Hesito, hoje, sobre o que escrever. "Dia do Teatro", " Dia de mais não sei bem o quê", "Dia do regresso do "animal feroz", "Dia de manhã de sol num Algarve ultimamente muito cinzento",...
Ainda se hoje fosse amanhã, escreveria... sobre o "Dia de Lava-Pés", representativo da Humildade.
Assim, vacilo entre dois desamores. O guerreiro truculento que nos chega de terras de França e o voyeurismo.
Do primeiro, direi que espero, desejo, que não traga já estudadas as perguntas que lhe serão postas. Há tantas...
Quanto ao segundo desamor, estou curioso por saber quais os números da audiência que a entrevista do primeiro vão atingir.
Fui um crítico implacável de Sócrates e do seu bando de quadrilheiros e lambe-botas, pela sua arrogância, pela sua mania de dividir para reinar, pelos seus PECs que foram o primórdio da política que agora está a destruir o país, pelo seu autoritarismo cego,...
Hoje, não o duvido, o país vai parar pelas 21:00 para ouvir o que ele dirá. Critiquemo-lo depois, exigindo-lhe novas e melhores explicações se necessário for, reforcemos a sanha contra a sua figura se assim entendermos, mas para tal é curial escutar o que terá para dizer.
Teremos um Sócrates com intuitos vingativos? Ou antes, um ex-PM que vem explicar o que não pôde, ou não quis, fazer pelo país? O filósofo ou o político? O "vendedor de sonhos" ou o realista? Virá, um dia antes, para o exercício de humildade do"Lava-Pés" ou manter-se-á pesporrente e provocador?
Líder carismático, Sócrates era um odiado "peso morto" para muitos e um demiurgo para outros, mas existia. E existiu sempre, como um fantasma que Seguro nunca soube afastar. Nunca foi um caldo morno como Seguro nem um Cavaco manhoso.
O seu regresso à vida política activa vai, estou crente, agitar as águas estagnadas em que este governo incompetente e este presidente sonso vão fazendo afundar o país.
Por isso, quero ouvir o que tem para nos dizer. E fá-lo-ei não por voyeurismo mas por um dever de cidadania num regime democrático.
Como um dia disse Voltaire, "Posso não concordar com nenhuma das palavras que diga, mas defenderei até à morte o direito de dizê-las."