniência própria ou política, o tentarão agora transformar.
A sua condenação à morte, previsível desde a sua captura, poderá trazer à justiça do mundo democrático, no entanto, um rótulo mais vindicativo do que justiceiro.
E à Democracia pede-se justiça, não vingança.
A decisão do tribunal, diz-se, deverá servir de exemplo para futuros Husseins. Pela primeira vez um alto governante de um país árabe foi condenado à morte no seu próprio país.
Porém, o que constituirá para alguns ocidentais uma punição exemplar, será para muitos árabes a passagem de Saddam do plano terreno para o campo dos heróis míticos martirizados.
"Viva o povo e morram os seus inimigos. Viva a nação gloriosa e morram os seus inimigos. Deus é grande, Deus é grande, Deus é grande!", gritou Saddam enquanto a sua sentença era lida pelo juiz.
E ao ser levado para fora do tribunal, Saddam, bastante nervoso, disse a um guarda qualquer coisa como: "Não me empurres, fedelho!"
O ditador passou, desta forma, à galeria dos "mártires pela causa", nem sequer lhe sendo concedido que morresse fuzilado, como havia dito preferir.
Aceitou de pé, com ar digno e arrogância presidencial, a sentença de que por certo nunca duvidou.
Que ganhamos nós com o enforcamento do criminoso?
Saddam e a Justiça democrática mereciam que a punição tivesse sido bem mais dura do que o mero acto de lhe terminar com a vida!
Publicação nº 137 - jorgg