Óleo de 47 x 38 cm, atribuído ao atelier de Rogier van der Weyden - J. Paul Getty Museum, Malibu
D.Isabel de Portugal e Duquesa da Borgonha
D.Isabel era a única filha sobreviva de D.Filipa de Lencastre e de D. João I. Os seus irmãos,
A Ínclita Geração, foram todos cultos e respeitados príncipes:
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Henrique, Duque de Viseu, O Navegador, investiu a sua fortuna em investigação relacionada com navegação, náutica e cartografia (1394-1460)
Na primeira fase (1415-1460), quem organizou os descobrimentos portugueses foi seu irmão, o Infante D. Henrique. Nessa época efectuaram-se muitas viagens, descobriu-se uma longa faixa da costa ocidental de África e os arquipélagos da Madeira, Açores e Cabo Verde.
As ilhas eram desertas e foram tomadas várias iniciativas para as povoar.
A princesa Isabel, apesar de já estar casada e de viver num país estrangeiro, assumiu um papel activo no povoamento dos Açores.
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Filha de D. João I e de D. Filipa de Lencastre, essa inglesa tão amada pelo povo português, D.Isabel recebeu uma educação invulgar para a época. Aprendeu a ler, a escrever, falava várias línguas e distraía-se a traduzir romances de cavalaria. Passava largas temporadas no palácio de Sintra e, talvez por ser a única menina da família, ninguém teve pressa em lhe arranjar noivo.
Mas um dos irmãos, D. Pedro, que gostava muito de viajar, visitou Filipe "O Bom", duque da Borgonha e conde da Flandres, entendeu-se muito bem com ele e terá gabado as qualidades de Isabel.
Alguns anos depois, Filipe "O Bom" ficou viúvo e decidiu enviar mensageiros a Portugal com a missão de recolher informações sobre a princesa. Queria saber se era de facto uma pessoa interessante, culta, de feitio agradável.
E como também queria saber se era bonita, enviou um pintor chamado Van Eyck para lhe fazer um retrato, recomendando que fosse fiel ao modelo.
Tanto o retrato como as informações satisfizeram plenamente o duque que, no ano seguinte, enviou uma grande embaixada para pedir a mão da princesa.
O casamento incluíu duas cerimónias: a primeira, no Palácio de Sintra e sem o noivo estar presente; a segunda, na belíssima cidade de Brugge(Bruges) a 7 de Janeiro de 1430. Isabel passou a viver na Borgonha com o marido e teve um filho, Carlos "O Temerário".
Respeitada e admirada pela corte, desempenhou funções diplomáticas e ficou conhecida por
"A Grande Dama".
Nem o casamento, nem a maternidade, nem a riqueza, nem o prestígio de que gozava na sua nova pátria a fizeram esquecer o país de origem, os irmãos e a aventura fantástica em que se tinham envolvido. Mesmo de longe quis apoiar os Descobrimentos.
Quando soube que se preparava a colonização dos Açores, insistiu com os irmãos para que aceitasssem colonos flamengos (da Flandres). A proposta agradou e Isabel ocupou-se a seleccionar as pessoas adequadas, oferecendo-lhes boas condições para iniciarem vida numa ilha deserta. Foi portanto graças à princesa Isabel que tantos flamengos se instalaram nos Açores e deram origem a numerosa descendência.
Ainda hoje há locais que lembram essa vaga de emigrantes, como por exemplo a "Ribeira das Flamengas" na ilha Terceira (hoje Quatro Ribeiras, freguesia do Concelho da Praia da Vitória com cerca de 420 habitantes) e a cidade da Horta no Faial, fundada pelo capitão Huertere. Há famílias cujo apelido resulta da tradução de nomes flamengos, como por exemplo os Silveiras, descendentes de Van der Haegen (que significa arbusto com espinhos).
Ribeira das Flamengas, ou Quatro Ribeiras, na Terceira
Isabel era uma mulher muito refinada e inteligente, que gostava de se rodear por artistas e poetas e foi uma patrona das artes. Também na política, exerceu a sua influência sobre o seu filho e, em especial, sobre o seu marido, que ela representou em várias missões diplomáticas.
Faleceu em Dijon, na Borgonha, no ano de 1471, com 74 anos.
Fontes: "A história das mulheres e as mulheres e a história" ; "enciclopedia. tiosam.com" Publicação nº 251 - jorgg