sexta-feira, 25 de janeiro de 2008
O "EXPRESSO" INFORMOU MAL !
Nunca fui um consumidor do "Expresso" por razões que nada têm que ver com a maior ou menor qualidade do jornal ao longo dos anos, e já lá vão uns decénios. Fundamentalmente, sempre me irritei ao ver os intelectualóides pequeno-burgueses endinheirados da minha área de residência, em Lisboa, passarem as manhãs de Sábado no Café Califa (passe a publicidade) lendo, ou fingindo ler, aquelas folhas enormes que mais pareciam lençóis de papel. Era "bem" ler o Expresso. Conferia o Dr. no tratamento e fazia voltar cabeças quando um qualquer sotôr pedia mais um croquete. "É para já, sotôr - apressava-se o "mainato". O jornal sofreu várias remodelações e, hoje, com um formato que até é elogiado, mantém-se como um semanário de referência e conserva muitos leitores. Desses, e de outros, já que a "democratização" do Expresso se foi fazendo nos últimos tempos. A necessidade de vender bem assim mandou.
Há, no entanto, no nº do passado Sábado, 19 de Janeiro, um artigo referente a vencimentos de professores que informa mal ou, melhor, que causará perplexidade em quem fizer contas e falta à verdade. Reparemos, então, no artigo, com parangonas de primeira página:
"Profs perderam 12% do salário em 8 anos"
"O Expresso divulga quanto a inflação rouba aos funcionários públicos, do Presidente aos contínuos. Os professores recebem menos €357,40"- (sub-título)
"Os funcionários públicos estão a perder poder de compra desde 1999, quando tiveram pela última vez aumentos acima da inflação. Diplomatas e professores do básico e secundário são os mais prejudicados pela contenção salarial no Estado. Se tivessem sido, pelo menos, compensados pela subida dos preços receberiam hoje mais 504 e 357 euros, respectivamente. Valores que representam mais de 12% dos seus vencimentos brutos mensais. Nos cargos políticos, as perdas são de 10,9%, mas atingem montantes superiores. Cavaco recebe menos 789 euros, Sócrates perde 591 euros e cada deputado é afectado em 394 euros por mês. "
Vejamos então: Que ganho menos do que ganhava há 8 anos... sei eu muito bem! Que sejam, hoje, menos 357 euros/mês do que seriam se me tivessem actualizado vencimentos de acordo com a inflacção também admito perfeitamente, mesmo sem fazer contas. Mas, dizer-se num jornal consagrado que 357 euros correspondem a mais de 12% do meu rendimento bruto mensal é mentir e dar a ideia, a quem fizer umas continhas rápidas, de que o meu vencimento bruto anda na casa dos 3 000 euros! Era bom... mas não é assim. Um professor licenciado do ensino básico e secundário, a meio da carreira mas no mínimo com uns 20 anos de serviço, tem um vencimento bruto mensal entre os 1 700 e os 1 900/2 000 euros, bem longe das contas do Expresso. Por estas e outras é que ainda há quem pense que somos uns lordes!
Quanto aos diplomatas, ignoro se os números serão, ou não, os correctos, mas acredito sem grandes reservas que estejam certinhos! Uma vez mais, façam-se (bem) as contas!
Já agora, na mesma edição, podemos ver o PGR e o director da PJ, quinta-feira, dia 17, à saída d'"O Solar dos Presuntos", do Evaristo, depois de uma almoçarada de rodovalho e lampreia. E, aí sim, o Expresso esteve bem, "quem os visse não diria que Pinto Monteiro e Alípio Ribeiro estiveram em guerra por causa dos gangues do Porto", o tema do almoço que fonte próxima da PGR classificou da seguinte forma: "O encontro foi muito útil”. O EXPRESSO deveria ter apurado quantos professores viu no Solar dos Presuntos. É que, se ganhássemos 3 mil por mês, haviam de ver se eu também não ia até lá... de vez em quando.
Sem mais comentários da minha parte! - Texto de Jorge G. Publicação nº 528 - J.G.
Sino tocado em
janeiro 25, 2008 -
38 comentários
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