Ambas têm direito à sua "boutade" ocasional.
O clima é de enorme pressão, o empenho e a vontade de "fazer bem" ninguém honestamente lhes poderá negar.
Marta Temido passa uma imagem de exaustão e de desânimo querendo dizer
que é uma pessoa igual a todos nós - claro que é! - e que sente receio como nós, esquecendo-se que é a ministra da Saúde
e que, por inerência do cargo, tem de se mostrar forte, activa e esperançosa.
Já Angela Merkel vem dizer aos alemães que acreditem, arriscando muito do seu prestígio. No fundo, ela sabe
que as suas palavras prometedoras muito dificilmente serão uma realidade. Mas não mente intencionalmente,
une o seu povo num objectivo comum, anima-o, dá-lhe força.
"Todos os alemães serão vacinados até o final deste verão", afirmou Merkel.
E os perto de 12% que lá residem e não são alemães?! No país, entre cerca de 84 milhões de habitantes,
há aproximadamente 10 milhões sem a nacionalidade alemã: russos, polacos, romenos, búlgaros,
gregos, italianos e outros europeus como sérvios, eslovenos, croatas, portugueses...e, de fora da Europa,
há a grande comunidade turca, assim como sírios e outros de países do médio-oriente, japoneses, chineses,
brasileiros, norte-americanos,...
Ora, fazendo contas, se a Alemanha vacinasse não apenas os seus naturais como também quem lá reside,
em sete meses (até fins de Agosto), ou seja, 2100 dias, teria de vacinar à média de 40 mil por dia só para a primeira toma.
Será exequível? A Frau Merkel diz que sim... E surgem outras questões: vai tornar a vacina obrigatória?
vai fechar o país durante 7 meses e garantir que o vírus não entra mesmo?
Uma coisa é certa: ambas ficam escravas do que agora afirmaram mas enquanto que uma aparenta baixar a cabeça...
a outra olha em frente num gesto de política por inteiro.
- Texto de Jorge PGuedes, 04 Fev 21