Já só faltam 4 semanas para o dia da celebração do nascimento do Menino Jesus.
Por todo o mundo onde é celebrado, o Natal exerce um especial fascínio sobre as gentes e as cidades.
No ar parece pairar um sol de fraternidade e de tolerância, esquecendo-se desavenças e reinventando-se o tempo para pensar um pouco mais nos outros e desculpar os erros dos nossos irmãos. As passoas sorriem mais, olham-se mais, trocam desejos de felicidade. E não são, quase nunca, meras frases feitas de cartão postal. Há como que uma comunhão de bem-estar quando nos saudamos nas ruas, nos prédios, nos caminhos das aldeias..., partilhando ideias e carinhos.
As ruas ganham cor numa festa de fraternidade e de luz.
Eu sei que há o lado comercial oportunista. Sei que se gasta talvez demasiada luz. Sei que o Natal não bate à porta dos pobres, não traz alegria nem felicidade aos que continuam a morrer de fome e de falta de cuidados por tanta parte do mundo, sei que passada a época, a Terra volta a ser vista apenas como um lugarejo do Universo onde as desigualdades fazem os homens amaldiçoar a vida.
Sei de tudo isso.
Mas enquanto dura, que querem ? Gosto do ar que se respira! Gosto das luzes das cidades, dos embrulhos dos presentes, da atmosfera de magia das decorações, do ritmo apressado mas prazenteiro das pessoas, da expectativa das crianças que a podem ter, do faz-de-conta que o mundo é belo e todos são felizes, do mágico encantamento em que somos mergulhados.
Vor der Kulisse des Deutschen Doms auf dem Gendarmenmarkt wurde der vierte Berliner "WeihnachtsZauber" eröffnet Foto: Schleser
Teurer Weihnachtsglanz - Die Deutschen werden in diesem Jahr rund 77 Millionen Euro rund 3,5 Millionen Euro mehr als im Vorjahr, für Schwippbogen & Co. ausgeben. Die Festbeleuchtung verbraucht so viel Strom wie 141.000 Haushalte das ganze Jahr. - in "Berliner Morgenpost"
Tradução livre: Com a Catedral do Gendarmenmarkt como cenário, foi inaugurado (ontem) o 4º mercado "O fascínio do Natal". Mas o brilho do Natal ficou este ano mais caro. Os alemães dispendem cerca de 77 milhões de euros, mais 3 milhões e meio do que em 2005, nas decorações. A iluminação gasta tanta electricidade como 141 mil casas particulares durante o ano inteiro.
E, ao ver num jornal alemão uma praça de Berlin onde foi montado um mercado de Natal, tendo a catedral como cenário, e onde os habitantes acorrem diariamente aos magotes, vendo-se, cumprimentando-se, saindo dos seus lares e festejando na rua, lembrei-me de como seria belo um evento semelhante na minha cidade adoptiva, com os Jerónimos como fundo e os jardins de Belém iluminados e cheios de gente e de cor nas noites de Lisboa.
Ao invés, um mercado de Natal na FIL, Natalis – Feira de Natal e da Solidariedade de Lisboa - 2 a 10 de Dezembro 14 às 23h00 FIL (pavilhão 1), como uma qualquer exposição, em que até provas gastronómicas estão presentes, pagando-se as entradas a 1 euro, dá-lhe um ar comercial e fechado, desmotiva em lugar de motivar, serve mais para vender e menos para conviver.
Natal em Lisboa, foto de 2005
A árvore das mil luzes existe em Lisboa, sim, mas à sua volta falta gente, falta atmosfera de convívio, de participação colectiva. Falta o espírito natalício.