"Cena de um artista pintando um selo de castidade em sua esposa", de Pierre Subleyras (1699-1749)
Nas salas Hermitage do sumptuoso e belo palacete Somerset House, à beira do Tamisa, está presente uma exposição de arte com os trabalhos dos principais representantes da sensualidade e do erotismo do rococó francês.
Desde cândidas representações do deus do amor até gravuras consideradas indecentes na época, a exposição explora a sensualidade que inundou a arte rococó francesa em pleno século das luzes , durante o reinado de Luis XV e do seu regente (1715-1774), quando a França se afastava das aspirações imperiais de Luis XIV para se centrar em interesses mais íntimos e aprazíveis.
O núcleo da exposição é um conjunto de gravuras eróticas francesas recentemente descobertas, que provavelmente foram coleccionadas em segredo pelo czar Nicolau I e que nunca haviam sido mostradas fora de San Petersburgo.
A mostra arranca com uma sala onde se analisa a presença de Cupido na arte francesa da época, "em que era tratado desde uma dupla vertente, como um menino ingénuo e como um deus todo poderoso", explicou um dos dos comissários, Dmitri Ozerkov.
Entre as obras expostas destaca-se a escultura em mármore "O Cupido ameaçador", a representação mais célebre de Eros naqueles anos e da qual o artista francês Etienne-Maurice Falconet fez cinco versões entre 1757 e 1774, a primera delas para a Marquesa de Pompadour, favorita de Luis XV.
A segunda sala reúne as chamadas "cenas de toucador" que ilustraram gravuras, objectos decorativos e novelas eróticas, populares entre as damas da época e fortemente contestadas por moralistas como Jean-Jacques Rousseau, que advertiu contra "esses perigosos livros... que podem ler-se só com uma mão".
As cartas de amor, tão comuns entre os cortesãos, são o tema central da terceira sala, onde se destaca "Valmont e Emilie" (1788), que ilustra a cena do livro "As amizades perigosas" no qual Valmont escreve uma missiva utilizando o corpo de uma das suas amantes como mesa de escritório.
Mas os artistas do Rococó cruzaram a linha entre o erotismo e a pornografia e a exposição reúne também obras de conteúdo claramente explícito, como duas telas, que se expõem pela primeira vez ao público, do pintor francês Pierre Subleyras (1699-1749), mais conhecido pelas suas obras religiosas.
A exposição termina com uma sala dedicada ao "inevitável" triunfo do amor, segundo explica outro comissário, Satish Padiyar, com obras como "A caprichosa", de Antoine Watteau, ou "Cena pastoral" de Francois Boucher.
A exposição estará patente ao público até 4 de Abril de 2007.
In "El Mundo" - Tradução e adaptação de jorgg - Publicação nº 166