Ainda a propósito dos protestos aos ministros e secretários de estado ao som da "Grândola", tenho por mim que aqueles são, em muitos casos, imprevidentes e as manifestações de desagrado são evidentes.
O que esperava Relvas, mais do que um ministro, um homem desacreditado e detestado por muitos milhares de portugueses? O que levou a TVI a convidá-lo para falar de reforma do jornalismo, precisamente a ele que calou quem não lhe agradou um dia? Outra imprevidência.
Defendem alguns zoilos que a liberdade de expressão é sagrada em democracia, o que é verdade. Mas a verdade é que Relvas só não perorou sobre o que quis porque não quis. Preferiu vitimizar-se e fugir.
Diariamente adentram as nossas casas todos os ministros e secretários de estado que entendem chamar as televisões e restante imprensa falada e escrita. E nós, ou mudamos de canal ou de página, ou lá teremos que os aturar. Querem maior liberdade de expressão do que a deles?
É evidente ainda que o povo tem todo o direito a indignar-se com a simples presença de Relvas. O seu passado académico e político desacreditaram-no totalmente aos olhos da imensa maioria das pessoas. E, por isso, não ganhou o direito a ser respeitado.
Apupa-se o governo em geral, qualquer que seja o seu representante, mas odeia-se Relvas. E é bom para o primeiro ministro que assim seja. Por isso o mantém firme, embora debaixo de olho. Relvas é o pára-choques de Coelho e de Gaspar. É o capataz da quinta, o homem de mão do chefe, o jagunço usado nas tarefas menos limpas e mais impopulares. E Relvas aparenta ter prazer nessas missões. O modo provocatório como tentou entoar "Grândola" provou uma vez mais que é um bonzo enfarpelado num fato domingueiro.
E mais, feliz do país que responde com cânticos aos que oprimem o povo, hipotecam a felicidade de gerações e vendem os poucos bens do erário público ao desbarato em operações nunca bem explicadas!