O PLÁGIO CONSTITUI CRIME punível com pena de prisão até 3 anos pelo artº197 da lei 16/2008,de 01 de Abril, a mesma que, no seu artº1, ponto 1, refere que estabelece medidas e procedimentos necessários para assegurar o respeito dos direitos de propriedade intelectual.
O artª180, no seu ponto 3, diz: "Presume-se artista,intérprete ou executante,aquele cujo nome tiver sido indicado como tal nas cópias
autorizadas da prestação e no respectivo invólucro ou aquele que for anunciado como tal em qualquer forma de utilização lícita, representação ou comunicação ao público."
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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008
PIMBÓNIA SEM FRONTEIRAS
LEIA ANTES DE OUVIR, POR FAVOR!
Eu digo Que se cale, por momentos, o badalo! Duploclique-se no stop da musiquinha desta aldeia! Preparem vossos corações para momentos de grande intensidade dramática!
Depois, vídeo a carregar, a rodar, e a poesia a entrar, a entrar por nós adentro numa sinfonia de sons de extasiar e outros verbos de rima em -ar.
E tudo se deve ao talento do «DUO SÃOLINDAS», das irmãs São e Linda que, vivendo em Toronto, nos presentearam há já uns anos com a enebriante frescura desta composição - "POESIA".
O Poema cantado intitula-se:
"POESIA"
Acordo pela manhã E esqueço os horários Durante dois dias Programo o fim-de-semana No calor da cama E sinto poesia
Saio com os meus amigos Cantamos e rimos Quando há alegria À noite com o meu namorado Num beijo afogado Fazemos poesia
(Estribilho) Poesia Na lua e no sol No trigo que brilha em tudo há poesia
Poesia Nas noites de amor Que se tornam magia Canto à poesia
Poesia é viver Poesia é poesia Viver é poesia (no estribilho final apoteótico)
Lá vai o fim-de-semana Levanto-me cedo E volto à rotina
Mas se olharmos bem Até no trabalho Há poesia
Estudo o caminho p'ra casa Sempre de mãos dadas Em boa companhia
Assim cantando ao vento Em qualquer momento Há poesia
Estribilho (repete duas vezes)
Que mais admirar?
O poema profundo, o ritmo alegre, bem marcado e acelerado q.b. para que não se chegue atrasado ao emprego? Ou as vozes maviosas, bem timbradas e cristalinas do Duo Sãolindas?
A preparação do breakfast com a toalha enrolada à cabeça; o calor da cama da São, ou da Linda?; a pomba da paz; o BEIJO AFOGADO ?... Ou, ainda, a reflexão filosófica do apoteótico final em que o poeta escreve: Poesia é viver Viver é poesia
BRILHANTE! MÁGICO! EMBRIAGANTE! SUBLIME!
Apenas comparável, por defeito, à obra excepcionalmente poética de Daniel Edwards (o da escultura em tamanho real do corpo nu da Britney Spears a dar à luz num tapete de pele de urso) e que representa o primeiro cocó da primeira filha de Tom Cruise e Katie Holmes.
Hoje não me apetece escrever sobre nada sério, assim muito importante, pesado, que nos deixa a todos mais macambúzios do que já andamos. Então, de que me lembrei? De falar da Miluh e de bagaço.
Já vão perceber, calma!
Ora bem. Ontem à noite, após a janta, fiz aquilo que, mais vezes do que me mandam os chatos dos médicos, me sabe pela vida! Sentei-me no meu sofá anatómico, acendi um cigarro e bebi um bagaço. Os cigarros, que antigamente eram feitos com tabaco, sabem hoje a uma mistela qualquer de alcatrão e cinzas, o que me leva até a imaginar que ali para o Alto de S. João haja algum centro importante fornecedor da Tabaqueira. Mas, apesar de diariamente me apelidar de cretino várias vezes, continuo ainda a contribuir para que os não-fumadores não sejam ainda mais estrangulados pelo baraço dos impostos socretinos, como bom pagador de impostos que sou. Agradeçam-me pois, os não fumegantes deste país!
Porém, o bagaço é outra loisa! Ainda que amartelado, tem ainda uns resquícios daquele gostinho do canganho destilado das minhas melhores bebedeiras juvenis. Ah, como estalava a língua no palato! Vai daí, aconchegado na forma do sofá e muito quentinho, passei os olhos pela pantalha da caixinha das mentiras, pisquei um deles, depois o outro, e... devo ter adormecido. Soube mais tarde que sim, dormira e havia, até, sonhado.
E qual foi o meu sonho? Nem mais: a Miluh !
E não foi pesadelo, aconteceu-me mesmo ter um sonho lindo. Vi-a muito bem arranjadinha, com um fatinho preto discreto e elegante, beiçolinhas pintadas, sorrindo e sorrindo, enquanto alguns seres de rostos pouco definidos lhe iam fazendo umas perguntas muito suaves e convenientes, amigáveis mesmo, como se fizessem parte das deixas de um guião de peça bem encenada. Quando por fim acordei, despedia-se na RÊ-TÊ-PÊ 1 a Srª Drª Dª Fátima dos Prós e Contra-Prós e fui ainda a tempo de me aperceber que o programa houvera de ter agradado a todos, tão alegremente afivelados para as câmaras estavam os sorrisos dos que se levantavam das cadeiras da plateia.
Disseram-me mais tarde que o espectáculo, afinal, não fora lá grande coisa, tão maus eram os actores e a encenadeira!
Agradeci ao bagacinho, desenfiei-me do sofá e fui vestir o pijaminha, seguindo-se à mijinha nocturna da ordem as abluções purificadoras da alma. Deitei-me e adormeci de novo. Santo bagaço! Que repouso! - Jorge G.
Aviso já que o presente escrito não deve ser lido por selomaníacos!
Colocado à entrada este aviso amigável, vou-me ao assunto.
Há uns bons 40/50 anos atrás, no tempo em que ir do Porto a Lisboa durava uma jorna, 9 horas de viagem com duas paragens para confortar o estômago e mais uma, pelo menos, para mudar um pneu, sim, que de viagem autotransportada falo, pois, dizia eu, nesses jurássicos tempos, as viagens ao estrangeiro eram essas e ao estrangeiro distante ainda eram as que levavam ao Algarve ou a Tui, Badajoz ou Ayamonte, às bonecas e caramelos. Os portugueses deliciavam-se assim e regressavam às suas terras com a sensação triunfante de quem conhecera um pouco do mundo.
Acontecia, então, um fenómeno muito engraçado. As crianças coleccionavam figurinhas de jogadores de futebol e/ou de artistas do cinema, e algums crescidos adoravam colar rótulos de cidades e de países nas malas que, na maioria, eram de cartão. Pela mala de cada viajante se "via" o grau de cultura do mesmo. Muitos rótulos colados, com cola mesmo, que isso dos autocolantes é coisa moderna, significava um virar de cabeças e uma leitura invejosa dos nomes dos locais supostamente visitados. Nos aeroportos, então, nem se fala! Ir até ao aeroporto ver os aviões descolar e aterrar era, até, um dos passeios de muitas famílias. Não estou a brincar, era mesmo assim. Quando se via uma mala carregada de figurinhas era uma inveja e um delírio pegados! Nem imaginam os mais novos o que era! E havia então os coleccionadores, que pediam aos que iam fora o presente de um rotulozinho do hotel ou da cidade.
Pois bem! As modas são isso mesmo, uma moda, algo que é inovador e potencialmente atraente a princípio e que passa a corriqueiro, banal, chato mesmo, com o passar inexorável do tempo e o aumento fervilhante dos aderentes à causa. Foi assim com as horrendas calças à boca-de-sino ou com o "portanto", no início de cada frase proferida.
Claro está que este textozinho vem a propósito dos prémios, mimos, miminhos, selos, selinhos, ou os mais internacionais e sonantes awards. E cuidado, que já aí andam outras fórmulas aparentadas !
Há cerca de dois anos, quando entrei neste mundo, havia já uns quantos. Recebi um ao fim de penar uns bons meses e fiquei encantado. Alguém me havia reconhecido com alguma qualidade. Depois, foram vindo mais uns poucos e outros e outros mais. Um dia, olhando bem para a página de rosto do blogue, reparei que aquilo parecia mais uma árvore de Natal com muitas cores e enfeites descendo por ali abaixo. Resultado: guardei-os a todos e limpei a casinha, que em minha opinião ficou mais fresquinha e agradável. Anunciei então: mais prémios de correntes, não, por favor! Recebe-se um e reenvia-se a mais cinco pessoas, mais sete, mais o que o autor achar por bem no regulamento que impõe. Ora eu, acho mal ! E acho mal porque o tempo que se perde com isso impede de escrever porventura coisas interessantes e de visitar até os próprios autores dessas correntes. Ademais, que significado tem "premiar" alguém que tem por missão postar o prémio, publicitar o autor e passar a pasta a outro que vai fazer exactamente o mesmo? NENHUM! Quem quiser premiar um trabalho, tem duas formas de o fazer sem ser para receber nada em troca: - ou outorga um prémio pessoal, que o bloguista colocará ou não no blogue, segundo o seu gosto e livre arbítrio; - ou, em alternativa democrática, visita o seu blogue e deixa «uma palavrinha» de que todos gostam, como incentivo.
Ora vamos lá pensar a sério e ver se tenho alguma razão, ou não.
Para terminar, e sem comentários da minha parte, deixo-vos só com alguns títulos dos últimos, só dos últimos prémios, pedindo desculpa aos seus autores e sem pretender de nenhum modo a ofensa que seria, de resto, gratuita e cobarde!
Ora atentai, senhoras e senhores:
- É um Blog muito bom, sim senhora! - Este Blog não me sai da cabeça - Diz que até nem é um mau Blog - Este Blog não tem papas na língua - Prémio Amizade - Prémio Uma mulher que faz pensar - Prémio Bom blog, porra! - Esse Blog é show de bola - Eu Vô (Não sei dizer onde. Desculpem, mas não resisti a comentar este) - Este Blog proporciona "sensações alucinógenas" - Blog Cabeça - Selinho Heart's Blog Blogando & Andando
A estes 12 poderia acrescentar uns 50 mais, pelo menos!
Especialmente dedicada ao Paulo Vilmar e a outros amigos que não conheciam José Afonso, deixo mais uma cantiga. Depois de muito escolher, decidi-me por esta do período post-revolucionário português, bem elucidativa da arte transnacional do Zeca, numa mistura harmónica fabulosa de ritmos afro-brasileiros. Espero ter feito uma escolha do vosso agrado. - Jorge G.
Capa de José Santa-Bárbara
«COMO SE FORA SEU FILHO»
Começado ainda antes do espectáculo do Coliseu dos Recreios de 29 de Janeiro de 1983, o penúltimo álbum de José Afonso foi terminado em Abril do mesmo ano ( o último seria em 85 mas no qual, minado pela doença, apenas interpretou duas canções).
Como Se Fora Seu Filho é por muitos entendido como o testamento do Zeca, talvez por ser o derradeiro trabalho onde canta todas as músicas ou igualmente pelos próprios textos de algumas composições - especialmente Utopia, Canção da Paciência ou esta que aqui deixo, O País vai de carrinho.
Nesta obra, o Zeca ofereceu-nos lúcidos retratos quer de esperança quer de desencanto retivamente ao Portugal da altura, passados então quase 10 anos depois de Abril de 74.
Ele está por trás de todos os arranjos, tanto na ideia original como na execução final em estúdio, ainda que a produção do disco e a direcção musical sejam repartidas entre Júlio Pereira, José Mário Branco, Fausto Bordalo Dias e o próprio Zeca.
De entre os convidados destaque-se Pedro Casaes, membro dos Gaiteiros de Lisboa, para o já desaparecido Sérgio Mestre, para o violinista e patriarca da música improvisada no país Carlos Zíngaro, para Pedro Caldeira Cabral e a sua guitarra portuguesa ( presente nesta mesma canção), e ainda para as participações especiais do Xico Fanhais e de alguns elementos do grupo Cantaril.
São do Zeca estas palavras: "Não me arrependo de nada do que fiz. Mais: eu sou aquilo que fiz. Embora com reservas acreditava o suficiente no que estava a fazer, e isso é o que fica. Quando as pessoas param há como que um pacto implícito com o inimigo, tanto no campo político como no campo estético e cultural. E, por vezes, o inimigo somos nós próprios, a nossa própria consciência e os alibis de que nos servimos para justificar a modorra e o abandono dos campos de luta." "Admito que a revolução seja uma utopia, mas no meu dia a dia procuro comportar-me como se ela fosse tangível. Continuo a pensar que devemos lutar onde exista opressão, seja a que nível for."
Por outro carreiro, também eu quero continuar a correr atrás da Utopia.
Até sempre, Zeca !
-Jorge G.
O país vai de carrinho Vai de carrinho o país Os falcões das avenidas são São os meninos nazis (bis)
Blusão de cabedal preto Sapato de bico ou bota Barulho de escape aberto Lá vai o menino-mota (bis)
Gosta do passeio em grupo No Mercedes que o papá Trouxe da Europa connosco Até à Europa de cá (bis)
Despreza a ralé inteira Como qualquer plutocrata Às vezes sai para a rua De corrente e de matraca (bis)
Se o Adolfo pudesse Ressuscitar em Abril Dançava a dança macabra Com os meninos nazis (bis)
Depois mandava-os a todos Com treze anos ou menos Entrar na ordem teutónica Combater os sarracenos (bis)
Os pretos, os comunistas Os Índios, os turcomanos... Morram todos os hirsutos! Fiquem só os arianos ! (bis)
Chame-se o Bufallo Bill Chegue aqui o grande Neves Para recordar Wiriamu, Mocumbura e Marracuene (bis)
Que a cruz gamada reclama De novo o Grão-Capitão Só os meninos nazis Podem levar o pendão (bis)
Mas não se esquecam do tacho Que o papá vos garantiu Ao fazer voto perpétuo de ir Para a p... que o pariu (bis)
Há cerca de mil anos, o iraquiano natural de Basra (Bassorá) Abu Ali al-Hasan Ibn Al-Haitham (Alhazen em termos ocidentais), físico e matemático e um dos pioneiros da Óptica depois de Ptolomeu, notou que o cérebro humano é capaz de reter, por um instante, a imagem que os olhos acabaram de ver. Oitocentos anos depois, o belga Joseph-Antoine Plateau construiu um aparelho em que a sucessão rápida de figuras dava a sensação de que elas se mexiam. Nascia assim o desenho animado.
Em 1906 o produtor americano J. Stuart Blackton criou, ainda na época do cinema mudo, a animação de três minutos Humorous Phases of Funny Faces, em que um cartunista desenha rostos que ganham vida.
Em 1914, Winsor McCay montaria Gertie the Dinosaur, consolidando assim o nascimento de um novo tipo de entretenimento.
Em 1919 Otto Messmer apresentou o primeiro astro dos desenhos animados, o Gato Félix. Em Feline Follies e Musical Mews, o gato chamava-se Master Tom. O sucesso fez com que participasse, já com o seu nome famoso, numa nova produção no mesmo ano, Adventures of Felix.
A ligação de som e imagem evoluiu, em 1924, com o clássico de Disney O Vapor Willie, a terceira aparição do Mickey Mouse no cinema. E nos anos 30, para promover as suas músicas, a Warner fez desenhos animados com som. Bosko foi a primeira personagem dos Looney Tunes. Depois viriam Gaguinho (1935), Patolino (1937) e o Pernalonga (1940), entre tantos outros.
Nos anos 40 William Hanna e Joseph Barbera deram à luz a série Tom & Jerry, considerada uma das melhores de sempre de desenhos animados . Chegados os anos 60, Hanna e Barbera, já donos de seu próprio estúdio, criaram a primeira série animada a fazer sucesso no horário nobre da TV americana, Os Flintstones, deliciosa trama de uma família da Idade da Pedra.
Em 1985 Matt Groening criou para o programa The Tracey Ullman Show vinhetas com uma família amarela e esquisita. Dois anos depois, Os Simpsons iniciavam uma carreira de enorme sucesso, com 29 Emmy Awards nas 19 temporadas ininterruptas apresentadas na TV. Finalmente, refiro que em 1991 foi estreada a versão dos estúdios Disney de "A Bela e o Monstro", baseado na história de um príncipe amaldiçoado a ter a aparência de uma fera (the beast) até aprender a amar e a ser amado. O filme usou técnicas de computador para criar efeitos inéditos, sendo até hoje o único animado a concorrer ao Oscar de Melhor Filme.
FIDEL - O ÚLTIMO DOS REVOLUCIONÁRIOS / DITADORES ?
"Ha llegado el momento de postular y elegir al Consejo de Estado, su Presidente, Vicepresidentes y Secretario". .......................................................................... "...El camino siempre será difícil y requerirá el esfuerzo inteligente de todos. Desconfío de las sendas aparentemente fáciles de la apologética, o la autoflagelación como antítesis. Prepararse siempre para la peor de las variantes. Ser tan prudentes en el éxito como firmes en la adversidad es un principio que no puede olvidarse. El adversario a derrotar es sumamente fuerte, pero lo hemos mantenido a raya durante medio siglo.
No me despido de ustedes. Deseo solo combatir como un soldado de las ideas. Seguiré escribiendo bajo el título "Reflexiones del compañero Fidel" . Será un arma más del arsenal con la cual se podrá contar. Tal vez mi voz se escuche. Seré cuidadoso.
Fidel anunciou assim, sem dramas, que não se encontra em condições físicas de prosseguir no seu lugar de líder de Cuba. Para o bem e para o mal desta pequena ilha das Caraíbas, Fidel Castro foi um dos grandes protagonistas da História Mundial da 2ª parte do séc. passado e do início do novo milénio.
Revolucionário para os admiradores e ditador para os seus críticos, esteve em foco na chamada Guerra Fria, resistindo ao colapso da tradicional aliada URSS e aos incessantes "ataques" dos Estados Unidos - embargos e 600 atentados, segundo ele. Dotado de fortíssimo carisma e de uma oratória envolvente, teve um papel de grande relevo, durante 50 anos, nos principais eventos da América Latina.
Revolucionário? Ditador? Mas poderia ele ter sido, no tempo e nas circunstâncias, revolucionário sem ser ditador?
Fidel apostou na independência dos cubanos face aos Estados Unidos. Apoiou-se em outra superpotência, mandou executar milhares de opositores, manteve o povo à margem dos bens de consumo capitalistas, dando-lhes um grau de instrução que, nos últimos tempos, serviu mesmo para trocar médicos por petróleo da Venezuela. Apesar de tudo, El Comandante - que teve pelo menos 8 filhos, dos quais 5 com a mulher Dalia Soto del Valle - mantém-se popular entre uma grande parte da população, por orgulho nacional e graças às duas "meninas-dos-olhos" do sistema castrista: a Saúde e a Educação. E isto, mesmo que Cuba, com os seus hotéis para estrangeiros e uma prostituição crescente, se assemelhe cada vez mais, nestes aspectos, à ditadura que Fidel derrubou em Dezembro de há 49 anos. Que futuro depois da sua morte, já que não creio que enquanto a sua figura pairar sobre o espaço cubano haja lugar a grandes alterações na política do país! Sou, intrinsecamente, contra qualquer forma de ditadura. Reconheço, no entanto, em Fidel, primeiro a coragem e depois, a cabeça-fria, a inteligência e a obstinação de um autêntico revolucionário que fizeram de Cuba um país livre e dos seus cidadãos um povo informado e digno. A liberdade de uma nação paga-se com sangue, suor, choros e sacrifícios e o povo tem pago essa mesma liberdade.
Oxalá que tudo não tenha sido apenas um interregno de meio século e que Cuba continue como a única dona do seu destino. - Jorge G., 19-02-2008
A 21 de Junho de 2006, na 14ª publicação, referi-me aqui no Sino da Aldeia ao "fenómeno Fidel Castro", então prestes a completar 80 anos. É esse escrito, baseado em excelente trabalho publicado no Courrier Internacional, que recordo agora.
Fidel faz 80 anos brevemente. Hoje, quase 20 anos após a queda do Muro, o mundo interroga-se sobre o futuro do castrismo que vem de há 47 anos, com os Estados-Unidos a parcas 90 milhas de distância. Na época da Guerra Fria Cuba usufruía de uma posição-chave no equilíbrio do terror nuclear. Com o desmembramento da União Soviética, tudo começou a faltar na Ilha. Assim, Havana voltou-se para o turismo. A sua economia passou a contar com duas moedas: o peso e o dólar americano Continuando a ter a Educação e a Saúde como sectores mais desenvolvidos e fortes, Cuba passou ultimamente a exportar médicos, sobretudo para a Venezuela de Hugo Chávez. Fidel, que sempre arranjou modo de manter acesa a chama da revolução, criou grupos de jovens para explorarem as gasolineiras do país. 10 mil militantes do Partido, sendo mais de 50% raparigas, fazem a exploração de bombas de combustível, tendo os gasolineiros encartados sido mandados para casa com 100% do salário. E isto porque era vulgar que em qualquer local do país se assistisse a bolsas de corrupção e se vendesse gasolina fora dos locais autorizados. Estes grupos de jovens, os “Trabajadores Sociales”, fazem também a distribuição de lâmpadas de baixo consumo, a verificação do uso por toda a gente da “panela de pressão chinesa” fornecida pela China, incentivam à troca dos velhos frigoríficos dos anos 50 por outros que consomem menor energia, controlam as contas das padarias e das empresas de construção civil. Foram espalhados pelo país cerca de 30 mil jovens revolucionários com idades entre os 16 e os 22 anos. Este escalão etário, há anos referido como potencialmente contra-revolucionário, está hoje formado em contabilidade e dá novo fôlego à mística da Revolução. Fidel prepara-se para a grande comemoração dos 50 anos de “La Revolución” já em 2009. Em Novembro passado discursou durante 5 horas na Universidade e depois ficou à conversa com os estudantes até de madrugada, tendo-lhes posto algumas questões retóricas como: “ Quando os velhos começarem a desaparecer para darem lugar a novas gerações de dirigentes, o que se passará? Será possível fazer com que o processo revolucionário seja irreversível?” “ Não está fora de questão que o país se auto-destrua”, disse Fidel . “ E é à nova geração que compete impedir esse facto”, acrescentou. Parando com a excessiva produção de cana-do-açúcar, Cuba vive hoje do Turismo, da venda do níquel e da exportação de médicos e de treinadores desportivos para a Venezuela. Fidel atacou os “novos-ricos” que, recebendo remessas de dinheiro de parentes que vivem em Miami e/ou trabalhando no sector do Turismo, podem ganhar 20 ou 30 vezes mais do que um médico ou um professor. Continuando a má qualidade dos transportes públicos, manter-se-á a gratuitidade para a Saúde e a Educação mas os subsídios para a electricidade e o alojamento serão reduzidos. Na actual viragem à esquerda da América Latina ( mais de 10 países operaram este ano essa mudança ou vão fazê-lo nos próximos meses), Cuba reaproximou-se do Continente e tem hoje boas relações com muitas nações. Desta forma Fidel Castro vai tentando que o Castrismo sobreviva a si próprio, enquanto os dissidentes espreitam uma oportunidade e a América aguarda atentamente o desenrolar dos acontecimentos.
Reunião no Le Procope no século XVIII Desenho de M.Kretz com imagens de famosos Iluministas
Terão sido os turcos, mais provavelmente já no séc.XVI, que introduziram o café na Europa e várias são as versões sobre a origem da sua descoberta como bebida. Desde um testemunho escrito de António Fausto Nairone, monge e professor de teologia na Sorbonne no princípio do século XVII, que refere um velho padre católico de um mosteiro perto do Mar Morto que ficara curioso ao ver o desassossego das cabras que pastavam nas colinas fronteiras, depois de haverem comido umas folhas verde-escuras, duras e brilhantes de um arbusto baixo, com bagas violetas em forma de pequenas cerejas, até uma versão dos persas que faz parte dos seus contos tradicionais e que dizque, em certa ocasião, Maomé ficou doente. Sentia-se fraco e dominado por estranha letargia. Nenhum tratamento resultava e parecia atacado por incurável maleita. Então, o Arcanjo Gabriel deu-lhe a beber um líquido desconhecido e logo o Profeta recuperou. E com vigor tal que não só "derrotou quarenta ferozes guerreiros como ainda possuiu quarenta mulheres."
A partir de então, devido à proibição de bebidas alcoólicas pela religião maometana, o café adquiriu entre os persas o estatuto de bebida do Profeta; o «vinho do Islão». E o hábito de o beber tomou-se quotidiano. Tal surpreendia os viajantes europeus do séc.XVI a terras do império otomano, que se mostravam ainda mais estupefactos perante o convívio que viam produzir-se em volta de uma bebida quente e negra que passava em chávenas de mão em mão.
Desde a Etiópia ao Iémen, o café era produzido em grande escala, sendo o Cairo o principal distribuidor do produto. Para manterem o monopólio da rubiácea, os árabes só permitiam a exportação dos grãos previamente fervidos, pretendendo assim impedir que a planta germinasse noutros locais. Porém, os holandeses fariam plantações desde Java às Antilhas, de onde trouxeram a matéria-prima para a Europa.
Inicialmente, os europeus apenas utilizavam o café como remédio e só no séc XVII o começaram a empregar como bebida, facto que a princípio desagradou à Igreja tentando os mais conservadores levar o Papa Clemente VII a condenar o café como sendo "uma invenção de Satanás". O Papa, contudo, provou e respondeu: "Esta bebida é tão deliciosa que seria um pecado deixá-la somente para os infiéis. Vençamos Satanás dando-lhe a nossa bênção e tornando-a verdadeiramente cristã."
Então, sim, o café alargou-se a grande parte da Europa no séc XVII, começando a surgir um grande número de estabelecimentos de venda em Veneza e em Génova, alargando-se às "coffee houses" londrinas e aos cafés parisienses, como o célebre Procope, fundado em 1675 por um italiano ex-vendedor ambulante de café - Francesco Procopio Dei Coltelli e que ainda subsiste, bem-haja o bom-senso!
Nunca mais parou de crescer o hábito de conviver à volta de uma mesa entre umas chávenas de café, bebida apreciada por gente de todas as classes e a que Bach conferiu uma composição, "A Cantata do Café". Por Paris, Viena, Budapest, Lisboa, inúmeros cafés ficaram celebrizados, quer pelos seus frequentadores - artistas de todos os géneros, intelectuais, políticos - quer ainda pelas manifestações culturais que muitos deles ofereciam.
Café Chave d'Ouro equipado com mobiliário Bauhaus, moderníssimo para a época.
Entre nós, muitos e famosos cafés, como o Majestic, no Porto; o Café de Sta Cruz, em Coimbra; e em Lisboa o Nicola "de Bocage", o Marrare, a Brasileira do Chiado, o S. Martinho da Arcada, o Gelo, o Vavá, o Montecarlo, último bastião das tertúlias lisboetas desaparecido em 1995,... todos foram poisos habituais dos grandes vultos das letras e das artes, e das conspirações e das revoluções das suas épocas. E um houve, o Chave d'Ouro, aberto em 1916 no Rossio da capital, que ficou na história por ter sido palco da célebre conferência de imprensa em que Humberto Delgado, a 10 de Maio de 1958, anunciou que demitiria Salazar se fosse eleito.
Um dos 14 residentes peludos do Café Calico, em Tóquio
Actualmente os cafés tradicionais estão em vias de extinção, mas já surgiram novas ideias para a reabilitação do conceito de café como local de repouso e de tranquila reflexão. Falo de 3 cafés já existentes em Tóquio, os "Cat Cafés", que se distinguem pela presença livre de gatos caseiros que servem de companhia e de tranquilizante panaceia do stress enquanto se deixam mimar e afagar pelos clientes. O êxito tem sido enorme entre os japoneses. (Nota: as severas leis habitacionais da capital japonesa levam muitas pessoas a não poder ter animais em suas casas). - Jorge G.
Fontes: Sousa Bastos - "Lisboa Velha, Setenta Anos de Recordações" ; Gérard-Georges Lemaire - "Les Cafés Littéraires", Paris, 1977.
Eufrosina Cruz Mendoza, de 27 anos, converteu-se na referência da luta das mulheres indígenas do estado mexicano de Oaxaca que reclamam o direito de participar na vida política. Desde 4 de Novembro de 2007, esta jovem de etnia zapoteca trava uma batalha desigual tendo denunciado os abusos da tradição ancestral de usos e costumes nas comunidades indígenas.
Dos 570 municípios de Oaxaca, 418 regem-se por práticas milenárias, e numa centena deles a palavra mulher não existe nas leis comunitárias, o que impede qualquer uma de votar e de participar como candidata nas eleições municipais. Contra ventos e marés, Eufrosina quis ser alcalde de Santa María Quiegolani, um município onde o poder político está exclusivamente nas mãos dos homens. Tentou, inscreveu a sua candidatura à margem da assembleia do povo, mas os seus papéis acabaram no lixo. Não desistiu e pôs de pé o Movimiento Quiegolani por la Equidad de Género, que cresce como uma mancha de óleo nas terras indígenas de Oaxaca e ameaça estender-se a outros Estados.
Mulheres tzotziles No México existem 62 pueblos e comunidades indígenas, falando-se no país mais de 85 línguas e suas respectivas variantes. A população indígena eleva-se a 13 milhões de pessoas, que representam 12% de todos os mexicanos. A maioria concentra-se em Oaxaca, Guerrero e Chiapas, os Estados mais pobres e com os índices de desenvolvimento humano e social mais baixos de toda a república. Só em Oaxaca há mais de 15 grupos étnicos, como os zapotecos, chontales, mixtecos e triquis, e falam-se 16 línguas indígenas. Mas as aberrações não são património exclusivo da jurisdição indígena, onde as autoridades eleitas por membros das próprias comunidades resolvem os seus conflitos ou estabelecem direitos com base em usos e costumes ancestrais, fazendo valer o direito consuetudinário sobre qualquer outro. Norma Reyes, directora do Instituto de la Mujer de Oaxaca (IMO), refere que a legislação mexicana não está isenta de autênticos disparates que violam os direitos das mulheres.
Até há menos de dois anos, o Código de Procedimentos Penais do Estado de Oaxaca tinha tipificado como atenuante o homicídio por honra. Para o homem, já se vê! O artº 293 do referido código justificava os crimes contra mulheres ao tomar em conta "el honor de los hombres". Se um varão surpreendia a mulher "en acto carnal o próximo a su consumación" e matava um dos parceiros, ou ambos, a sua pena era atenuada — “de las dos terceras partes del mínimo a las dos terceras partes del máximo o de la sanción que corresponda a un homicidio simple intencional” —, por se tratar de um crime "por honor". O critério não era igual no caso das mulheres, que podiam enfrentar até 30 anos de prisão pelo mesmo delito. Em 8 de Março de 2006 (!), Dia Internacional da Mulher, o Congresso de Oaxaca derrogou finalmente o citado artigo do Código Penal.
Em outros Estados da República, o homicídio "por honor" é conhecido pelo eufemismo de "homicídio por estado de emoção violenta"!
Assim se vê que não é apenas em muitos países árabes que a mulher continua a ser tratada pela própria lei como um ser inferior. Em pleno séc.XXI .
Esta simpática rã, que provavelmente se sentiria muito mais feliz num lago de águas verdes enfeitado com nenúfares, coaxando quando bem lhe apetecesse, teve a desdita de vir parar às mãos desta "mãe adoptiva" que nos quer convencer que é o infeliz anfíbio que gosta muito de se pôr em cima de motocicletas e em poses de equilibrista. Segundo diz a Srª Tongsai, uma tailandesa que "adoptou" OUI - a rã, há onze meses, esta diverte-se a brincar com pequenas motocicletas, carrinhos e garrafas de água, para depois permenecer imóvel como se esperasse a foto dos curiosos. E alguém acredita na Srª Tongsai?!
Mas há mais!
Entretanto, a loucura do Homem e o gosto pelo abuso dos animais nos seus delírios atingiram agora uma nova etapa nos Estados Unidos. Uma longa cabeleira azul-eléctrico, franjas em loiro-platinado, caracóis cor-de-rosa ou prateados, de tudo se vê nestas perucas para gatos ao serviço da vaidade felina (dizem os criadores, não me constando que tenham sido os gatos!). Pois estão à venda ao preço de 50 dólares cada. Nem são caras! E têm nomes como: silver fox; pink passion; electric blue; ou bashful blonde.
A ideia veio de uma senhora de San Francisco, Julie Jackson, proprietária de um siamês chamado Boone. A peruca "silver", assegura o site que publicita o produto, faz sentir o gato de casa sexy e elegante como um puma, enquanto a azul lhe confere um olhar penetrante e um aspecto muito vistoso. Não sei se a moda pegará algum dia em Portugal, mas olhando para os focinhos dos bichanos emperucados estes bem parecem dizer-nos: "Vejam lá as figuras que faço para agradar aos meus donos!"
Textos: J.G. Fotos: La Zampa Fontes: La Stampa; La Zampa; http://www.kittywigs.com/ (o site das perucas)
E o que diríamos se um de nós, gente dos blogues, fosse preso por ter divulgado que o Presidente ou o Primeiro-Ministro tinha comprado uns cães para sua segurança?
Pois foi isso mesmo que aconteceu no Irão. A notícia até já tem uns dois meses, mas parece-me que por cá foi pouco divulgada.
Reza Valizadeh (foto), 32 anos de idade, jornalista, bloguista, foi objecto de reclamação por parte do gabinete do presidente iraniano e foi detido no dia 26 de Novembro de 2007. Vários bloguistas e websites iranianos disseram que o motivo principal da prisão foi a revelação da aquisição de quatro cães de segurança alemães por cerca de 110 mil euros cada um e destinados à segurança de Ahmadinejad.
O Islão define os cães como animais impuros e está, mesmo, vetada por lei a exibição de cães na rua pelos seus donos, sendo o "crime" punido com pesada multa e a "detenção" dos animais em centros expressamente criados para o efeito, onde se está mesmo a ver o tratamento a que são sujeitos para os libertar das "impurezas".
Deste modo, tiveram agora que se reunir os ayatollah da cidade santa de Qom para justificarem a aquisição, tendo sido emitida uma fatwa na qual é regulado que a utilização destes cães tem por único objectivo garantir a segurança dos homens, não infringindo nenhuma regra religiosa.
A piada continua quando se sabe que a agência Fars, considerada o megafone de Ahmadinejad, transmitiu uma longa reportagem dedicada aos cães presidenciais e saiu-se com este mimo: "Apesar de raça alemã - precisou antes de tudo a agência - os cães foram comprados ainda cachorrinhos e treinados na República Islâmica do Irão pelas mãos de instrutores iranianos". Fantástico, realmente! Os cães converteram-se ao islamismo.
Mas não é tudo! O jornalista e blogueiro, preso, apagou na cadeia o post que fizera sobre o caso e em seu lugar apareceu outro em que explica o seu ponto de vista sobre os cães presidenciais. Valizadeh diz que "as notícias sobre os cães não tiveram divulgação em sites, blogues e rádios que se posicionam contra o governo e contra a República Islâmica" e ainda acrescenta: "… Primeiro, queria, como jornalista, divulgar informações sobre um assunto interessante. Depois, acho que usar esses cães para a segurança presidencial não é um sinal de fraqueza, mas ao contrário, mostra que o país está seguindo na direcção da tecnologia e do progresso. Em terceiro lugar, alguns líderes religiosos (Ulama) consideram que cães podem ser usados para motivos de segurança."
De acordo com o Iran Watch, Shahram Rafizadeh, jornalista e bloguista igualmente, escreveu que Valizadeh na noite de sábado foi transferido do presídio Evin para o presídio Ghazal Hesar e colocado numa cela com viciados em drogas. Rafizadeh acrescentou que nos últimos três anos interrogadores aprenderam sobre a internet e como escrever um blogue.
A 9 de Fevereiro de 1950, numa cidadezinha da Virgínia-Ocidental, o senador Joseph McCarthy agita uma lista de funcionários do departamento de Estado (o ministério dos Negócios Estrangeiros nos estados Unidos) que acusa de serem «notórios comunistas» culpados de conivência com a União Soviética e os agentes de Staline.
Este senador republicano do Wisconsin, um alcoólico de 42 anos desconhecido do grande público, teve a surpresa de ver a sua acusação ser desenvolvida pela imprensa do país..
Desde então, a lista de McCarthy ocasionou uma campanha histérica que iria agitar a América triunfante do pós-guerra.
O presidente democrata Harry Truman rapidamente lhe respondeu, assegurando que ele próprio já afastara da alta administração todas as pessoas suspeitas de conluio com a URSS e avisando os americanos para o perigo de um atentado contra a democracia: «Não instauremos um totalitarismo de direita sob o pretexto de lutar contra um totalitarismo de esquerda», foram as suas palavras mais substantivas.
Mas a verdade é que a campanha de McCarthy veio relançar o ambiente de suspeita, tanto mais que ela ocorre no momento em que o FBI procedeu à prisão dos Rosenberg, acusados ambos de haverem entregue à URSS segredos atómicos americanos. E após a eleição do General Dwight Eisenhower à presidência mas, sobretudo, com o triunfo do Partido Republicano no Senado, em 1952, McCarthy acedeu à chefia de um sub-comité senatorial de inquérito permanente. A partir de então, um funcionário podia ser submetido a inquérito policial e demitido por simples suspeita de simpatia com a URSS de Staline. Vendo um espião comunista por trás de cada personalidade do país, desde altos funcionários a jornalistas, cineastas de Hollywood e intelectuais da costa Este, o senador McCarthy lançou a América numa delirante «caça às bruxas».
O FILME - "HIGH NOON"
Em 1952, o filme High noon ("O combóio apitou três vezes", creio que foi o título dado em Portugal) denunciou sob uma forma alegórica esta "caçada" de McCarthy. O seu realizador foi Fred Zinnemann, um cineasta de origem austríaca escapado ao nazismo.
Em formato de western (com Gary Cooper e Grace Kelly no seu primeiro grande papel), esta obra-prima do cinema é uma tragédia clássica de âmbito universal. Mostra uma comunidade que se encolhe à chegada de um bando de malfeitores e que deixa o sheriff enfrentar o bando completamente só.
Diz-se que Bill Clinton viu este filme-de-culto por umas vinte vezes e que George W. Bush não teve receio de se lhe referir quando "a Europa lhe voltou as costas" na guerra contra Saddam Hussein ! «To be high noon» tornou-se na América uma expressão corrente, significando "que se pode enfrentar sozinho uma situação de perigo". Em 1953, o dramaturgo Arthur Miller faz subir à cena a peça "The Crucible" (As Bruxas de Salem). Esta referência a uma vaga de intolerância no Massachusetts do século XVII é também uma alusão bem transparente aos delírios do maccartismo.
Fontes: várias. Tradução, adaptação e composição gráfica de J.G.
Foram dias de muita luta entre a razão e o coração. Venceu o coração desta vez.
O Sino, não sei explicar, tornou-se algo que me está entranhado na pele. Depois, houve várias pessoas que quase se zangaram comigo. Logo à partida a minha família, que nem é leitora assídua; também o facto deste espaço fazer parte de uma pequena comunidade de pessoas que me fizeram chegar de diversas formas o seu lamento que sei sincero; um jornal online galego que tem o Sino entre as suas visitas habituais, embora não comente, também me fez repensar se, afinal, este pequeno espaço não será interessante para alguns que o lêem e divulgam sem contrapartidas; por fim, os que aqui vêm regularmente sem se deixarem "ver", o que nunca me agradou, mas compreendo.
Foram, portanto, estas as razões para um regresso ao activo, mais empenhado do que nunca, desenganem-se os interesseiros amigos de ocasião.
O mesmo não acontecerá com os dois outros blogues, mas aqui no Sino eles surgirão amiúde com temas ou rubricas que lhes eram mais comuns.
Aproveito para deixar uma palavra muito especial para aqueles que me fizeram chegar o seu descontentamento pelo fim do blogue. À Ana Sonhadora, à BF , ao Jorge Borges, à Margarida R. , à Menina Marota, ao Nuno R. , à Paginadora, à Porca, estes os que mais me tocaram, que outros houve, e contribuíram para esta rentrée, o meu muito obrigado e um abraço sentido e com sentido. Jorge Borges, estou de regresso mas não como previste, pá. Esse "teu conde" voltou com desejo de vingança e de destruição. Eu não. Ninguém me fez mal nenhum.