Introduzidos nos Estados Unidos em 1957, serviam para transportar pão, sandwiches, fruta e vegetais. Depois, em finais dos 60s, em todo o mundo se vulgarizou o seu uso para depositar o lixo. É evidente que falo dos sacos de plástico. Nunca suportei aquele seu barulhinho irritante, ffr...ffr...ffr...ffr..., que funciona para os meus ouvidos como uma espécie de sinal acústico repelente do meu equilíbrio emocional. Há-os de todas cores, tamanhos e feitios, como sabemos. Para mim, tanto faz! É de plástico, irrita-me.
Depois, parece que têm vida própria. Quando esmagados, reduzidos ao mínimo, vingam-se, e é ouvi-los...fffr...ff...ffr... desdobrando-se, retorcendo-se, arreganhando corpo e reganhando alma.
Adereço principal das mulheres portuguesas não autotransportadas, passeiam-se por todo o lado, mais cheios ou mais vazios, publicitando as mais das vezes artigos e marcas. E são elitistas! Repare-se que as marcas de griffe raramente os usam. Preferem outros materiais mais nobres, de acordo com a sua habitual e fina clientela.
Para a grande maioria dos seus hospedeiros, estes parasitas servem de mala, lancheira, guarda-fatos, instrumento de defesa em locais acanhados e apinhados como o Metro ou os autocarros, e ainda, à noite, como contentores de restos de vitualhas e outros lixos.
É vê-los, barrigudos, de lacinho feito nas pontas, alinhadinhos à porta de cada um, esperando a recolha pelas porteiras dos prédios, ou encafuados em contentores mal-cheirosos até que passem os homens do lixo.
Para mim, estes aberrantes objectos deveriam pagar bilhete nos transportes públicos, tantas são as vezes que deixam pessoas nas paragens atrasando-se para os empregos ou no regresso a casa, enquanto eles, todos inchados, ali vão levadinhos pela mão da dona, rindo-se da malta que não os usa.
E duram estes safardanas...se duram! Mais de 100 anos é quanto pode demorar a desaparecer um destes vírus.
Calcula-se que mais de 1 com tantos zeros que nem sei ler deles circule todos os dias pelo mundo, sendo que os Estados Unidos e a Europa, ou seja, os mais desenvolvidos do planeta, são responsáveis por mais de 80% destas pragas.
Claro que já se vão fazendo em plástico biodegradável, o que faz com que morram de vez em 2 meses apenas. Mas ainda são poucos os que os utilizam, pois ficam mais caros.
Assim, continuarei ou passarei a fazer o seguinte:
1 - Não aceito nenhum saco desses se a compra é de reduzido peso e tamanho.
2 - Já me habituei há muito a ter sempre comigo, ou no carro, um saquinho de pano que utilizo para transporte de mercadorias do dia-a-dia.
3 - Tenho pedido, nas lojas que frequento, para que não forneçam essa praga gratuitamente a ninguém e que ofereçam um desconto a quem trouxer consigo o seu próprio contentor.
4 - Da próxima vez que um politiqueiro profissional vier oferecer-me um saquinho plástico em alturas de campanha eleitoral, prometo passar-me da cabeça e enfiar-lhe o saco pela cabeçorra abaixo. É que, por exemplo, a Irlanda introduziu uma taxa de 15 cts. por cada raiva dessas em Março de 2002, conseguindo uma redução de 95% no seu uso !
E todos os que nos dizemos amigos do ambiente devemos saber que:
1 - Um quarto dos sacos de plástico usados nas chamadas nações ricas são hoje produzidos na Ásia, onde é mais elevada a taxa de trabalho infantil.
2 - Anualmente, e falando só nos americanos, estes deitam fora cerca de 100 biliões de sacos de polietileno dificilmente degradáveis.
3 - Actualmente, apenas pouco mais de 0,6% de sacos plásticos são reciclados.
Publicação nº 496 - J.P.G.