terça-feira, 21 de novembro de 2006
José Veiga, sim, e os outros?
"Esta investigação a José Veiga é apenas mais um episódio de putrefacção desse mundo decadente que cruza futebol, justiça e política." Eduardo Dâmaso, Diário de Notícias, 21-11-2005
Esta frase de Eduardo Dâmaso encerra aquilo que pensarão muitos dos que hoje, em todos os grandes diários do país, viram o rosto deste homem: José Veiga.
Emigrante no Luxemburgo há uns anos atrás, como tantos outros portugueses à procura de melhores condições de vida, José Veiga iniciou a sua actividade empresarial com um pequeno quiosque de jornais. Amante do futebol, conhecêmo-lo depois como chefe da casa do F.C.Porto no Grão-Ducado e, mais tarde, como empresário-FIFA, isto é, autorizado pela Federação Internacional de Futebol, tendo depositado uma avultada caução exigida pela mesma Federação para que o candidato passasse a poder colocar no seu cartão-de-visita a menção de "Agente autorizado FIFA".
Não sei como conseguiu José Veiga entrar para esse mundo. mas não fex, por certo, sozinho. Terá desde aí contado com o apoio e incentivo de alguns outros. Sei, sim, que chegou a fazer parte de um grupo, na altura ainda restrito, de empresários de futebolistas de primeira linha. Nessa condição, trabalhou com todos os grandes clubes portugueses. Criou pequenas empresas ligadas ao ramo, comprou acções em pequenos clubes como o Estoril-Praia, um outro no Brasil que servia de rampa de lançamento para os jovens que surgem aos milhares em terras brasileiras, chegou a Director no Sport Lisboa e Benfica, a convite de Luís Filipe Vieira que vinha da Direcção do Alverca.
Figura arquétipo do portuga esperto que subiu na vida, Veiga sempre nos habituou ao seu figurino-marca: fatos de bom corte, gravatas da moda e um corte de cabelo lacado que lhe dão a aparência de homem de bens mas de origens humildes e instrução primária. Há dias, a TVI estava à porta de sua casa quando as autoridades lá se deslocaram para o arresto de alguns bens. E aqui, Veiga tem razão para declarar o seu direito à indignação. Todo o ser humano, potencial criminoso que seja, tem família. E a esta assiste todo o direito de não ser arrastada na lama que os media logo tratam de divulgar, sem qualquer preocupação ética de defesa do bom nome de quem, à partida é presumido inocente. Mas o mais sério e grave de tudo isto é que o famigerado escândalo "Apito Dourado", que iria trazer a transparência ao mundo da bola, pariu um rato. Avolumam-se os processos, mudam-se os juízes, joga-se nitidamente com o tempo para que arrefeça a curiosidade e a ânsia de justiça por parte da opinião pública, e os implicados continuam por aí, nas suas costumeiras diatribes, arranjando quiçá novos amigos que os safem das embrulhadas nunca apuradas em que se atolaram até ao pescoço. A justiça e os políticos estarão isentos de graves culpas no cartório? Agora, está à frente da Liga de Futebol Profissional um antigo membro de um qualquer governo. Prometeu a definitiva limpeza do território. José Veiga foi constituído arguido de um processo de burla, após investigação iniciada, segundo consta, por acusação por carta anónima, ficando em liberdade com termo de identidade e residência, a cassação do passaporte e o pagamento de uma caução de meio milhão de euros.
Desta vez, quem se esqueceu de o avisar? - Jorge G
Publicação nº 158 - jorgg
Sino tocado em
novembro 21, 2006 -
5 comentários
-> Deixe aqui o seu comentário <-
UM BLOGUE de Jorge P. Guedes - ©
Powered By: Blogger
FINAL DA PÁGINA
|