O PLÁGIO CONSTITUI CRIME punível com pena de prisão até 3 anos pelo artº197 da lei 16/2008,de 01 de Abril, a mesma que, no seu artº1, ponto 1, refere que estabelece medidas e procedimentos necessários para assegurar o respeito dos direitos de propriedade intelectual.
O artª180, no seu ponto 3, diz: "Presume-se artista,intérprete ou executante,aquele cujo nome tiver sido indicado como tal nas cópias
autorizadas da prestação e no respectivo invólucro ou aquele que for anunciado como tal em qualquer forma de utilização lícita, representação ou comunicação ao público."
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segunda-feira, 30 de março de 2009
KATYN, Polónia - Cemitério de jovens polacos
Desde o verão de 1941, após a entrada em guerra com a URSS, que os alemães sabiam da existência dos despojos de algumas centenas de jovens oficiais polacos em uniforme, assassinados na floresta de Katyn com uma bala na nuca e lançados em valas comuns.
Essas descobertas multiplicaram-se nos primeiros dias de Abril de 1943.
O regime hitleriano, que acabara de sofrer pesada derrota em Estalinegrado, decidiu então tornar pública a sua descoberta de há ano e meio atrás com a esperança de separar os soviéticos dos seus aliados anglo-saxónicos.
Inquérito da Cruz Vermelha junto das valas comuns de Katyn, Março/Abril 1943
A URSS de imediato negou o crime que lhe era imputado, mas o governo polaco no exílio em Londres, dirigido pelo General Wladislaw Sikorski, desde logo solicitou um inquérito à Cruz-Vermelha Internacional. Estaline, zangado, rompeu as relações diplomáticas com ele a 23 de Abril.
Churchill, que necessitava de Estaline para combater Hitler, mostrou-se preocupado com esta farpa no seio da Aliança mas o intransigente general Sikorski pereceu oportunamente num acidente de aviação em Gibraltar a 14 de Julho de 1943. Para maior segurança e com o fim de enfraquecer o governo polaco exilado, Estaline criou em Dezembro um "Comité de Libertação Nacional" composto por comunistas polacos e que mais tarde seria chamado de "Comité de Lublin". Este comité aceitou sem pestanejar a versão soviética sobre os massacres de Katyn.
UM CRIME PENSADO
Desde Maio de 43 que uma comissão da Cruz-vermelha pôde levar a cabo o seu inquérito no local com o auxílio diligente, sem dúvida, das autoridades alemãs.
Assim, a CV chegou à irrefutável conclusão de que os massacres haviam sido cometidos em Abril e Maio de 1940, no momento em que os soviéticos ocupavam a região.
Porém, e para não alimentar a propaganda nazi, a própria Cruz-Vermelha guardou segredo sobre o relatório efectuado.
Apareceria mais tarde a conclusão de que, desde Março de 1943, os homens da NKVD(a polícia secreta soviética) tinham recebido do Politburo (o governo soviético) e do seu chefe Estaline a ordem para executar como "Contra-Revolucionários" os prisioneiros polacos que pertencessem à elite intelectual do país. Foi uma medida motivada, primeiro, pelo desejo de vingança pela antiga derrota sofrida pelo Exército vermelho em 1920, mas sobretudo pela vontade de preparar a tomada da Polónia eliminando imediatamente as cabeças fortes susceptíveis de se oporem!
Foi assim que, à ordem de Estaline, se executaram em Katyn, zona ocupada pelas forças soviéticas, vários milhares de oficiais removidos do campo de Kozielsk, avaliando-se em 22 mil o número total de jovens assassinados e oriundos das elites intelectuais e políticas da Polónia.
KATYN E A GUERRA FRIA
Depois da Guerra, no processo de Nuremberga, os procuradores soviéticos bem tentaram fazer incluir o massacre entre os crimes de guerra imputáveis aos acusados nazis, mas o tribunal recusou esta mascarada que pretenderam lançar sobre o "dossier de acusação" em mãos.
Durante vários decénios, os soviéticos e o governo comunista de Varsóvia tentaram contra ventos e marés apagar a recordação de Katyn, chegando mesmo a erigir como símbolo da barbárie nazi uma cidadezinha homónima, Khatyn, arrasada, essa sim, pelos alemães.
Foi preciso esperar pelo final da Guerra Fria e pelo ano de 1990 para que Mikhaïl Gorbatchev reconhecesse por fim a responsabilidade soviética.
EM JEITO DE CONCLUSÃO:
Estaline, de certo modo, conseguiu o seu propósito: através do massacre deliberado dos polacos mais instruídos, e de conluio com Hitler, conseguiu transformar o rosto da Polónia.
Esta era, antes da Segunda Guerra, uma sociedade relativamente moderna, encabeçada pelas elites urbanas cultas e ligadas por uma certa laicidade, fossem elas de origem católica ou judia. Com o arrasamento pensado e executado destas pessoas e a sua substituição por outras vindas do mundo rural, a Polónia, em duas gerações,tornou-se uma sociedade anacrónica no coração da Europa, unida pela pequena propriedade rural e por uma prática religiosa tradicional, talvez mesmo passadista.
Foi necessário esperar pela eleição de Karol Wojtyla (o Papa João Paulo II),o desmembramento da URSS e a adesão de Varsóvia à União Europeia para que a situação de marasmo mudasse no país.
Hoje, a Polónia começa a ser de novo um país desenvolvido e um parceiro europeu de respeito e de direito.
Viverão melhor os polacos? Isso, haverá que lhes perguntar.
NOTA :Em 2007 e 2008, o conhecido cineasta polaco Andrzej Wajda, já com 82 anos, rodou um filme-testemunho sobre este drama do seu povo e em que o próprio pai foi uma das vítimas.
Intitula-se, simplesmente, KATYN, e será estreado em França no próximo dia 1 de Abril.
Fontes e Fotos: De um artigo dos historiadores franceses Benjamin Fayet e André Larané, adaptado e traduzido por mim.
Publicação nº 709 de "O SINO DA ALDEIA" - Jorge P.G.
«É raro. Manuel Alegre decidiu ontem sair em socorro do seu próprio partido por causa das querelas à volta da escolha do novo provedor de Justiça. O histórico socialista considerou que a escolha do PS para o cargo, o constitucionalista Jorge Miranda, é uma "grande escolha". "Eu voto Jorge Miranda, é uma escolha incontroversa", disse ontem a jornalistas na Assembleia da República.» - in DN de 27-03-09
E O APITO DOURADO CONTINUA?...
Mas, enquanto vai e não vai...ELES ESTUDAM aplicadamente!
EM BRUXELAS LES FEMMES DE MÉNAGE vestem VERSACE
MAS A CRISE ESTÁ BEM PATENTE EM TODO O MUNDO
Depois das reclamações não pude ficar indiferente. Aqui têm, misses & ladies, a crise na Great Britain. Até David Beckam foi atingido!
Atenção, esta é a versão soft da foto!
...E EM PORTUGAL !
MULHERES DO MEU PAÍS, SIGAM ESTA JOVEM FRANCESA
NO SEU EXEMPLO CÍVICO!
E TENHAM UM GRANDE FIM-DE-SEMANA !
Publicação nº 708 de " O SINO DA ALDEIA" - Jorge P.G.
Por cá, e talvez para "não dar ideias" a algum talentoso artista anti-socretiano... ainda não consegui ler a notícia, apesar de a ter afanosamente procurado até nos meios de comunicação mais "audazes" ou "sensacionalistas", como o CM, o 24 Horas ou o Sol.
A mesma não escapou, porém, à RTÉ da República da Irlanda nem à BBC. A estação de televisão irlandesa já se aprestou a pedir desculpas, entretanto, pela divulgação da imagem que aqui reproduzo, referindo que "após reflexão" a haviam considerado "de mau gosto". O que aconteceu, então?
Foto in BBC - única disponível até agora, após buscas Em Dublin, duas das mais famosas galerias da capital deram a ver, nas suas exposições regulares, dois quadros com a figura do PM irlandês, Brian Cowen. Um, com Mr. Cowen segurando as cuecas, surgiu na Royal Hibernian Academy e o outro, com o PM na sanita, esteve pendurado na National Gallery. Durante vinte minutos a pintura do gorducho PM com as cuecas na mão esteve patente ao público, até que, instado por um visitante, um funcionário da galeria o fez retirar.
Aliás, parece que nem era de má qualidade, tendo uma senhora procurado comprá-lo, mostrando-se decepcionada quando os responsáveis lhe disseram que não estava à venda pois não pertencia à galeria. Já do outro quadro as notícias são menos abundantes, não havendo nenhuma fotografia disponível. Sabe-se que a polícia tomou conta das ocorrências e que se especula poder tratar-se de um acto político de subversão ou de um protesto de expressão artística.
Pintores de Portugal, dedico-vos esta notícia.
Segunda Nota(esta, local)
Muitos decerto (ou)viram um vergonhoso spot de propaganda do regime que punha um automobilista embarrilado no trânsito e com o qual dialogava a locutora da Antena 1, que lhe respondia que o engarrafamento era causado por uma manifestação. Quando o homem lhe perguntava: "Mais uma? contra quem, desta vez?", a voz da Antena 1 retorquia-lhe: "Contra si e contra os que não querem chegar atrasados ao trabalho".
Naturalmente que esta forma indecorosa de usar os meios de comunicação e os seus profissionais, à boa maneira da China de Mao ou de qualquer outro regime totalitário, foi objecto de protesto desde a direita à esquerda e a Antena 1 lá retirou a negra peça.
Pois bem, com algum humor e aproveitando a arma do adversário, o Bloco de Esquerda montou um vídeo-resposta que aqui vos deixo. Antes, cortem o som da música ambiente do blogue.
A BIRRA DA DRª MANUELA e OS PASSARINHOS NA PRIMAVERA
Com a chegada da terna e suave Prima Vera, foi pródigo este final de semana em episódios da vida nacional.
Põe-se um homem, um engenheiro(!), a pensar no que é melhor para o país, tira por fim um Miranda da cartola, propõe desinteressadamente e com o mais alto sentido de Estado "um nome destes" ao maior partideco da oposição e... vai-se a ver... o bom do Jorge Miranda é vetado pela Drª Manuela. Que estultícia! Que falta de sentido patriótico! Que BIRRA, só porque os outros lhe querem impor um nome que ela mesma não descortinou!
É assim, o PS quer o melhor, propõe o melhor, luta pelos portugueses contra a crise, e a Drª Manuela faz contra-vapor e diz que não! Que Bom é nosso Senhor Sr. Primeiro-Ministro e que velhaca é a Drª Manuela!
Pois bem, «O SINO DA ALDEIA» participa à sua modesta maneira em favor da generosidade e altruísmo do Senhor Sr.Primeiro-MInistro e revela toda a verdade sobre o já famoso "dossier" Provedor de Justiça.
Eis aqui e só para si que é nosso leitor atento e estimado, em rigoroso exclusivo e sem recurso a nenhuma off-shore nem mesmo a um free port, o bilhete-postal enviado pelo PS ao PSD e que teve como destino o despautério da devolução ao remetente.
Drª Manuela, ai, ai, ai, ai... então isso faz-se ao Senhor Sr.PM?!
Aah, mas não se fiquem por aqui!
A Prima Vera trouxe-nos o aquecer da terra e dos corpos também. Os passarinhos já começaram a arrulhar. Querem ver imagens?
B&B, Brown & Barroso, partiram no Love Boat em viagem idílica
de felizes namorados
Pelo país se quedaram estes dois pintarroxos, em juras de futuros amores estivais
E tudo porque chegou a doce e bela Prima Vera!
Finalmente, deixo-vos com um momento de Poesia primaveril.
(adaptação burlesca e não autorizada de um poema de Afonso Lopes Vieira)
Os passarinhos Tão engraçados Fazem os ninhos Com mil cuidados.
São p´ros votinhos Que estão p’ra ter Que os passarinhos Os vão fazer.
Nos bicos trazem Frases amenas, E os ninhos fazem De canto e cenas.
Depois lá têm os seus tachinhos, Ai tão gordinhos Ao pé da mãe.
Nunca se faça Mal a um ninho, Que bem se traça Com um beijinho!
Que nos lembremos Sempre de alguém Bom ninho queremos, P’ra nós também!
Publicação nº 706 de "O SINO DA ALDEIA" - Jorge P.G.
A COMPREENSÃO DA HISTÓRIA FAZ-SE POR ASSOCIAÇÕES DE MEMÓRIAS
Podia hoje, 19 de Março, falar-vos do "Dia do Pai", ou seja, do dia que a igreja consagra a S. José, patrono dos trabalhadores, o bom e honesto carpinteiro de Nazareth que foi pai de Cristo sem o haver concebido.
Podia também associar a data ao lançamento, em 1882, da primeira pedra para a construção da "Sagrada Família", em Barcelona, cujo projecto tomou uma dimensão inesperada com a entrada de Antoni Gaudí, um jovem arquitecto visionário, arrojado, que o traçou e que nunca se completou. Maravilhosa obra inacabada, aberta!
E com Gaudí, chegaria facilmente ao nascimento de um dos últimos movimentos artísticos verdadeiramente pan-europeus, L'ART-NOUVEAU, no derradeiro decénio dos Séc.XIX
Então, poderia falar-vos desta arte próxima da Natureza, repleta de felicidade e de alegria, suave, aprazível, um pouco burguesa, que foi o último vento de optimismo a soprar sobre a Europa da Belle Époque de finais do séc XIX e princípios do século em que nós, os adultos de hoje, nascemos. E à memória saltar-me-ia, entre muitos outros, a figura de um homem, Alfons Mucha, um checo natural da Morávia que se voltou para as vizinhas Áustria e Alemanha, França depois, onde trabalhou e criou os mais belos cartazes para as reprentações teatrais, ou outras, das grandes figuras da época.
Sarah Bernhardt era na altura um dos mais conceituados nomes de cartaz no teatro.
Um dia, o telefone tocou em casa de um impressor parisiense chamado Lemercier. Esse toque viria a originar precisamente o lançamento da ART NOUVEAU.
A actriz necessitava com urgência de cartazes para o seu novo espectáculo no "Théâtre de la Renaissance": GISMONDA.
Lemercier ficou em pânico, os seus habituais desenhadores preparavam em família as festas de Natal mas, felizmente, um jovem de 30 e poucos anos corrigia provas no atelier e ofereceu-se para a tarefa. Era Mucha, que depois de completar estudos em Munique se havia instalado em Paris.
Assim, desde o romper do dia 1º de Janeiro de 1895, Paris cobriu-se de cartazes anunciando «Gismonda» e Sarah Bernhardt, satisfeita com o trabalho de Mucha, estabeleceu com ele um contrato de exclusividade por 6 anos. Foi o princípio da fama e da riqueza do jovem checo.Metro na Place des Abbesses, onde chega quem vai depois subir para Montmartre. Uma obra de Hector Guimard.
A pintura, a arquitectura, a decoração, passaram a espalhar os ideais deste movimento por toda a Europa.
Em Paris, além de Alfons Mucha, outros artistas se destacaram na ilustração, como o arquitecto Hector Guimard, que ficou célebre pelas suas entradas do METRO, ainda hoje únicas e perfeitamente reconhecíveis por quem passeia por Paris.
Na Catalunha, claro, Gaudí era o maior expoente. E na Áustria, só a título de exemplo, surgiu o pintor Gustav Klimt.
Não duraria muitos anos esta nova expressão artística. Por volta de 1908, deu-se o declínio, o apagamento. Começou-se a criticar as linhas suaves da Art Nouveau e da sua excrescência, a depreciativamente conhecida por "ARTE MACARRÃO".
Os artistas regressaram brutalmente às linhas direitas, angulosas. Era o "CUBISMO" a dominar as tendências artísticas, desenhavam-se os primórdios do abstraccionismo.
Dir-se-á que a Arte, desumanizando-se, afastando-se da Natureza, prefigurou os horrores da Grande Guerra, pondo fim à BELLE ÉPOQUE.
E haveria ainda tanto mais a recordar, ligado a um dia 19 de Março...
Publicação nº 705 de "O SINO DA ALDEIA" - Jorge P.G.
NEM SÓ NA IRLANDA SE CELEBROU O ST.PATRICK'S DAY. EM PLENA LISBOA POMBALINA, FOMOS DESCOBRIR ESTA ANIMADA FESTA EM HONRA DO SANTO. ORA DESLIGUEM OUTROS SONS E CARREGUEM NO PLAY !
Hoje, 17 de Março, desde Dublin a New York, ou Auckland, ou um qualquer pequeno pub num país com forte imigração irlandesa, há festa da rija e gargantas bem molhadas pela cerveja.
É o dia de St. Patrick!
Dele, e de quem lhe deu o nome, vos contarei de seguida.
Aquele que se viria a tornar St. Patrick, santo patrono da Irlanda, terá nascido em Gales por volta do ano 385 a.D., e a quem foi dado o nome de Maewyn. Por pouco não foi bispo da Irlanda porque lhe faltava a requerida escolaridade. Longe de ser um santo, considerava-se a si próprio, até aos 16 anos, como um pagão. Aliás, com essa idade, foi vendido como escravo por um grupo de saqueadores irlandeses que chegaram à sua cidade.
Durante o cativeiro tornou-se próximo de Deus. Ao fim de seis anos, escapou da escravatura e foi para a Gália onde estudou num mosteiro sob a tutela de St. Germain, bispo de Auxerre, por um período de 12 anos. Durante esta instrução ficou ciente de que a sua chamada era para converter os pagãos ao Cristianismo. Deseja então regressar à Irlanda pata converter os nativos pagãos mas os seus superiores enviaram antes St.Palladius. Porém, dois anos depois, com a transferência deste para a Escócia, Patrick, que entretanto já adoptara nome cristão, foi designado como segundo bispo da Irlanda. Patrick teve muito êxito na sua tarefa e este facto perturbou os druidas celtas, que por diversas vezes o prenderam, tendo ele fugido outras tantas e viajado por toda a Irlanda fundando mosteiros, escolas e igrejas que o haveriam de ajudar no seu alvo da conversão do país ao Cristianismo. Esta missão irlandesa durou 30 anos, após os quais se retirou para County Down, onde morreu em 17 de Março do ano 461.
A partir de então, o dia da sua morte passou a ser comemorado como o St.Patrick's Day.
Algumas lendas sobre St.Patrick incluem a crença de que teria feito erguer mortos e de haver um dia pregado um sermão do alto de uma colina que levou todas as serpentes para fora da Irlanda. (Claro está que nem havia serpentes na Irlanda e muitos pensam que se trata de uma metáfora para a conversão dos pagãos).
Um ícone tradicional do Dia é o trevo de três folhas( The Shamrock), que se diz ter sido utilizado por St. Patrick nos seus sermões para representar o modo como o Pai, o Filho e o Espírito Santo podiam todos existir como elementos separados da mesma entidade. E foi então que os seus seguidores adoptaram o costume de usar um trevo no dia da festa em sua honra.
A comemoração chegou à América em 1737, ano em que foi publicamente celebrado pela primeira vez em Boston. Hoje, é festejado com paradas de autênticos carnavais em que as pessoas se vestem de verde e bebem muita cerveja. Uma razão para que se tenha tornado tão popular é que ocorre apenas uns dias antes da entrada da Primavera, podendo dizer-se que se tornou num símbolo do primeiro reverdescimento da Estação.
Outro símbolo característico é o Leprachaun, um gnomo fugidio das florestas a quem St. Patrick, segundo a lenda, teria incumbido de guardar um pote com moedas de ouro que se encontraria no fim do arco-íris.
Publicação nº 704 de " SINO DA ALDEIA" - Jorge P.G. (republ. do nº 315)
A crónica de Pio de Abreu no jornal “Destak” da passada sexta-feira suscitou-me uma reflexão sobre o telemóvel, ou celular, como dizem os amigos brasileiros.
Lembro-me bem dos primeiros tempos da doença em Portugal. O simples e discreto toque de um daqueles aparelhómetros fazia voltar cabeças na rua ou no autocarro, como acontecia há muitos anos quando alguém passava e cumprimentava outro com um sonoro “Bom-dia, senhor doutor!” Nos restaurantes, colocar o telemóvel em cima da mesa, bem alinhadinho, era sinónimo de status, tanto mais elevado quanto a marca e o modelo eram os da última moda.
Rapidamente a doença alastrou e a epidemia estendeu-se a todo o país, não havendo classe social nem faixa etária que lhe houvesse resistido.
A vida, hoje, faz-de de telemóvel à cintura. Já ninguém comenta com ar piedoso quando vê um passante a falar sozinho. Numa roda de adolescentes num café, os segredos são partilhados através de mensagens dedilhadas com verdadeira mestria para pronta resposta da amiga que se senta em frente. Nas aulas, apesar dos regulamentos proibirem telemóveis ligados ou com o som em “on”, muitas são as vezes em que uma mãe liga para a criança mesmo sabendo que esta deverá estar dentro de uma aula a receber instrução. E se o aparelhinho lhes é confiscado e entregue no Conselho Executivo, não passam muitas horas até que os pais apareçam, furiosos, na escola a reclamá-lo com veemência e maus modos. Constitui este fenómeno, até, um dos melhores métodos para fazer alguns encarregados de educação virem à Escola, esgotados os tradicionais envios de convocatórias.
Para lá da irritação que causam os seus milhentos tipos de toques, desde o Hino do Benfica até ao choro de um bebé ou uma musiquinha da moda, os “tele-tele”, como lhes chamo, servem ainda para que ninguém possa ler em sossego num local público ou preste a devida atenção ao orador numa reunião importante. Depois, e não menos relevante, é o facto de ser banal e legal fazer escutas às conversas privadas e de as usar em tribunal ou, pior, publicar nos jornais os “segredos de justiça” obtidos através das mesmas escutas.
Parecendo, e podendo ser, um óptimo meio de comunicação rápida à distância para usar apenas quando necessário, o telemóvel vem-se confundindo cada vez mais com um agente eficaz no controlo da liberdade e da privacidade e um veículo de empobrecimento da capacidade de falar e de escrever, sobretudo entre a gente mais nova. Paradoxos inevitáveis dos avanços desta era tecnológica?
- Jorge P.G.
Publicação nº 704 de "O SINO DA ALDEIA" - Jorge P.G.
O CAFÉ MARRARE DE POLIMENTO - CONVITE PARA UMA VISITA
Convido-vos hoje a que venham comigo tomar um "café Moka"
ao «Marrare de Polimento», entre os números 54 e 64 da Rua Garrett,
na Lisboa do séc.XIX
"O Marrare de Polimento"
Lisboa era o Chiado, e o Chiado era o Marrare, e o Marrare dava o tom (...), escrevia Sousa Bastos, em “Lisboa Velha, Setenta Anos de Recordações”.
Inaugurado em 1820 e de certo modo sucessor do “Botequim das Parras”, o Marrare era o mais requintado dos quatro cafés que o napolitano António Marrare abrira em Lisboa.
Um luxo, a decoração de madeira polida, que logo lhe valeu a alcunha de Marrare de/o Polimento. Além da sala de bilhar, tinha ainda um pequeno pátio coberto por uma clarabóia envidraçada onde, no Verão, as senhoras podiam comer os melhores gelados da cidade.
Polido era também o atendimento: criados de libré serviam excelente café em cafeteiras de prata. Requintes para uma clientela ávida de mudança.
Servia -se o magnifico café genuíno «MOKA» e bebidas das melhores marcas. O frontispício do café «MARRARE» tornou-se bem conhecido por uma gravura do tempo, onde se podia ler em duas tabuletas: «VINHOS SUPERIORES ENGARRAFADOS. CAFÉ - LICORES E OUTROS OBJECTOS. BILHAR - »
Clicar sobre a imagem para a ver aumentada
O Marrare tornara-se no local de reunião de todos os elegantes e todos os homens de Lisboa, como escreveram Bulhão Pato e Passos Manuel. Basta lembrarmo-nos de alguns dos indefectíveis: Almeida Garrett, Alexandre Herculano, Passos Manuel, José Estêvão. Fechado em 1866, o Marrare “renasceria” em “Os Maias” de Eça de Queirós. O seu futuro estava em ser ponto de reunião de todos os homens elegantes e de estrato social superior de Lisboa. Inaugurado no primeiro dia do ano de 1820 na R.ª das Portas de St.ª Catarina.
Atingiu o auge por volta de 1848, em que franquear as suas finas portas era por si só um estatuto.
O Marrare ditava o tom e a "lei". E parecia que assim o era de facto; numa altura em que, apesar de as damas já frequentarem este tipo de estabelecimentos (onde havia salas próprias para as senhoras), continuavam a ser personae non gratae, o café teve a ousadia de abrir uma excepção. Isto porque foi o primeiro estabelecimento a receber a primeira mulher frequentadora de bilhar: Ms Júlia Wilson. É certo que ela teve de jogar usando chapéu e sobrecasaca mas mesmo assim foi um feito que nenhuma outra dama tinha conseguido até à altura.
Um dos aspectos que contribuíram para o sucesso da casa foi o famoso Bife à Marrare, muito apreciado entre a clientela.
Bife à Marrare
***
Ingredientes: Por pessoa
1 bife alto do pojadouro (200 g) ; 80 g. de manteiga ou margarina ; 3 colheres de sopa de natas ; sal ; pimenta preta em grão;
Confecção: Numa frigideira de ferro ou de aço bem forte, derrete-se em lume vivo metade da manteiga ou da margarina.
Quando estiver bem quente, introduz-se o bife e deixa-se alourar de um dos lados.
Vira-se o bife sem o picar e aloura-se do outro lado.
Esta operação, que deve ser relativamente rápida, tem por fim evitar que o suco da carne saia.
Tempera-se com sal grosso e pimenta moída na altura.
Escorre-se da frigideira a gordura em que o bife fritou (conservando o bife) e junta-se a restante manteiga.
Reduz-se a chama e deixa-se fritar o bife durante uns minutos, agitando a frigideira.
Adicionam-se as natas e deixa-se engrossar o molho, continuando a agitar a frigideira.
Coloca-se o bife num prato aquecido e rega-se com o molho.
Serve-se acompanhado com batatas fritas em palitos, dentro de um prato coberto com um guardanapo.- (Receita colhida em www.gastronomias.com )
O Marrare de Polimento fechou portas no ano de 1866.
Mais de 50 anos depois, abriria a Brasileira do Chiado que ainda hoje existe e na direcção da qual parece que Fernando Pessoa se dirige ao atravessar a Rua Garrett.
Publicação nº 703 de "O SINO DA ALDEIA "- Jorge P.G.
Trago hoje ao "SINO da ALDEIA" um autor de gravuras e pintor não muito conhecido, talvez, de quem por aqui passa.
Trata-se de Kitagawa Utamaro , que terá nascido por volta de 1753, em local desconhecido do Japão(Edo, Quioto, Osaka, uma pequena cidade provincial?). O seu nome original era Kitagawa Ichitaro, que modificou para Ichitaro Yusuke quando chegou à idade adulta, hábito comum no Japão de então. Só em 1781 adoptou o apelido Utamaro, começando então a produzir gravuras com retratos femininos, e pouco depois, provavelmente em 1783, juntou-se ao editor Tsutaya Juzaburo, tornando-se o principal artista do atelier dirigido por este. A sua produção de gravuras parece ter sido esporádica, dedicando-se sobretudo a ilustrar livros de kyoka (ou "poesia louca", uma paródia de formas poéticas clássicas ).
Considerado um dos grandes nomes da arte Ukiyo-e, é basicamente conhecido pelos seus retratos de belas mulheres, ou bijin-ga. A estampa, plena de ternura, que podemos ver a seguir representa uma cortesã com o seu filho.
Cortesã com o filho contemplando-se num lavatório, 1798
Utamaro habitava então, como os seus companheiros, perto do "bairro dos prazeres" de Yoshiwara, em Edo(actual Tóquio), e os burgueses da capital imperial compravam-lhe recordações dos bons momentos de prazer junto das cortesãs.
Nos sécs. XVII e XVIII, a sociedade japonesa viveu um longo período de paz e de relativa prosperidade, afastada do resto do mundo, sob a égide da família Tokugawa. Os chefes desta família dirigiam o império com o título de shogun (governador de palácio), não restando muito mais ao imperador do que uma função simbólica. Os grandes senhores feudais viviam na capital, junto do shogun, e as suas despesas faziam a fortuna da burguesia, a qual cultivava uma arte de viver airada e frívola, onde o tempo escorria sem quase se dar por isso.
Ora, este "shogunato" veio a permanecer na família dos Tokugawa até à sua abolição em 1867 pelo Imperador Meiji.
Esta longa época de dois séculos e meio, caracterizada por uma estabilidade e prosperidade relativas, como já atrás referi, ficou conhecida como "o período de Edo", ilustrado por grandes artistas como Utamaro ou Hokuzai, e marcou a transição da Idade Média japonesa para a Era Moderna. Muito desconfiados do Ocidente, os Tokugawa interditaram todas as deslocações ao estrangeiro e expulsaram os europeus, apenas tolerando alguns comerciantes holandeses da Companhia das Índias Orientais na ilhota de Dejima, em Nagasaki.
Prostituta, de 1794
Foi, pois, nesta sociedade que viveu e trabalhou Utamaro que em 1791 parece ter abandonado a ilustração de livros, voltando-se para a produção de gravuras com retratos isolados de mulheres, o que o distingue da produção então maioritariamente em voga de grupos de mulheres. E foi a partir dessa altura, em particular a partir de 1793 e ao mesmo tempo que se separava do editor Tsutaya Juzaburo, que parece ter atingido o maior sucesso na carreira com a produção das suas séries mais famosas, dedicadas ao retrato feminino, embora também produzisse estudos da natureza e shunga(gravuras eróticas).
Em 1797, terá ficado muito afectado pela morte de Tsutaya Juzaburo, o que se reflectiu na sua capacidade criadora e, em 1804, enfrentou graves problemas com as autoridades devido a algumas das suas gravuras, consideradas ofensivas da dignidade do Shogunato. Estes problemas levaram-no à prisão e condenação a 50 dias agrilhoado. Destroçado por estes últimos acontecimentos, faleceu em 1806 com 53 anos apenas, deixando uma obra com cerca de duas mil pinturas e gravuras nas quais a ternura dos traços, das formas e das cores está sempre presente.
Fontes: várias Texto: Jorge P.G.
Publicação nº 702 de "O SINO DA ALDEIA" - Jorge P.G.
Agitadas vão as águas em que nadam os políticos portugueses dos dois maiores partidos.
Clicar sobre a imagem para a ver maior
Dois senhores deputados, eleitos e principescamente pagos por nós para defenderem o povo, tiveram uma actuação de caserna, ou de taberna, chegando um deles a insultar o outro em plena sessão da Assembleia, com um "vai p'ro c......" e um "...baixa a bolinha", sem que nenhum deles tenha sido admoestado quer pelo Presidente da Assembleia quer pelos seus líderes de bancada. Mais: essas palavras não figuram na acta da sessão. Coisa de somenos, portanto, terão considerado.
Depois, a notícia de que um ministro não pagou à Força Aérea as viagens feitas a bordo de um Falcon.
Outro ministro, o mesmo do "deserto de Alcochete", veio dizer que a derrapagem de 100 milhões de euros no aeroporto Sá Carneiro é obra do anterior governo e que se limitou a fazer não apenas o aeroporto como outras obras com ele relacionadas que estavam já agendadas.
Um deputado que se havia desfiliado do CDS em finais do ano passado mas que se manteve no cargo com trabalho nas secções da Educação e da Família, descobriu que um jogo instalado em mais de 200 mil "Magalhães" pomposamente distribuídos às crianças continha uma montanha de erros graves, de fazer corar qualquer mestre-escola. O Ministério logo pediu desculpas e "deu ordem" às escolas para que os professores procedesem à desinstalação do tal software. Não houve, portanto, o elementar cuidado de avaliar o mesmo software instalado antes do show-off magalhânico.
A última, pelo menos que já se conheça, foi protagonizada por José Lello, engenheiro, boavisteiro e amigo dos 7 costados do major Valentim, ao que se sabe. Resolveu malhar no Manuel Alegre apelidando-o de "sem carácter". A escola de malhadores do PS parece estar a dar frutos e até já malham uns nos outros!
Pois, deste figurão do PS, trago aqui e peço que leiam bem, o que sobre ele escreveu a sua correligionária Ana Gomes, em Maio de 2007, no seu blogue colectivo e que ainda mantém - o "CAUSA NOSTRA", digo, "CAUSA NOSSA".
Mas já se perfila "uma nova disputa de bocas" entre homens do Largo do Rato. António Costa atirou-se ainda hoje ao ministro da Administração Interna, falando sobre o sucedido num bairro pobre das Olaias, Lisboa, ao afirmar que, para ele, a polícia nas ruas é necessária cada vez mais e que a CML não tem culpa nenhuma do sucedido.
Para quem afirma que o PS está UNIDO, estas últimas rachas no edifício socrático vêm, no minimo, provar o nervosismo que por lá campeia.
Publicação nº 701 de "O SINO DA ALDEIA" - Jorge P.G.
Das Denkmal (A escultura), "Block der Frauen",1996, da escultora Ingeborg Hunzinger, em homenagem às mulheres da Rosenstrasse (A Rua das Rosas) .
Na escultura, está a seguite inscrição:
«Die Kraft des zivilen Ungehorsams und die Kraft der Liebe bezwingen die Gewalt der Diktatur»
(Trad. - O vigor da desobediência civil e a força do amor subjugaram a brutalidade da ditadura) MULHER, hoje é para ti este postal!
No teu dia, recordo aquelas esposas e mães de Berlin que, no coração do regime nazi, em 28 de Fevereiro de 1943 saíram à rua, a Rosenstrasse, num acto de resistência abnegado e corajoso.
No início de 1943 Goebbels reunira mais de 2 mil judeus, maridos e filhos de arianas, num edíficio na Rosenstrasse, então uma pouco conhecida rua de Berlin, de onde seriam deportados para campos de concentração. Durante uma semana as esposas suportaram o frio e as ameaças da Gestapo na Rosenstrasse, gritando “Queremos o regresso dos nossos maridos“.
E a verdade é que os maridos judeus foram libertados com a aprovação de Hitler, inclusive 25 que já tinham sido enviados para Auschwitz. Não houve nenhum tipo de represálias sobre as manifestantes ou sobre as suas famílias.
No fim da guerra, a esmagadora maioria dos sobreviventes judeus na Alemanha eram membros de casais mistos, que foram protegidos pela determinação e valentia de uns milhares de mulheres.
Do mesmo modo, foram as mães e esposas americanas que obrigaram ao fim do suicídio do Vietnam.
Vale sempre a pena lutar quando a razão nos assiste !
BEM-HAJAS, MULHER!
- Jorge G.
NOTA: Quem quiser saber sobre as origens do Dia Internacional da Mulher, poderá ler a publicação nº 309 de 8-Março-2007 clicandoAQUI
Publicação nº 700 de "O SINO DA ALDEIA" (Republicação adaptada do nº 546 , de 08-03-2008) - Jorge P.G.
A BIBLIOTECA DE ALEXANDRIA ( do nascimento ao calvário ) Parte II
ATENÇÃO, ESTA É UMA VERSÃO ANTI-ÁRABE. OUTRAS HÁ,
MENOS ABONATÓRIAS PARA O OCIDENTE.
Os homens não aprendem. Em 1992, a importante Biblioteca de Sarajevo ficou neste estado depois de um bombardeamento. A ofensiva seguinte, a mais séria de todas, parece ter sido realizada pela Imperatriz Zenóbia. Ainda desta vez a destruição não foi total, mas livros importantes desapareceram. Conhecemos a razão da ofensiva que lançou depois dela o Imperiador Diocleciano ( 284-305 d.C.) . Documentos contemporâneos estão de acordo a este respeito. Diocleciano quis destruir todas as obras que davam os segredos de fabricação do ouro e da prata, ou seja, todas as obras de alquimia, pois pensava que se os egípcios pudessem fabricar à vontade o ouro e a prata, obteriam assim meios para levantar um exército e combater o império. Filho de escravos, foi proclamado imperador em 17 de setembro de 284. Era, ao que tudo indica, um perseguidor nato, e o último decreto que assinou antes de sua abdicação em Maio de 305, ordenava a destruição do cristianismo. Diocleciano foi de encontro a uma poderosa revolta do Egipto e iniciou em Julho de 295 o cerco a Alexandria. Tomou a cidade e nessa ocasião houve massacres inomináveis. Entretanto, segundo a lenda, o cavalo de Diocleciano deu um passo em falso ao entrar na cidade conquistada e este interpretou tal acontecimento como uma mensagem dos deuses que lhe mandavam poupar a cidade. A tomada de Alexandria foi seguida de pilhagens sucessivas que visavam acabar com os manuscritos de alquimia. Todos os encontrados foram destruídos. Continham, ao que parece , as chaves essenciais da alquimia que nos faltam para a compreensão dessa ciência , principalmente agora que sabemos que as transmutações metálicas são possíveis . Não possuímos nenhuma lista dos manuscritos destruídos , mas a conta-se que alguns deles eram obras de Pitágoras, de Salomão ou do próprio Hermes. É evidente que isto deve ser tomado com relativa confiança. Seja como for, documentos indispensáveis davam a chave da alquimia e estão perdidos para sempre.
Mas a biblioteca continuou. Apesar de todas as destruições sistemáticas que sofreu, ela prosseguiu a sua obra até que os árabes a arrasassem completamente. E se os árabes o fizeram , sabiam por que motivo o faziam. Já haviam destruído no próprio Islão - como na Pérsia - grande número de livros secretos de magia, de alquimia e de astrologia. A palavra de ordem dos conquistadores era: "não há necessidade de outros livros , senão o Livro" , isto é, oAlcorão. Assim, a destruição de 646 d.C. visava não propriamente os livros malditos, mas todos os livros. O historiador muçulmano Abd al-Latif ( 1160-1231 ) escreveu : "A biblioteca de Alexandria foi aniquilada pelas chamas por Amr ibn-el-As, agindo sob as ordens de Omar, o vencedor". Esse Omar opunha-se, aliás, a que se escrevessem livros muçulmanos, seguindo sempre o princípio: "o livro de Deus é-nos suficiente". Era um muçulmano recém-convertido, fanático, odiava os livros e destruiu-os muitas vezes porque não falavam do profeta. É natural que terminasse a obra começada por Júlio César, continuada por Diocleciano e outros. Se documentos sobreviveram a esses autos-de-fé, foram cuidadosamente guardados desde 646 d.C. e não mais reapareceram. E se certos grupos secretos possuem actualmente manuscritos provenientes de Alexandria, dissimulam-no muito bem.
Retomemos, agora, o exame desses acontecimentos à luz da tese que sustentamos : a existência desse grupo a que chamamos "Homens de Negro" e que constitui uma organização visando o aniquilamento de determinado tipo de saber. Parece evidente que tal grupo se desmascarou em 391 depois de procurar e sistematicamente fazer desaparecer as obras de alquimia e magia e também que tal grupo nada teve a ver com os acontecimentos de 646 : o fanatismo muçulmano foi suficiente. Em 1692 foi nomeado para o Cairo um cônsul francês chamado M. de Maillet que assinalou que “Alexandria é uma cidade praticamente vazia e sem vida. Os raros habitantes, que são sobretudo ladrões, encerram-se nos seus esconderijos. As ruinas das construcções estão abandonadas.” Parece provável que, se livros sobreviveram ao incêndio de 646, não estavam em Alexandria naquela época; trataram de evacuá-los.
A partir daí, fica-se reduzido a hipóteses. Fiquemos nesse plano que nos interessa, isto é, o dos livros secretos que dizem respeito às civilizações desaparecidas, à alquimia, à magia ou às técnicas que não mais conhecemos. Deixaremos de lado os clássicos gregos, cuja desaparição é evidentemente lamentável. Voltemos ao Egipto. Se um exemplar do Livro de Toth existiu em Alexandria, César apoderou-se dele como fonte possível de poder. Mas o Livro de Toth não era certamente o único documento egípcio em Alexandria. Todos os enigmas que se colocam ainda sobre o país teriam, talvez , solução, se tantos documentos egípcios não tivessem sidos destruídos. E entre eles, eram particularmente visados e deveriam ser arrasados, no original e nas cópias, e depois os resumos, todos aqueles que descreviam a civilização que precedeu o Egipto conhecido. É possível que alguns traços subsistam, mas o essencial desapareceu e essa destruição foi tão completa e profunda que os arqueólogos racionalistas defendem, agora , que se pode seguir no Egipto o desenvolvimento da civilização do neolítico até às grandes dinastias, sem que nada venha provar a existência de uma civilização anterior. Assim, também a História, a Ciência e a situação geográfica dessa civilização anterior nos são totalmente desconhecidas. Formulou-se a hipótese de que se tratava de uma civilização de Negros. Nessas condições, as origens do Egipto deveriam ser procuradas em África . Talvez tenham desaparecido em Alexandria, registos, papiros ou livros provenientes dessa civilização desaparecida. Foram igualmente destruídos tratados de alquimia, os mais detalhados, aqueles que permitiriam realmente obter a transmutação dos elementos. Foram destruídas obras de magia, tais como as provas do encontro com extraterrestres do qual Bérose falou, citando os Apkallus. Foram destruídos . . . Mas como prosseguir enumerando tudo o que ignoramos ! A devastação tão completa da biblioteca de Alexandria é, certamente, o maior sucesso dos Homens de Negro.
- Extraído e adaptado de "Os Livros Malditos", de Jacques Bergier
Publicação nº 699 de "O SINO DA ALDEIA " - Jorge P.G.
5 DE MARÇO de 1953 - A MORTE DE ESTALINE E A DESMEDIDA AMBIÇÃO PELO PODER
O Marechal Stalin, em final de vida
Faz hoje 56 anos que faleceu Estaline, curiosamente no mesmo dia e na mesma cidade, Moscovo, em que o "enfant terrible" da música russa, Prokoviev, quase a completar 62 anos, morria discretamente apenas com umas horas de diferença.
Uns dias antes, no teatro Bolchoi, o ditador tivera de se retirar antes do final da representação. Jantara com os adjuntos, num repasto bem regado. No dia seguinte, os guardas, não o tendo visto sair do quarto, arrombaram a porta e encontraram-no agonizante sobre os tapetes, acometido de uma congestão cerebral. Não conseguiram que saísse do coma, acabando por sucumbir quatro dias depois. O anúncio do seu fim trouxe ao mundo espanto, desolação, mas alívio, também.
As exéquias, a 9 de Março, em Moscovo, traduziram-se por cenas de histeria colectiva. Em Paris, a sede do partido comunista hasteava a bandeira negra e, na Câmara dos Deputados, o Presidente Édouard Herriot reclamou um minuto de silêncio em memória do vencedor de Hitler e do modernizador da URSS. Apenas dois deputados recusaram levantar-se.
Иосиф Виссарионович Джугашвили, em russo,(Ióssif Vissariónovich Djugashvíli) (mais tarde chamado Stalin, «homem de aço», em russo) nasceu em Gori, uma pequena cidade no coração da Geórgia, em 6 ou 18 de Dezembro de 1878, segundo alguns biógrafos, ou em 18 de Dezembro de 1879, de acordo com outros, ou ainda em 21 de Dezembro de 1879, de acordo com a sua biografia oficial, na qual Stalin se teria rejuvenescido de alguns meses.(sobre a controvérsia, poder-se-á consultar a biografia escrita por Jean-Jacques Marie, "Staline", Fayard, 2001, página 15.)
Mais do que nenhum outro homem de Estado da era moderna, Estaline foi objecto de paixões extremas no mundo inteiro, tendo milhões de homens morrido quer por o adorarem (ou dele dependerem?) quer por o odiarem.
Sucessor de Lenine na chefia da URSS, deu-se o título de «Vojd», nome russo que significa «guia», «condutor», à semelhança do "Führer" alemão, do "Duce" italiano ou do espanhol "Caudillo". Mas a propaganda russa apelidava-o igualmente de "pai dos povos".
O seu pai era um sapateiro pouco menos do que miserável e iletrado, que voltara a casar, tardiamente, com uma jovem prima. Alcoólico e violento, batia frequentemente na mulher e nos filhos, entre os quais o pequeno José, tendo morrido em 1890 no decurso de uma rixa entre bêbedos.
José entrou então no seminário de Tbilissi, a capital da Geórgia de hoje, o único meio de ascensão social a que teve acesso. Lá, iniciou-se secretamente nas ideias revolucionárias do marxismo e a sua indisciplina valeu-lhe ser expulso do estabelecimento, sem diploma, em 1899.
6 anos mais tarde, em 25 de Dezembro de 1905, teve o primeiro encontro com Lenine, algures na Finlândia, por ocasião de um congresso pan-russo, tornando-se desde então "um profissional da Revolução". Lenine confiou-lhe acções de monta na região do Cáucaso que tinham por objectivo, digamos, "encher os cofres" do Partido bolchevique.
Em 1912 acedeu ao Comité Central do partido, tendo no ano seguinte adoptado o nome de Stalin. Foi então preso e exilado para a Sibéria até à Revolução de Fevereiro de 1917. Libertado, tomou a direcção do «Pravda», jornal do partido bolchevique, e após a Revolução de Outubro, que consagrou o poder sem partilhas dos bolcheviques, Staline tornou-se Comissário do Povo(equivalente a ministro).
Aos 39 anos, principiou então para ele uma segunda vida. Daí para a frente, é por demais conhecida a lista dos seus actos, que fizeram deste homem um dos grandes genocidas da era moderna.
Nos dias actuais, em que a política cada vez se centra mais e mais em figuras-emblema, é imprescindível pensar-se em que se pode transformar um homem de ambição desmedida e dos perigos que esta acarreta para a própria humanidade!
A alguns homens não podemos dar asas. Texto de Jorge P.G.
Publicação nº 698 de "O SINO DA ALDEIA" - Jorge P.G.
A BIBLIOTECA DE ALEXANDRIA ( do nascimento ao calvário ) Parte I
ATENÇÃO: Esta é uma versão anti-árabe. Outras há, menos abonatórias para o ocidente.
Euclides de Alexandria, que morou em Alexandria e ensinou na Biblioteca na segunda metade do Século IV a. C.
Conforme a visão artística de Rafael Sanzio no seu afresco Cognitio Causarum.
Euclides manuseia um compasso e explica Geometria a alguns estudantes.
Tendo sido fundada por Ptolomeu ou por Ptolomeu II, a destruição da grande biblioteca de Alexandria foi rematada pelos árabes em 646 da era cristã. A cidade foi fundada, como o seu próprio nome indica, por Alexandre o Grande, entre 331 e 330 a.C. decorrendo quase mil anos antes de a biblioteca ser destruída. Alexandria foi, talvez, a primeira cidade do mundo totalmente construída em pedra, sem que se utilizasse nenhuma madeira. A biblioteca compreendia dez grandes salas e quartos separados para os consultantes. Discute-se ainda a data da sua fundação e o nome de quem a fundou, mas o verdadeiro fundador, no sentido de organizador e criador da biblioteca, e não simplesmente do rei que reinava ao tempo do seu surgimento, parece ter sido um personagem de nome Demétrios de Phalère. Desde o começo, ele agrupou 700 mil livros e continuou a aumentar sempre esse número . Os livros eram comprados a expensas do rei. Esse Demétrios de Phalère , nascido em 354 e 348 a.C. , parece ter conhecido Aristóteles. Apareceu em 324 a.C. como orador público, em 317 foi eleito governador de Atenas e governou-a durante dez anos, de 317 a 307 a.C. Impôs um certo número de leis, nomeadamente uma, de redução do luxo nos funerais. Então, Atenas tinha 90 mil cidadãos, sendo 45 mil estrangeiros e 400 mil escravos. No que concerne à própria figura de Demétrios, a História apresenta-o como um modelo da elegância, tendo sido o primeiro ateniense a descolorir o cabelo, alourando-o com água oxigenada. Depois, foi banido de seu governo e partiu para Tebas onde escreveu grande número de obras, uma com título estranho: "Sobre o feixe de luz no céu", que é , provavelmente, a primeira obra sobre os discos voadores. Em 297 a. C., o faraó Ptolomeu persuadiu Demétrios a instalar-se em Alexandria. Fundou então a biblioteca. Ptolomeu I morreu em 283 a.C. e o seu filho Ptolomeu II exilou Demétrios em Busiris, no Egipto, onde faleceu, mordido por uma serpente venenosa. Demétrios tornou-se célebre no Egipto como mecenas das ciências e das artes. Depois disso, uma sucessão de bibliotecários, através dos séculos, aumentou a biblioteca, aí acumulando pergaminhos, papiros, gravuras e mesmo livros impressos, se formos crer em certas tradições. A biblioteca continha portanto documentos inestimáveis. Coleccionou, igualmente, documentos dos inimigos, notadamente de Roma. Sabe-se que um bibliotecário se opôs, violentamente, à primeira pilhagem da biblioteca por Júlio César, no ano 47 a.C. , mas a História não tem o seu nome. O que é certo é que já na época de Júlio César a biblioteca de Alexandria tinha a reputação corrente de guardar livros secretos que davam poder praticamente ilimitado. Quando César chegou a Alexandria a biblioteca tinha pelo menos 700 mil manuscritos. Quais? E por que se começou a temer alguns deles? Os documentos que sobreviveram dão-nos uma ideia. Havia lá livros em grego. Evidentemente, tesouros, toda essa parte que nos falta da literatura grega clássica. Mas entre esses manuscritos não deveria aparentemente haver nada de perigoso. Ao contrário, o conjunto de obras de Bérose é que pode inquietar. Sacerdote babilónico refugiado na Grécia, Bérose deixou-nos o relato de um encontro com extraterrestres: os misteriosos Apkaluus, seres semelhantes a peixes, vivendo em escafandros e que teriam trazido aos homens os primeiros conhecimentos científicos. Bérose viveu no tempo de Alexandre o Grande, até à época de Ptolomeu I. Foi sacerdote de Bel-Marduk na Babilónia. Era historiador, astrólogo e astrónomo. Inventou o relógio de sol semicircular. Criou uma teoria dos conflitos entre os raios do Sol e da Lua que antecipa os trabalhos mais modernos sobre a interferência da luz . Podemos fixar as datas de sua vida em 356 a.C. , nascimento, e 261, ano da sua morte. Uma lenda contemporânea diz que a famosa Sybila, que profetizava, era sua filha. A História do Mundo de Bérose, que descrevia os seus primeiros contactos com os extraterrestres, foi perdida. Restam alguns fragmentos, mas a totalidade desta obra estava em Alexandria e, nela, todos os ensinamentos dos extraterrestres. Encontrava-se em Alexandria, também , a obra completa de Manethon. Este, sacerdote e historiador egípcio, contemporâneo de Ptolomeu I e II, conhecera todos os segredos do Egipto. O seu nome pode mesmo ser interpretado como "o amado de Thot " ou "o detentor da verdade de Toth". Era o homem que sabia tudo sobre o Egipto, lia os hieroglifos, tinha contacto com os últimos sacerdotes egípcios. Teria ele mesmo escrito oito livros e reuniu quarenta rolos de pergaminho, em Alexandria, que continham todos os segredos egípcios e provavelmente o Livro de Toth . Se tal colecção tivesse sido conservada, conheceríamos, provavelmente, tudo o que seria preciso saber sobre os segredos do Egipto. Foi exactamente isto que se quis impedir. Foi César quem inaugurou a sua destruição. Levou um certo número de livros , queimou uma parte e engradeou o resto. Uma incerteza persiste até hoje sobre esse episódio, e 2.000 anos depois da sua morte, Julio César tem ainda partidários e adversários. Os seus partidários dizem que ele jamais queimou livros na própria biblioteca; aliás muitos livros prontos a ser embarcados para Roma foram queimados num dos depósitos do cais do porto de Alexandria , mas não foram os romanos que lhes atearam fogo. Ao contrário, certos adversários de César dizem que grande número de livros foi deliberadamente destruído. A estimativa do total varia de 40 a 70 mil. Uma tese intermediária afirma que as chamas provenientes de um bairro onde se lutava , alcançaram a biblioteca e destruiram-na acidentalmente. Parece certo , em todo caso, que tal destruição não foi total. Os adversários e os partidários de César não dão referência precisa, os contemporâneos nada dizem e os escritos mais próximos do acontecimento são-lhe dois séculos posteriores. O próprio César, nas suas obras, nada referiu. Parece mesmo que ele se "apoderou" de certos livros que lhe pareciam especialmente interessantes. A maior parte dos especialistas em História egípcia pensa que o edifício da biblioteca deveria ser de grandes dimensões para conter setecentos mil volumes, salas de trabalho, gabinetes particulares, e que um monumento de tal importância não pode ser totalmente destruído por um princípio de incêndio. É possível que este tenha consumido armazenamentos de trigo, assim como rolos de papiro virgem. Não é certo que tenha desvastado grande parte da biblioteca e que esta tenha sido totalmente aniquilada. É certo, porém , que uma quantidade de livros considerados particularmente perigosos desapareceu.
CONTINUA...
Publicação nº 697 de "O SINO DA ALDEIA" - Jorge P.G.
Eu bem quero deixar de falar tantas vezes da política interna, mas eles obrigam-me...
No Congresso da entronização de Sócrates deste sábado, assistiu-se à abertura oficial das campanhas eleitorais de 2009. E até já chovem as costumeiras promessas.
Mas mesmo antes, já um dos pontas-de-lança do chefe do Partido lançara as primeiras farpas para animar não as próprias hostes, mas o Bloco de Esquerda. António Costa encarregou-se, pois, do ataque à esquerda apelidando de parasitas os bloquistas. Prosseguindo "a malhação" de Santos Silva, uns dias antes, Costa quis agora levar os potenciais eleitores da ala mais à esquerda a concluir que o PS é o Único Partido de Esquerda. Partido Único, realmente, parece querer ser. Baseando-se por certo em sondagens que terão por muito fiáveis, os PSs terão concluído que o eleitorado a captar não está perto do PSD de uma Manuela Ferreira Leite cada vez mais isolada e frágil. O perigo vem da esquerda, é por lá que têm que atacar a maioria absoluta que almejam com uma sanha que nunca se viu.
Em pleno Congresso, mais um ponta de-lança foi arremessado para unir a tal esquerda: Vital Moreira. Retirando-o de uma reforma política a que se votara, Sócrates desfez-se em encómios ao ex-comunista dissidente e este, tendo Bruxelas à vista, não resistiu e abraçou o chefe como se fossem amigos de longa data. Homem monocórdico no discurso, de longas arengas embora de valor intelectual inatacável, muito trabalho irá dar a Ana Gomes para lhe traduzir os discursos em linguagem que o povão entenda.
O PS, uma vez mais, passeou a sua arrogância pretendendo mostrar a Louçã que não vai precisar dele para nada. Como, de resto, já procedera relativamente ao PSD. «Ou nós ou o dilúvio», é a mensagem que os socratianos bem instalados no poder tentam fazer passar junto de um eleitorado que, na sua maioria, sabem ser pobre de ideias e facilmente manobrável.
Todo este circo em que se transformou o actual partido único no governo vem provar o que parece a muitos evidente: O PS não está interessado em governar bem Portugal mas em governar-se a si próprio, segundo as linhas traçadas por um cada vez menor e mais fiel grupo avançado de Sócrates, uma espécie de guarda pretoriana que lhe protege a imagem imaculada e abre trincheiras no terreno ao mesmo tempo que vai minando o terreno ao inimigo. Uma espécie de corpo de sapadores atentos e veneradores da figura do Grande Líder.
Onde é que a História já nos mostrou esta estratégia?
Publicação nº 696 de "O SINO DA ALDEIA" - Jorge P.G.Sineiro