quinta-feira, 7 de junho de 2007
E hoje é Feriado porquê?
Imagem de "Coiso"
A Igreja celebra Corpus Christi (Corpo de Cristo na minha tradução) como festa de contemplação, adoração e exaltação, onde os fiéis se unem em torno da herança mais preciosa deixada por Cristo, o Sacramento da sua própria presença. A solenidade do Corpo de Deus (tradução da Igreja)remonta ao século XII, quando foi instituída pelo Papa Urbano IV em 1264, através da bula “Transiturus”, que prescreveu esta solenidade para toda a Igreja Universal. A origem da festa deu-se por um facto extraordinário ocorrido ao ano de 1247, na Diocese de Liége – Bélgica. Santa Juliana de Cornillon, uma monja agostiniana, teve consecutivas visões de um astro semelhante à lua, totalmente brilhante, porém com uma incisão escura. O próprio Jesus Cristo revelou-lhe que a lua significava a Igreja, a sua claridade as festas e, a mancha, sinal da ausência de uma data dedicada ao Corpo de Cristo. Santa Juliana levou o caso ao bispo local que, em 1258, acabou instituindo a festa em sua Diocese. ( Obs.- o que eles inventavam...)O facto, na época, havia sido levado também ao conhecimento do bispo Jacques de Pantaleón que, quase duas décadas mais tarde, viria a ser eleito Papa (Urbano IV).O motivo da decisão do Papa, e que viria como que a confirmar a antiga visão de Santa Juliana, foi um grande milagre ocorrido no segundo ano de seu pontificado: O milagre eucarístico de Bolsena, no Lácio, onde um sacerdote checo, Padre Pietro de Praga, colocando dúvidas na presença real de Cristo na Eucaristia durante a celebração da santa Missa, viu brotar sangue da hóstia consagrada. (Semelhante ao milagre de Lanciano, ocorrido no início do Século VIII). O facto foi levado ao Papa Urbano IV, que encarregou o bispo de Orvietto de lhe levar as alfaias litúrgicas embebidas com o Sangue de Cristo. Instituída para toda a Igreja, desde então, a data foi marcada por concentrações, procissões e outras práticas religiosas, de acordo com o modo de ser e de viver de cada país, de cada localidade.ORA MUITO BEM!Se perguntarmos a um representante da Igreja o porquê destas histórias, logo ele nos responderá que, à luz da época, elas se justificavam pois havia que chamar o povo à cabal aceitação dos princípios da fé cristã e de tomar Cristo como exemplo.E que a esse mesmo povo, completamente analfabeto, só a crença cega num poder divino os poderia convencer das virtudes da Igreja e seguir o seu pastor e , consequentemente, os seus representantes na Terra, os padrecas.Até aí, ainda os percebo.Porém, na base do feriado de hoje está um banquete - a Última Ceia de Cristo, enquadrada por um longo discurso sobre o amor e na iminência da morte. Jesus tomou o pão e o cálice com vinho, pronunciou a bênção e disse: "Tomai, comei e bebei, isto é o símbolo da minha vida entregue por amor e salvação de todos." Os primeiros cristãos, animados pela fé no Jesus crucificado e ressuscitado para a vida do Deus-Amor vivente, juntavam-se à volta da mesa numa refeição fraterna e festiva - quem presidia era o dono ou a dona da casa - e alimentavam-se do Pão e da Palavra, aprofundando a fé, a esperança e o amor. Essas celebrações lembravam a Última Ceia e também aqueles banquetes que Jesus tivera ao longo da vida. Banquetes frequentemente escandalosos, pois comia e convivia com pecadores e publicanos, marginalizados e gente de vida pouco recomendável, tornando-se tantas vezes um hóspede inconveniente e mesmo insolente, pois aproveitava a ocasião para denunciar a hipocrisia e o modo de vida dos líderes. Durante um banquete em casa de Simão, quando uma pecadora pública lhe banhou os pés com as lágrimas e os enxugou com os cabelos, os beijou e ungiu com perfume, Jesus terá comentado: "Os seus pecados são-lhe perdoados, porque muito amou; àquele a quem pouco se perdoa pouco se ama." Noutra ocasião, o anfitrião que se espantou por Jesus não lavar as mãos ouviu esta resposta: "Vós limpais o exterior do copo e do prato, mas o vosso interior está cheio de rapina e de maldade." Estas refeições provocatórias de Jesus eram o que se chama parábolas em acção. Comendo e bebendo com pecadores públicos e marginalizados social e religiosamente, anunciava-lhes em acto a presença do amor de Deus que perdoa e salva. Tenho para mim que Jesus terá sido um revolucionário incómodo e paladino da justiça, pecador como todos os homens, mas rebelde às amarras com que o quiseram amordaçar. E por isso foi morto, aproveitando-se a Igreja da sua figura em benefício próprio para melhor apascentar o rebanho.Em Portugal, dizem as estatísticas que 91% das pessoas são católicas e que cerca de 2,5 milhões de portugueses vão à Missa Dominical, celebrando o banquete fraterno do Senhor. Como é que o fosso entre os mais ricos e os mais pobres se cava cada vez mais? Publicação nº 392 - J.G. *
Sino tocado em
junho 07, 2007 -
38 comentários
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