segunda-feira, 21 de agosto de 2006
RECADO AOS NOVOS
"Por um mundo melhor" - pintura naïf de Iracema,1995
Não sei se Torga o escreveu pensando apenas no seu Presente ou antevendo igualmente as águas cinzentas de dias seguintes.
Mas sei que este poema de 1962 se mantém, no meu presente, inconsolavelmente actual.
Publico-o em súplica aos jovens de agora. Deixai-o ser só um testemunho, de hoje a 44 anos, da vontade que houve de socorrer o mundo.
Jorge G. 21.08.2006
"Câmara Ardente", Miguel Torga-1962
Não sei quantos seremos, mas
qu'importa?!
um só que fosse e já valia a pena.
Aqui, no mundo, alguém que se condena
A não ser conivente
Na farsa do presente
Posta em cena!
Não podemos mudar a hora da chegada,
Nem talvez a mais certa,
A da partida.
Mas podemos fazer a descoberta
Do que presta
E não presta
Nesta vida.
E o que não presta é isto,
esta mentira
Quotidiana.
Esta comédia desumana
E triste,
Que cobre de soturna maldição
A própria indignação
Que lhe resiste.
Jorge G. 21.08.2006
Sino tocado em
agosto 21, 2006 -
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