sábado, 28 de fevereiro de 2015
A ARTE PRE-HISTÓRICA
O Homem sempre procurou representar pictoricamente ou através da escultura todas as preocupações, sentimentos, costumes e práticas do seu quotidiano. Ora representando-os de forma naturalista ora dando asas à fantasia, legou-nos grandes testemunhos para a compreensão da vida na Terra há muitos e muitos milhares de anos. Ainda hoje, quantos desses tesouros não estão ainda por desenterrar?
- Reflexão do autor
Vénus de Willendorf
As primeiras obras de arte datam do período Paleolítico. Entre as mais antigas já encontradas estão pequenas estátuas humanas como, por exemplo, a Vénus de Willendorf (de aproximadamente 24000 a.C.). Esta pequena estatueta de 11,1cm, esculpida em calcário oolítica e colorida com ocre foi desenterrada há apenas 100 anos, num campo arqueológico próximo da vilazinha de Willendorf, na Áustria, por um arqueólogo vienense - Josef Szombathy. Representa uma idealização da figura feminina. Os seios, a barriga e a vulva são extremamente volumosos, extraindo-se daí uma relação com o conceito de fertilidade, muito representado na época. Os braços, pouco marcados, dobram-se sobre os seios e não têm uma face visível, sendo a cabeça coberta do que podem ser rolos de tranças ou qualquer tipo de penteado. De reparar, ainda, que os pés não estão esculpidos de modo a que afigura se sustenha por si própria, o que indicia a sua utilização, muito provavelmente, como amuleto.
Outras obras de que há vasto conhecimento são os conjuntos de pinturas em cavernas (arte rupestre) e as mais importantes encontram-se em Altamira, Espanha, datando de 30000 a.C. a 12000 a.C.; e em Lascaux, em França, de 15000 a.C. a 10000 a.C. , onde se podem observar pinturas rupestres de animais pré-históricos como: cavalos, bisntes, rinocerontes... Estas pinturas indicam rituais pré-históricos ligados à caça. As imagens demonstram um naturalismo e evoluem da monocromia à policromia entre os anos de 15000 a.C. a 9000 a.C.
Em Portugal, para além das já tão divulgadas Gravuras de Foz Coa, destaco, no belo Parque Natural da Serra de São Mamede, o abrigo rochoso de Vale de Junco, ou Lapa dos Gaivões, que possui figuras rupestres com pinturas monocromáticas em ocre vermelho, localizado mais precisamente na Serra dos Louções, a cerca de 10km de Arronches.
Este abrigo foi divulgado em 1916, e nesta mesma serra terão sido reconhecidos outros dois, a "Igreja dos Mouros" e a "Lapa dos Louções". Localizado no meio de um pinhal, aqui estão reproduzidas silhuetas antropomórficas e zoomórficas, desenhos de mãos e outros sinais, em tons maioritariamente ocre vermelho, mas também noutras séries cromáticas, desde o amarelo até ao negro. As gravuras terão sido realizadas durante os Períodos Neolítico e o Calcolítico da área abrangida pela designada "Arte esquemática da Andaluzia".
Em Oliveira de Frades, concelho de Viseu, encontra-se a Anta Pintada de Antelas, um dos monumentos megalíticos mais extraordinários do nosso país. Nesta câmara funerária vemos, pintadas a vermelho e preto, representações geométricas figurativas e outras abstractas. Entre os elementos identificados nestas pinturas são de referir ziguezagues, labirintos, o sol e a lua, dentes de lobo e figuras humanas.
Classificada como Monumento Nacional desde 1990, a Anta de Antelas surpreende pelo bom estado em que se encontra, ao que consta devido aos cuidados da Câmara Municipal de Olivieira de Frades.
Texto:Jorge P. Guedes
Etiquetas: arte pre-histórica, História
Sino tocado em
fevereiro 28, 2015 -
16 comentários
-> Deixe aqui o seu comentário <-
UM BLOGUE de Jorge P. Guedes - ©
Powered By: Blogger
FINAL DA PÁGINA
|