A criação do primeiro homem ( à esq.) por Prometeu (à dir.), auxiliado por Atena (ao centro). Repare-se que a Deusa coloca sobre a cabeça do homem uma borboleta, símbolo da Alma,
para lhe dar Vida.
Felice Giani (Itália 1758-1823) 50,1 x 37,4 cm Musée des beaux-arts du Canada
Datará de entre 1810 e 1815 este " Prometheus Creating the First Man "
A mulher não fora ainda criada. A versão (bem absurda) é que Júpiter a fez e enviou-a a Prometeu e a seu irmão Epitemeu, para os punir pela ousadia de furtar o fogo do céu, e ao homem, por tê-lo aceite.
Chamava-se Pandora. Foi feita no céu, e cada um dos deuses contribuiu com alguma coisa para a aperfeiçoar. Vénus deu-lhe a beleza, Mercúrio a persuasão, Apolo a música, etc. Assim dotada, a mulher foi mandada à terra e oferecida a Epimeteu, que de boa vontade a aceitou, embora advertido pelo irmão para ter cuidado com Júpiter e seus presentes.
Epimeteu tinha em sua casa uma caixa, na qual guardava certos artigos malignos, de que não se utilizara, ao preparar o homem para a sua nova morada. Pandora foi tomada por intensa curiosidade de saber o que continha aquela caixa, e, certo dia, tirou-lhe a tampa para olhar. Assim, escapou e por toda a parte se espalhou uma multidão de pragas que atingiram o desgraçado homem, tais como a gota, o reumatismo e a cólica para o corpo, e a inveja, o despeito e a vingança para o espírito. Pandora apressou-se a colocar a tampa na caixa, mas, infelizmente, escapara todo o conteúdo da mesma, com excepção de uma única coisa, que ficara no fundo, e que era a esperança. Assim, sejam quais forem os males que nos ameacem, a esperança não nos deixa inteiramente; e, enquanto a tivermos, nenhum mal nos torna inteiramente desgraçados. “ A esperança é a última a morrer”.
Uma outra versão é de que Pandora foi mandada por Júpiter com boa intenção, a fim de agradar ao homem. O rei dos deuses entregou-lhe, como presente de casamento, uma caixa, em que cada deus colocara um bem. Pandora abriu a caixa, inadvertidamente, todos os bens escaparam, excepto a esperança. Essa versão é, sem dúvida, mais aceitável que a primeira. Realmente, como poderia a esperança, jóia tão preciosa, ter sido misturada com toda a sorte de males, como na primeira versão?
Perante o sucedido, Zeus dirigiu a sua fúria contra o próprio Prometeu, mandando que Hefaístos e seus serviçais Crato e Bia (o poder e a violência) acorrentassem o titã a um despenhadeiro do monte Cáucaso. Mandou ainda uma águia para devorar diariamente o seu fígado que se regenerava sempre.
O seu martírio durou muito tempo, até que Hércules passou por ali e viu o sofrimento do gigante. Abateu a gigantesca águia com uma flecha certeira e libertou o cativo das suas correntes.
E há uma terceira versão do mito de Pandora, segundo a qual, a caixa - presente de núpcias de Zeus - conteria os bens e não os males. Quando Pandora levou a caixa a Epimeteu, abriu-a, deixando escapar todos os bens (que regressaram à origem) menos um. A Humanidade ficou entregue à sua sorte, restando-lhe apenas a esperança como último refúgio
A criação de Pandora
A criação de Pandora (ou Anesidora) por Atena e Hefesto
Hefesto era filho de Hera e de Zeus (Vulcano na Mitologia Romana). Era o deus grego do fogo, dos metais e da metalurgia, conhecido como o Ferreiro divino e foi responsável, entre outras obras, pela égide, escudo usado por Zeus na sua batalha contra os titãs. Construiu para si um magnífico e brilhante palácio de bronze, equipado com muitos servos mecânicos. Das suas forjas saiu Pandora, a primeira mulher mortal.
De acordo com a Mitologia, este Hefesto tem uma história curiosa, que não resisto a contar. Ele terá sido expulso do Olimpo por sua mãe Hera, desgostosa de que ele fosse coxo, e dão-se várias explicações míticas para esse defeito físico. Uma delas é que Hera discutia com Zeus a respeito de Hércules e Hefesto. Este tomou partido a favor da mãe. E então Zeus, num daqueles seus assomos de ira incontralada, agarrou no pé de Hefesto e atirou-o do Olimpo abaixo, ficando assim sob a Terra, e tendo as oficinas de metalurgia com as suas enormes forjas em Lemnos - uma ilha graga do mar Egeu.
Foto do quadro de Velásquez "La fragua de Vulcano"(1630), no Museo del Prado-Madrid
1ª publicação em "O Arauto" de 9-10-2006 . Publicação nº 483/18 Out. 2007 ( corrigida e aumentada a versão original) - Jorge G