NOTA(2): Este soneto atribuído ao génio de Bocage é mais um dos que mostram a face mais popular e conhecida deste enorme poeta. Outros trabalhos publiquei que pretendem retratar a verdadeira dimensão universal de um poeta sério e que soube cantar talvez como nenhum outro as misérias humanas, a hipocrisia e a própria dor. Não se considere Bocage, pois, um escritor de segunda categoria e apenas dado a brejeirices e tiques de menino mal-comportado. Ele foi incomensuravelmente maior do que isso!
NOTA(3): Variante sugerida pelo próprio Bocage para o verso oitavo: "Não passa o cono teu por cono honrado". Este soneto suscitou dúvidas sobre a autoria (que alguns atribuem a João Vicente Pimentel Maldonado) e inspirou várias paródias, entre as quais esta:
- Jorge P.G
'SONETO DE TODOS OS CORNOS'
de José Anselmo Correa Henriques
Não lamentes, Alcino, o teu estado,
Corno tem sido muita gente boa;
Corníssimos fidalgos tem Lisboa,
Milhões de vezes cornos têm reinado.
Siqueu foi corno, e corno de um soldado:
Marco Antonio por corno perdeu a c'roa;
Anfitrião com toda a sua proa
Na Fábula não passa por honrado;
Um rei Fernando foi cabrão famoso
(Segundo a antiga letra da gazeta)
E entre mil cornos expirou vaidoso;
Tudo no mundo é sujeito à greta:
Não fiques mais, Alcino, duvidoso
Que isto de ser corno é tudo peta.
~~
Publicação nº 570 de "O Sino da Aldeia" de J.P.G.