Soneto ao Tempo
Preguiçam as gotas pela vidraça
Lentos correm seus lânguidos choros
Enquanto lá fora há vento que esgaça
Folhas tombadas em arrastos sonoros
No chão de luz sombra d'um velho passa
Enrola-se à dor do frio nos poros
Sobre estes montes um céu de desgraça
Caminhos de lama fim de namoros.
E mais os braços das árvores se agitam,
Lamúrias soltam que arrancam da terra
Partem nas ondas do vento levitam
Mas rompe-se o céu seu manto descerra,
Voltam as aves que às árvores gritam
Que o tempo é Senhor do céu e da Terra.
- de Jorge P. Guedes, in "Tentativas" / ed. autor, 2006 ©
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