Relvas demitiu-se e o povo exultou. Li, até, que no Marquês de Pombal, se juntaria muita gente a festejar, como é hábito aquando dos grandes feitos desportivos.
Relvas, o cão-de-fila que seguia sempre à frente da matilha, junto do dono, e por isso pouco amado e invejado pela matilha, disse adeus invocando falta de força anímica.
Passos Coelho concedeu-lhe essa benesse por bons serviços prestados ao agora PM. Mais uma vez, isolado da matilha, Relvas fez o seu discurso de despedida tecendo loas ao que fez, vitimizando-se, chamando a atenção para os 5 anos de fidelidade e serviços prestados ao partido. Sobre a questão da licenciatura, nem uma palavra. E, no entanto, foi esta que o derrotou.
Sempre me impressionei com a vaidosa necessidade que Relvas sentiu de ser licenciado. Há tantos em Portugal! Pergunte-se num café cheio quem é licenciado e muitos braços se erguerão. Mas se perguntarmos: “Há aqui algum electricista, canalizador, mecânico,…” é difícil que alguém se acuse. E porquê? Porque muitos licenciados estão desempregados e os electricistas, canalizadores, mecânicos,… encontram-se a trabalhar.
Portugal tem licenciados a mais e operários/técnicos especializados a menos. Esta é a verdade pura e dura e, no entanto, as universidades continuam, ano após ano, a ludibriar alunos e pais, a vender-lhes ilusões de um futuro melhor.
Sabemos, desde ontem sem margem para dúvidas, que Relvas não tem nenhuma licenciatura e que andou a enganar o país todos estes anos. Passos não pôde, finalmente, conservar o seu cão fiel e obrigou-o a pedir a demissão. Portas, e outros, terão feito um ultimatum ao chefe do governo, antes que viesse a público o embuste da licenciatura do ex-ministro.
Agora, sim, Passos Coelho irá livrar-se de alguns ministros incómodos a Portas, de uma só vez, em grupo, para dar uma cara nova à sua política velha e podre. Tudo continuará no mesmo sentido e Relvas rapidamente se apagará da lista dos mais odiados para passar a figurar no anedotário nacional. A operação de cosmética vai começar.
Este boneco será, provavelmente, o último que faço do cromo mais difícil da minha caderneta. Daí, este meu sentir estranho feito de alegria e de nostalgia.