O PLÁGIO CONSTITUI CRIME punível com pena de prisão até 3 anos pelo artº197 da lei 16/2008,de 01 de Abril, a mesma que, no seu artº1, ponto 1, refere que estabelece medidas e procedimentos necessários para assegurar o respeito dos direitos de propriedade intelectual.
O artª180, no seu ponto 3, diz: "Presume-se artista,intérprete ou executante,aquele cujo nome tiver sido indicado como tal nas cópias
autorizadas da prestação e no respectivo invólucro ou aquele que for anunciado como tal em qualquer forma de utilização lícita, representação ou comunicação ao público."
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quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007
Memórias de outros mundos(4)
Os monges medievais
Ser monge
Para se tornar monge tinha-se primeiro que ser um oblato, a não ser que já se tivesse idade para ser noviço. Um oblato era oferecido ao mosteiro pelo pai do rapaz, consagrando o filho à vida monástica. Depois, ao atingir a idade apropriada, poderia tomar os seus primeiros votos e tornar-se um noviço. Vários anos após, se o Superior do convento concordasse, poderia então tomar os votos finais e ser monge.
A vida no mosteiro
Era um quotidiano muito rígido o que lá se levava. Seguiam à risca uma série de horários e de normas. Tinham de abdicar de tudo menos de uma escudela de mendigo. Para os serviços pesados havia ajudantes e criados pois os monges tinham de passar a maior parte do tempo em orações.
Nas salas-das-refeições
Não eram autorizados a falar, comunicando entre si apenas por sinais. Eram-lhes permitidas uma refeição diária no inverno e duas durante o verão. Não comiam carne de qualquer espécie a não ser que se encontrassem doentes e em dias especiais.
Mas a regra (daí vem a designação de clero regular) não era igual em todos os conventos, variando conforme a sua filiação. Por exemplo, o silêncio não era imposto por todas. Os monges de Cister, cuja máxima era "ora et labora", dedicavam boa parte do seu dia aos trabalhos agrícolas tornando-se, com isso, em agentes principais do desenvolvimento rural e agrícola. Entre nós os principais representantes dessa ordem são os do mosteiro de Alcobaça fundado por D. Afonso Henriques .
Na Casa do Capítulo
Esta casa era o local onde os monges podiam pedir perdão uns aos outros por qualquer acção errada que tivessem praticado. Mas também ali se podiam acusar entre si por qualquer desvio de comportamento do qual tivessem bons motivos para acusação. Chamava-se “a casa do capítulo” porque no início da sessão era lido um capítulo do regulamento seguido pelo mosteiro.
No Scriptorium
O scriptorium era o local onde se copiavam e ilustravam os livros e os manuscritos. Os monges iluminadores decoravam-nos com belas tintas e folhas d’ouro, sendo necessária uma grande habilidade para fazer as iluminuras Os livros eram fabricados em pergaminho, material feito da pele de animais novos.
Actividades
Tanto os monges como as freiras ocupavam-se de muitas tarefas. Arranjavam abrigo, ensinavam a ler e a escrever, preparavam remédios, cosiam a roupa de outroas pessoas e auxiliavam os carentes em alturas de necessidade. Tudo para além das longas horas que tinham que consagrar à oração e à meditação. Imploravam o amor de Deus e tomavam votos de pobreza, obediência e castidade.
Contudo, à medida que as Ordens se tornavam mais ricas e poderosas, havia pessoas que nelas se inseriam pelo amor ao dinheiro e ao poder. Mas a grande maioria dos mosteiros continuou sendo centros importantes de prestação de cuidados e do conhecimento.
Esta é uma página iluminada da famosa Bíblia de Winchester. Produto de um copista e de cinco iluminadores da Catedral de Winchester, Inglaterra, a obra, com 250 folhas em pergaminho, levou quinze anos a completar. Terá sido elaborada entre 1160 e 1180.
Na 1ª fig. o rei Saúl observa David enfrentando Golias. Na 2ª, David é representado com a cabeça cortada de Golias na mão enquanto o exército filisteu foge. Nas 3ª e 4ª figs. não identifico os factos retratados. Na 5ª, Absalão, terceiro filho do rei David, que se encontrava desavindo com este, é figurado com os seus belos e longos cabelos presos nos ramos de uma árvore, a ser morto por Joab, servidor de David, que ia no seu encalço. Na 6ª, o rei David chora ao saber da morte de seu filho, que não tinha ordenado.
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Publicado em "O Arauto" por Jorge G. em 16.09.2006
Republicado em 28.02.2007 em "O Sino da Aldeia" por JPG
Exactamente. Em Junho de 2006, e numa fase em que o antigo "Os Bigodes do Gato" dava constantes problemas de publicação, devidos à minha completa inexperiência destas vidas e também à menor qualidade de serviço do "Blogger", decidi-me a criar o Sino da Aldeia para tocar a rebate em defesa da verdade e do anúncio de factos ou gente que ponham em causa os direitos mais elementares do Homem. Nada de demasiado politizado ou cultural, um espaço de convívio, uma janela aberta para deixar entrar um arzinho mais fresco nas nossas casas. Como todos os blogues, passou por períodos em que parecia ser lido apenas por duas ou três resistentes e simpáticas "almas". Atravessou o verão nessa primeira fase de crescimento. Resistiu sem recorrer a temas de fácil adesão, vulgares e dispensáveis, sem desvios da sua linha editorial. E cresceu, enquanto outros 5 ou 6 irmãos, mais velhos e mais novos, iam assistindo ao desenvolvimento do Sino e o respeitavam também, embora com prejuízo próprio. No final de 2006, gente de 73 países tinha entrado aqui. Eu sei que um chinês ou um tobaguenho, ou um árabe, iraniano, búlgaro, não terão lido o blogue. Mas passaram por cá. Depois, nestes dois primeiros meses de 2007, surgiu gente de 54 países, repetindo-se a grande maioria. Em 9 meses, chegou o momento da entrada ("hit") 20 000. É um número bonito, embora não diga muito mais do que isso mesmo.Melhor, muito melhor, foi a fidelidade de uns 30/35 amigos. Esses sim, são os reais colaboradores e companheiros deste meu mundo virtual. Para esses e sei que para muitos outros que não comentam mas cá vêm , sim, o meu sincero obrigado. Por esses, e pelos demais que hão-de vir, o meu trabalho continuará limpo, livre e com um mínimo de bom gosto e muito sentido de responsabilidade.
Siga as indicações da sinalização. Quer queira seguir para Valongo ou para o Porto, pare o carro e espere que terminem as obras. Assim, não terá que se submeter a desvios. É sempre a direito!
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Mais uma clara indicação do caminho mais rápido para Pevidém. Acelere e siga em frente. As ambulâncias do SNS não estão sujeitas a limites de velocidade. E consta que Pevidém tem um dos melhores hospitais do país!
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Atenção ao sinal ! Se pensa que aqui vai comprar um soutien "La Perle" ou uns jeans "Armani", desengane-se. Trata-se apenas de uma exposiçãooutdoor de artesanato e contrafacção. O sinal diz bem que a venda ambulante é rigorosamente proibida!
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O SINO AVISOU, porque avisar é preciso!
Ah! E vá tomar um café e dar dois dedos de conversa no novo Coffee Time!
Nasceu hoje e está de boa saúde. Chama-se Coffee Time e pretende reavivar o velho espírito das tertúlias. Convido-vos a todos para uma visita, embora a casa ainda só tenha uma salinha com o essencial !
O Castelo do Graal que Indiana Jones encontra no filme "Indiana Jones e a última cruzada" é na realidade uma das muitas construções esculpidas na rocha, em Petra. Realmente como se pode ver no filme, só se alcança Petra, por uma pequena picada entre desfiladeiros sumptuosos, chamado desfiladeiro de Siq, nas montanhas de Oum el-Biyara, que em determinados pontos, não mede mais que 2m de largura.
No ano 363 de nossa era, Petra perdera a sua importância e estava a ser abandonada. Com o seu sistema de abastecimento de água em ruínas, servia agora mais como fortificação, tendo trocado de mãos diversas vezes nos combates entre cristãos e muçulmanos durante as Cruzadas. No século XVI, o golpe final – o Império Otomano conquista a cidade que desaparece dos mapas, literalmente. Tendo-se transformado numa lenda, Petra era conhecida somente pelos beduínos que continuavam a viver na área e a guardavam zelosamente por acreditar que as tumbas cavadas na rocha escondiam tesouros. Em 1812, o aventureiro e explorador anglo-suíço Johann Ludwig Burckhardt, que viajava disfarçado de árabe pela região, ouviu rumores a respeito de umas ruínas fabulosas e convenceu o guia beduíno a levá-lo até lá, sob a alegação de que precisava de cumprir a promessa de sacrificar uma cabra numa montanha próxima. Petra foi, assim, redescoberta. Os beduínos continuam até hoje no local, embora tenham sido removidos pelo governo jordano e realojados na periferia do Parque Nacional de Petra. Mas regressaram para vender lembranças e actuar como guias em troca de baksheesh, ou gorjetas. O acordo de paz assinado entre Jordânia e Israel no início da década de 90 chegou a dar a esperança de um surto turístico, nunca concretizado por causa da instabilidade política da região. Em tempos mais pacíficos, a cidade recebe turistas europeus, americanos e japoneses, vindos de Amã (a 260 quilómetros de distância) ou do porto de Aqba (a 180 quilómetros), que apenas passam o dia.
São quase três quilômetros do Siq, a estreita passagem na rocha que leva até a entrada de Petra, onde se situa o Khazneh (“Tesouro”, nome árabe dado por engano ao que era na verdade a tumba de um rei nabateu), conhecido internacionalmente por ter sido cenário para o desfecho do filme Indiana Jones e a Última Cruzada.
Khazneh (“Tesouro”): cenário de Indiana Jones e a Última Cruzada.
A cidade abandonada deixa ver os seus túmulos reais, o anfiteatro, a Rua das Colunas, construída durante a dominação romana, as ruínas das igrejas bizantinas, os restos da fortaleza dos cruzados, o Templo dos Leões Alados, dedicado à deusa Atagartis , o pequeno museu erguido para abrigar artefactos encontrados nas explorações arqueológicas que até agora escavaram apenas 2% da área central, ou o Ed Deir, outra tumba, com 45 metros de altura, construída no século 3 a.C. e reaproveitada como igreja cristã.
900 degraus cavados na rocha levam ao topo da montanha onde ficava o Local Elevado de Sacrifícios, datado dos templos bíblicos, o mais importante lugar de culto dos nabateus. Ali, a pedra foi nivelada e trabalhada para criar uma plataforma e altares. Perto deles, numa outra ini-ciativa ciclópica (origem das lendas de que Petra teria sido obra de gigantes), os construtores escavaram a rocha para criar dois obeliscos, cada um com quase sete metros, numa homenagem perene aos poderes da deusa da fertilidade.
Obelisco
Ao escurecer, na hora de descer ao vale onde se espalham os restos de Petra, avistam-se lá em baixo as primeiras fogueiras das famílias de beduínos que, sem terem onde morar, ocupam as mesmas cavernas que abrigaram os seus antepassados.
Vénus (al Uzza-Astarte-Ishtar-Ísis-Afrodite?) desponta no céu, enquanto a noite cai rapidamente, para envolver as ruínas da primeira metrópole global da História.
Em 1958, José Afonso grava o seu primeiro disco, "Baladas de Coimbra", enquanto acompanha o movimento de candidatura de Humberto Delgado. Mais tarde grava "Os Vampiros" que, juntamente com "Trova do Vento que Passa", escrita por Manuel Alegre e cantada por Adriano Correia de Oliveira, constituem um marco fundamental da canção de intervenção e de resistência ao antigo regime. Em 1964 parte para Moçambique. Professor de liceu, desenvolve uma intensa actividade política contra o colonialismo, o que lhe traz problemas com a PIDE e com a administração colonial. Mais tarde regressa a Portugal onde é colocado como professor em Setúbal, mas posteriormente é expulso do ensino. Para sobreviver dá explicações e grava o seu primeiro LP, "Baladas e canções". De 67 a 70, Zeca protagoniza uma intervenção política e musical ímpar, convertendo-se num símbolo da resistência. Várias vezes detido pla PIDE, mantém contactos com a Luar, o PCP e a esquerda radical. Em 69 participa no 1º Encontro da "Chanson Portugaise de Combat" em Paris e empenha-se fortemente na eleição de deputados à Assembleia Nacional da CDE de Setúbal, gravando também o LP "Cantares do Andarilho", recebendo o prémio da Casa da Imprensa pelo melhor disco do ano, e o prémio da melhor interpretação. Alvo da censura, José Afonso passa a ser tratado nos jornais por Esoj Osnofa!, um óbvio anagrama!
Com arranjos de José Mário Branco, em 1971, edita "Cantigas do Maio", no qual aparece "Grândola Vila Morena", que seria cantada pela primeira vez em público em terras da Galiza, em Santiago de Compostela, onde há mais de um ano vêm lutando muitos companheiros e amigos galegos e portugueses para que lhe seja feita uma homenagem sob a forma de "uma rua com o seu nome". Desde então, 1971, Zeca participa em vários festivais. É publicado o livro "José Afonso", coordenado por Viale Moutinho. É lançado o LP "Eu vou ser como a toupeira". Em 1973 canta no III Congresso da Oposição Democrática e grava "Venham mais cinco".
Depois do 25 de Abril de 1974, participa em numerosos "cantos livres" e grava o espantoso LP "Coro dos Tribunais" onde conta com a colaboração de Fausto, Adriano Correia de Oliveira, Vitorino e José Niza, entre outros. Em 1975 canta em inúmeros espectáculos e lança "Com as minhas tamanquinhas". Em 1976 apoia Otelo Saraiva de Carvalho na candidatura à Presidência da República. Em 1981 actua no Theatre De La Ville de Paris, compõe a música de "Fernão Mendes" para a "Barraca" e grava "Enquanto há força" e "Fura fura". Em 1983 José Afonso já se encontra doente. O Coliseu de Lisboa é o palco do seu último combate. Recordo-me que a voz já lhe tremia e as forças para estar em palco o abandonavam. As homenagens multiplicam-se e é condecorado com a Ordem da Liberdade. Já muito enfraquecido por uma terrível doença - esclerose anquilosante, , ainda apoia em 1985 a candidaduta de Lourdes Pintassilgo à Presidência da República. É editado o seu último disco, "Galinhas do Mato". A 23 de Fevereiro de 1987 morre no Hospital de Setúbal.
Aqui
Te afirmamos
Dente por dente
Assim
Que um dia
Rirá melhor
Quem rirá
Por fim
Na curva
Da estrada
Há covas
Feitas no chão
E em todas
Florirão rosas
Duma nação
~~
Estes são os últimos versos da cantiga "A morte saiu à rua", do álbum do Natal de 1972 " Eu vou ser como a toupeira". É dedicada ao escultor Dias Coelho assassinado pela PIDE.
Até sempre, Zeca, querido companheiro! E, olha, o meu filho,que aprendeu a gostar de ti em pequenino, acabou neste momento de entrar em casa e de me trazer, com o seu primeiro ordenado, um duplo álbum teu.
Como vês, não morreste, ...é a voz da reacção que diz que sim.
Faz amanhã, 23 de Fevereiro, 20 anos que Zeca deixou de escrever e de interpretar as suas cantigas. Ao longo de muitos anos, quase às escondidas, habituei-me a ouvir cantar a verdade do sofrimento de um povo e o relato das suas mais populares tradições. Hoje, continuo a escutar Zeca Afonso, com o mesmo prazer e por razões algo semelhantes. Zeca está vivo em mim. - JPG José Afonso (2-Ag.-1929/23-2-1987)
ZECA - A INFÂNCIA
José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos nasceu a 2 de Agosto de 1929, em Aveiro, "na parte da cidade voltada para o realismo e para o mar". Quando o pai, José Nepomuceno Afonso, foi colocado em Angola, em 1930, como delegado do Procurador da República, Zeca Afonso permaneceu em Aveiro por razões de saúde, confiado aos cuidados da tia Gigé e do tio Xico, um "republicano anticlerigal, anti-sidonista. Um homem impoluto". Tinha então um ano e meio e cresceu numa casa situada na Fonte das Sete ( ou cinco?) Bicas, rodeado da ternura fraterna das primas e dos tios.
De 1932 a 1937 José Afonso viveu com os pais e irmãos em Angola, deslumbrando-se com a imensidão africana. A relação física com a natureza causou-lhe uma profunda ligação ao continente africano que se reflectirá pela sua vida fora. As trovoadas, a floresta, os grandes rios atravessados em jangadas, esconderam-lhe a realidade colonial. Só anos mais tarde, ao exercer a docência em Moçambique, conhecerá a fotografia amarga da sociedade colonial moldada ao estilo do "apartheid" de Pretória. Em 1937 volta para Aveiro, onde é recebido por tias do lado materno, e no mesmo ano parte para Moçambique. Em Lourenço Marques reencontra-se com os pais e irmãos, com quem viverá pela última vez em conjunto até 1938. Quando voltou para o continente, em 1938, José Afonso foi para casa do tio Filomeno, então presidente da Câmara, em Belmonte. No ano seguinte os pais já estavam em Timor, onde seriam cativos dos ocupantes japoneses durante três anos, até 1945. Foram três anos sem notícias deles. Em Belmonte, Zeca Afonso completou a instrução primária e viveu o ambiente mais profundo do salazarismo, de que seu tio era fervoroso admirador. "Foi o ano mais desgraçado da minha vida", confidenciou. Pró-franquista e pró-hitleriano, o tio de José Afonso levou-o a envergar a farda da Mocidade Portuguesa. Mas com a chegada a Coimbra em 1940, instalado em casa de uma tia devota, as suas pulsões mais íntimas sobrepuseram-se às influências familiares.
COIMBRA E A LENDA COIMBRÃ
José Afonso começa a cantar por volta do 5º ano do Liceu D. João III e a sua voz ecoa pela cidade velha.
Os tradicionalistas reconheciam-no como um bicho que canta bem. Em Coimbra passa pelas Repúblicas, onde conheceu a amizade e a farra académica. Seduzido pela cidade, tem os primeiros cantactos com clubes recreativos, joga futebol na Académica ("Entreguei-me completamente à mística da chamada Briosa") e acompanha a equipa um pouco por toda a parte. Nas colectividades conhece "gajos populares", entre os quais Flávio Rodrigues, que admira como exímio tocador de guitarra, para si superior a Artur Paredes. Inicia-se em serenatas e canta em "festarolas de aldeia. Um sujeito qualquer queria convidar uns tantos estudantes de Coimbra, enchia-lhes a barriga e a malta cantava..." Como estudante integrou várias comitivas do Orfeão Académico de Coimbra e da Tuna Académica da Universidade de Coimbra, nomeadamente em digressões pelo Continente e por Angola e Moçambique. O fado de Coimbra lírico e tradicional era superiormente interpretado por si. A praxe académica e a boémia encheu-lhe tardes e noites gloriosamente coimbrãs. É o tempo das boleias e da capa e batina ("Porque um tipo de capa e batina é rei das estradas"), que lhe permite os primeiros contactos com os meios sociais miseráveis do Porto, no Bairro do Barredo, fonte de inspiração para a sua balada "Menino do Bairro Negro". José Afonso foi envolvido pela lenda coimbrã, com o encantamento das suas tradições, que simultaneamente o atraíam e causavam repulsa.
Meus amigos, porque hoje é assim "a modos que"... uma segunda-feira avançada na semana, como todas deveriam ser, e também porque haveis de estar fartos de injecções de "coltura" do sineiro, trago-vos algo levezinho e bom para a digestão. Até porque entrámos na época da abstenção da carne que por certo vos encheu os olhos nestes dias de matança, perdão...de festança. Ora atentai, atentai...
Afixado na porta de um quarto da 'Pensão Estrelinha'
Em bom português e Inglês das Docks of Sodré
E este ainda permite o fumo! Noutros, cumprindo a legislação, é mesmo "prohibit fumate"!
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RESTAURANTE TORÍSTICO " O enfartes"
Nesta imagem podemos apreciar o cardápio de um belo restaurante "torístico" de cozinha tradicional portuguesa e internacional. Dizem os verdadeiros "gourmets" dominicais que a "feijoada há Mónaco" está sempre esgotada e que Sua Alteza, a princesa Stephanie, não dispensa uma degustação sempre que se desloca ao Algarve entre duas rapidinhas...viagens.
Consta igualmente, entre os profissionais de transportes em veículos pesados, que o "emssopado de borrego" é cozinhado a preceito, nem sequer lhe faltando, no inverno, uns quantos pedacinhos da lã do bicho, que tornam a iguaria mais quente e suculenta.
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Entretanto, num Bar à beira da estrada...
Neste prazeiroso Bar, de onde se podem contemplar os condutores, passeando calmamente a 90 Km/h na estrada que lhe passa à porta, poderão os amigos da cerveja - SEM ÁLCOOL - acompanhar as suas "amarelinhas desmaiadas" com algum do melhor marisco das costas portuguesas : o "tramoço" e o "minuim", este uma variedade exclusivamente nacional do vulgar lagostim.
Perante estas imagens, só podemos concluir que... o que é nacional é mesmo bom!
"O Carnaval de Lindoso É o melhor do Concelho Todos gostamos de ver O enterro do Pai Velho"
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No Alto Minho, é bem famoso o Entrudo do Lindoso (Ponte da Barca) com os ancestrais festejos do Pai Velho. Cumpre-se a tradição em Terras do Lindoso, sempre na época do Entrudo, nos lugares de Castelo e de Parada. Em dias de Domingo Gordo e Terça – feira de Carnaval .
Em frente aos espigueiros e à eira comunitária, tendo como cenário o Castelo Medievo, o busto de madeira do Pai Velho transportado num carro de bois, seguido de outro carro de bois, Carro das Ervas, engalanados, com a chiadeira habitual, tilintando de campainhas e com as cangas ornamentadas de monelhas, ramos de flores em cada chifre; à frente a lavradeira, camponesa rústica qual loura Ceres ( Deusa da Fecundidade), bem ourada com os cordões das avós; atrás as rusgas de concertinas, bombos, ferrinhos e castanholas e a que não faltam as máscaras dos mais foliões… eis os cortejos de Domingo Gordo no lugar do Castelo, depois da missa (11.00 horas ) e, da parte de tarde, no lugar de Parada (14.30 horas), com idêntico cerimonial.
Tudo se esconde até terça – feira de carnaval onde idênticos cortejos se realizam ainda com festa mais rija, para terminar depois dos bailaricos, nos dois lugares, com o enterro do Pai Velho, cerca da meia noite, em que se atinge o clímax do ritual colectivo concretizado na queima do boneco de palha e a leitura do seu testamento. Pai Velho que não despensa o "seu" ritual gastronómico em dia de Domingo Gordo.E são os rapazes e raparigas que cantam os Reis que têm a obrigação da ceia composta pelo tradicional cozido onde não faltam a orelheira, salpicão de fumeiro, tracanaz de presunto, os chispes e o focinho de porco. Se lhe acrescentarmos umas boas costelas barrosãs e um pé descalço, mais umas chouriças de cabaço, ai temos o cozido do Lindoso em honra do Pai Velho: duas travessas fumegantes a rescender a sabores de salgadeira, da vezeira e do quinteiro: a das carnes; outra com batatas, cenoura e couve galega; o alguidar tortulho com arroz branco e rodelas de chouriça, paio e salpicão, tudo acompanhado de um verde tinto a deixar nas malgas vidradas uma velatura de musselina rósea.
Cabanas de Viriato, Beira Baixa
Aqui, a "dança dos cus" mantém viva uma tradição nascida em 1865, quando o sucesso de uma representação do grupo de teatro trouxe para a rua actores e actrizes. Ao som de uma valsa, inventaram uma marcha que percorre a vila em contradança, com os pares divididos por duas filas que esperam o repique da música para virem ao centro e provocarem o choque dos traseiros.
A Sociedade Filarmónica parece ter sido fundada a pedido: surgiu em 1872, e o regente-fundador apressou-se a compor uma dança especial, a "Valsa de Carnaval", que ainda hoje é repetidamente tocada durante as várias horas que demora o desfile.
As "zambombadas" são uma sonora designação para não menos barulhentas sessões de bombos, fortemente percutidos durante a noite, e que começam a percorrer a vila e a anunciar o Carnaval com 15 dias de antecedência.
De domingo a terça feira, nas horas deixadas livres pela "dança dos cus", ouvem-se as "entrudadas", sessões de declamação de quadras populares, ditas ao ritmo dos bombos, denunciando segredos da vila. Ouve-se então o que toda a gente já sabe, mas que algumas pessoas queriam manter em segredo.
Amareleja, Alentejo
Sob a direcção do mestre que conduziu os ensaios, e ao ritmo da concertina, o grupo, em regra composto por mais de uma dezena de elementos, percorre o povoado, detendo-se junto às tabernas ou à porta de algum morador que esteja pronto a recebê-lo e a oferecer o petisco.
A acompanhar os versos, de má-língua, escritos com grande antecedência e afinados em sucessivos ensaios, que ocupam as três a quatro semanas anteriores ao Carnaval, anda um acordeão. Com os elementos da estudantina dispostos em roda, as quadras são cantadas em coro. É a voz do povo. Dois ou três elementos, mascarados, ocupam o centro e vão reproduzindo as situações que as quadras relatam. À volta, o coro, vestido a rigor, calça, colete e chapéu preto, faixa à cintura e lenço ao pescoço, responde com quadras que são o julgamento da moral popular.
A indiciar que vem de longe o Entrudo da Amareleja está o nome dado aos "entrouxados", que desde o início de Fevereiro começam a aparecer pela vila. São os "entremezes", designação herdada de uma modalidade de representação pré-vicentina, profana e de crítica de costumes.
Chamusca, Ribatejo
Um grupo de mais de uma dezena de elementos, munido de vários potes , ou quartões , transportados num burro velho, partem pela vila, parando nas tascas, adegas de amigos e cafés . Em roda, lançam o quartão de uns para os outros, e quem o deixar cair paga uma rodada. É "o jogo do quartão".
O "enterro do galo" dá-se depois de, à meia-noite, um padre, um sacristão, uma viúva e várias carpideiras procedem ao funeral de um galo. É chegada a hora da má-língua, de passar em revista os acontecimentos do ano, compilados pelos membros do grupo, mas também sugeridos pela população. Uns dão indicações de acontecimentos que coleccionam durante o ano, outros deixam envelopes anónimos com quadras. Depois o padre, o sacristão ou o galo que as digam. Para que alguns dos presentes possam corar.
As borboletas adultas, imagos, alimentam-se do néctar de flores, frutos em decomposição e saisminerais encontrados em solo húmido.
O número de espécies diferentes é simplesmente impressionante, qualquer coisa como 14 mil já classificadas.
As borboletas nascidas durante a primavera e o início do verão têm uma vida bem mais curta do que a geração de inverno. Duram de três a cinco semanas, mas podem durar apenas um dia ou uma semana, enquanto as nascidas no final do verão e início do outono podem viver até nove meses.
Procuradas pelos machos assim que deixam a crisálida, logo procuram a folha destinada a acolher os milhares de ovos que muitas põem. Depois, dando continuidade à sua espécie, depressa chega ao fim o seu ciclo de efémera beleza.
Após as metamorfoses, um ciclo adulto de rara e breve beleza
Quem quiser ver mais deslumbrantes borboletas, siga este link e faça o download de slides que me foram enviados pela amiga Luísa do "Ecos do Tempo", a quem agradeço a simpatia.
Longe das minhas preferências, um dos Carnavais que hoje mais se vende pelo mundo fora, o brasileiro, especialmente o carioca, terá sido introduzido pelos portugueses no Brasil provavelmente no séc.XVII. Em 1840 realizou-se o primeiro baile.
Em 1846 surgiram os Zés Pereiras, grupos de foliões de rua com bombos e tambores. Vieram depois os cordões, as sociedades carnavalescas, blocos e ranchos. O corso, hoje desaparecido, consistia num desfile de carros pelas ruas da cidade, todos de capota aberta, com foliões fantasiados atirando confetes e serpentinas uns aos outros. Em 1929, foi fundada a primeira escola de samba (Deixa Falar), no bairro carioca do Estácio, seguida de várias outras, no Rio de Janeiro e em outros estados. Agora, importamos escolas de samba e artistas de telenovela para serem reis e rainhas dos carnavais de Ovar, Torres Vedras, Mealhada ou Loulé, para só referir alguns. E, na Madeira, a festa é rija e o dinheiro e a bebida correm a rodos.
Contudo, interessa-me dar conta de algumas celebrações do Entrudo que ainda resistem em Portugal e que mantêm a sua singularidade, de acordo com as nossas velhas tradições. Hoje, vamos até Trás-os-Montes, onde se contam pelo menos três: Lazarim, Vinhais e Podence.
É em Trás-os-Montes, nessa região de pedra de que Torga tão bem falava , que, à semelhança da vizinha Galiza, mais e melhor se festeja esta época que antecede a austeridade da Quaresma.
Estas três localdades são, ainda hoje, aquelas onde o espírito rapioqueiro e saudavelmente jocoso e alegre do Entrudo mais se faz sentir. Daí o destaque que lhes concedi com toda a naturalidade e sentido de justiça.
O resto dos carnavais, com algumas excepções que amanhã ou depois publicarei, são festivais de silicone e de samba autêntico ou desvirtuado.
O Entrudo legítimo é cor, uma certa licenciosidade, sã irreverência mas, acima de tudo, imaginação e arte popular.
E ainda me recordo de, nos anos 50, ver alguns homens vestidos de mulheres que provocavam a hilariedade dos passantes e o olhar atento e assustado para o lado para ver se havia polícia por perto. É que....tal acto era considerado, pela autoridade moral puritana e beata do Estado, como um atentado à Moral e aos Bons Costumes da nação !...
As Máscaras de Lazarim, feitas em madeira de amieiro, são vendidas para os EUA, França e Alemanha. (Foto de S. Granadeiro)
Lazarim - O Testamento das comadres
Em Lazarim, o Entrudo é uma festa local meticulosamente preparada nas semanas antecedentes. O ponto culminante é dado pela pública leitura das «deixadas», testamentos que dividem simbolicamente um burro pelos rapazes e raparigas da aldeia. Jocosas e irónicas, são preparadas em segredo pelos mais jovens, que frequentemente recorrem à sabedoria dos mais velhos. Essas “deixadas” são escutadas em silêncio pelos mascarados para não serem reconhecidos pelas vítimas das suas partidas.
Mas a festa contem ainda o Desfile de Caretos, um concurso de máscaras de madeira fabricas pelos artesãos locais e a Queima dos Compadres - o compadre e a comadre, dois bonifrates carregados de pólvora e que, na terça-feira, põem ponto final à festa e à rivalidade que durante várias semanas opôs rapazes e raparigas.
Tradicionais são também as refeições cerimoniais à base de carne de porco, que marcam o início do período de abstinência da Quaresma.
Já em Vinhais e Podence é o movimento e a acção endiabrada dos mascarados que predomina.
Os Diabos de Vinhais
A acção dos diabos de Vinhais já não produz hoje os efeitos temidos de outrora, quando as raparigas nem se atreviam a sair à rua. O ritual de punição e correrias pelas ruas da vila é hoje uma manifestação tímida e cada vez mais incerta, com não mais do que uma dezena de mascarados.
Em Vinhais, em dia de Quarta-Feira de Cinzas, um grupo de rapazes transformam-se em verdadeiros diabos. O traje vermelho com máscara incluída dão o ar atrevido e assustador necessário à credebilidade destas personagens possessas. Eles correm pelas ruas a perseguir quem se cruza com eles. Os diabos, acompanhados por outra figura mascarada, a Morte, escolhem como vitimas preferidas as mulheres e raparigas que chegam a ser agarradas, se necessário dentro da casa das próprias, a fim das vergastar com um chicote de corda. A Morte, com o seu fato negro e de rosto mascarrado segura uma gadanha na mão, vagueia em silêncio pelos caminhos de Vinhais e sempre que encontra um habitante obriga-o a ajoelhar-se perante si e a beijar a gadanha.É uma tradição que tem sofrido o passar dos anos e tem demostrado um carácter mais controlado e de maneiras mais correctas, e o ritual de punição e correrias já não é tão temido como antes. Os assaltos, as perseguições e os açoites animavam e caracterizavam o ritual animalesco e desinibido.
Mas, em Podence, pequena aldeia situada a poucos quilometros de Macedo de Cavaleiros, a tradição está bem viva e conserva ainda uma boa parte da licenciosidade «selvagem» que sempre a caracterizou.
A " caçada", em Podence.
Os dias grandes da festa são o Domingo Gordo e Terça-feira de Carnaval e os Caretos só param para matar a sede ou para combinarem mais uma investida sobre o Largo da Capela, a pequena praça da aldeia onde todos assistem ao ritual.
Ninguém se atreve a opôr-se às iras dos Caretos endiabrados. Apenas as Matrafonas (raparigas disfarçadas de homens e vice-versa) são poupadas à sumária justiça carnavalesca, bastante singular no caso desta aldeia transmontana: os demónios mascarados lançam-se ao assalto das moças e, encostando-se a elas, ensaiam uma dança um tanto erótica, agitando a cintura e fazendo embater os chocalhos que trazem pendurados contra as ancas das vítimas.
Caretos de Podence
Na investida bárbara que faz ecoar por toda a aldeia o alarido dos chocalhos e o tropel surdo dos passos, os Caretos levam tudo a eito. Por detrás da máscara de latão os olhos procuram muitas vezes as moças mais apetecidas, quer sejam da terra ou de fora, para o sacrifício. Não conhecem entraves ou proibições: subir às varandas, trepar aos telhados ou correr pelo Largo da Capela. Tudo vale para «chocalhar» e misturar o tilintar dos chocalhos com os risos das raparigas.
Na Terça-feira Gorda, a aldeia mergulhará novamente numa vertigem de correrias e travessuras que só terminarão com o cair da noite e com o cansaço dos demónios de fatos de franjas de cores vivas.
Em tempos muito antigos, após um prolongado cerco a Monsanto, os seus defensores desesperavam de se livrar do inimigo e encaravam com tristeza e mágoa a humilhação de uma próxima rendição pela fome. Da grande quantidade de viveres com que se haviam refugiado no Castelo restava apenas uma bezerra e uma Quarta de trigo. Foi então que uma mulher se lembrou de dar o trigo à bezerra e de a atirar do alto do castelo aos sitiantes que no fundo da encosta esperavam a hora da rendição dos corajosos defensores da aldeia. A bezerra, ao rebentar lá em baixo, mostrou o trigo com que a haviam alimentado, para conseguirem convencê-los de que se achariam bem abastecidos e consequentemente da inutilidade do assédio, quando de facto se achavam já em tempo de grandes privações. Enganado por este estratagema, o chefe inimigo, já cansado do longo assédio, manda levantar o cerco deixando os monsantinos em paz.
Pote de barro da Festa das Cruzes
Para comemorar este facto ainda hoje os rapazes e as raparigas de Monsanto, envergando fatos antigos, sobem ao Castelo acompanhados de muito povo, cantando e dançando ao som do harmónio e dos adufes e glorificando a Divina Santa Cruz. Das suas muralhas lançam um pote de barro, caiado de branco e enfeitado de flores, símbolo da bezerra dos seus antepassados. Também nesse dia as raparigas levam nas mãos bonecas feitas de trapos, as "marafonas" vestidas à moda antiga. Simbolizam, para uns, as mulheres de Monsanto dançando e cantando após a libertação do cerco e para outros as reminiscências de um culto pagão muito antigo. Esta festa realiza-se no dia de Santa Cruz (3 de Maio) se for Domingo, ou no Domingo seguinte em caso contrário.
Marafonas
As marafonas são um tipo de artesanato muito típico de Monsanto. São boneca de trapos, com traje regional, sem olhos, nem boca, nariz ou ouvidos. Uma espécie de semi-deusa, à qual se apela à protecção nas trovoadas e que para outros populares tem, igualmente, a função de protecção à felicidade conjugal. Ligadas a Maia*, deusa da fecundidade dos pagãos, as marafonas têm um vestuário de cores garridas que forra uma cruz de madeira, e que os monsantinos supõem terem o poder de afastar as trovoadas. *Na mitologia grega, MAIA, mãe do deus Hermes e a mais importante das "irmãs" (representadas pela constelação das Pléiades) deu origem ao nome deste mês. Maia, também chamada de MAIUS pelos romanos, era a deusa do calor vital, da sexualidade e do crescimento. Neste mês, em homenagem à deusa Maia (deusa do fogo que regia o calor vital e a sexualidade), era permitida uma certa liberdade sexual. Posteriormente, na igreja católica esta data foi dedicada a Maria, a rainha do céu e, em lugar dos rituais sexuais da fertilidade, declarou-se Maio como o mês dos casamentos.
É um pouco obscura, indefinida, a origem e vida deste padre que deu origem ao Dia de S.Valentim, hoje celebrado em tantas partes do mundo. Mas o que é certo é que a festa é de alegria e celebra o amor entre os casais. VIVA S.VALENTIM !
Uma das lendas à volta da vida de S.Valentim, afirma que ele foi um mártir romano do séc.III, que teria sido solicitado para curar o filho de um notável da época. E ainda que tenha tido êxito na tarefa, teria recebido a decapitação como recompensa, pelo facto de ser cristão.
Mas uma outra lenda conta que Valentim era um padre do séc.III que serviu em Roma e que , quando o Imperador Claudius II decidiu que os solteiros davam melhores soldados do que os casados, ilegalizando o casamento para os jovens – a sua melhor fonte para potenciais soldados – Valentim, perante a injustiça do decreto, desafiou o Imperador e continuou a realizar em segredo casamentos entre gente nova. Quando tal se descobriu, Claudius condenou-o à morte.
Outras histórias sugerem, ainda, que Valentim pode ter sido morto por tentar ajudar os cristãos a escapar das prisões romanas onde eram frequentemente espancados e torturados.
Ainda de acordo com outra lenda, o santo terá sido o primeiro a enviar um “postal de S. Valentim”. Quando estava preso, crê-se que se se apaixonou por uma jovem – que pode ter sido a filha do seu carcereiro – que estudava as escrituras, e o visitava durante a sua reclusão, fazendo-lhe companhia nas suas orações. Cega desde a nascença, um dia, durante as suas preces ficou miraculosamente curada da cegueira. Diz-se que que ele lhe escreveu uma carta, na véspera da sua decapitação, assinando-a “Do teu Valentim”, expressão que ainda hoje é usada. Embora a verdade por trás das lendas de S.Valentim seja pouco clara, as histórias sobre si realçam-no como uma figura simpática, heróica e sobretudo romântica. Por isso, não é de admirar que na Idade Média ele tenha sido um dos santos mais populares em Inglaterra e em França.
Valentim e o amor
Diz-se que os Ingleses da Idade Média terão feito de Valentim o santo patrono dos enamorados, pois pensavam que a sua festa coincidia com o princípio da época do acasalamento entre as aves. Assim terão nascido as « valentinadas » (danças de aldeia em que os casais se constituíam por tiragem à sorte). Esta tradição, atestada pelo poeta Chaucer em 1381, depressa foi seguida em terras de França.
Em 1401, o rei Charles VI – O Louco deu-lhe um acréscimo singular, escolhendo o dia de S.Valentim para fundar uma “cour d’amour”, isto é um círculo poético destinado a prolongar a tradição medieval e aristocrática do amor cortês.
No séc. XIX, a tradição renovou-se com o aparecimento dos « valentines », bilhetes postais ornamentados com corações e que os jovens utilizavam para declarar as suas “chamas” amorosas.
A Igreja católica esperou até 1496 para fazer de S.Valentim o patrono dos enamorados, condenando as tais “valentinadas”. Hoje em dia, aproveita o êxito popular do dia de S.Valentim para reuniões festivas e espirituais destinadas a reflectir sobre o sentido do amor conjugal.
Considerada uma das nações mais ocidentalizadas do Médio Oriente , a Jordânia é um país rico em história e cultura. A Jordânia é marcada por uma arquitectura que representa os diversos momentos históricos que viveu. Ruínas em Jerash ao norte , além de palácios e anfiteatros do Século VII na capital, Aman. Cristãos de todo o mundo fazem anualmente peregrinações para ver o Monte Nebo ( local onde Moisés avistou a Terra Prometida ) incluindo o Rio Jordão , Mar Vermelho e cenários de “muitos milagres realizados por Jesus e seus discípulos”. Por ser um país pequeno, as distâncias entre os principais pontos podem ser percorridas em curto espaço de tempo. Desde as termas de Himmas , ao norte , o Mar Morto com os seus famosos banhos de lama , a impressionante paisagem desértica e lunar de Wadi Rum no extremo sul e as espectaculares ”resorts ” de Aqaba são alguns dos muitos lugares que devem constar no roteiro de qualquer visita à histórica e fascinante Jordânia.
PETRA - Símbolo de Engenharia e Protecção
Candidata a ser “uma das novas 7 maravilhas do mundo” - Parte I
A cidade rosada de Petra, a duas horas de carro da capital Aman, encravada nas pedras, serviu de cenário para o filme "Indiana Jones e a última Cruzada" .
Instalada estrategicamente numa encruzilhada de rotas das caravanas de camelos que na Antiguidade ligavam o Oriente ao Ocidente, a lendária cidade de pedra cor-de-rosa, “quase tão antiga quanto o próprio tempo”, é misteriosa como os seus constructores, os nabateus, povo de origem semita mencionado na Bíblia, beduínos nómadas saídos do deserto da actual Arábia Saudita que entre o fim do século VII e o início do século VI a.C. migraram para regiões menos agrestes, estabelecendo-se entre o Mar Vermelho e o Mediterrâneo, onde hoje fica a parte sul da Jordânia.
O Portal de El-Deir - Hoje chamado Mosteiro, porque aí se recolheram alguns eremitas após o século IV d.C. quando a cidade foi incorporada no Império Bizantino. Mede 46m de largura por 42m de altura. Diz uma lenda que uma urna no alto do templo, continha riquezas, e vários caçadores de tesouros tentaram derrubá-la a tiros, deixando-a crivada de balas.
Hábeis homens de negócios, os nabateus não demoraram a perceber que, pelo menos naquele tempo, seria mais lucrativo ser “polícia” do que assaltante. Passaram a vender protecção aos mercadores contra outros salteadores, forneciam-lhes abrigo no seu vale oculto e ofereciam todo o tipo de serviços. Ficaram ricos e transformaram a capital dos seus domínios numa cidade cosmopolita, urbanizada, que chegou a rivalizar com Roma em esplendor e poder. Chamavam-na RQM (leia-se Reqemos, segundo o historiador judeu Flávio Josefo) na sua língua de raiz semita, que com o passar do tempo deu origem ao árabe falado hoje. A ela são atribuídas as referências no Velho Testamento (Génese, Deuteronómio) a respeito de uma certa cidade de Sela. O significado da palavra Sela, “Pedra” (ou “Rocha”), é o mesmo do nome grego Petra, como a conhecemos desde a Antiguidade, por meio das descrições de autores como Estrabão e Plínio.
El-Khazneh, "O Tesouro", imponente templo helénico com 42 metros de altura e 30 de largura, na sua fachada esculpida em pedra rosada, onde há representações de mulheres, cavalos e soldados..
Evidências arqueológicas revelam que uma deusa ainda mais antiga, dos antepassados beduínos dos nabateus, continuava a ser adorada em Petra muitos séculos depois de esses antepassados terem abandonado as tendas. O seu nome, al-Uzza, corresponde à estrela vespertina (na realidade, o planeta Vénus), que, segundo a mitologia beduína, habitava uma árvore identificada como a acácia. Relevos em alguns monumentos de Petra mostram que al-Uzza estava associada a Ísis e Afrodite. A primeira, claro, é a deusa egípcia que reviveu o marido (e irmão) assassinado, Osíris, para copular com ele e gerar um herdeiro, Hórus; mais tarde, tornou-se a protectora dos mortos no antigo Egipto, a quem Plutarco chamou “deusa da Lua”, grande mestra dos segredos da magia e da arte de invocar espíritos.
Afrodite, por sua vez, é a deusa grega da beleza e do amor (Vénus, para os romanos) também protectora dos viajantes. O seu culto é pré-grego e é possível que ela tenha entrado no mundo clássico vinda da Ásia via nabateus. Registos mostram que, em Corinto, os templos dedicados a ela eram locais de prostituição ritual. A deusa também é associada a Astarte, a divindade semita do amor e da fertilidade adorada em especial na Síria e na Palestina (e na Babilónia, como Ishtar) e á qual se prestava culto com orgias sexuais. Não é de admirar que Cleópatra tenha tentado (sem sucesso) convencer César a dar-lhe Petra como prova de amor.
A cidade permaneceu sob controle do Império Romano, que acabou por causar a sua ruína ao transferir as rotas das caravanas mais para o norte (Palmira, na Síria) e para o sul (o Golfo de Aqaba, entre a Jordânia e Israel). Duzentos anos depois, Petra foi conquistada pelo Império Bizantino, que a ocupou durante quatro séculos, acrescentando aos monumentos nabateus duas igrejas cristãs, entre outras construções.
O SIM VENCEU! O Presidente da República deve, agora, cumprir o seu papel e promulgar a lei que lhe será apresentada.
Nesta hora, rejeito como cidadão todos os aproveitamentos político-partidários que vão ser feitos.
Actualização às 19:00 - Perante a previsão da Comissão Nacional de Eleições, uma abstenção a rondar os 60%, verifico com mágoa o desinteresse do povo português em aproveitar uma oportunidade quase única de legislar directamente, isto é, de dizer ao governo o que quer e de o obrigar, e o Presidente da República, a agirem ambos em resultado de uma consulta popular directa.
Perde a democracia directa, acima de tudo, e dão razão - aqueles que não foram votar - aos que dizem que o amadurecimento do povo em matéria de democracia ainda está muito longe de existir.
Com esta situação, caberá à Assembleia da República interpretar os resultados, aprovando a proposta de lei do PS se o SIM vencer. Mas, em última análise, a decisão será deixada nas mãos de Cavaco Silva, que poderá vetar a lei que lhe seja apresentada.
Em resumo, o mesmo povo que tanto se queixa de ser mal governado, rejeita a hipótese rainha de ser ele a decidir em matéria de tal importância. Assim, a figura do referendo perde, inquestionavelmente, a força democrática que tem à partida. E quem ganha, no fundo, são aqueles que dizem que o povo pretende que alguém lhe resolva os problemas, que no fundo deseja o tal "pai" que era representado pela figura de Salazar.
Outra leitura que posso fazer para tão grande abstenção, poderá ser a de que os partidários do Não, assumindo antecipadamente a derrota, tenham decidido maioritariamente não comparecer às urnas para não tornar vinculativa a vitória da parte contrária.
Estou, portanto, muito triste! - Jorge G
NÃO FIQUE EM CASA. VOTE !
Cenários post-referendo
De acordo com a Lei Orgânica do Regime do Referendo, a consulta popular de hoje, entre as 8:00 e as 20:00, só terá efeito vinculativo se o número de votantes for superior a metade dos eleitores inscritos no recenseamento ( cerca de 8,7 milhões). Se tal não acontecer, a decisão entra no plano exclusivamente político e será tomada pelos partidos com assento no Parlamento. A abstenção em Junho de 1998 foi de 68,06%. Seguem-se os possíveis cenários para o dia seguinte:
O que acontece caso o "sim" vença com um resultado vinculativo? No caso do "sim" vencer e terem expresso o seu voto mais de cinquenta por cento dos eleitores, a Assembleia da República terá de concluir o processo legislativo iniciado a 20 de Abril de 2005, quando aprovou na generalidade a lei que despenaliza a interrupção voluntária da gravidez até às dez semanas, e aprovar, em prazo não superior a 90 ou a 60 dias, a lei. O Presidente da República não pode recusar a promulgação desta lei alegando discordância, uma vez que ela foi submetida a consulta popular directa, pelo que tem de ser respeitada.
O que acontece caso o "não" vença com um resultado vinculativo? O projecto de lei do PS que despenaliza a interrupção voluntária da gravidez até às dez semanas e que foi aprovado na generalidade a 20 de Abril de 2005 para ser submetido ao actual referendo morre imediatamente. Isto porque o veredicto da consulta referendária é soberana quando um resultado é vinculativo, ou seja, quando a abstenção é inferior a 50 por cento. O Parlamento terá um prazo de 90 dias para debater na especialidade o projecto de lei proposto pelo PS e para proceder à sua votação final. A Assembleia terá de respeitar o resultado da consulta popular e chumbar a lei, de acordo com o veredicto popular. Perante uma vitória vinculativa do "não" a Assembleia da República não pode legislar e os partidos só podem retomar o mesmo projecto lei na seguinte legislatura, ou seja, quando for eleita uma nova Assembleia da República.
O que acontece caso o "sim" vença mas o resultado não seja vinculativo? Na eventualidade de a afluência às urnas não registar mais de cinquenta por cento do eleitorado, o referendo deixa de ser vinculativo. Neste caso, caberá à Assembleia da República interpretar os resultados a título indicativo. Isto significa que, quer vença o "sim" quer vença o "não", a decisão sobre o projecto de lei que propõe a despenalização da interrupção voluntária da gravidez até às 10 semanas terá de ser tomada exclusivamente no plano político, ou seja, pelos partidos com assento parlamentar. Ora, no caso de uma vitória do "sim", o líder do PS e primeiro-ministro, José Sócrates, que detém a maioria absoluta na Assembleia da República e, por isso, os votos suficientes para aprovar a lei em votação final global, já assumiu que o fará. Após a lei aprovada, compete ao Presidente da República decidir se aprova ou não a lei. O Presidente pode usar o seu direito de veto político, assim como solicitar um parecer prévio do Tribunal Constitucional antes de vetar ou promulgar a lei, como acontece com qualquer lei aprovada pela Assembleia da República.
O que acontece caso o "não" vença com um resultado não vinculativo? À semelhança do que acontece se o "sim" vencer com um resultado não vinculativo, também aqui a decisão reside no domínio político. Ou seja, será a Assembleia da República a determinar o futuro da proposta de despenalizar a interrupção voluntária da gravidez até às 10 semanas. Há oito anos, no anterior referendo, a lei morreu de imediato. Neste referendo as posições políticas perante um "não" que seja expresso por menos de 50 por cento dos eleitores recenseados nos cadernos eleitorais são igualmente conhecidas. O líder do PS e primeiro-ministro, José Sócrates, já assumiu que os socialistas não avançarão com a aprovação do projecto que é da sua iniciativa. Por sua vez, o PSD e o CDS já se comprometeram a apresentar soluções legislativas alternativas que não conduzam à penalização com pena de cadeia das mulheres que abortam. Uma solução que foi rejeitada pelo PS, partido que tem a maioria parlamentar que determina a aprovação de qualquer lei nesta legislatura.
Fontes: Lei Orgânica do Regime do Referendo e Comissão Nacional de Eleições (CNE) Fonte: "Público" Maria José Oliveira (adaptado)
Uma praia de Goa, absolutamente colhida ao acaso, e um cartaz do filme russo de 1993, " Mafiya Bessmertna" ( A Máfia é Imortal) de Leonid Partigul.
O Sindicato do crime russo, perseguido em França e no Reino Unido e vigiado de muito perto nos Estados Unidos e em Israel, voltou-se para o subcontinente indiano e o extremo oriente para desenvolver os seus tráficos de armas, drogas e "carne branca".
Goa é um território apetecível, pelas suas lindas e aprazíveis praias e "loucas" raves, e por um governo regional ineficaz e laxista. Como o turismo é a 1ª indústria da região, os turistas não são vigiados com rigor. Então, o plano da Máfia é simples: comprar terrenos em Goa e montar restaurantes e hotéis em profusão, que servem de base para o tráfico. Além deste aspecto, investem no sector imobiliário em Bombaim e em Dili, para o branqueamento de capitais. Mas em Goa, a invasão da máfia russa não constitui nenhum segredo. A própria polícia local está bem a par da situação. "Cerca de 75% dos voos charter que chegam a Goa são provenientes da Rússia. Pretensos operadores turísticos contratam jovens russas que saibam inglês para viverem na cidade e trabalharem como guias para empresas de origem russa. De igual modo, notamos que muitas destas jovens são obrigadas a prostituir-se para clientes de elite em Morjim e nos arredores". Isto foi afirmado por um responsável da polícia local.
A máfia introduz-se numa região, geralmente, através da indústria turística, antes de passar às suas verdadeiras actividades. Em Goa, começou por utilizar os voos baratos para fazer entrar e sair clandestinamente droga e contrabando. Até meados dos anos 90, os "turistas" russos vinham adquirir bens de consumo, medicamentos e roupas, sobretudo. Mas hoje, já não é assim, a máfia está a inundar os destinos apreciados pelos drogados da moda e a traficar armas.
Para os habitantes goeses, os governos central e regional devem tomar consciência da gravidade da situação. É que, afinal, a presença da máfia foi reconhecida pelo NSCS ( um dos principais órgãos de informação da Índia ) e pelo Gabinete do Primeiro-Ministro! E perguntam se será necessário um tiroteio ou uma apreensão gigantesca de droga para que os responsáveis se decidam, finalmente, a actuar.
Saikat Datta - Nova Deli (excertos adaptados por Jorgg)
(Nasceu em Lisboa, em 21 de Novembro de 1857; morreu na mesma cidade em 6 de Novembro de 1929)
Exposição de obras de Columbano no Museu do Chiado,em Lisboa, até 6 de Maio
Inaugurada no dia 2 de Fevereiro, a exposição integra cerca de 70 obras, entre pinturas e desenhos, realizadas entre 1974 e 1900, na sua grande maioria pertencentes à colecção do museu, mas também a outras colecções públicas e privadas. A segunda parte da sua produção artística, realizada entre 1900 e 1929, ano da sua morte, estará patente numa exposição marcada para 2010, ano em que se comemora o centenário da República. Filho do pintor, escultor e gravador Manuel Maria Bordalo Pinheiro e onze anos mais novo do que seu irmão Rafael Bordalo Pinheiro, o pintor foi ainda professor na Escola de Belas Artes.
Columbano triunfou como o mais extraordinário pintor português dos fins do séc. XIX encabeçando a geração que renovou as artes plásticas na perspectiva da corrente naturalista. Aos 14 anos começou a frequentar o curso de desenho e de pintura histórica da Academia de Belas-Artes de Lisboa, onde foi discípulo do escultor Simões de Almeida e do Mestre Ângelo Lupi, tendo feito o curso em quatro anos em vez dos curriculares sete. Em 1881 obteve uma bolsa de estudo custeada secretamente por D. Fernando de Saxe-Coburgo, viúvo de D. Maria II, amigo do pai. Acompanhado da irmã mais velha, parte para Paris, onde aprendeu com pintores como Manet, Degas, Coubert, Deschamps, entre outros. Um ano mais tarde surpreende o júri do "Salon" com o seu quadro "Soirée chez lui", actualmente exposto no Museu de Arte Contemporânea de Lisboa sob o título "Concerto de Amadores".
"Concerto de Amadores"
Regressa triunfante a Portugal onde se veio a juntar ao "Grupo do Leão". Columbano concorreu ao "Salon" de Paris (1890), à Exposição Universal de Berlim (1891), de Dresde e à Universal de Paris (1900), onde obteve a medalha de ouro. Foi no domínio da pintura de decoração e nos retratos que se celebrizou, sendo dele, entre outras obras, as pinturas da sala de recepção do Palácio de Belém e dos aposentos da rainha D. Amélia, no Palácio das Necessidades, os painéis da Sala dos Passos Perdidos da Assembleia da República e as figuras da cúpula da escadaria da Câmara Municipal de Lisboa e do tecto do Teatro Nacional. Os retratados, intelectuais sobretudo, incluem Ramalho Ortigão, Eça de Queirós, Teófilo Braga, Almeida Garrett, mas um sobressai: o de Antero de Quental, pintado em 1889. Em 1903 ocupou o lugar de professor de pintura histórica na Academia de Belas-Artes de Lisboa, tendo lhe sido confiada a direcção, em 1911, do recém-criado Museu de Arte Contemporânea onde se manteve até ser atingido pela lei do limite de idade.
Retrato de Antero de Quental
Grupo do Leão (1880-89)
António Ramalho, João Vaz, José Malhoa, Silva Porto, Columbano e Rafael Bordalo Pinheiro, entre outros, intensificam o movimento de renovação necessário para a eclosão de uma nova arte em Portugal - naturalismo - não mais submissa à sua representação académica, em benefício da criação de uma identidade e alma verdadeiramente portuguesas.
O grupo reunia-se no Café Leão de Ouro da Rua do Príncipe (hoje 1º de Dezembro) iniciando um ciclo de exposições anuais conjuntas a partir de 1881, as 4 primeiras sobre quadros modernos e as outras de arte moderna.
A 1ª exposição (1881) teve lugar numa pequena sala da Sociedade de Geografia no 2º andar da Rua do Alecrim, minúscula para albergar o rugido e o génio do Leão, as seguintes realizaram-se nas salas do jornal "Comércio de Portugal", na Rua Ivens. Em 1889, e depois de uma vida harmoniosa e sem intrigas, o grupo dissolveu-se dando lugar ao Grémio Artístico. Da fusão entre a Promotora e o Grémio Artístico nasce, em 1901, a Sociedade Nacional de Belas-Artes.
A propósito do "Grupo do Leão", recebi do meu querido amigo JLF do excelente blogue
"Notas e Reflexões" ( http://notasereflexoes.blogspot.com/ )a seguinte prestimosa colaboração que agora anexo, com os meus agradecimentos pelo companheirismo demonstrado.
"Gostei.
Se me dá licença, repesco do meu arquivo:“Tratava-se de um grupo (baptizado de "O Grupo do Leão" pelo jornalista Mariano Pina) sem estatutos nem regras, feito ao sabor de afinidades e de esperanças comuns, em que as discussões estéticas e o con-vívio eram bem alegres e, por vezes, bem acaloradas” - http://www.malhatlantica.pt/jmoraesvaz/Grupo%20do%20Leao.htm
E o Jorge pode ainda deixar aos seus leitores cópia do célebre quadro "Grupo do Leão" (1885) do Museu de Arte Contemporânea (Lisboa)retirado do mesmo site, mas agora http://www.malhatlantica.pt/jmoraesvaz/images/GrupodoLeao.gif onde, entre outros, estão retratados: Silva Porto, Rafael Bordalo Pinheiro, António Ramalho, José Malhoa, João Vaz, Girão, Henrique Pinto, Rodrigues Vieira, Ribeiro Cristino, Cipriano Martins, o empregado de mesa Manuel Fidalgo e Columbano B. Pinheiro.
Desculpe a intromissão Jorge.
Não levou a mal, não? Abraço JL"
Naturalismo
Tendência artística da segunda metade do séc. XIX que tende a "descrever o modelo o mais fielmente possível à sua aparência sensível na natureza" (J. H. Paes da Silva) e imitar todas as aparências visuais do mundo circundante, sem preconceitos de ordem estética ou sociológica. Alimentada pela filosofia positivista e encorajada pela recente invenção da fotografia, representa claramente uma reacção contra o classicismo e o romantismo.
Fontes: CITI e “O Portal da História” - Publicação nº 285 - jorgg