terça-feira, 31 de outubro de 2006
As cores e os tempos
Curiosamente, este vermelho, hoje muito usado em certos fabricantes de automóveis, tem o nome de "rouge babylone"
Papa Julius II -1510Há uma frase atribuída a Lutero que procurarei desenvolver. “La rouge prostituée de Babylone”, o que quer ele dizer ? A quem ou a quê se refere?
De acordo com o autor fundamentalista Dave Hunt, na sua obra de 1994 «A woman rides the beast » a Prostituée é “uma cidade erigida sobre 7 colinas”, que ele identifica como sendo as 7 colinas da antiga Roma. O seu argumento baseia-se no Apocalipse 17:9, que diz que a mulher está sentada sobre 7 montanhas. Também baseado no Apocalipse 17:5. «Sur son front était écrit un nom au sens secret: «La grande Babylone, la mère des prostituées et des abominations du monde »
O vermelho, que não era a cor dominante na Igreja, mas sim o branco, é associado por Hunt aos bispos e cardeais católicos de Roma. Babilónia, a Grande, seria assim a mãe dos impudicos e das abominações da terra.
Sendo muito discutíveis estas teses, a verdade é que entendo que Lutero se queria referir claramente ao Papado de Roma quando fala da Prostituta vermelha da Babilónia.
E aqui, entronca outro assunto muito curioso e que tem a ver com a simbologia das cores. Reparemos: Para os protestantes o vermelho é imoral pois é a cor do vestido da prostituta da Babilónia.
Desde os blue jeans aos capacetes azuis da ONU, o azul é a cor preferida dos ocidentais desde o início do séc.XX. Mal vista à partida, esta cor não figurava entre as habituais da cultura europeia. Em contraste com o vermelho, o branco ou o preto, as três cores de base de todas as sociedades antigas, a sua dimensão simbólica era demasiado fraca para significar ou transmitir ideias, para auxiliar a classificar, associar, opor-se, hierarquizar. Os sábios interrogaram-se seriamente se os gregos seriam capazes de ver o azul, de tal modo eram raras e confusas as referências a esta cor na sua cultura. Os romanos recusavam vestir-se de azul, que era para eles a cor dos bárbaros. Ter os olhos azuis passava por ser uma desgraça física e o sinal firme de um temperamento volátil entre as mulheres. As cores da liturgia católica passaram sem o azul. Nos finais do séc.XII, o azul começa então a sua "revolução" , surgindo nos vitrais, na pintura, e na tintura dos tecidos. Está, assim, disponível quando se instala o culto de Maria, vestida de azul. A devoção a Maria vai conhecer um extraordinário desenvolvimento. Louis IX - Saint Louis - é o primeiro Rei de França a usar regularmente o azul. Na segunda metade do séc. XIII, os primeiros chevaliers bleus surgem na Literatura. O azul, a cor de Maria, e cor real, torna-se também, ao cabo de séculos, uma cor moral. Deve ser dito que a sociedade e a Igreja têm um problema com o vermelho, cor desde sempre associada ao poder e à glória, e à vaidade. Nos meios da nobreza e entre os patrícios, as despesas ligadas ao vestuário e aos seus acessórios atingem um exagero que raia, por vezes, a loucura. Os bons tintos são raros e caros, assim como os próprios tecidos. Logo a seguir à Grande Peste, a economia necessitava de investimentos úteis e recordemo-nos que havia uma tradição cristã de modéstia e de virtude. Contudo o sumptuário e as modas no vestuário sobreviveriam até meados do séc.XVIII. Pouco importando porquê, usar-se-á o preto. O dos pobres torna-se o preto dos ricos e dos príncipes. Nas pisadas deste exercício de virtude, o cinzento faz a sua aparição como cor elegante e o azul generaliza-se.
218º Papa - Leão X - Pontificado: 9 de Março de 1513 a 1 de Dezembro de 1521
A Reforma tinha aversão às cores. Lutero vê no vermelho uma abominação, o emblema da Roma papista, colorida como a grande prostituta da Babilónia. O azul, por outro lado, é considerado com benevolência. Mas o preto é a própria expressão da virtude.
Continuando a sua ascensão, por volta de 1740, o azul é uma das três cores mais usadas no vestuário europeu, juntamente com o cinzento e o preto. O azul passa para o outro lado do Atlântico com Levi Strauss, um pequeno vendedor ambulante judeu, originário da Baviera, que não sabia muito bem como vender as suas telas de pano aos pesquisadores de ouro da Califórnia. Então, decide fabricar calças, os jeans, tradução fonética do termo italo-inglês genoese, que significa simplesmente "de Génova", local de onde vinham os seus tecidos. O azul tingido de indigo viria mais tarde, com o algodão denim. Mais ou menos na mesma altura, a América inventava os blues – contracção de blue devils – uma música melancólica das horas "blue" , associação ou jogo de palavras que se pode encontrar em diversas culturas, nomeadamente no romantismo alemão, mas também na poesia medieval francesa que jogava com as palavras melancolia e ancólia, uma pequena flor azul.
Publicação nº 128 - Texto traduzido e adaptado por Jorgg
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outubro 31, 2006 -
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segunda-feira, 30 de outubro de 2006
31 de Outubro de 1517 - As 95 teses de Lutero
Antecipando-me ao último dia de Outubro cerca de 30 minutos, publico desde já um acontecimento importante passado em 1517, no mesmo dia 31 de Outubro. Longe de constituir qualquer trabalho aturado e completo sobre o tema, este apontamento pretende ser uma efeméride e um avivar de memórias para um facto e uma figura que marcaram a História. Deixo-o ipsis verbis.
"Le 31 octobre 1517, un moine affiche sur la porte de l'église de Wittenberg (Saxe) 95 thèses où il dénonce les scandales de l'Église de son temps. Sans s'en douter, Martin Luther jette ainsi les bases d'une nouvelle religion chrétienne, le protestantisme.
Un moine inquiet
Martin Luther, né 34 ans plus tôt, s'est très tôt interrogé sur les moyens d'accéder à la vie éternelle. Ses réflexions l'ont conduit à dénoncer la hiérarchie catholique de son temps, dédaigneuse du message de l'Évangile. Le premier des scandales que dénonce Luther dans ses 95 thèses est l'abus qui est fait des indulgences. Il s'agit des aumônes que le clergé récolte contre la promesse d'un allègement des peines qui attendent les pécheurs au Purgatoire, antichambre du Paradis.
Naissance d'une nouvelle religion
Les 95 thèses affichées à Wittenberg ont un profond retentissement en Allemagne. Mais le Saint-Siège et les princes allemands tardent à les condamner. De son côté, Martin Luther ne tarde pas à entrer résolument en dissidence contre Rome qu'il présente comme la "rouge prostituée de Babylone". Il dénie à l'Église le pouvoir d'effacer les peines dans l'au-delà et formule une doctrine de la grâce divine en rupture avec la pratique catholique. Considérant que les chrétiens n'ont pas besoin d'intermédiation pour aimer Dieu, il condamne la fonction cléricale et la vie monastique. Des pasteurs mariés suffisent pour guider le peuple dans la lecture des Saintes Écritures. Les idées de Luther se répandent comme une traînée de poudre en Allemagne. Les prêtres se marient, les moines et les religieuses abandonnent leur couvent... Le prédicateur prend les choses en main et organise la nouvelle religion. Tandis que l'Europe centrale se déchire entre catholiques et protestants, l'homme qui est cause de tout cela finit sa vie paisiblement en 1546 à Eisleben, sa ville natale."
Publicação nº 127 - Jorgg
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outubro 30, 2006 -
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“Os homens preferem as loiras” (?)
Confesso que não vi, na totalidade, o novo programa da RTP-1 para o qual vos alertei aqui mesmo, na passada semana. Com a mudança da hora, aconteceu-me que à meia-noite estava a ser transmitido um filme. Esperei mais uns minutos e continuava o filme. Pensei que, mais uma vez, o prometido não iria ser cumprido. Afinal, o que aconteceu foi que não tinha dado pela mudança da hora – imagine-se! Decorrera todo o Domingo e eu a andar adiantado, sem dar por isso!
Mas lá vi uma parte do programa! Na confortável sala da residência da escritora, as duas mulheres discutiam sobre o aforismo “Os homens preferem as loiras”. Explicava Agustina que o aforismo resulta de um pensamento inicialmente individual, sem comprovação científica, que se vai tonando num pensamento colectivo, ao adquirir uma expressão à escala de um povo ou de uma região. Foi, pelo menos, o que entendi das suas palavras cruzadas e pouco claras para o definir. Talvez a culpa seja minha, não sei. O provérbio é, antes, algo mais elaborado e que requer comprovação histórica e científica, ainda de acordo com o que julguei perceber. Partiram depois, num salto, para a frase aforística “Os homens preferem as loiras”. Maria João Seixas perguntou, então, qual terá sido a razão da frase ter nascido. Para Agustina Bessa-Luís, os soldados romanos terão ficado impressionados com as mulheres selvagens que terão visto ao entrarem na Britânia e que eram todas loiras. “Isto é fruto do que gosto de imaginar”, acrescentou. E mais disse: “ Os romanos, colonizadores do ocidente europeu, foram os mentores do pensamento ocidental.” (E os pensadores gregos, a cultura grega, D. Agustina?!) Maria João Seixas disparou o contra-ataque. (Lembremo-nos de que o programa teve por ideia-base um combate de boxe entre duas mulheres, como dissera M. J. Seixas numa antevisão ao “Ela por Ela”.) Assim, Maria João resolveu lançar para o ar que, para ela, a explicação estaria em Helena de Tróia, símbolo da beleza. Mas teve o cuidado de referir que era a sua imaginação a funcionar. Amofinou-se a escritora, perguntando-lhe se tinha alguma base histórica que sustentasse tal teoria. É que a dela, sim, "sabe-se e está comprovado que as mulheres da Britânia eram todas loiras e belas!" E pouco depois soou o “gong” para o final deste 1º assalto. Recolheram as contendoras aos seus cantos, enquanto a câmara de Fernando Lopes se aproximava muito devagar de uma janela na qual passavam os nomes dos técnicos intervenientes ao som de música clássica. Sinceramente vos digo que fiquei desiludido com o que vi. Alguém terá ficado a saber distinguir "aforismos" de "provérbios"? Não haveria exemplo mais interessante para explorar do que o escolhido? O programa destina-se essencialmente a quem? Aos que sabem distinguir aforismos de provérbios, ou ao povo que se quer informar e pretende saber o que não sabe?! Em resumo: Falta de dinâmica, tema mal preparado, pouca abertura ao diálogo por parte de Agustina apesar dos esforços de Maria João Seixas, e sobretudo um discurso hermético tão próprio da escritora e que não se adequa a um programa que se pretende vivo e esclarecedor sobre o tema anunciado “Aforismos e Provérbios”. Um mau serviço à arte de comunicar é a classificação que encontro para a prestação de Agustina Bessa-Luís. Maria João Seixas fez o que pôde e louvo-lhe a postura não-reverencial perante a velha dama do Porto. Assim justificou, no mínimo, um "soft" combate de boxe. Pequena nota: Sempre preferi as morenas.Têm mais sal do mar! - Jorgg
Publicação nº 126 - Jorgg
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outubro 30, 2006 -
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domingo, 29 de outubro de 2006
Sunday cartoon - The UN, Sudan and the Unicef - O Cartoon de Domingo
O cartoon deste Domingo data de Novembro de 2004 e retrata bem o papel das Nações Unidas no genocídio do Sudão. Com 72% da sua população activa dedicada à agricultura, a antiga Núbia - "O País do Ouro" - é hoje arrasado por uma guerra que dura há 46 anos. O actual conflito do Darfur, região a oeste do país, teve início em Fevereiro de 2003, quando um grupo rebelde não-árabe pegou em armas para lutar por mais poder e recursos, tendo o governo, muçulmano, respondido com o apoio a milícias árabes que expulsaram milhões de aldeões dos seus lares.
Estamos em 2006 e, em Setembro, a Unicef destribuiu este comunicado à imprensa :
DECLARAÇÃO DA DIRECTORA EXECUTIVA DA UNICEF ANN M. VENEMAN SOBRE O AGRAVAMENTO DA SITUAÇÃO EM DARFUR NOVA IORQUE, 15 de Setembro de 2006 – "As crianças continuam a ser vítimas da matança que continua em Darfur. Estima-se que mais de 400.000 pessoas já perderam a vida neste conflito. Cerca de 1,9 milhões de pessoas foram deslocadas e quase 3 milhões de pessoas dependem da ajuda internacional para a alimentação, o abrigo e os cuidados básicos de saúde. A violência tem tornado extremamente difícil a tarefa do pessoal de ajuda humanitária para responder com a assistência necessária. A má nutrição aguda já atingiu os 27 por cento nalgumas regiões do Darfur, a prestação de cuidados de saúde está a falhar e a escolarização das crianças tem vindo a baixar. A violência sexual contra as mulheres e as crianças está generalizada e as pessoas anseiam por um lugar onde possam sentir-se seguras. O mundo não pode e não deve permitir que esta perda de vidas inaceitável continue. Apelamos a todas as partes envolvidas para que cessem o conflito e salvaguardem a protecção das famílias e das crianças."
Para mais informações, é favor contactar: Gordon Weiss, UNICEF Media, tel: 212 326 7426, e-mail: gweiss@unicef.org Edward Carwardine, UNICEF Sudão, tel: +249 183 471835, e-mail: ecarwardine@unicef.org A UNICEF é, há 60 anos, a principal organização mundial que se dedica à infância no mundo, trabalhando no terreno em156 países e territórios para ajudar as crianças a sobreviver e a desenvolver-se, desde os primeiros anos de vida e aolongo da adolescência. A UNICEF, que é o maior fornecedor de vacinas dos países em desenvolvimento, apoia a saúde e nutrição infantil, o acesso a água potável e saneamento, uma educação básica de qualidade para todos, rapazes eraparigas, e a protecção das crianças contra a violência, a exploração e a SIDA. A UNICEF é inteiramente financiada por contribuições voluntárias de particulares, empresas, fundações e governos.
UM POUCO DO SUDÃO E DA SUA HISTÓRIA
"Sendo o maior país da África, o Sudão ( de nome oficial Al-Jumhuriyat as-Sudan ) situa-se no centro-leste do Continente, tem como capital Cartum (Khartoum), fundada em 1824 pelo Vice-rei egípcio Muhammed Ali e está em guerra civil há mais de vinte anos. Segundo dados de 2004 a população era de 39,47 milhões de habitantes, calculando-se que cerca de 40% abaixo dos 15 anos. O conflito entre o governo muçulmano e guerrilheiros cristãos e animistas, baseados no sul do território, revela as realidades culturais opostas da nação. A guerra e prolongados períodos de seca já deixaram um milhão e meio de mortos. Os desertos da Núbia e da Líbia e o clima árido predominam no norte, enquanto o sul está coberto por savanas e florestas tropicais. A bacia do rio Nilo, que atravessa o território, é fonte de energia elétrica e de irrigação para as plantações de algodão, principal produto de exportação, ao lado da goma-arábica. A maioria da população vive da agricultura de subsistência e da pecuária. A introdução da Sharia, a lei islâmica, causou a fuga de mais de 350 mil sudaneses para países vizinhos. Entre outras medidas, a lei determina a proibição de bebidas alcoólicas e punições por enforcamento ou mutilação. Conhecido na Antiguidade como Núbia, o Sudão é incorporado no mundo árabe na expansão islâmica do século VII. O sul escapa ao controlo muçulmano e sofre incursões de caçadores de escravos. Entre 1820 e 1822, é conquistado e unificado pelo Egipto e posteriormente entra na esfera de influência do Reino Unido. Em 1881 eclode uma revolta nacionalista chefiada por Muhammad Ahmed bin' Abd Allah, líder religioso conhecido como Mahdi, que expulsa os ingleses em 1885. Logo depois, morre, e os britânicos retomam o Sudão em 1898. No ano seguinte, a nação é submetida ao domínio egípcio-britânico. Obtem autonomia limitada em 1953 e a independência em 1956." (Dados obtidos em "tenda árabe" e noutros sites da Internet, posteriormente compilados e adaptados por mim)
A seguir, e como mera curiosidade, deixo-vos uma foto de mulheres núbias e de selos de 1967 com o animal talvez mais representativo da fauna do país - a girafa.
Publicação nº124 - Jorgg
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outubro 29, 2006 -
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sábado, 28 de outubro de 2006
A maravilha do Mirandês
Barba sin tiempo
Habie un rapaç que yá muito tiempo que namoraba cula moça i treminou a pedir-se-la al pai. L pai de la moça quando l biu dixo-le: - Nin penses an casar-te cula mie filha. Purmeiro arranja barba i apuis ben a falar cumigo. L rapaç alhá se fui mui triste pus inda nun tenie barba. Anton agarrou un xeixo dua ribeira i passaba ls dies a sgodar la cara cul xeixo a ber se le salie la barba. Tanto sgodou, tanto sgodou, que alhá le saliu la barba. Fui-se anton outra beç a tener cul pai de la moça, que le dixo: - Cumo yá tenes barba, yá te puodes casar cula mie filha. Eilhes alhá se casórun. Mas nun tenien nada i nin un nin outro ganhaba. Naqueilha casa nun habie nada de comer nin de buer. Por esso passában ls dies mui tristes. I dezie l rapaç: - Nuites alegres, manhanas tristes, barba sin tiempo pa que nacistes.
Autor: Carlos Ferreira Publicação nº 123 - recolha de JorgG
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outubro 28, 2006 -
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A Língua Portuguesa
Este anúncio da Worten desconhece que o sistema numérico português dispensa pontos e vírgulas em números inteiros. Assim, anuncia que um seu artigo custa 1 euro e 9 cêntimos quando queria dizer 1099 euros ! Uma Língua não é estática. Ela evolui, cresce, incorpora novos vocábulos e conceitos de correcção gramatical. Se assim não fosse, em Inglaterra continuaríamos a falar e a escrever como o fazia Shakespeare e por cá, o Português seiscentista de D. Francisco Manuel de Melo, por exemplo, ainda seria o Português norma-padrão. A nossa língua desenvolveu-se, como outras, no contacto com outros falantes para além dos europeus e assim se foi enriquecendo. Quero com isto dizer, e sem entrar em complicados conceitos linguísticos que a maioria dos leitores não entenderia por falta de formação académica nessa matéria específica,que não sou um purista da língua. Não defendo um Português único, normativo e espartilho da sua própria evolução. Quando me refiro à premência da defesa da Língua Portuguesa, que tento aplicar ao que publico, estou a procurar fazer uma chamada de atenção para o despudor com que esta vem sendo tratada nos órgãos de comunicação, sobretudo, pois são estes poderosos meios que podem verdadeiramente influenciar para o bem ou o mal falar e escrever. Os brasileirismos semânticos, a grafia de cá ou a de lá, são quanto a mim bem menos importantes no momento. De resto, sempre houve grandes escritores do Brasil escrevendo de acordo com a sua norma, que não a norma-padrão, e não foi por isso que alguma vez se considerou que escreviam em mau português.
O que arrepia são os diários atropelos à essência da língua. Os claros erros de concordância entre Sujeito e Predicado, a regência das preposições, o claro adulterar semântico de vocábulos, o falar e o escrever que não constituem desvios à norma, antes são atentados à mesma. Aqui, no Brasil, em Cabo Verde, ou em Macau.
E por isso são úteis todos os programas que as TVs, sobretudo a pública, decidam pôr no ar, ainda que com o tradicional atraso em que somos viciados. Tratar bem a língua é o dever de qualquer falante nativo, é a defesa do melhor património de um povo. Claro está que, sendo o Português tão rico e difícil, não se pode esperar que não se cometam erros. Mas... há "calinadas" ...e calinadas! Atentemos nas seguintes:
a) «Quando a gente confia, arrependemo-nos quase sempre», escreveu Joaquim Letria, na sua coluna diária do jornal “24 Horas” de 24 de Outubro p.p. Com o termo "a gente", os verbos dependentes (“confiar” e “arrepender-se”) têm de ir para a 3.ª pessoa do singular: «Quando a gente confia, arrepende-se quase sempre»” Se se quiser subentender o sujeito “nós”, então, ambos os verbos deverão ir para a 1.ª pessoa do plural: «Quando confiamos, arrependemo-nos quase sempre.»
b) Judite de Sousa, Telejornal RTP-1, 22 de Outubro., sobre o mau tempo em Portugal: «O Porto é um dos onze distritos que está em alerta laranja». O verbo deveria ter ido para o plural («O Porto é um dos onze distritos que estão em alerta laranja»), pois a expressão «um dos» + substantivo + que leva o verbo para o plural. No caso, o sujeito de «estar em alerta» são os onze distritos: há onze distritos que estão em alerta e o Porto é um deles.
c) Frase do jornalista e crítico de televisão, Miguel Gaspar, indagado no programa " A Voz do Cidadão" na RTP-1, no passado dia 21 de Outubro: «(O programa "Prós e Contras") em princípio, é suposto apresentar dois pontos de vista; portanto, os painéis são representativos de posições diferentes». Está a ser bastante utilizada a construção " é suposto" + infinitivo. Trata-se de um modismo, uma adopção do inglês, que deverá ser evitada, pois colide com a nossa construção sintáctica. Efectivamente, não se deverá dizer que «o programa é suposto apresentar», porque «o programa» não é o sujeito; o sujeito aqui é indeterminado: «(…) pressupõe-se que o programa apresente dois pontos de vista». Em português, poderá, assim, dizer-se – em vez de “é suposto” – «pressupõe-se que»; «espera-se que»; «é desejável que»; «pensa-se que»; «considera-se que»; «tem-se como princípio que»…
Estas são apenas amostras recolhidas no site "Ciberdúvidas da Língua Portuguesa", dos grandes erros, que diariamente lemos e ouvimos, não o "ato" por "acto" ou o "vou xingar você" que são modismos brasileiros e como tal devem ser entendidos, embora tenhamos o dever de não os copiar, tal como os ingleses não usam expressões ou grafias americanas.
Publicação nº 122 - JorgeG
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outubro 28, 2006 -
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sexta-feira, 27 de outubro de 2006
Nem tudo o que lês é ouro! (Republic.de 21 de Maio de 2006)
Ao ler jornais, ao ouvir certos comentadeiros das nossas TVs( deixo aos leitores a tarefa de encontrar exemplos), lembrei-me de um artigo publicado no extinto "Os Bigodes do Gato 1", que republico pois houve muita gente que não leu.(O artigo teve, então, dois comentários) Para quem não domine bem o Inglês, passo a traduzir:"Burro - Um pequeno asno.Gosta dos climas quentes do sudoeste. Os burros são muito engraçados mas podem ser muito casmurros."Há muitos e bons anos, no tempo em que os rapazes usavam longas cabeleiras com as quais procuravam conquistar as moçoilas que esvoaçavam em bando, perfumadas e alegres, à saída dos colégios e Liceus, li um livrinho cujo título era : “ O reino da estupidez” ( col. ‘O tempo e o modo’ da Livraria Morais Editora da Rua da Assunção,Lisboa) Esse pequeno exemplar do pensamento do mais americanizado escritor / ensaísta /pensador português que conheci, Jorge de Sena, é uma colectânea de textos que, à altura, o autor publicava no defunto “Diário de Lisboa”, no qual comecei a fazer muito cedo as “Palavras Cruzadas” sem quadradinhos pretos, que faziam as minhas delícias e uma cara desconsolada ao meu pai. Desse livro de Sena, provavelmente o mais pequeno em volume e importância literária de toda a sua extensa obra, fixei uma frase : “Cultura é coragem de pensar e sentido das responsabilidades quanto ao que se pensou.”Assim dita, a frase será bonita, está bem construída, vem de um intelectual consagrado, tem peso e medida adequados para se usar como citação. Pode, contudo, ser uma bomba de relógio. Na época, a edição que possuo data de 1961, Portugal era necessariamente um país diferente. As taxas de analfabetismo e de iliteracismo rondavam números que me abstenho, por pudor, de revelar. Era um país de tamancos. Cultura, havia a popular que nem sabia que o era e havia mais duas formas assim ao de leve definidas : a cultura dos pensadores corajosos e responsáveis, como Jorge de Sena, muitos deles frequentadores assíduos das cadeias nacionais, e havia a outra cultura, assim designada pelos seus praticantes, os que nada sabiam mas tudo julgavam saber. Era esta, naturalmente, a forma de “cultura”que mais gente possuía. Fazia de Pinóquios gente importante e interessava sobremaneira ao regime político reinante. “Ladravam mas não mordiam”. Ora, em tal contexto socio-político, a frase citada de Sena fazia todo o sentido e não era inspiradora de profetas ignaros, pela simples razão de que os ignaros de então não ousavam ser profetas. A censura não o permitia ! Hoje, o país mudou. Com a liberdade, pela qual alguns sempre haviam lutado, chegou a Portugal uma nova realidade : o direito a dizer, a escrever, a publicar o que a vontade e o juízo de cada um quiserem. A frase de Jorge de Sena, poderia bem ser reformulada. Seria mais adequada à nova realidade se rezasse assim: “A cultura, no meu país, é o topete, a "lata", de escrever e de falar do que se desconhece e a falta de responsabilidade quanto ao que se escreveu ou disse.” Aplicadores desta frase não faltam. Há que ter é a coragem de os açoitar! Republicado em 27.10.2006 - JorgeG
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outubro 27, 2006 -
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"Ela por Ela"
Segundo se anuncia, estreia-se já neste Domingo, na RTP1, um novo programa intitulado "Ela por Ela". Maria João Seixas à conversa com a anfitriã e autora Agustina Bessa Luís, a escritora que nunca fui capaz de entender e da qual nunca gostei, talvez porque a não entenda! Filmados a partir da sua residência no Porto, os 13 episódios previstos falarão de aforismos e de provérbios. Realizado por Fernando Lopes, marido de Maria João Seixas, este "Ela por Ela" é filmado
"a partir da ideia de um combate de boxe entre duas mulheres", afirmou Maria João. Irá para o ar a partir da meia-noite, aos Domingos, dia e hora considerados "ideais" e "não-tardios" pelo director de programas da RTP, Nuno Santos.
Assim, nos próximos Domingos, há que dormir uma boa sesta para se estar acordado para ver o programa da Srª D. Agustina que recentemente afirmou numa entrevista: "Não entendo quando dizem que gostam de mim, pois eu não gosto de quase ninguém !"
Saúdo mais um programa ao Domingo sobre a Língua Portuguesa, a seguir à transmissão de outro, de boa qualidade e atractivamente apresentado pelo actor Diogo Infante, a que já me referi antes. A ver vamos se, por uma vez que seja , a velha senhora me consegue manter acordado. Mas confio na Maria João Seixas, simpática e boa conversadora.
Publicação nº 121 - JorgeG
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outubro 27, 2006 -
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quinta-feira, 26 de outubro de 2006
USA restrictions on Internet gambling - Restrições dos Est.Unidos ao jogo pela Internet
-Mas eu tenho o direito de jogar na Internet! - Vai uma aposta?
Restrictions on Internet Gambling Are an Infringement on Our RightsThursday, October 19, 2006
Irvine, CA--On Oct. 13 President Bush signed into law the Unlawful Internet Gambling Enforcement Act, a measure restricting Internet gambling. "This measure, which requires financial institutions to block credit card and other payments to Internet wagering businesses, is an infringement on our rights," said Dr. Yaron Brook, executive director of the Ayn Rand Institute. "Gambling, when practiced responsibly, can be a totally legitimate form of entertainment. The government has no right to prohibit adults from doing it--on the Internet or anywhere else--and no right to prohibit businesses from offering gambling opportunities to potential customers. "Why do supporters of the law deny individuals the freedom to spend their hard-earned money on gambling? Because, they say, people will bet and lose more than they can afford. In other words, individuals are inherently incapable of making rational decisions, and thus it is the government's job to protect us from ourselves. This vicious, paternalistic idea has no place in a free society." Are an Infringement on Our RightsThursday, October 19, 2006 Irvine, CA--On Oct. 13 President Bush signed into law the Unlawful Internet Gambling Enforcement Act, a measure restricting Internet gambling. "This measure, which requires financial institutions to block credit card and other payments to Internet wagering businesses, is an infringement on our rights," said Dr. Yaron Brook, executive director of the Ayn Rand Institute. "Gambling, when practiced responsibly, can be a totally legitimate form of entertainment. The government has no right to prohibit adults from doing it--on the Internet or anywhere else--and no right to prohibit businesses from offering gambling opportunities to potential customers. "Why do supporters of the law deny individuals the freedom to spend their hard-earned money on gambling? Because, they say, people will bet and lose more than they can afford. In other words, individuals are inherently incapable of making rational decisions, and thus it is the government's job to protect us from ourselves. This vicious, paternalistic idea has no place in a free society."
TRADUÇÃO
O Presidente Bush assinou uma lei a restringir o jogo através da Internet. "Esta medida que obriga as instituições financeiras ao bloqueamento dos cartões de crédito e de outras formas de pagamento ao negócio do jogo pela Internet, é uma violação dos nossos direitos”, afirmou o Dr. Yaron Brook, director executivo do Ayn Rand Institute. "Jogar, quando praticado responsavelmente, pode ser uma forma totalmente legítima de entretenimento. O governo não tem o direito de proibir os adultos de o fazer – na Internet ou em qualquer outro local - e nenhum direito de proibir a oportunidade de oferta de jogo a potenciais clientes. "Porque é que os apoiantes dessa lei negam aos indivíduos a liberdade de dispender o seu dinheiro, honestamente ganho, jogando ? Porque, dizem eles, as pessoas tendem a apostar mais alto do que podem. Por outras palavras, elas serão, por inerência, incapazes de tomar decisões racionais e, assim, é tarefa do governo proteger-nos de nós próprios. Esta ideia perversa e paternalista não cabe numa sociedade livre.” Comentário: Compreendendo o possível bom propósito do legislador, entendo que este jamais se poderá substituir à livre escolha de conduta do ser individual. O Estado Providência nunca resolveu as questões sociais, antes as agravou, como tivemos ocasião de verificar durante os anos de Salazar no poder. Também o velho beato de Santa Comba tomou conta das consciências do povo e lhes moldou as opções de vida a seu gosto. E tudo, sempre, a bem da nação, como afirmava. Qualquer dia, o Senhor Bush, ou qualquer outro "pai nosso", e candidatos não faltarão, poderá lembrar-se de restringir o acesso à informação com o argumento de que muitos não sabem dela fazer sacrossanto uso... - Jorge G Publicação nº 120
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Mensagem
A todos os que, por engano ou não, venham a entrar neste blogue
Há dias que sinto que os artigos publicados neste e noutros espaços que tenho procurado manter não suscitam o interesse da maior parte dos amigos que aqui costumavam vir comentar. Muito embora as entradas diárias neste "SINO" se mantenham numa agradável média, a verdade é que, talvez passada a novidade que para muitos terá constituído a descoberta deste espaço que se pretende de dois sentidos, de diálogo, o número de pessoas interessadas em participar activamente parece ter-se diluído. É a lei da vida! Costumava eu enviar aos mais fiéis as últimas novidades do meu trabalho, se bem que a medo de que alguém pudesse tomar esses mails como força de pressão para uma visita. NUNCA FOI ESSE O MEU INTERESSE! Se o fiz, foi só com a vontade de os manter informados. De agora em diante, não voltarei a fazê-lo. Quem conhece o meu trabalho, já o conhece. Assim, terei a certeza de que virá cá quem quiser, quando quiser e se quiser! Este blogue existe há 4 meses. Durante este tempo, mais de 3.800 hits ficaram registados no contador. Embora cerca de 20% desse número sejam entradas por mim mesmo efectuadas para publicar ou rever qualquer erro, ainda assim sobram mais de 3.000 entradas de gente que comentou, de outros que o não quiseram fazer e de mais alguns que aqui tenham entrado por engano. Vá lá saber-se! Sinto-me recompensado do esforço que tenho feito para manter à vossa disposição blogues que fujam, por um lado à mediocridade, por outro aos lugares comuns de sítios em que se contam pequenas histórias pessoais mais próprias, quanto a mim, de um diário pessoal que se costuma escrever em momentos de sensibilidade mais à flor da pele.
Quero, portanto, agradecer a todos a companhia que me têm feito ao longo destes meses. Lamento ter desiludido uns tantos, ter suscitado alguma inveja, porque não dizê-lo?, a outros, ter sido um espaço agradável para uns poucos.
Não me sinto abatido por nada nem por ninguém, apenas profundamente desiludido com alguns. Estes sabem quem são! Acabarei estes meus espaços, quando EU entender, como os iniciei. Sem ajudas, aprendendo sozinho o pouco que aprendi, mas...mais rico do que quando comecei. Tenho "conhecido" gente óptima e "aves de arribação", comentários sinceros e outros de ocasião, gente solidária que gosta de ver os outros a crescer e "pilha-galinhas" que poisam sobre os blogues para levar deles alguma coisa sem nada deixarem que não seja, quanto muito, uma nota a dizer que gostaram muito, vão voltar, blá...blá...blá... Isto que retrato acontece a todos, não só a mim. Só que não me apetece aturar esse tipo de cooperantes.
Venha até cá quem gostar. Os outros têm blogues de sobra para visitar.
Obrigado pela leitura desta mensagem e um abraço à gente sincera que ainda existe.
Jorge G
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outubro 26, 2006 -
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terça-feira, 24 de outubro de 2006
A mulher de César e o filho de Lula
O Ronaldinho do Presidente: em um ano, Lulinha saiu de um emprego de 600 reais (aprox. Euros 222.00) para ser fenómeno das comunicações. Ar de inteligente...tem!... Nota: Cotação fixada pelo Banco Central do Brasil em 23/10/2006: 1 euro = R$ 2,68357 (compra) 1 euro = R$ 2,68564 (venda) ou seja , 1 real=aprox. Euro 0.37 (74$oo antigos)
Da revista brasileira "Veja", respingo a seguir e com as devidas adaptações o seguinte texto, ainda que sabendo que a 2ª volta das eleições está à porta e Lula caminha imparável para um novo mandato:
Como aconteceria com qualquer pai, o presidente Lula tem demonstrado o orgulho que sente pelo sucesso de seu filho Fábio Luís Lula da Silva. Aos 31 anos, Lulinha, apelido que ele detesta, é um empresário bem-sucedido. É sócio de uma produtora, a Gamecorp, que, com um capital de apenas 100.000 reais, conseguiu fazer um negócio extraordinário: vendeu parte das suas acções à Telemar, a maior empresa telefónica do país, por 5,2 milhões de reais. Como a Telemar tem capital público e é uma concessionária de serviço público, a sociedade com o filho do presidente sempre causou estranheza. Na segunda-feira da passada semana, em entrevista ao programa Roda Viva, Lula teve de falar em público sobre os negócios do filho. "Não posso impedir que ele trabalhe. Vale para o meu filho o que vale para os 190 milhões de brasileiros. Se têm alguma dúvida, acionem ele", afirmou. Dois dias depois, em entrevista à Folha de S.Paulo, o assunto Lulinha voltou à baila. Os jornalistas apresentaram-lhe uma questão formulada por um leitor do jornal, que não foi identificado. A pergunta dizia o seguinte: "Tenho 61 anos, sou pai de quatro filhos adultos, todos com curso superior, mas com dificuldades de bons empregos ou de se lançarem na vida. Como é que o seu filho conseguiutornar-se empresário, sócio da Telemar, com o capital avultado de 5 milhões de reais?". Em resposta, o presidente Lula explicou que o seu filho se tornou sócio da Gamecorp quando a empresa, fundada por alguns amigos em Campinas, já tinha mais de dez anos de vida. "Eles fizeram um negócio que deu certo. Deu tão certo que até muita gente ficou com inveja", disse. Em seguida, o presidente fez menção às suspeitas que rodeiam a sociedade da Gamecorp com a Telemar. "Se alguém souber de alguma coisa que meu filho tenha cometido de errado, é simples: o meu filho está subordinado à mesma Constituição a que eu estou", disse o presidente, fazendo logo depois uma divagação comparativa que já nasceu imortal: "Porque deve haver um milhão de pais reclamando: por que meu filho não é o Ronaldinho? Porque não pode todo mundo ser o Ronaldinho". Os entrevistadores gostaram do paralelo estabelecido pelo presidente entre o seu filho e o astro do futebol e perguntaram se não seria mais fácil ser um Ronaldinho quando se é filho do presidente. Lula respondeu: "Não é mais fácil, pelo contrário, é muito mais difícil. E eu tenho orgulho porque o facto de ser Presidente da República não mudou um milímetro o hábito dos meus filhos".
Pouco ou nada se sabe dos hábitos dos filhos de Lula antes ou depois de o pai receber a faixa presidencial. Mas a trajectória profissional de Fábio Luís mudou e muito. Foi só depois da posse que os seus dons fenomenais começaram a expressar-se – e com tal intensidade a ponto de o pai ver nele um Ronaldinho dos negócios. Ele mostrou talento para as comunicações e, como se lerá nesta reportagem de VEJA, para a actividade de "lobista" junto do governo. A reportagem revela que o filho do presidente associou-se ao "lobista" Alexandre Paes dos Santos, um personagem explosivo, que responde a três inquéritos da Polícia Federal, por suspeitas de corrupção, contrabando e tráfico de influências. Esse dom do filho do presidente revelar-se-ia ainda no episódio da sua associação com a Telemar. Sabe-se agora que os 15 milhões de reais investidos pela Telemar na empresa de Lulinha não foram um investimento qualquer. As circunstâncias sugerem que o objectivo mais óbvio seria comprar o acesso que o filho do presidente tem a altas figuras da República. O sector dos telefones estava e está numa guerra em que, a repetir-se a tendência mundial, haverá apenas um ou dois vencedores. Ganhar fatias do adversário é vital. Houve uma corrida entre grandes empresas de telecomunicações para ver quem conseguia alinhar o filho do presidente entre a sua equipa de lobistas. A Telemar venceu. A maior empresa de telecomunicações do Brasil em facturação e em número de telefones fixos instalados, e com 64% do território nacional por ela coberto, é uma empresa cujo facturação anual supera 7 mil milhões de dólares. A aposta na associação com Lulinha acabou por não ser muito vantajosa para a Telemar porque o escândalo veio à tona. Mas foi por pouco. O governo negociava a queda de barreiras legais que impedem a actuação nacional de empresas de telefones fixos. Além disso, por orientação do governo, fundos de pensão de estatais preparavam-se para vender fatias relevantes de sua participação accionista no sector. Quem estivesse mais perto do poder sair-se-ia melhor.
O Ronaldinho do presidente Lula é mesmo um fenómeno. Formado em Biologia, ainda lhe chamavam Lulinha, apelido que os amigos hoje evitam, quando trabalhava como monitor no Zoológico de São Paulo, com um salário de 600 reais por mês. Para reforçar os seus ganhos, dava aulas de inglês e de computadores. Do ponto de vista profissional e financeiro, vivia uma situação que parece ser muito semelhante à dos quatro filhos com curso superior do leitor da Folha. Em Dezembro de 2003, no entanto, quando Lula estava em vias de completar o seu primeiro ano no Palácio do Planalto, Lulinha começou a sua viagem rumo à galeria exclusiva dos indivíduos fenomenais.
Publicação nº 118 - Jorge G
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outubro 24, 2006 -
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segunda-feira, 23 de outubro de 2006
Budapest, 23 de Outubro, 50 anos depois
Budapest 23-Out.-2006Ontem, publiquei em "O Arauto" um artigo recordando o que acontecera em Budapest faz hoje 50 anos. www.o-arauto.blogspot.comEstava longe de imaginar o que se viria a passar hoje na capital húngara. Mudaram as cores dos manifestantes, os seus motivos aparentes, a conjuntura política envolvente, mas nada mudou quanto à forma violenta como se estão a processar os acontecimentos. Desta vez, a Presidência do Conselho não irá pedir auxílio às tropas soviéticas para restabelecer a ordem. Budapest não será invadida por militares estrangeiros, mas a contestação de milhares de manifestantes tidos como de extrema direita vem pôr a nú, uma vez mais, a debilidade do sistema capitalista de orientação democrática. Sejam eles de esquerda ou de direita, os extremistas não querem sistemas democráticos. Há 50 anos, o comunismo perdeu em Budapest a sua guerra, embora tenha ganho a batalha. Queira Deus que, precisamente na mesma cidade e no mesmo dia 23 de Outubro, a Democracia não ganhe esta batalha para de seguida perder a guerra. Estes são os votos de um cidadão do mundo que ainda acha que a democracia é o menos mau de todos os sistemas. - Jorge G As imagens que se seguem são de hoje, 23-Out.2006 ~~ Budapest celebrou o 50º aniversário da revolta contra o poder soviético num clima de extrema tensão. Depois de actos oficiais que contaram com apresença de vários Chefes de Estado, incluindo o nosso, as cerimónias foram interrompidas pelo principal partido da direita, o FIDESZ . Alguns milhares de militantes protestaram no centro da cidade reivindicando serem eles " os verdadeiros herdeiros de 1956 e não aqueles que assistem às cerimónias". A partir daí têm-se registado violentos recontros entre os manifestantes e a polícia, como as imagens mostram. Fotos Reuter - Publicação nº 117 - Jorge G
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outubro 23, 2006 -
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domingo, 22 de outubro de 2006
O Cartoon de Domingo - 22 Out 06
Publicação nº 116 - Jorge G
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sábado, 21 de outubro de 2006
Evgeni Plushenko - Outstanding !
Olympics 2006 Gold Medal - Short Program
Para ver a Campeã Olímpica 2006 Sasha Cohen vá ao "Quentes e Belas" clicar aqui www.castanhas.blogspot.com
Publicação nº 115 - Jorge G
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São fresquinhas d'hoje, fregueses !
1- Segundo o CM de hoje, o orçamento para 2007 contempla uma verba para aumentos dos ministros 4 vezes superior à destinada aos aumentos salariais para a função pública em geral. A isto chamo "sensibilidade" e "justiça social"! Ao Rei o que é do Rei, ao Povo o que é do Povo! E Vivas à Monarquia Parlamentarista de S. Bento! Vivas a El-Rei D. Sócrates, o José !
2- Também se ficou a saber que os 6 engenheiros presentes a tribunal no caso da queda da ponte de Entre-os-Rios foram ilibados. Mais, não ficou provado que extracções de areia do fundo do rio, que toda a gente testemunhava amiúde, tenham sido efectuadas. A culpa parece estar do lado das cheias de 2001 e, digo eu, já agora das próprias vítimas que não deviam ter apanhado o autocarro naquele dia. Igualmente se poderão atribuir culpas ao próprio Deus Nosso Senhor, por não ter estendido o seu poder misericordioso às vítimas. De qualquer forma, o tribunal concluiu que "a ponte caiu porque caiu". Brilhante!
3- Outra notícia para acompanhar o cafezinho da manhã diz-nos que a média no ensino público desceu para 10. Os responsáveis são, inevitavelmente, os professores. Não avaliados pelos encarregados de educação, têm-se divertido a distribuir notas negativas pelos esforçados e diligentes alunos. Mas para o ano acaba-se-lhes o regabofe. Com o novo e justo sistema de avaliação que aí vem, aposto que a média vai passar para 15 ! Ou então, os belos automóveis dos setôres servirão de tela à livre expressão artística dos meninos e dos seus educados encarregados que assim desejem exprimir a sua revolta por tão nefastas crituras. 4- As "melhores escolas" são maioritariamente as privadas. Ora aí está algo de verdadeiramente novo e revolucionário desde há cerca de 80 anos. Nos anos 30, no Porto, quando o meu pai (um cábula de alto coturno) estava para chumbar o ano no antigo Liceu de Rodrigues de Freitas, que passou a Liceu Normal de D. Manuel II, fazia o 3º período no Colégio Universal, ali à Boavista. Dessa forma, conseguiu chegar ao fim do Liceu sem reprovar uma única vez. 5- E só mais uma, tendo esta a ver com as alternativas de que os automobilistas dispõem às SCUT que vão passar a ser pagas. O JN titula que essas alternativas são "infernais"(sic). Mas eu pergunto: Para que compraram os portugueses tantos veículos Todo-o-Terreno, tantos Jeeps? Para agora pouparem nas portagens das SCUT! Façam-se ao campo, terão pensado os nossos legisladores! Já agora, aproveito para avisar os que tiverem um desses veículos com enormes pneus pendurados às costas: não se preocupem com o bloqueamento das vossas máquinas, caso estejam mal estacionadas. Os competentes serviços bloqueadores não possuem trancas ajustadas ao tamanho das rodas. Portanto...
Jorge G - Portugal, Europa, em 21 de Outubro de 2006
Publicaçãonº 113
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sexta-feira, 20 de outubro de 2006
Piercings - This week's international issue (nr.1)
Tongue Piercing Linked to Variety of Health Problems By Carla K. JohnsonAssociated Press
CHICAGO (AP) ─ The teenager said the stabbing pains in her face felt like electrical shocks that lasted 10 to 30 seconds and struck 20 to 30 times a day. Her doctors diagnosed trigeminal neuralgia, a nerve disorder sometimes called “suicide disease'' because of the excruciating and dispiriting pain it causes. Doctors tried painkillers, then stronger medication, but in the end, a cure proved more simple: The young woman removed the metal stud from her pierced tongue. Two days later her pain vanished. The account in Wednesday's Journal of the American Medical Association is the latest documentation of complications, some life-threatening, linked to tongue piercing. Other problems include tetanus, heart infections, brain abscess, chipped teeth and receding gums. One woman developed so much scar tissue that it resembled what she called a “second tongue.'' In the newly reported case, the young Italian woman's mouth jewelry apparently irritated a nerve running along the jaw under her tongue. That nerve is connected to the trigeminal nerve, one of the largest in the head. “There are people who have been dropped to their knees'' by trigeminal neuralgia, said Alana Greca, a registered nurse and director of patient support for the Trigeminal Neuralgia Association. “That's how intense and how horrendous the pain can be.'' The teenager is lucky her pain disappeared, Greca said. “Certainly, this was an isolated case, an extremely rare complication of this kind of piercing,'' said Dr. Marcelo Galarza, a neurosurgeon at Villa Maria Cecilia Hospital in Ravenna, Italy, who reported the case to the journal. The tongue is “a particularly dangerous place to pierce'' because it is rich in blood vessels that can spread infection to major organs and because it is near important nerves and the upper airway, he said. Jeanne Fritch, owner of Personal Art, a piercing and tattooing studio in Lake Station, Ind., said she has not heard of a similar case in her 21 years in business. Fritch recommended people interested in tongue piercing see only professional, experienced piercers and use only “implant grade'' metal jewelry. Good mouth hygiene while the tongue heals also is important, Fritch said. Stefania Fraccalvieri, the patient in the report, is now 21 and a student in Rome. Her advice to people considering tongue piercing: “Don't do that. My experience was so bad. I was so sick and now I feel much better.''
My comment on this: According to the above information, I believe this man on the left should be dead by now! Anyway, I wonder how long does it take him to get ready for dinner? And how long will it take him to prepare to go to bed? This lad is definitely a FREAK, or is he not?!
Publicação nº 112 - Jorge G
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outubro 20, 2006 -
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Música e Palavras para os vossos sentidos
Caras amigas e amigos:
Neste final de semana, faltam apenas dez horas e uns minutos para Sábado, quero trazer-vos paz, tranquilidade e boa música para os vossos sentidos. Aqui, e no " Lugar ao Som", podereis recordar nomes grandes da canção. Mas sobretudo ouvEr as palavras cantadas por Paul Simon e Art Garfunkel, para mim o melhor duo de sempre na world music, e John Denver, esse malogrado trovador ambientalista e defensor de causas humanitárias que há uns pares de anos nos deixou, e até um pouquinho de Francis Albert Sinatra. Referindo-me aqui apenas aos primeiros,( pois Sinatra não entra hoje nesta análise), são três vozes de eleição espalhando pelo mundo mensagens sempre actuais e prementes. Estes são os artistas que sobrevivem à erosão do tempo. Estes são os não-descartáveis. Os seus temas não se confinam a amarras da moda, da geografia física ou política, do sexo, da idade ou mesmo, arrisco afirmar, dos gostos musicais de cada um. Quem hoje vos convido a recordar são músicos-poetas que servem, ou serviram, a Música e a Palavra, sem destas se servirem. Vão rareando os seus sucessores.
Boa Música e Um Tranquilo Fim-de -Semana! Um abraço. Jorge.
Visitar também "Lugar ao Som" www.lugaraosom.blogspot.com John Denver & Frank Sinatra - "September Song"
Publicação nº 111 - Jorge G
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outubro 20, 2006 -
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quinta-feira, 19 de outubro de 2006
OLD FRIENDS
Old friends, Old friends Sat on their park bench Like bookends. A newspaper blown though the grass Falls on the round toes Of the high shoes Of the old friends.
Old friends, Winter companions, The old men Lost in their overcoats, Waiting for the sunset. The sounds of the city, Sifting through trees, Settle like dust On the shoulders Of the old friends.
Can you imagine us Years from today, Sharing a park bench quietly? How terribly strange To be seventy. Old friends, Memory brushes the same years Silently sharing the same fears Quem gostar deste duo fantástico, faça o favor de visitar a "Urzeira" em www.urzeira.blogspot.com e ler o belo artigo sobre "Scarborough Fair".
Publicação nº 110 - Jorge G
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outubro 19, 2006 -
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Estudantes em protesto
Notícia Lusa
Estudantes cortam acesso à Universidade
À volta de 40 estudantes de Coimbra protestam debaixo de chuva Estudantes universitários cortaram hoje, em Coimbra, o principal acesso à Universidade, em protesto contra a "tendência privatizadora da acção social educativa, o desemprego, a falta de recursos e o processo de Bolonha". O corte da rua Padre António Vieira, que liga a Avenida Sá da Bandeira à Universidade, ocorreu ainda antes das 11h00, debaixo de chuva intensa, com a concentração de 40 estudantes, aproximadamente, em plena via, onde foram colocadas três secretárias com cadeiras e um cartaz gigante.
Os alunos distribuíram panfletos aos transeuntes, com explicações sobre o protesto estudantil e informações relativas a cada curso da Universidade. Segundo Fernando Gonçalves, presidente da Associação Académica de Coimbra, a iniciativa pretende alertar para quatro pontos: "A tendência privatizadora da acção social educativa, os elevados valores das propinas (920,16 euros) - a que se juntam as despesas com alojamento (2.100 euros anuais) e a alimentação social (780 euros anuais) - que podem ser agravados com o Processo de Bolonha, e a falta de emprego para os licenciados". A decisão de encerrar o principal acesso à Universidade foi tomada em Assembleia Magna, na madrugada de 10 de Outubro, por mais de 300 estudantes. Para esta sexta-feira está prevista a realização de um debate e reflexão sobre o 20 de Outubro de 2004, dia em que a polícia carregou sobre os alunos que se manifestavam no Pólo II contra o aumento de 150 por cento nas propinas, que foram então fixadas pela Universidade em 850 euros. Com Lusa Publicação nº 109 - Jorge G
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outubro 19, 2006 -
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Um soneto
Foto Google
Soneto ao Tempo
Preguiçam as gotas pela vidraça, Lentos correm seus lânguidos choros, Enquanto lá fora, há vento que traça Rumo às folhas em arrastos sonoros.
Em chão de luz, sombra d'um velho passa Enrolado à dor do frio nos poros. Sobre estes montes um céu de desgraça, Caminhos de lama, fim de namoros.
Mais os braços das árvores se agitam, Murmúrios soltam que arrancam da terra, Partem nas ondas do vento, acreditam.
E rompe-se o céu, seu manto descerra, Voltam as aves e às árvores gritam Que o tempo é Senhor do céu e da serra.
- de Jorge G, in "Tentativas"
Publicação nº 108 - Jorge G
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outubro 19, 2006 -
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quarta-feira, 18 de outubro de 2006
Faltam os olhos…
Já muitos se têm perguntado. Chegou agora a minha vez. Para quê manter um blogue? Esta recente possibilidade de comunicação à distância que tem crescido no mundo de uma forma galopante nos últimos tempos, será motivada pelos mais diversos factores. Desde a necessidade de aproveitar um meio rápido de transmissão de ideias e informações, à libertação de um ego que, por não ser pequeno, pretende a leitura e a aprovação, a admiração, de quem lê. No mundo bloguístico, encontramos todo o género de autores e todos os tipos de leitores/comentadores ou não. Há os que escrevem para si próprios sem cuidar da clareza e do presumível interesse geral da mensagem, como também existem os que ambicionam abrir caminhos para reflexão, maior informação e troca de ideias. Existem os que usam os blogues como um elemento de catarse das suas inquietações e os que mais não pretendem que fazer ouvir a sua voz, sobre temas que lhes suscitam uma investigação ou uma opinião que querem partilhar com os possíveis leitores, dos quais esperam um retorno construtivo e enriquecedor. Ao longo dos meses vai-se estabelecendo uma bem curiosa relação entre pessoas que se não conhecem pessoalmente e delas se vão construindo imagens físicas e psicológicas, com base no que escrevem. Imaginamo-las novas ou mais velhas, altas ou baixas, mais gordas ou magras, louras ou morenas, sinceras ou bajuladoras, leitoras atentas ou superficiais, conhecedoras dos temas ou não,… Enfim, à distância, elaboramos delas a imagem que nos forneceram apenas através do que quiseram escrever. Fazem-se amigos virtuais, desfazem-se por vezes amizades que julgávamos sólidas, habituamo-nos a visitar certos amigos feitos e a sermos visitados por eles. Mas toda esta forma de comunicação enferma de um mal sem cura. Não vemos os olhos uns dos outros. E é nos olhos, amigos, que se desvanecem as dúvidas. Só os olhos podem explicar o que fica mal entendido, deformado pelas palavras que nunca os poderão substituir. Nos olhos se vêem os verdadeiros amigos e só através deles me conformo a perdê-los!
Publicação nº 108 - Texto de Jorge G
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outubro 18, 2006 -
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Ainda assim, há quem ache boa a política governamental !
Mais 11 mil licenciados sem emprego num mês In DIÁRIO ECONÓMICO - Denise Fernandes Desemprego subiu 3,9% no nível de habilitação superior.
Desemprego subiu 3,9% no nível de habilitação superior. O aumento foi mais significativo entre as mulheres licenciadas.
Apesar da queda homóloga em Setembro do desemprego, o número de licenciados e de professores inscritos nos centros de emprego continua a subir. Segundo os dados divulgados ontem pelo IEFP, houve uma redução em todos os níveis escolares, a excepção da habilitação superior, que cresceu 3,9%, afectando mais as mulheres.O número de licenciados desempregados cresceu 1.930 para um total de 51.590. Em termos mensais (de Agosto para Setembro), a subida ainda foi mais significativa, de 27,7%. Ou seja, em apenas um mês, o desemprego atingiu mais 11.196 licenciados.Os dados do IEFP revelam que o número de mulheres licenciadas no desemprego aumentou em 32,2%, de Agosto para Setembro, e 6% em termos homólogos. Nos homens licenciados, a subida mensal foi de 17,7% e, em termos anuais, registou-se mesmo uma quebra de 1%. Em termos de evolução homóloga do desemprego por profissão, verificaram-se aumentos significativos nos “profissionais de nível intermédio do ensino”, com uma subida de 24,2%, bem como nos “profissionais de nível intermédio das ciências da vida e da saúde” (23,7%).As profissões mais comuns dos desempregados inscritos nos Centros de Emprego do Continente confirmam a elevada representatividade dos trabalhadores não qualificados dos serviços e comércio (52.725), dos empregados de escritório (51.476), do pessoal dos serviços de protecção e segurança (44.997) e dos trabalhadores não qualificados das minas, construção civil e indústrias transformadoras (37.457). Considerando a duração do desemprego, medida pelo tempo de permanência em ficheiro dos desempregados inscritos, os dados do IEFP revelam uma redução de 8,4% do número de desempregados de longa duração (há mais de um ano nos ficheiros) e de 6% de curta duração (menos de um ano) comparativamente a Setembro de 2005. O desemprego registado decresceu em todas as regiões do Continente, com a queda mais significativa no Alentejo (16,6%), apesar da região Norte continuar a concentrar a maior parte dos desempregados (45%). Nas Regiões Autónomas, o desemprego aumentou 11,1% na Madeira e 7,9% nos Açores. Ao longo do mês de Setembro inscreveram-se nos Centros de Emprego 65.237 desempregados, menos 5,1% que no mesmo mês de 2005 e mais 50,8% que no mês anterior.
Nota do editor: É claro que estes números não se referem ao sub-emprego! Publicação nº 107 - Jorge G
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outubro 18, 2006 -
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terça-feira, 17 de outubro de 2006
Portugueses - que perspectivas?
Títulos de Jornais
Artigo de opinião de JG Como se pode ver, os jornais referem as últimas novidades apresentadas ao povo pelo governo. Solteiros e deficientes vão pagar mais impostos, os que não têm dinheiro nem um bom e caro seguro que lhes permita um internamento em clínicas privadas vão pagar pelos dias que passarem num hospital até 14 dias, (se estiverem internados mais um ou dois...então a doença já é grave e não pagam!...), a electricidade sobe para todos até aos 15%, o estado vai reduzir a comparticipação em medicamentos,... enquanto as despesas do estado aumentaram em 2 mil milhões de euros (400 milhões de contos). Que se saiba, o pleno emprego não aumentou, o crédito à banca não diminuiu, a produção interna estagnou, as exportações não cresceram, os milhares de licenciados indecorosamente para aí conduzidos por políticas demagógicas de "crescimento educacional" que não cuidaram de preparar primeiro as saídas profissionais necessárias, que se saiba, tais jovens continuam a porfiar por um emprego, um qualquer..., os livros escolares não baixaram de preço, o número de polícias para prevenção e combate ao crime organizado crescente diminuiu, algumas viaturas dos corpos policiais deixaram de estar no activo por falta de verbas para o carburante ou deterioração do parque por antiguidade, os funcionários públicos são dia-a-dia sacrificados nos seus direitos laborais e usados como peões de brega na tal luta do governo contra a despesa pública, escolas e maternidades são fechadas, as parturientes de Elvas são convidadas a terem filhos em Espanha com o argumento de que sai mais barato ao sistema de saúde, as camas nos hospitais continuam a ser diminutas, o respeito pelas leis do ambiente e da poluição sonora não são vigiados nem, em muitos casos, punidos, etc...etc... Hoje e amanhã os professores estão em greve! Segundo os últimos números de uma sondagem que já contava com mais de 12000 votos a meio da manhã, feita pelo "Sapo on-line", apenas 47% dos votantes entendiam concordar com esta greve; 39% não concordavam e outros não sabiam responder. sim ou não. Estes números, representando aquilo que quisermos, são no entanto demasiado baixos para o apoio massivo que se pretendia obter. Nos jornais de hoje nem uma referência de capa! Entendo que, uma vez mais, o envenenamento da opinião pública contra a classe docente venceu de certa forma. A indiferença ou a discordância de tanta gente perante uma das mais justas lutas de professores de que haverá memória, vem demonstrar o poder da influência do estado na difusão de mensagens de propaganda pouco próprias de estados de regime democrático. E demonstrará igualmente as insuficiências dos sindicatos em Portugal, que não souberam fazer passar a mensagem. Ora, a ignorância conduz fatalmente à aceitação fácil e acéfala "do que se ouve dizer." Com tudo isto que aqui deixei, quero dizer que se continuam a dar em Portugal pontapés fortes na Democracia, afastando dela muita gente que sente que " se Democracia é isto, prefiro um regime autoritário de partido único não-violento". E este sentimento, que tem feito crescer a extrema direita por toda a Europa ( leia-se e medite-se sobre o excelente artigo do último número do Courrier Internacional, bem como o editorial do seu Director, F. Madrinha http://courrierinternacional.clix.pt/ ) começa a infectar o nosso país. É um novo vírus de muito difícil erradicação. O regime democrático ainda é o melhor de todos os regimes. Que o não mate quem dele tão bem tem sabido alimentar-se ! A História é implacável e julgá-los-á!
Publicação nº 106 - Artigo de : Jorge G - 17 de Outubro de 2006
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domingo, 15 de outubro de 2006
The little Nitroman! Attention deficit disorder.
Problema de défice de atenção
- O que é que um tirano tem de fazer para ser notícia? Lançar uma bomba?
Publicação nº 104 - JG
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Um pequeno poema
"Auto-retrato" de: Jorge G -em "Tentativas"
Para que te quero eu Vida, sem viver, Um amor sem amar, Uma alegria sem rir Ou um grito Sem peito p’ra sentir.
Chegar à foz De um rio Que não é o meu, Regar os campos D’água e de sol, E esta sede… sem partir! Public. nº 103 - Jorge G 15-10-2006
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(also in English) O cartoon de Domingo
A Ditadura de Chavez
READ IT IN ENGLISH at: http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/articles/A5755-2005Mar27.html By Jackson Diehl – Washington Post Adaptado e traduzido por: Jorge G - Cartoon Cox & Forkum Criticado agressivamente pelos media venezuelanos, o Presidente Chavez encetou há mais de um ano o caminho de destruir aquela que chegou a ser a mais florescente democracia da América Latina. Alguns jornais e a televisão tentaram abertamente apeá-lo do poder por meio de um golpe, da luta ou de um referendo. Tendo sobrevivido às três formas, um Chavez reforçado começou a mover-se para eliminar os jornalistas críticos e criar na Venezuela um ambiente jornalístico controlado pelo estado, no qual um Ministro da Comunicação e Informação como Izarra é todo-poderoso. O primeiro passo foi uma nova lei de imprensa que sujeita os meios de comunicação a pesadas multas ou à perda das licenças por disseminarem informação tida por “contrária à segurança nacional”. O seu impacto logo se fez sentir: dois dos mais proeminentes jornalistas perderam os seus lugares como pivots de programas da manhã das televisões e os venezuelanos cedo repararam na auto-censura feita pelos que permaneceram nos seus postos de trabalho. Em Março de 2005, Chavez entregou a Izarra um látego ainda maior: um código penal que criminaliza virtualmente qualquer expressão que o governo rejeite – não apenas pública como também em privado. Principia com o art..º 147: " Quem ofender por palavras ou por escrito, ou por qualquer outro meio, o Presidente da República ou quem esteja no cumprimento dos seus deveres, será punido com prisão de 6 a 30 meses se a ofensa for séria e a metade desse tempo se a mesma for leve. Esta sanção aplica-se àqueles que “desrespeitem” o Presidente ou seus auxiliares em privado; o período será aumentado de um terço se a ofensa for pública.” E há mais: O artº 444 diz que comentários que “ exponham outra pessoa ao menosprezo ou ódio público” podem ocasionar uma pena de prisão de um a três anos; e o artº 297 diz que quem “causar pânico ou perturbação públicos” através de relatos inapropriados pode receber cinco anos de prisão. Também os promotores de justiça estão autorizados a descobrir imprecisões alegadamente criminosas, não só em jornais e meios de comunicaçáo electrónicos mas igualmente em comunicações por e-mail e telefone. O novo código reserva ainda pesadas sanções para jornalistas, ou outros, que recebam fundos estrangeiros. Pessoas acusadas de conspiração contra o governo com nacionalidade estrangeira podem ser condenadas de 20 a 30 anos de prisão. O novo código ainda especifica que os acusados destes crimes não terão direito à instauração de um processo legal. ( Nota do Tradutor: Isto é, se vivêssemos na Venezuela, a esta hora, eu e vós, estaríamos todos na cadeia ! ) Mas Chavez e o seu aparelho de propaganda não se sentem obrigados a viver sob as próprias leis. O Presidente referiu-se a Bush com epítetos de mau gosto e ainda mais vulgares, de carácter sexual, à Secretária de Estado Condoleezza Rice. O seu governo gastou centenas de milhar de dólares a financiar americanos nos Estados Unidos que escrevam artigos e cartas glorificando Chavez e atacando a administração Bush. O próprio Izarra podia ser acusado segundo a sua própria lei-das-difamações pelas falsas queixas contra jornalistas americanos. A sorte dele é que os seus adversários são um governo democrático e um colunista que simplesmente pensa que Izarra é ridículo. Publicação nº 102 - Jorge G
Sino tocado em
outubro 15, 2006 -
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sábado, 14 de outubro de 2006
Orhan Pamuk divides Turkey
THE LOST SON
By Dilek Zaptcioglu in Istanbul
In his native Turkey, many see Orhan Pamuk, the 2006 winner of the Nobel Prize for Literature, as a moderately talented writer and an opportunist who, with his comments on Turkey's conflict with Armenia, has made a name for himself at the expense of his own people. This explains the mixed reactions in Turkey to Pamuk winning the Nobel Prize.
Turkish novelist Orhan Pamuk in Istanbul
The top story on the Web site of Hürriyet, a Turkish tabloid and mouthpiece for millions of Turks, reads "Armenian Shadow over the Nobel Prize." In the publication's devastating assessment, Orhan Pamuk is merely an average novelist in the global scheme of things. According to Hürriyet, the author would not have been awarded the most prestigious prize in the world of literature if it weren't for his political statements on the mass killings of Armenians committed during World War I -- killings that many feel qualify for description as genocide. Even an Istanbul corner grocer, who probably hasn't read a single novel in his life, says: "A writer is awarded the Nobel Prize for his entire body of work. Orhan Pamuk is far too young for that." From the ordinary man on the street to the country's well-known authors and literary critics, almost all agree that Pamuk was honored primarily because of his political views and his prosecution in Turkey. "Have you read his last novel, 'Snow,'" a user asks in a Turkish Internet forum, "not a good book -- not worthy of a Nobel Prize winner." The Turkish people, it appears, are not the least bit proud of the fact that one of their own has just been awarded the Nobel Prize for Literature. The news itself hit Turkey like a bomb. The country is already immersed in the long-standing controversy surrounding Armenia and accusations of genocide. Turkey's five news channels have been broadcasting special reports on the genocide vote in Paris since the French parliament passed a bill making it a crime to deny the 1915 "genocide against the Armenians" in the Ottoman Empire on Thursday morning. The Armenian genocide question has been hotly debated for years. Now that French lawmakers have signed the draft legislation, all it will take is approval in the Senate and President Jacques Chirac's signature for a new law to come into effect under which anyone who denies, on French soil, that the mass killings constitute genocide can be slapped with a €45,000 ($56,000) fine or jail time. Walking across the corpses of fellow Turks? Just as Turkish television station NTV's Paris correspondent was about to read the government's official response, a red-faced moderator interrupted him with the words: "An extremely important message! Orhan Pamuk has been awarded the Nobel Prize!" At that moment, everything changed in Turkey, as the country became divided into two disproportionate camps. On the one side are those who, "despite everything," are thrilled at the news, partly because they share the author's view. The other camp consists of millions of Turks who see themselves as being unjustly branded as a country of oppressors, especially by Pamuk's comments. For them, Pamuk is an opportunist who carefully planned his career and has now crowned it with the Nobel Prize -- walking across the "corpses of his fellow Turks" in the process.In "Spiegel"
O meu comentário: Não conhecendo a vida nem a obra do Sr.Orhan Pamuk, não vou naturalmente pronunciar-me sobre o grau de qualidade que os seus escritos possam ter para serem merecedores da mais alta distinção internacional que um escritor pode almejar. De resto, e descontando o caso português de José Saramago, nos últimos e já largos anos temos assistido à premiação de autores menos conhecidos do público, em geral, e pouco di´vulgados em Portugal antes da obtenção do famoso NOBEL PRIZE. Tais pódios são sempre discutidos e discutível a sua justiça e mesmo a imparcialidade intelectual de quem os premeia. Sempre se tem dito que o júri do Prémio é composto por pessoas de pesada idade e que as pressões internacionais de vários lobbies têm funcionado na perfeição. Não sei se assim será ou não. O que sei é que, mesmo com Saramago, oriundo de uma nação que está ávida de heróis na cena internacional, ocorreram polémicas e ainda hoje se discute a qualidade do escritor português. Com obra vasta publicada desde há muitos anos, Saramago nem em Portugal conseguiu reunir uma maioria significativa de apoiantes da justeza da sua vitória, chegando mesmo a dizer-se, em alguns círculos intelectuais, que Saramago é simplesmente um autor sofrível que nem mesmo trata bem a sua língua. Não me incluo no grupo dos que assim pensam, embora haja pormenores na sua escrita que eu gostaria de ver revistos e abandonados pelo autor, como o seu famoso "devemos de..." Portanto, concluo que nos tempos presentes e do modo como se julga a obra de cada um dos candidatos, as surpresas e as decepções podem surgir a cada ano. Saramago, para muitos, é mau porque é comunista. Poderá, ou não, estar a dar-se fenómeno semelhante com Orhan Pamuk. O escritor turco terá granjeado a sua fama devido aos seus comentários sobre o papel do seu país no genocídio dos arménios. Isto dizem vários círculos intelectuais turcos e não apenas o tablóide que veio lançar a grande polémica. O que também é certo é que, como diz o merceeiro de esquina em Istambul, Pamuk não terá idade (e volume de boas e divulgadas obras, acrescento) suficiente para possuir uma obra mais ou menos vasta que o credibilize e vença as naturais desconfianças que o seu galardão sempre acabaria por originar. Mas esta nova polémica, que se segue à bem recente relativamente ao galardoado de 1999, Günter Grass, vem levantar uma outra questão que me parece, essa sim, verdadeiramente pertinente: a credibilidade da organização dos Prémios Nobel em geral e a da comissão para a Literatura em particular. É que teremos de recuar até 1982 para se encontrar um premiado incontestavelmente consensual, Gabriel García Márquez ! E antes, tinham vencido "apenas" os seguintes escritores, com vasta obra:
Atente-se nesta lista e compare-se com a dos útimos 25 anos: ESCLARECIMENTO: Os sublinhados são obviamente meus e visam aqueles escritores cujo prémio foi, repito, unanimemente aceite sem grande polémica. Daí que alguns nomes como Saramago ou Günter Grass, mesmo o chinês Gao Xingjian( um grande escritor ), não tenham sido sublinhados. De resto, os três são grandes! Outros não conhecia nem fiquei a conhecer. Quanto ao galardoado deste ano, repito que nada conheço dele que não sejam notas biográficas. Quem, em Portugal e neste momento, for capaz de se pronunciar sobre a sua qualidade literária, que o faça por favor. Só deixo aqui as palavras com que a Academia Sueca faz acompanhar o anúncio do vencedor. Cada um de nós que as interprete como quiser.
Press Release12 October 2006
The Nobel Prize in Literature 2006 Orhan Pamuk
The Nobel Prize in Literature for 2006 is awarded to the Turkish writer Orhan Pamuk "who in the quest for the melancholic soul of his native city has discovered new symbols for the clash and interlacing of cultures". Publ.101 - Texto escrito por Jorge G
Sino tocado em
outubro 14, 2006 -
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