quinta-feira, 30 de novembro de 2006
ALEXANDER LITVINENKO
O RETROCESSO
From CNN: Full statement by Alexander Litvinenko. You may succeed in silencing me but that silence comes at a price. You have shown yourself to be as barbaric and ruthless as your most hostile critics have claimed. You have shown yourself to have no respect for life, liberty or any civilized value. You have shown yourself to be unworthy of your office, to be unworthy of the trust of civilized men and women. You may succeed in silencing one man but the howl of protest from around the world will reverberate, Mr. Putin, in your ears for the rest of your life.
From FoxNews: British Airways to Contact Passengers After Traces of Radiation Found on Planes. Two British Airways jets tested positive Wednesday for low-level radioactive contamination as the probe into the apparent murder of a former KGB agent uncovered a trail leading directly from London to Moscow. FOX News has learned that British authorities are checking into whether anyone onboard the planes are associated with the radiation poisoning death of ex-Russian spy and Kremlin critic Alexander Litvinenko. ... Litvinenko, who died Nov. 23 in a London hospital, claims Russian President Vladimir Putin was behind his death. The former spy said he believed he had been poisoned on Nov. 1, while investigating the death of another Kremlin detractor investigative journalist Anna Politkovskaya. His hair fell out, his throat became swollen and his immune and nervous systems were severely damaged, he said.
Publicação nº 177 - jorgg
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novembro 30, 2006 -
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quarta-feira, 29 de novembro de 2006
BOAS MEMÓRIAS - Toddy
Publicação nº 176 - jorgg
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novembro 29, 2006 -
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Louçã e a maçã envenenada
Sondagem: Portugueses elegem Louçã como líder da oposição
Cerca de 31,1% dos portugueses considera que Francisco Louçã, coordenador da comissão política do Bloco de Esquerda, tem feito o melhor papel de oposição ao Governo de José Sócrates, segundo uma sondagem da Aximage publicada hoje pelo Correio da Manhã. Marques Mendes, presidente do PSD, fica atrás do dirigente bloquista com 22,4%, uma distância de 8,7% entre ambos. De acordo com esta sondagem, realizada entre 15 e 17 de Novembro, o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, não consegue mais de 19,6% e Ribeiro e Castro (CDS-PP) tem 4,6%, o último da lista de quatro líderes. Os inquiridos sem opinião totalizaram 22,3%. In "Diário Digital",29-11-2006 - 8:40:38
Fazem-se hoje sondagens a propósito de tudo. Eu próprio coloquei aqui uma sobre o português (vivo) mais cretino, que neste momento é gloriosamente o inefável Aberto João, com um bom avanço sobre o Luís Delgadinho. Esta que publico é interessante e vale o que valerá qualquer uma: de mera indicação sobre a opinião dos inquiridos. Mas os resultados trazem-me à memória algo que há pouco escrevi e que ficou registado em " A bruxa-má e a louçã moçoila". Nessa brincadeira brilhantemente ilustrada, como sempre, pelo talento do Kaos, anunciava eu para o perigo de Louçã ser tentado a fazer o jogo de Sócrates nas próximas eleições, agora que o PSD se esfrangalha e o CDS se mantem em profunda desorganização. Sabendo-se que Louçã poderá ser encara pelos eleitores como o melhor elemento da oposição, não será de admirar que o PS do Sr. Engenheiro o tente aliciar para jogar na sua equipa. Se o fizer, e conseguir, matará vários coelhos com um só tiro. A minha dúvida está em saber se Louçã irá resistir ao apelo, esperando pacientemente a sua hora, ou se acabará por abraçar o poder de lado, emprestando aos "socratins" um ar de esquerda civilizada que o PS, sozinho, não conseguirá recuperar. Contudo, Louçã parece-me ser um homem inteligente. - Jorge G
Publicação nº 175 -jorgg
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novembro 29, 2006 -
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OS TRIPEIROS
Existem em Portugal, um dos mais antigos países da Europa - não se esqueça, nunca! - inúmeras lendas que eram contadas e recontadas de geração em geração, estando hoje na mais completa ignorância sobretudo dos nossos jovens. Desde que em Junho, dia 13, dei início a este espaço de convívio, tenho procurado aqui trazer não apenas factos ou figuras da actualidade, mas igualmente outros motivos de interesse geral. Sem pretender ensinar nada, desejo sim pugnar pela correcção da Língua, pelo avisar de factos lesivos dos direitos do Homem e por sugestões de pesquisa ou informações avulsas sobre as mais variadas matérias. O Sino da Aldeia tem publicado em várias línguas estrangeiras algumas dessas contribuições. Tenho-o feito a pensar nos que passam por cá diariamente e não sabem o nosso idioma. Mas O Sino é um blogue em língua portuguesa e especialmente trabalhado a pensar nos portugueses.
Dou hoje início a uma série de publicações, que será mais ou menos prolongada no tempo, de acordo com o interesse que me seja dado a entender. E nada melhor do que um conjunto que fale das lendas do nosso país. Em português de Portugal, claro!
1- OS TRIPEIROS
Monumento aos Tripeiros, no Porto
No ano de 1415, construíam-se nas margens do Douro as naus e os barcos que haveriam de levar os portugueses, nesse ano, à conquista de Ceuta e, mais tarde, à epopeia dos Descobrimentos. A razão deste empreendimento era secreta e nos estaleiros os boatos eram muitos e variados: uns diziam que as embarcações eram destinadas a transportar a Infanta D. Helena a Inglaterra, onde se casaria; outros diziam que era para levar El-Rei D. João I a Jerusalém para visitar o Santo Sepulcro. Mas havia ainda quem afirmasse a pés juntos que a armada se destinava a conduzir os Infantes D. Pedro e D. Henrique a Nápoles para ali se casarem... Foi então que o Infante D. Henrique apareceu inesperadamente no Porto, onde aliás nasceu, para ver o andamento dos trabalhos e, embora satisfeito com o esforço dispendido, achou que se poderia fazer ainda mais. Então, o Infante confidenciou ao mestre Vaz, o fiel encarregado da construção, as verdadeiras e secretas razões que estavam na sua origem: a conquista de Ceuta. Pediu ao mestre e aos seus homens mais empenho e sacrifícios, ao que mestre Vaz lhe assegurou que fariam para o Infante o mesmo que tinham feito cerca de trinta anos atrás aquando da guerra com Castela: dariam toda a carne da cidade e comeriam apenas as tripas. Este sacrifício tinha-lhes valido mesmo a alcunha de "tripeiros". Comovido, o infante D. Henrique disse-lhe então que esse nome de "tripeiros" era uma verdadeira honra para o povo do Porto. A História de Portugal registou mais este sacrifício invulgar dos heróicos "tripeiros" que contribuiu para que a grande frota do Infante D. Henrique, com sete galés e vinte naus, partisse a caminho da conquista de Ceuta.
O Infante observando mapas com os seus cartógrafos
Publicação nº 174 -jorgg
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novembro 29, 2006 -
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terça-feira, 28 de novembro de 2006
Natal - Convívio e Partilha
Já só faltam 4 semanas para o dia da celebração do nascimento do Menino Jesus. Por todo o mundo onde é celebrado, o Natal exerce um especial fascínio sobre as gentes e as cidades. No ar parece pairar um sol de fraternidade e de tolerância, esquecendo-se desavenças e reinventando-se o tempo para pensar um pouco mais nos outros e desculpar os erros dos nossos irmãos. As passoas sorriem mais, olham-se mais, trocam desejos de felicidade. E não são, quase nunca, meras frases feitas de cartão postal. Há como que uma comunhão de bem-estar quando nos saudamos nas ruas, nos prédios, nos caminhos das aldeias..., partilhando ideias e carinhos. As ruas ganham cor numa festa de fraternidade e de luz. Eu sei que há o lado comercial oportunista. Sei que se gasta talvez demasiada luz. Sei que o Natal não bate à porta dos pobres, não traz alegria nem felicidade aos que continuam a morrer de fome e de falta de cuidados por tanta parte do mundo, sei que passada a época, a Terra volta a ser vista apenas como um lugarejo do Universo onde as desigualdades fazem os homens amaldiçoar a vida. Sei de tudo isso. Mas enquanto dura, que querem ? Gosto do ar que se respira! Gosto das luzes das cidades, dos embrulhos dos presentes, da atmosfera de magia das decorações, do ritmo apressado mas prazenteiro das pessoas, da expectativa das crianças que a podem ter, do faz-de-conta que o mundo é belo e todos são felizes, do mágico encantamento em que somos mergulhados.
Vor der Kulisse des Deutschen Doms auf dem Gendarmenmarkt wurde der vierte Berliner "WeihnachtsZauber" eröffnet Foto: Schleser Teurer Weihnachtsglanz - Die Deutschen werden in diesem Jahr rund 77 Millionen Euro rund 3,5 Millionen Euro mehr als im Vorjahr, für Schwippbogen & Co. ausgeben. Die Festbeleuchtung verbraucht so viel Strom wie 141.000 Haushalte das ganze Jahr. - in "Berliner Morgenpost" Tradução livre: Com a Catedral do Gendarmenmarkt como cenário, foi inaugurado (ontem) o 4º mercado "O fascínio do Natal". Mas o brilho do Natal ficou este ano mais caro. Os alemães dispendem cerca de 77 milhões de euros, mais 3 milhões e meio do que em 2005, nas decorações. A iluminação gasta tanta electricidade como 141 mil casas particulares durante o ano inteiro.
E, ao ver num jornal alemão uma praça de Berlin onde foi montado um mercado de Natal, tendo a catedral como cenário, e onde os habitantes acorrem diariamente aos magotes, vendo-se, cumprimentando-se, saindo dos seus lares e festejando na rua, lembrei-me de como seria belo um evento semelhante na minha cidade adoptiva, com os Jerónimos como fundo e os jardins de Belém iluminados e cheios de gente e de cor nas noites de Lisboa. Ao invés, um mercado de Natal na FIL, Natalis – Feira de Natal e da Solidariedade de Lisboa - 2 a 10 de Dezembro 14 às 23h00 FIL (pavilhão 1), como uma qualquer exposição, em que até provas gastronómicas estão presentes, pagando-se as entradas a 1 euro, dá-lhe um ar comercial e fechado, desmotiva em lugar de motivar, serve mais para vender e menos para conviver.
Natal em Lisboa, foto de 2005 A árvore das mil luzes existe em Lisboa, sim, mas à sua volta falta gente, falta atmosfera de convívio, de participação colectiva. Falta o espírito natalício.
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novembro 28, 2006 -
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Istambul, Eminência, ISTAMBUL !
Hoje, 28 de Novembro, o Papa inicia em Ankara uma visita de 4 dias à Turquia. Mas será no dia 30, em Istambul, ao visitar a antiga Basílica de Santa Sofia transformada em mesquita após a queda de Constantinopla e hoje ainda símbolo da vitória otomana sobre os cristãos, que a estadia do Papa assume maior risco. É de prever que os mais radicais poderão interpretar o facto como "uma tentativa de reconquista cristã". Por isso, à última hora, os estrategas do Vaticano organizaram uma presença de Benedito XVI na Mesquita Azul, um dos edifícios religiosos mais célebres no mundo, logo a seguir à sua passagem por Santa Sofia. As histerias resultantes das palavras de Benedito XVI na Alemanha, que os islamitas mais radicais, ou mais ignorantes, interpretaram como uma ofensa ao Islão, irão agora reavivar-se com a sua presença em território turco. Por todo este país 99% muçulmano, os últimos dias têm sido de azáfama no pintar de cartazes e em manifestações reclamando contra o Papa de Roma e tendentes a fazer-lhe ver que os muçulmanos não lhe perdoaram nem perdoarão. Os meios de comunicação nacionais e internacionais têm-nos ajudado, levando a todo o mundo as suas mensagens de hostilidade. Benedito XVI, por seu lado, irá tentar com os seus discursos conquistar a compreensão dos seus opositores e lançar bases para um futuro entendimento entre as duas religiões. Assim está previsto. Mas para que haja entendimento terá sempre de existir a firme vontade das partes envolvidas. Resta saber se este será o caso. O governo turco, que tem visto a almejada entrada da Turquia na União Europeia sucessivamente adiada, dando-se agora como motivo a questão dos turcos com Chipre, tudo fará para que a visita do Papa decorra sem incidentes de maior. Do ponto de vista político, a visita só poderá trazer vantagens para os turcos que batem à porta da Europa. Mas o governo teme que uma demasiada aproximação ao Papa lhe traga maus resultados nas próximas eleições, pelo que, apenas procurará garantir por todos os meios a segurança do visitante. Qualquer incidente violento, nas vésperas do Conselho Europeu de 14 e 15 de Dezembro que deverá analisar o dossier da Turquia, poderia ter consequências sobre o pedido de adesão. Mas, e se por fatalidade algo acontecer, como seja uma tentativa de homicídio de Benedito XVI ? Quem viria depois reclamar a necessidade de entendimento? E quem dentro da UE apoiaria o alargamento da União à Turquia? Estas serão as principais razões da extrema importância da visita do Papa. Quando a viagem foi agendada, ela tinha por fim um motivo estritamente ecuménico. Benedito XVI encontrar-se-ia com o patriarca Bartolomeu I, arcebispo de Constantinopla e chefe espiritual de uns 300 milhões de cristãos ortodoxos em todo o mundo, e pretenderia renovar um diálogo que tem estado em declínio. Mas o discurso de Regensburg alterou o sentido inicial da visita.
É de recomendar ao chefe máximo do Vaticano a maior prudência no uso das palavras. A começar por não cair na tentação de se referir a Istambul, chamando-lhe Constantinopla. Esse seria um rastilho de consequências imprevisíveis. - Texto de Jorge G - 28.11.2006 , 02.35 a.m.
Cartoon de Chappatte, in Le Temps (Ch) - Publicação nº 172 - jorgg
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novembro 28, 2006 -
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segunda-feira, 27 de novembro de 2006
Dos jornais
1 - Portugueses estão a andar mais de comboio Há quem note pela dificuldade em estacionar o carro próximo das estações de caminhos-de-ferro. Os números corroboram: depois de longos anos em sentido contrário, está a aumentar o número de portugueses a andar nos comboios da CP. (Público de 27.11.06)
Ena! Finalmente! O governo, agora, já pode aumentar de novo e em doses iguais os preços dos combustíveis e dos passes da CP, enquanto prepara o novo imposto de circulação a pé !
2 - Hotéis sem crianças
Aventura Spa Palace: Deluxe Kid-Free Resort for Revitalizing Vacations . Esta fica em Cancún, México. Autoridades dizem que não há nada na lei que proiba barrar a entrada a casais com filhos. A presença de crianças pode ser um incómodo para muitos hóspedes e alguns hoteleiros não escondem que não gostariam de as ver pelos seus hotéis. (Público Domingo de 26.11.06) Está a chegar a Portugal a moda americana de hotéis sem crianças. Cansados de crianças mal-educadas, sempre a correr de um lado para o outro, há espaços como cafés, restaurantes ou hotéis onde as crianças não podem falar alto ou correr pelos estabelecimentos como se estivessem num parque infantil. Outros vão mais longe e não admitem outros clientes que não sejam adultos. Assim, as estâncias kid-free, começaram a espalhar-se pelos States. Porque são mais calmas, mais românticas, ou simplesmente porque sim. Na esteira dessa nova moda, alguns industriais da hotelaria portuguesa já vêem um furo para exploração. O vazio da lei permite-lhes desenvolver este conceito de turismo sem qualquer problema. Devemos, pois, a partir de agora, perguntar se são admitidas crianças quando fizermos uma reserva de hotel. À semelhança do que já fazemos quando temos animais de estimação que desejamos levar connosco. Depois dos animais e dos cigarros, também os nossos filhos ou netos podem incomodar. Qualquer dia, virão os hotéis só para gordos, só para magros, só para pretos, só para brancos,... O conceito milenário de "família" agradece a estes industriais. E, pelos vistos, a legislação no nosso país colabora com os senhores. Sic transit gloria mundi ! - Jorge G
Publicação nº 171 - jorgg
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novembro 27, 2006 -
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domingo, 26 de novembro de 2006
O erotismo em Rembrandt
Rembrandt, mestre da sombra e da luz
Rembrandt Harmenszoon van Rijn nasceu em Leyde (Holanda) a 15 de Julho de 1606 no seio de uma família de moleiros abastados. Após bons estudos clássicos, inicia-se na pintura e na gravura sobre couro. Com a descoberta de Caravaggio,vai jogar com o claro-escuro e nunca abandonará em toda a sua obra o jogo da luz e das sombras. Em Amsterdam, o jovem pintor conhece o sucesso desde 1632 com "A lição de anatomia", um retrato de grupo, o primeiro que assina com o nome de Rembrandt. Neste princípio do séc. XVII, as Províncias-Unidas, em destaque no comércio transcontinental, transbordam de riquezas e a burguesia acorre ao atelier de Rembrandt para imortalizar os seus sucessos. O pintor multiplica os retratos de grupo. Renova igualmente a pintura religiosa com temas bíblicos impregnados da austera espiritualidade calvinista e ensaia, por fim, a sua pintura mitológica. E, para cúmulo da felicidade e da prosperidade, casa-se com Saskia, a sobrinha de um rico cliente, que lhe dará quatro filhos dos quais só um, Titus, atingirá a idade adulta.
Perto dos 40 anos, no entanto, a infelicidade surge na vida de Rembrandt. Morre a esposa, em 1642, com apenas 30 anos, e em 1649 o pintor junta-se com uma sua criada de 22 anos, a doce Hendrickje Stoffjels, com quem não casa para poder conservar a herança de Saskia.
Arruinadomais tarde, tem de vender as suas colecções e as suas próprias obras. É duramente atingido pelo falecimento de Hendrickje e, em 1668, do seu filho único Titus, vítima da peste.
Endurecido por estas desditas, Rembrandt ergue-se até à plenitude da sua arte e liberta-se de todas as convenções pictóricas. Nos seus trabalhos testemunha o desejo de capturar a condição humana. Antes de tudo, sublinha todos os aspectos trágicos, e em particular nos seus numerosos auto-retratos sublinha a sua inquietação perante a fuga do tempo.
Em toda a sua vida, Rembrandt praticamente nunca abandonou a sua Amsterdam adoptiva.
Morreu um ano depois do filho, em 4 de Outubro de 1669.
Este quadro foi objecto de escândalo, como não poderia deixar de ser. Aliás, Rembrandt deixou vários desenhos e pinturas com cenas eróticas como o célebre "Woman pissing" de 1631, ou "The monk in the wheat" de 1645, usando frequentemente como modelo a sua própria companheira. Aqui, representa Hendrickje nos trajes de Betsabé, uma jovem judia que o rei David, segundo a Bíblia, havia surpreendido a banhar-se num rio, vindo depois a engravidar do rei que lhe mandou matar o marido, Urias, soldado do seu exército. Mostra uma beleza feminina bem longe dos cânones estéticos dos nossos dias, mas imagine-se o escândalo causado na Holanda calvinista. O quadro vale a Hendrickje a comparência perante o consistório da sua Igreja e dela ser expulsa.
Tradução do francês e adaptação de Jorge G - Publicação nº 170 in "O Sino da Aldeia", 26-11-2006 - jorgg
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novembro 26, 2006 -
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Adeus, Mário Cesariny!
Homenagem a Mário Henrique Leiria Óleo sobre almofada de tecido. 40x60 cm. 1982.
O poeta e artista plástico Mário Cesariny morreu na madrugada deste domingo em sua casa, em Lisboa, cerca das 05h30, aos 83 anos. O seu corpo vai seguir para a Igreja de Santo Condestável e o funeral realiza-se na segunda-feira, pelas 14h00. Mário Cesariny de Vasconcelos encontrava-se doente há vários anos, com uma doença do foro oncológico, mas o seu estado de saúde "piorou drasticamente nos últimos três dias". Além de poeta, romancista e ensaísta, Mário Cesariny dedicou-se também às artes plásticas, sobretudo à pintura. Nascido em Lisboa a 09 de Agosto de 1923, de pai beirão, negociante de jóias, e mãe castelhana, professora de francês, resolveu, a partir de certa altura, prescindir do apelido paterno e ultimamente gostava de acrescentar a Cesariny o Rossi dos seus antepassados. Estudou no Liceu Gil Vicente, frequentou o primeiro ano de Arquitectura na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa (ESBAL) e mudou depois para a Escola de Artes Decorativas António Arroio, tendo igualmente estudado música com o compositor Fernando Lopes Graça. Durante o período em que viveu em Paris, em 1947, frequentou a Academia de La Grande Chaumire. Na capital francesa, conheceu o fundador do movimento surrealista francês André Breton, cuja influência o levou a integrar no mesmo ano, embora à distância, o Grupo Surrealista de Lisboa, formado por António Pedro, José-Augusto França, Cândido Costa Pinto, Marcelino Vespeira, João Moniz Pereira e Alexandre O'Neill, o qual surgiu com o objectivo de protestar contra o regime político vigente em Portugal e contra o neo-realismo. Mas houve cisões e Cesariny saiu, fundando mais tarde o "anti-grupo" "Os Surrealistas", com Henrique Risques Pereira, António Maria Lisboa, Fernando José Francisco, Carlos Eurico da Costa, Mário-Henrique Leiria, Artur do Cruzeiro Seixas e Pedro Oom, entre outros. Em 1949, redigiu, com o grupo, o seu manifesto colectivo, "A Afixação Proibida" e promoveu as sessões "O Surrealismo e o seu Público em 1949" e a I Exposição dos Surrealistas. Quando terminaram as experiências colectivas do que foi quase "um movimento (mais ou menos) organizado" - 1947/1953 e 1958/1963 - Cesariny prosseguiu sozinho, como fariam alguns dos seus outros companheiros que sobreviveram à aventura surrealista, com uma actividade inesgotável e orientada em várias direcções. Nas suas obras, adoptava uma atitude estética caracterizada pela constante experimentação e praticou uma técnica de escrita e de pintura muito divulgada entre os surrealistas, designada como "cadáver esquisito", que consistia na elaboração de uma obra por três ou quatro pessoas, num processo em cadeia criativa, em que cada um dava seguimento, em tempo real, à criatividade do anterior, conhecendo apenas uma parte do que aquele fizera. (notícia sic on line)
O surrealismo, na poesia, favorecia as associações vocabulares livres, as relações semânticas insólitas,estabelecendo o primado da imaginação.
A CABEÇA DE ARCAIFAZ(SISMO)
Localização fonética:
a) A cabeça: onde cabe a eça. Popª.: cabe a eça agora. b) de Arcaifaz (sismo): o ar (que) cai, faz (produz) sismo. Faz sismo: o ar cai. Caindo o ar, fica o caifascismo, o que dá cai, dá sismo, e retira o ar que caiu. Por isso se diz que não há ar onde há alguém que faz sismo., podendo no entanto sufixismar-se o prefixo, o que dará o CAIFAZCISMAÇÃO, sublimação da cisma de Caifaz.
Mário Cesariny de Vasconcelos, Poesia, 1961 Todos por Um A manhã está tão triste que os poetas românticos de Lisboa morreram todos com certeza Santos
Mártires e Heróis Que mau tempo estará a fazer no Porto?
Manhã triste, pela certa. Oxalá que os poetas românticos do Porto
sejam compreensivos a pontos de deixarem uma nesgazinha de cemitério florido que é para os poetas românticos de Lisboa não terem de recorrer à vala comum - M.C.V.
Publicação nº 169- jorgg
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novembro 26, 2006 -
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Sunday Cartoon
Afeganistão 5 anos depois
Ilustração de Patrick Chappatte para o Le Monde, Genève
Publicação nº 168 - jorgg
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novembro 26, 2006 -
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sábado, 25 de novembro de 2006
Dias de Outono (Autumn Days)
Publicação nº 167 - jorgg
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"O TRIUNFO DE EROS" em Londres
"Cena de um artista pintando um selo de castidade em sua esposa", de Pierre Subleyras (1699-1749) Nas salas Hermitage do sumptuoso e belo palacete Somerset House, à beira do Tamisa, está presente uma exposição de arte com os trabalhos dos principais representantes da sensualidade e do erotismo do rococó francês. Desde cândidas representações do deus do amor até gravuras consideradas indecentes na época, a exposição explora a sensualidade que inundou a arte rococó francesa em pleno século das luzes , durante o reinado de Luis XV e do seu regente (1715-1774), quando a França se afastava das aspirações imperiais de Luis XIV para se centrar em interesses mais íntimos e aprazíveis.
O núcleo da exposição é um conjunto de gravuras eróticas francesas recentemente descobertas, que provavelmente foram coleccionadas em segredo pelo czar Nicolau I e que nunca haviam sido mostradas fora de San Petersburgo. A mostra arranca com uma sala onde se analisa a presença de Cupido na arte francesa da época, "em que era tratado desde uma dupla vertente, como um menino ingénuo e como um deus todo poderoso", explicou um dos dos comissários, Dmitri Ozerkov.
Entre as obras expostas destaca-se a escultura em mármore "O Cupido ameaçador", a representação mais célebre de Eros naqueles anos e da qual o artista francês Etienne-Maurice Falconet fez cinco versões entre 1757 e 1774, a primera delas para a Marquesa de Pompadour, favorita de Luis XV. A segunda sala reúne as chamadas "cenas de toucador" que ilustraram gravuras, objectos decorativos e novelas eróticas, populares entre as damas da época e fortemente contestadas por moralistas como Jean-Jacques Rousseau, que advertiu contra "esses perigosos livros... que podem ler-se só com uma mão". As cartas de amor, tão comuns entre os cortesãos, são o tema central da terceira sala, onde se destaca "Valmont e Emilie" (1788), que ilustra a cena do livro "As amizades perigosas" no qual Valmont escreve uma missiva utilizando o corpo de uma das suas amantes como mesa de escritório. Mas os artistas do Rococó cruzaram a linha entre o erotismo e a pornografia e a exposição reúne também obras de conteúdo claramente explícito, como duas telas, que se expõem pela primeira vez ao público, do pintor francês Pierre Subleyras (1699-1749), mais conhecido pelas suas obras religiosas. A exposição termina com uma sala dedicada ao "inevitável" triunfo do amor, segundo explica outro comissário, Satish Padiyar, com obras como "A caprichosa", de Antoine Watteau, ou "Cena pastoral" de Francois Boucher. A exposição estará patente ao público até 4 de Abril de 2007.
In "El Mundo" - Tradução e adaptação de jorgg - Publicação nº 166
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sexta-feira, 24 de novembro de 2006
A bruxa-má e a louçã moçoila
Tenho por vezes dúvidas, e algumas vezes…engano-me ! Por isso, e porque penso, hesito de vez em quando. Sou um imperfeito normal.
O que fazer, então? Arrisco…ou não? Vou arriscar. Este cartoon, ou melhor, as personagens da floresta foram por mim sugeridas ao Kaos. Não só as montou, como as ofereceu a um colega destas andanças – eu. Simpático, altruísta e solidário o Kaos. Um obrigado e um abraço públicos ! Mas haverá alguma das minhas visitas que ainda não tenha rumado ao “we have kaos in the garden”? – O link está cá há algum tempo, mais abaixo, à esquerda, mas para os distraídos, aqui fica: http://wehavekaosinthegarden.blogspot.com/ Se alguém quer rir a valer dos que se riem de nós, faça o favor de o visitar!
E passemos à história de encantar!
Num passeio pela Floresta onde já só crescem algumas oliveiras repletas de salazarinas, dei com esta cena de amor numa cabana. Uma mocinha louçã estava em vias de ser tentada pela bruxa-má com reluzente e rosada maçã envenenada, como reza a outra história. A mesma bruxa, tendo abatido a nogueira que procurava fazer sombra sobre o seu castelo, e prescindido dos serviços da sua antiga feiticeira que lhe guardava as portas e manobrava as pontes, experimentava seduzir a louçã moçoila, por certo para dela se aproveitar para dar um ar mais arejado ao castelo. A jovem pareceu-me esperta, mas a bruxa muito manhosa. E ficou por descobrir se a maçã foi aceite. Mas nestas histórias fantásticas nem sempre se conhece o fim, e portanto, deixo-vos a tarefa de a terminar e induzir a respectiva moral.
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novembro 24, 2006 -
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quinta-feira, 23 de novembro de 2006
O amor é lindo!
Na sua generalidade, os caracóis são hermafroditas e, portanto, podem acasalar com qualquer outro caracol da sua espécie, desde que este se mostre disponível! Fazem uma corte elaborada que se inicia pelo disparo de um dardo “de amor” por ambos, que os predispõe para o acasalamento! Depois de acasalarem, ambos podem pôr ovos. Escavam um buraco e enterram entre 30 a 50 ovos no chão. Estes, são redondos e possuem uma casca branca dura. Quando os ovos eclodem, os jovens caracóis já têm a respectiva concha e crescem até atingir o estado adulto. Alimentam-se principalmente de plantas, mas alguns são predadores e comem outros caracóis, também podendo comer excrementos de aves. Os caracóis rastejam, deslocam-se usando uma espécie de “pé” que lhes permite deslizar sobre um rasto de muco que segregam. Estes moluscos gastrópodes deslocam-se muito devagar, mas conseguem fixar-se e subir ou descer sempre que for necessário. O seu muco permite-lhes a deslocação, ajuda-os a fixar-se em superfícies lisas e protege-lhes a pele, sendo esta protegida por uma casca feita de cálcio, endurecida para proporcionar protecção contra a maioria dos predadores. Na extremidade dos tentáculos ficam os olhos.
Entre os caracóis e muitos dos políticos nacionais, quaisquer semelhanças só poderão ser atribuídas à imaginação do leitor.
Os caracóis são muito mais bonitos e um produto natural e respeitável em que podemos confiar.
Publicação nº 164 - jorgg
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novembro 23, 2006 -
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O Humor do Min. da Educação
Afinal, o Ministério da Educação, que tem feito do humor um dos principais pilares da sua relação com o mundo da educação, vem agora dizer-nos que estava só a brincar. A TLEBS só está em experiência. Isto depois de muitas editoras já terem adequado os seus manuais à nova terminologia, os encarregados de educação terem comprado os novos manuais, os professores terem investido esforço, tempo e dinheiro na inscrição e frequência de acções de formação, os pais terem começado a estudar de novo para poderem auxiliar os filhos. Afinal, era só a brincar. Está em experiência, em testes, no final do ano é que se vê, segundo os resultados escolares obtidos e os pareceres que o Ministério encomendou!
Segundo o DN de hoje "O Ministério da Educação promete tomar uma "decisão final e definitiva" sobre o futuro da Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário (TLEBS) quando terminar o actual ano lectivo, não excluindo para já "qualquer cenário", desde a generalização dos novos termos gramaticais ao seu abandono ou reconversão total.A garantia foi dada ao DN por Ramos André, adjunto do gabinete da ministra da Educação. Segundo explicou, a decisão depende de um conjunto de factores, desde "os resultados obtidos pelos alunos abrangidos pela TLEBS, em comparação com os restantes", ao conteúdo de "um conjunto de pareceres solicitados a especialistas pelo ministério". Este responsável adiantou ainda que, mesmo que a generalização venha a ser a opção seguida, esta só poderá ocorrer "quando os professores se sentirem preparados e seguros sobre esta opção".
Do ponto de vista dos editores, não parece haver dúvidas de que está em causa um processo irreversível: "Há quase um ano, os editores foram contactados pela Direcção-Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular (DGIDC) no sentido de incorporarem a TLBES nos manuais do 4.º e 7.º anos", disse ao DN Vasco Teixeira, presidente da Porto Editora e da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL). "Mais tarde", acrescentou, "o Ministério da Educação alertou--nos para as recomendações existentes no sentido da generalização aos 3.º, 5.º e 7.º anos. São essas recomendações que temos seguido escrupulosamente."
Depois de, em 2005/2006, ter sido testada por 90 professores de 17 escolas do País, a TLEBS está este ano a ser alvo de uma "experiência generalizada" nos 3.º, 5.º e 7.º anos. Prevê-se o seu alargamento aos 4.º, 6.º e 8.º anos em 2007/2008, chegando ao 9.º ano em 2009. Nessa altura, os alunos poderão ter questões nos exames nacionais em que a TLEBS já estará reflectida.Muitos estudantes do secundário têm recebido aulas de apoio sobre esta matéria. Mas formalmente não estão abrangidos pela experiência, já que se considera que os seus programas, em vigor desde 2003, já estão adaptados às alterações a introduzir.O processo, de forma geral, é considerado demasiado rápido por muitos. Até pela Associação de Professores de Português (APP), que tem sido a principal defensora da necessidade de reformar termos gramaticais que vigoram desde 1967, e que no seu entender não traduzem a realidade do conhecimento científico."Nós temos apoiado o Ministério da Educação nesta implementação, mas criticámos sempre a ideia de experiência generalizada", disse ao DN Paulo Feytor Pinto, presidente da APP. "Quando se testa uma nova vacina para a gripe, não se vai inocular toda a população para saber se ela é eficaz", ilustra. "E não devemos generalizar uma coisa que ainda vai ser alterada. Sobretudo porque ainda não há formação generalizada", explicou. "Há 50 mil professores por formar, metade dos quais no 1.º ciclo. Nós estamos a dar acções de formação, mas não chegamos para todos."
Afinal, era só a brincar!...
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novembro 23, 2006 -
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quarta-feira, 22 de novembro de 2006
Meia-volta de Bush ?
Former U.S. secretary of state Henry Kissinger, a frequent adviser to President Bush and Vice President Dick Cheney, has concluded that the United States must choose between stability and democracy in Iraq - and that democracy, for now, is out of reach. THE Bush administration has not been known for dramatic policy shifts, until last week. For while the US President was making tentative noises that Syria and Iran might have a role to play in salvaging something from the wreckage of Iraq, the previously unthinkable was already happening. Damascus and Tehran have been talking to senior Washington diplomats and advisers about their role in creating some kind of stability in the region. James Baker, the former Secretary of State leading a task force of Washington's "wise men" to try to find the most palatable policy options available is acting as a proxy for the administration as it tries to persuade Iran to put pressure on Shi'ites to compromise while also pressuring Syria to use its influence with the Sunni leaders of the insurgency. The US's new willingness to engage Iran was demonstrated when Baker recently had a three-hour dinner with Tehran's ambassador to the UN. ... Although the US is not officially speaking with either Damascus or Tehran, Baker's talks point the way towards a future in which it is compelled to shift direction in private, even if it continues to take a hard line publicly. Baker himself has repeatedly argued that "it is not appeasement to talk to your enemies". Even so, the remaining hawks in the administration ask what possible carrots the US can offer Syria and Iran - the world's leading state sponsor of terrorism - in return for their help in Iraq that would not themselves negate key elements of American foreign policy. (in www.news.scotsman.com de Dom. 19 Nov.) Publicação nº 162 - jorgg
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novembro 22, 2006 -
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USA - A mudança dos republicanos
Após a derrota dos republicanos nas recentes eleições americanas, Bush e Cheney apareceram de gravata azul a dar os parabéns aos democratas. Considerando quem eles elegeram esta 6ª feira para líder da minoria, John Boehner - do Ohio, as mudanças que os eleitores pediram devem ficar por aqui.
Publicação nº 161 - jorgg
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novembro 22, 2006 -
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terça-feira, 21 de novembro de 2006
Ciudad Juárez, capital da impunidade
Já se passaram 13 anos desde que foi denunciado o primeiro de uma extensa listas de assassinatos de mulheres na cidade mexicana de Ciudad Juárez e o número de vítimas continua a crescer, perante a impunidade. Ainda que se desconheça o total exacto e não haja números oficiais de mortas, as organizações civis falam de mais de 400 e de umas 4 500 desaparecidas. Oito cruzes rosa recordam outras tantas jovens encontradas num descampado deste enclave fronteiriço.
Há mortas de todas as idades e profissões, mas na maioria eram morenas, jovens, altas, magras e de cabelo comprido. Muitas trabalhavam numa das centenas de maquilas (empresas de montagem que se encarregam de parte do processo de fabrico de um produto para outra marca comercial) que alimentam a economia da cidade. Estas similitudes, ligadas ao facto de grande parte dos cadáveres aparecerem mutilados, com sinais de agressões físicas e sexuais, e alguns com um triângulo gravado na nuca, levantam todo o tipo de hipóteses sobre a origem dos crimes. Tráfico de órgãos, filmes de assassinatos em directo ("snuff movies"), narcotráfico, satanismo, prostituição e violência machista são algumas delas... Mas, o que ou quem está por detrás destas mortes? O enigma continua por resolver.
Pobreza e exclusão. Cerca de 50 000 imigrantes rumam todos os anos desde diferentes estados mexicanos até Ciudad Juárez atraídos pela oferta laboral das "maquilas" e o sonho de passar a fronteira para os Estados Unidos em busca de uma vida melhor. A maioria reside em casas de lata e papelão, dispersas pelos subúrbios periféricos carentes de serviços básicos, no meio do deserto, onde só chegam os autocarros das fábricas à procura de mão-de-obra barata. De um destes bairros infra-humanos, Lomas de Poleo, saíram um dia algumas das vítimas, e jamais voltaram. A ineficácia das autoridades mexicanas para garantir a segurança das mulheres de Juárez e resolver estes crimes levou as mães das vítimas a constituir diversas associações com um objectivo comum : que se faça justiça. Até agora, os únicos detidos têm sido falsos culpados fabricados com provas inexistentes, para calar a opinião pública e as organizações civis que apontam a Polícia e os tribunais como responsáveis pela impunidade que rodeia estes homicídios. Muitas famílias ainda não recuperaram as suas filhas, outras esperam pelos seus corpos, pendentes de que se lhes faça a prova do ADN, e a maior parte teve que suportar o modo como as autoridades têm tentado lançar poeira sobre o assunto, dizendo que as falecidas eram prostitutas ou drogadas. A pressão internacional obrigou o Governo mexicano a tomar medidas e, nos finais de 2005, criou uma comissão parlamentar especial, encarregada de investigar o que a sua presidente, a deputada Marcela Lagarde, denominou de "feminicídios": assassinatos sistemáticos de mulheres, caracterizados por uma extrema crueldade. O seu trabalho viu-se dificultado pela falta de meios, técnicos e pessoais, mas está disposta a levar o caso ao Tribunal Internacional de Haia para que estes homicídios sejam considerados crimes contra a Humanidade. A Comissão Especial de Feminicídios elaborou diversos projectos legislativos para acabar com a falta de defesa feminina. Os assassínios de Ciudad Juárez proporcionaram material suficiente para encher numerosos livros sobre o tema, fazer vários filmes e inspirar canções. Entre os livros destacam-se "Las muertas de Juárez", de Víctor Ronquillo; "Huesos en el desierto", de Sergio González Rodríguez; "Cosecha de mujeres", de Diana Washington; e "He visto al diablo de frente", de Maud Tabachnik. Dos trabalhos cinematográficos, cabe citar os documentários "Desierto de esperanza", de Cristina Michaus, e "Señorita extraviada", de Lourdes Portillo. Os feminicídios são também abordados nos filmes "La Virgen de Juárez", de Kevin James Dobson, e em "Bordertown", de Gregory Nava, protagonizado por Antonio Banderas e Jennifer López.
NEM UMA MAIS! Apesar dos cartazes com esta legenda que se vêem em algumas ruas, só em 2005 foram encontrados outros 31 cadáveres. Ciudad Juárez, tristemente famosa pelo rasto sangrento dos seus crimes, quer voltar uma página e deixar de lado o estigma que a identifica desde há mais de uma década. Este cartaz na praça central da cidade pede respeito por todas as mulheres e entoa um canto à vida. Adaptado e traduzido do espanhol por Jorge G
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novembro 21, 2006 -
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Espanha investe no Património
Catedral de Sigüenza (Guadalajara) (Foto: Marga E.)
MADRID.- El Ministerio de Cultura y la Conferencia Episcopal han firmado un convenio de colaboración por el que el Gobierno invertirá, en dos años, 9,9 millones de euros para actuar en las 43 catedrales que necesitan una intervención más prioritaria para su mantenimiento, conservación y restauración.
La ministra de Cultura, Carmen Calvo, y el presidente de la Comisión Episcopal para el Patrimonio Cultural de la Conferencia Episcopal Española, Juan José Asenjo, suscribieron en la sede del Ministerio este acuerdo que, según explicó la ministra, aumenta la dotación presupuestaria en algo más del 47% con respecto a la que ya existía.
Las primeras actuaciones que se llevarán a cabo serán las siguientes. En Andalucía: Almería (Claustro), Córdoba (Crucero y maqsura), Granada (Retablos), Jaén (Cubiertas), Málaga (cubiertas), Sevilla (Pilares) y Cádiz. En Aragón: Albarracín (Cubiertas y Paramentos), Huesca (salón Tanto Monta), Jaca (capillas), Tarazona (naves), Teruel (cubiertas), Zaragoza, El Pilar (Pinturas murales). En Baleares: en Menorca, en Ciudadela (las naves). En Canarias, en la Laguna. Y en Castilla-La Mancha, en Albacete (el interior), Cuenca (Torre linterna y Claustro), Sigüenza (claustro), Toledo (claustro).
"Me siento muy satisfecha del giro que le hemos dado al Plan Nacional de Catedrales, al darle mayor presupuesto de acuerdo con el orden de las necesidades que los propios monumentos tienen, y, sobre todo, por mandar un mensaje sencillo a los ciudadanos, y es que las catedrales están siempre garantizadas por la capacidad de entendimiento y consenso entre la Iglesia Católica y la política de Patrimonio Histórico", explicó Carmen Calvo.
in El Mundo de 21.11.2006
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novembro 21, 2006 -
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José Veiga, sim, e os outros?
"Esta investigação a José Veiga é apenas mais um episódio de putrefacção desse mundo decadente que cruza futebol, justiça e política." Eduardo Dâmaso, Diário de Notícias, 21-11-2005
Esta frase de Eduardo Dâmaso encerra aquilo que pensarão muitos dos que hoje, em todos os grandes diários do país, viram o rosto deste homem: José Veiga.
Emigrante no Luxemburgo há uns anos atrás, como tantos outros portugueses à procura de melhores condições de vida, José Veiga iniciou a sua actividade empresarial com um pequeno quiosque de jornais. Amante do futebol, conhecêmo-lo depois como chefe da casa do F.C.Porto no Grão-Ducado e, mais tarde, como empresário-FIFA, isto é, autorizado pela Federação Internacional de Futebol, tendo depositado uma avultada caução exigida pela mesma Federação para que o candidato passasse a poder colocar no seu cartão-de-visita a menção de "Agente autorizado FIFA".
Não sei como conseguiu José Veiga entrar para esse mundo. mas não fex, por certo, sozinho. Terá desde aí contado com o apoio e incentivo de alguns outros. Sei, sim, que chegou a fazer parte de um grupo, na altura ainda restrito, de empresários de futebolistas de primeira linha. Nessa condição, trabalhou com todos os grandes clubes portugueses. Criou pequenas empresas ligadas ao ramo, comprou acções em pequenos clubes como o Estoril-Praia, um outro no Brasil que servia de rampa de lançamento para os jovens que surgem aos milhares em terras brasileiras, chegou a Director no Sport Lisboa e Benfica, a convite de Luís Filipe Vieira que vinha da Direcção do Alverca.
Figura arquétipo do portuga esperto que subiu na vida, Veiga sempre nos habituou ao seu figurino-marca: fatos de bom corte, gravatas da moda e um corte de cabelo lacado que lhe dão a aparência de homem de bens mas de origens humildes e instrução primária. Há dias, a TVI estava à porta de sua casa quando as autoridades lá se deslocaram para o arresto de alguns bens. E aqui, Veiga tem razão para declarar o seu direito à indignação. Todo o ser humano, potencial criminoso que seja, tem família. E a esta assiste todo o direito de não ser arrastada na lama que os media logo tratam de divulgar, sem qualquer preocupação ética de defesa do bom nome de quem, à partida é presumido inocente. Mas o mais sério e grave de tudo isto é que o famigerado escândalo "Apito Dourado", que iria trazer a transparência ao mundo da bola, pariu um rato. Avolumam-se os processos, mudam-se os juízes, joga-se nitidamente com o tempo para que arrefeça a curiosidade e a ânsia de justiça por parte da opinião pública, e os implicados continuam por aí, nas suas costumeiras diatribes, arranjando quiçá novos amigos que os safem das embrulhadas nunca apuradas em que se atolaram até ao pescoço. A justiça e os políticos estarão isentos de graves culpas no cartório? Agora, está à frente da Liga de Futebol Profissional um antigo membro de um qualquer governo. Prometeu a definitiva limpeza do território. José Veiga foi constituído arguido de um processo de burla, após investigação iniciada, segundo consta, por acusação por carta anónima, ficando em liberdade com termo de identidade e residência, a cassação do passaporte e o pagamento de uma caução de meio milhão de euros.
Desta vez, quem se esqueceu de o avisar? - Jorge G
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novembro 21, 2006 -
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segunda-feira, 20 de novembro de 2006
Fui desafiado. Aí vou eu!
Tinha que se dar. Mais cedo ou mais tarde a minha vez estava marcada. Quem se lembrou aqui do "Sino da Aldeia" foi a Braganzónia, que se auto-define assim: "Reserva de índios situada no Parque Natural de Montesinho, rodeada pelas províncias de Trás-os-Montes [Portugal] e de Zamora [Castilla y León]. Nela sobrevivem ainda as 'Braganza Mothers' e outros nativos que ingenuamente teimam em resistir ao habitual desprezo do Poder de Lisboa."Perante tais argumentos, como poderia resistir? Como demonstrar-lhe que Bragança, aqui a casa, chega e é terra de Portugal? Embora não goste nada de "correntes", sejam de que tipo forem, esta parece-me uma brincadeira engraçada e que nos dá a conhecer uns aos outros. E como, no fundo, pertencemos a uma comunidade... Pois o desafio está aceite. Sendo obrigado, pelo regulamento, a dar conhecimento público do mesmo, aqui o têm:REGULAMENTO- Cada blogger participante tem de enunciar cinco manias suas, hábitos muito pessoais que os diferenciem do comum dos mortais. - E além de dar ao público conhecimento dessas particularidades, tem de escolher cinco outros bloggers para entrarem, igualmente, no jogo, não se esquecendo de deixar nos respectivos blogs um aviso do 'recrutamento'. - Cada participante deve reproduzir este 'Regulamento' no seu blog. Agora, AS MANIAS:1 - Quando fecho a porta da rua à chave, conto sempre até 6 porque o 6 corresponde à letra F de Felicidade. Ajuda a convercer-me de que não terei "visitas indesejadas". Maluqueiras!2 - Deixo sempre os sapatos rigorosamente alinhados, um junto do outro, como bons soldados que ficam a postos até nova batalha.3 - Descasco as maçãs e os pêssegos, mas como frequentemente as cascas em separado. Para melhor as saborear.4 - Muito à espanhola, prefiro comer a salada "de primer". Os sacrifícios primeiro, o prazer depois.5 - Gosto do 13 e detesto o 27. Ao dia 27, sem qualquer razão justificativa, rodeio-me de maiores cautelas na prevenção de acidentes. Nunca viajo de avião nesses dias.OS DESAFIADOS são:www.urzeira.blogspot.com - urzeirawww.ecosdotempo.blogs.sapo.pt - Ecos do Tempowww.a-papoila.blogspot.com- A Papoilawww.arcaz.blogspot.com - A arca velhawww.sometom.blogspot.com - Som e TomAgora...se eles aceitam ou não... Mas também vos deixo um desafio! Inverta o triângulo Mova apenas três bolas para deixar o triângulo de cabeça para baixo.
Então, fácil ou difícil?
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domingo, 19 de novembro de 2006
Brasil - As prostitutas na moda
Este artigo de que aqui transcrevo uma grande parte, e no original, veio publicado no
Le Monde de 18/11. Achei-o interessante e decidi partilhá-lo com quem me visita. Dá, pelo menos, que pensar! Resumidamente, fala-nos de uma nova realidade da sociedade brasileira, sobretudo no Rio de Janeiro. A entrada triunfante de prostitutas no mundo da moda. "Les fringues" (os trapos) são a sua nova arma na luta pelos seus direitos. Esquecidas pelos políticos, lançaram uma griffe, a Daspu (abreviatura de "das putas"), que já alcançou lugares de topo em desfiles com T-shirts, vestidos-sexy, corsários, tops, malas-de-mão, chapéus, gorros... Fora do Rio, o sucesso não tem sido menor, com pódios atingidos pela décima vez como aconteceu na recente Bienal das Artes em São Paulo. A Daspu foi criada pela Davida, uma ONG que luta pelo reconhecimento da prostituição como actividade profissional e que pretende bater-se contra as doenças sexualmente transmissíveis. Com uma estilista, que procurou inspiração nas ruas da cidade e nas praias de Copacabana, e tendo prostitutas como manequins, as suas fatiotas são femininas mas não vulgares, destinando-se a todas as mulheres. Em 6 meses a marca passou de umas quantas T-shirts de militância para uma linha de pronto-a-vestir. Em Fevereiro, a Daspu ofereceu a Mick Jagger uma T-shirt aquando de um seu concerto no Rio.
De todo o mundo afluem fotógrafos e repórteres. Em Junho, a marca já vendera mais de 5 mil T-shirts nas boutiques do Rio, São Paulo e também através da Internet. Gabriela Leite, a directora da Davida, ela própria ex-prostituta que parou a sua actividade para se dedicar à Associação, afirma que querem lutar contra os preconceitos e as descriminações contra as prostitutas e devolver a estas a confiança em si mesmas. E a verdade é que têm vindo a provocar alguns rombos nos cânones da beleza, apresentando nos palcos da moda os seus manequins de formas generosas e de várias idades. Já à venda em sete países, as T-shirts serão brevemente acompanhadas de um folheto explicativo das reivindicações da Davida. Como diz Flávio Lenz, o porta-voz da empresa, "todos nos poderão compreender pois a prostituição existe em todo o mundo." E espera que a difusão da marca leve a debates sobre a prostituição nos países onde se vendem os artigos Daspu. - Resumo e tradução: Jorge G
TEXTO ORIGINAL "Oubliées des politiques, des prostituées de Rio de Janeiro mènent campagne pour leurs droits et séduisent les Brésiliens. Leur arme : les fringues. Une pute en robe de mariée, ça interpelle. Surtout si celle-ci est faite en draps d'hôtels de passe. C'est la pièce maîtresse du prochain défilé de Daspu, une griffe de mode lancée par un groupe de prostituées cariocas en décembre 2005. Dans le cadre de la Biennale des arts à Sao Paulo, le 7 octobre, les prostituées se sont emparées des podiums pour la dixième fois. Au menu : T-shirts, robes sexy, corsaires, sacs à main et casquettes. Une nouvelle occasion pour ces filles de clamer leur message : "Putes et fières de l'être." Créée par Davida, une ONG brésilienne qui lutte pour la reconnaissance de la prostitution comme activité professionnelle et se bat contre les maladies sexuellement transmissibles, Daspu devait servir, au départ, à pallier le manque de financement de l'ONG. Mais, très vite, les médias nationaux s'intéressent au projet. L'une des raisons principales : le nom de la marque. "Daspu" - du portugais "das putas" (des putes) - est une référence à "Daslu", le temple du luxe à Sao Paulo. Pendant plusieurs semaines, la condamnation de la directrice du magasin pour fraude fiscale a fait la "une" des journaux brésiliens. La polémique profite à Daspu : séduits par ce pied de nez, les médias font de cette initiative un phénomène de société. Une publicité gratuite qui incite Gabriela Leite, la directrice de Davida, à diversifier la griffe. Elle emploie une styliste a plein temps, Rafaela Monteiro, et dix prostituées comme mannequins. Ensemble, elles décident du thème de la première collection : la route 69. Un clin d'oeil à leur client idéal, "l'homme qui passe et qui ne reste pas" : le camionneur. "Féminins mais pas vulgaires, les vêtements Daspu s'adressent à toutes les femmes", explique la styliste, qui est allée chercher son inspiration sur les plages populaires de Copacabana et dans les rues de la cité carioca. Une mode qu'elle a voulue "très brésilienne", dans les couleurs comme dans le style. En six mois, la marque passe de quelques T-shirts militants à une ligne de prêt-à-porter. Les défilés se multiplient. Les stars du show-biz, les artistes et les intellectuels viennent applaudir les filles. Un T-shirt de la griffe est même offert à Mick Jagger lors de son fameux concert à Copacabana, le 18 février. Photographes et journalistes affluent du monde entier. Daspu devient branché. En juin, la marque avait déjà vendu plus de 5 000 T-shirts dans les boutiques à la mode de Rio, de Sao Paulo mais aussi sur Internet, permettant de dégager des bénéfices. " Un succès que même le plus grand génie du marketing n'aurait pu imaginer !", s'enthousiasme Flavio Lenz, attaché de presse et mari de Gabriela Leite, la patronne de l'ONG. Les podiums deviennent tribunes. Grâce à cet engouement, les revendications de Davida gagnent en visibilité. "Nous voulons faire cesser les préjugés et les discriminations contre les prostituées en les faisant monter sur les podiums. De tous âges et avec leurs formes généreuses, elles rompent avec les canons de la beauté. C'est aussi une façon de leur redonner confiance, assure Gabriela Leite, qui a elle-même arrêté de se prostituer pour se consacrer à l'association. Beaucoup ont fait le choix de la prostitution, mais n'assument pas leur travail à cause du regard des autres." Elle espère que le succès de la marque réussira à changer le regard de la société afin que la prostitution soit encadrée juridiquement. Car, si sa pratique est légale au Brésil, elle n'est pas réglementée. "Les prostituées n'ont aucun droit : ni retraite ni couverture sociale. Pourtant, ce sont des citoyennes comme les autres. A 60 ans, certaines sont encore obligées de faire le trottoir pour assurer leur quotidien. Or la concurrence des jeunes filles est rude, et les clients se font rares." ................................................................................................................................... Pourtant, le phénomène Daspu dépasse déjà les frontières du Brésil. Avec l'espoir, pour Gabriela Leite et Flavio Lenz, d'exporter leur message. Déjà vendus dans sept pays, les T-shirts seront bientôt accompagnés d'un livret expliquant les revendications de Davida. " Tout le monde peut comprendre notre discours, car la prostitution existe dans tous les pays, confie Flavio Lenz, l'attaché de presse de l'entreprise. Nous espérons que la marque ouvrira le débat partout où nous serons vendus."
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novembro 19, 2006 -
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O gato fedorento entrevista A.J.Jardim
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Se fosse ladrão...
Lendo os títulos sobre bancos nestes dois jornais de hoje, logo me assaltou a ideia de me pôr na pele de um ladrão. Facilmente, cheguei à conclusão de que, a ser larápo, seria um larápio bonzinho. Deixava para o governo e outros maus os assaltos a velhinhos reformados, a pequenos funcionários assalariados, a solteiros, a doentes crónicos e, claro, aos funcionários públicos. Eu, ladrão com bons sentimentos, só me dedicaria a assaltos a bancos, actividade fácil, rápida e que dá milhões. E, a fazer fé na velha máxima "Ladrão que rouba ladrão...", estaria sempre de contas certas com Deus. Como deve estar um BOM LADRÃO.
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Cartoon de Domingo
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sábado, 18 de novembro de 2006
Notas nacionais da semana
1- Duas entrevistas no mesmo dia e horário, em canais diferentes, a figuras diferentes: Santana Lopes com Judite e Cavaco com MariaJoão. Previsível o convite a PSL dois ou três dias depois da saída do seu novo livro. A SIC, tentando o contra-ataque apresentou-nos um Cavaco igual a si próprio. PSL terá sido quem mais ganhou. Figura de “enfant-gaté”, hábil manipulador das palavras, dizendo o que muitos querem ouvir, lançando farpas que criam apetência pela leitura das cerca de 400 páginas do livro, PSL lucrou evidentemente com a entrevista. Cavaco, por outro lado, à conversa com uma Avilez que sempre me enjoou com aqueles ares de pretensa familiaridade com o entrevistado, como quem pretende convencer-se: “A mim vais dizer o que não dirias a outra!”, limitou-se a manifestar o seu apoio ao governo.Pouco mais. Para mim, um Presidente não tem que dizer que apoia ou desapoia um governo. Tem que observar, arbitrar imparcialmente e agir em conformidade com a Constituição da República. Para mais, nunca se lhe poderá opor declaradamente! Assim, de um lado Pedro S. Lopes, anunciando-se vítima como tanto gostam os portugueses em geral, um PSL de quem sempre se espera um golpe de asa, uma declaração mais controversa, um entrelinhas que suscite a boataria ou o mal-dizer do burgo, a imprevisibilidade que sempre cultivou e que tão bem sabe administrar em conversas com os meios de comunicação; do outro, a pose, o cinzentismo, o discurso que se prevê mais facilmente que o tempo em pleno verão ou inverno, a coerência inflexível de um pensamento económico e político que se mantem igual aos seus tempos de Primeiro-Ministro que nunca tinha dúvidas e raramente se enganava, ou vice-versa - tanto faz - , um claro “sim” a Sócrates como num casamento que se adivinhava perfeito entre a fome e a vontade de comer.
E do debate… ficou a sensação de que o primeiro lugar das audiências foi para a inefável Floribella com dois “eles”, que o povão adora porque é ainda mais sofredora e desgraçadinha do que ele próprio. Por estas e outras o português, há cerca de 70 a 80% de iliteracia no país, gagueja quando chamado a dar a sua opinião sobre temas sérios da sociedade e faz as tristes figuras que o concurso apresentado pelo Malato põe a descoberto. Quem conhece bem este povo é o meu antigo colega de curso e amigo, o José Eduardo Moniz. Não é a ele que compete dar instrução aos portugueses. Apenas dirige uma estação televisiva comercial.
2- O livro de Pedro Santana Lopes, “Percepções e Realidade”, chegou às bancas. Lá se poderão encontrar vingançazinhas e denúncias que farão as delícias de muitos e as picadas nas costas ou nos estômagos de outros. Por lá encontramos os “fait-divers” de que as comadres de aldeia sempre adoraram, contando coisas do pároco que mais ninguém sabia, garantiam. Que Durão sempre pensara em “bater a asa” ou, como bom cherne, mudar de águas; que Cavaco mandava vir sandes de fiambre e queijo que roía enquanto, de lápis e borracha, ia riscando aqui e apagando ali os discursos que preparava; que Pedro via Paulo Portas parecido com Salazar, numa cadeirinha com uma pequena mesa ao lado, bronzeando-se ao sol virado para o mar em São Julião da Barra, antes do almoço ou do jantar. O livro trata de acertos com a História ou acertos de contas? Mais uma opção para pôr no sapatinho, neste Natal que se avizinha. Para a engorda das inúmeras estantes cheias de livros vazios.- Jorge G
Publicação nº 152 - jorgg 18.11.2006 >
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quinta-feira, 16 de novembro de 2006
Os lémures - nossos parentes próximos
Chama-se "microcebus lehilahytsara" e é um lémur que cabe na palma da mão, encontrado em Madagáscar. O nome do pequeno primata, que no dialecto local significa «homem bom», é uma homenagem ao biólogo Steve Goodman, investigador do Field Museum de Chicago que se dedica, há 17 anos, ao estudo dos animais que habitam as florestas desta ilha africana. Curiosamente, o pequeno animal foi descoberto em Andasibe, uma área florestal protegida, muito frequentada por turistas e investigadores. Inicialmente, os especialistas julgaram tratar-se de uma espécie já conhecida. Só depois de analisarem o seu ADN perceberam a importância da sua descoberta. O «microcebus lehilahytsara» é um animal nocturno bastante irrequieto que passa as noites a saltitar, explicou Steve Goodman ao «Chicago Sun-Times». Apesar disso, este é um animal madrugador, revelou o biólogo. Para recuperar forças, o pequeno primata alimenta-se sobretudo de insectos e descansa num ninho que constrói no topo das árvores.
Ainda a propósito destes simpáticos animaizinhos, de hábitos nocturnos e que tendem a depender mais de pistas auditivas e olfactivas do que visuais para se reconhecerem uns aos outros, outros investigadores descobriram que os lémures que se pensava pertencerem a espécies diferentes por causa das variadas cores das suas pelagens, não são apenas geneticamente semelhantes mas pertencem à mesma espécie. Historicamente, a classificação das espécies tem-se baseado na comparação de de características físicas visíveis das plantas e dos animais. Os investigadores testaram a relação genética de 70 lémures que se cria serem de três espécies diferentes e que tinham três cores de pelo e vivido em variados tipos de locais da floresta no sul de Madagáscar Surpreendentemente, descobriu-se que apesar de visualmente diferentes, não diferiam do ponto de vista genético. Todos pertenciam à mesma espécie previamente identificada, a Microcebus griseorufus. Mas os biólogos investigadores ainda mostraram que os lémures com cada uma das três diferentes cores de pelo se podiam encontrar, em proporções similares, nas três localidades geográficas.
A equipa de primatólogos alemães descobriu ainda outra espécie de lémur gigante (mede cerca de 18 cm e tem uma cauda comprida) que se denomina "Mirza zaza".A expressão significa "criança" no dialecto local e foi escolhida por estes serem mais pequenos do que outros espécimes já conhecidos (os "Mirza coquereli"). "Este nome é ainda dedicado às crianças de Madagáscar, para lhes lembrar que têm a responsabilidade de conservar a biodiversidade desta ilha para as gerações futuras", acrescentaram ainda os investigadores. Com estas descobertas eleva-se para 49 o número de espécies de lémures conhecidas. Tidos como os primatas mais ameaçados do mundo, estes animais vivem exclusivamente em Madagáscar e nas ilhas Comoros. Os lémures distinguem-se pelos olhos "esbugalhados", nariz pontiagudo e por terem uma cauda longa. A sua dimensão é muito variável: consoante as espécies, podem ter desde o tamanho de um rato até ao de um gato doméstico. Bem simpáticos estes nossos primos!
Tradução e adaptação do Inglês por jorgg
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novembro 16, 2006 -
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quarta-feira, 15 de novembro de 2006
THE CHILDREN'S REVOLUTION
Jerusalem School Brings Together Jews and Arabs
By Sascha Zastiral
A school project in Jerusalem aims to quietly revolutionize the country. Jewish and Arab children sit in the same classrooms and are taught by teachers from both communities. The most important lesson they learn is empathy for one another. Every morning parents bring their children to school through a guarded gate at the Yad BeYad ("Hand-in-Hand") School in Jerusalem. A dozen children, including two girls, play football on the playground. A boy with a brown ponytail calls out in Hebrew: "Here, kick it to me!" He gets the ball, dribbles it past a boy from the other team, shoots a goal and yells in Arabic: "Goal!" A few children are already sitting at hexagonal tables in a classroom in the school's basement. A woman wearing a turquoise headscarf waves goodbye to her son. The class clowns sit in the back. The school in Jerusalem's Katamon neighborhood is a highly unusual place. That's because it serves both Arab and Jewish students, and lessons are conducted in Hebrew and Arabic. Anywhere else in the world, such a project wouldn't warrant much more than a passing mention. But in a region marred by hatred, war and violence, it borders on the revolutionary. The 375 pupils come from East and West Jerusalem, and some are even from the West Bank. The youngest attend the attached kindergarten and the eldest are in the eighth grade. The first grade's lesson plan includes reading, writing and the holy days of Judaism, Christianity and Islam. But the underlying, spiritual lesson plan at the "Hand-in-Hand" school focuses on one subject, and that is for its students to learn how to empathize with one another. Hand-in-Hand School principals Dalia Perez and Alla Chatib. Chatib believes the bilingual school can teach Jewish and Arab children to better understand each other."There is more than one truth," he says.
First-grade teacher Jaffa Shira Grossberg, 37, greets her pupils in Hebrew. Balsan Asallah, 22, an Arab from northern Israel, is the second teacher in the class. She translates everything Grossberg says. As soon as the children acquire a reasonable understanding of both languages, the two teachers will take turns teaching the class. Asallah, a young Palestinian, seems nervous. This is her first teaching job and her first class. The telephone is ringing off the hook in Ala Chatib's small office. He and Dalia Perez, who sits next to him, are the school's co-principals. Perez? "Yes, my brother is the defense minister, Amir Perez," she says. The room is silent for a moment. She heads a Jewish-Arab school and her brother was in charge of the military campaign against the Hezbollah. How do these two sets of circumstances fit together? "The situation with Lebanon was something the government had to do at the time," she says. "But I don't think it's the right way to bring peace to the region." Her brother, she says, also happens to be a major supporter of the school, and he too believes in dialogue. "The children at this school have a different way of thinking about the conflict," says Chatib. "There is more than only one truth. That's what they learn here, with each other and from each other." Each class is taught by two teachers, one Jewish and one Arab. "If two teachers from different cultures can get along," Perez says, "they can serve as role models for the children." ................................................................................................................................................................... The school day is already underway. The first grade's first lesson is over. Jaffa Shira Grossberg and her co-teacher Balsan Asallah are sorting through colorful drawings covered with Hebrew and Arab letters. Grossberg is pleased with the day so far. The small revolution continues. For further reading click at: http://www.spiegel.de/international/spiegel/0,1518,448510,00.html Fonte: Spiegel - Publicação nº 150 - jorgg
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novembro 15, 2006 -
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segunda-feira, 13 de novembro de 2006
Alegre e os violinistas
OS VIOLINISTAS DA NAÇÃO
Manuel Alegre nunca terá sido levado muito a sério, dentro e fora do partido onde sempre militou. Pertencendo à quase extinta raça daqueles para quem o socialismo democrático é uma atitude na vida antes de uma ideologia, Alegre sempre foi visto como um poeta visionário, meio na terra e meio no mundo delirante dos poetas. As suas intervenções político-partidárias, pouco frequentes, sempre se pautaram pelo rigor à filosofia que esteve na génese da formação do PS: a da liberdade com responsabilidade. Alegre sempre percebeu que o povo não é estúpido. Pode ser iletrado, inexperiente na análise das decisões políticas e das intenções dos políticos, mas não completamente destituído de raciocínio. Candidatou-se às últimas eleições para mostrar a Mário Soares que este não era o soba da aldeia. Sabendo que não ia ganhar, fez da sua campanha uma batalha pela verdade e ajudou a derrubar mitos e salvadores da pátria. Ainda agora, dentro do partido do poder, Alegre mantem-se fiel à sua posição de sempre, a defesa dos valores em que acredita. E fá-lo por dentro, não foge, não abandona o campo de batalha. Neste XV congresso do PS, mais uma vez, deixou vincada a sua visão do partido e da sociedade em que vive. De forma lúcida e serena, sem poéticas teses, com a verdade que lhe adentra os olhos e não lhe tolhe o raciocínio.
Músico de aldeia, habituado a tocar o rude bombo, Socrates, O José pretendeu aliciá-lo com música de violino em ambiente de festa. Pretendia, assim, colocá-lo mais perto do seu controlo, pondo-lhe amarras na voz. O convite para que Alegre passasse a integrar os órgãos nacionais do partido foi, naturalmente, recusado pelo velho militante. Por escrito. Como Sócrates nem sequer merece. "As grandes manifestações só acontecem quando as pessoas estão zangadas", afirmou Alegre no congresso. Terá sido mais um serviço que prestou ao seu partido. E, "em nome da coerência", recusou o convite para a sua morte política.
Ao invés, o actual Primeiro-Ministro, envergando um traje e uma postura blasés, continua a portar-se mal, desprezando os avisos que tantos lhe têm feito chegar e respondendo com arrogante sorriso nos lábios a quem o questiona. A maioria parlamentar de que dispõe tem-lhe permitido fazer o que quer. Reforma sem dar cavaco; afronta aqueles que deveria ter como seus melhores aliados - os funcionários públicos; rodeia-se de bajuladores e homens-de-mão; mantem à frente de ministérios extremamente importantes como o da educação, pessoas que lhe fazem "o trabalho sujo", arrostando elas com o ódio crescente de quem se sente enganado e maltratado; segue na Europa como ovelha dócil do rebanho; permite que um ministro declare publicamente o seu apoio ao ideal de uma Ibéria unida...
Mas não conseguiu dobrar a cerviz a um democrata dos verdadeiros.
Como cidadão português, aqui deixo o meu obrigado a Manuel Alegre e aos poucos que, com ele, prosseguem na batalha pela verdade e pela liberdade. - Jorge P. G. 13.11.2006
Neste quadro de humor sério , Manuel Alegre, qual viúva saudosa de seu ente querido, chora a desdita de um PS perdido.
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novembro 13, 2006 -
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