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Soneto ao Tempo
Preguiçam as gotas pela vidraça,
Lentos correm seus lânguidos choros,
Enquanto lá fora, há vento que traça
Rumo às folhas em arrastos sonoros.
Em chão de luz, sombra d'um velho passa
Enrolado à dor do frio nos poros.
Sobre estes montes um céu de desgraça,
Caminhos de lama, fim de namoros.
Mais os braços das árvores se agitam,
Murmúrios soltam que arrancam da terra,
Partem nas ondas do vento, acreditam.
E rompe-se o céu, seu manto descerra,
Voltam as aves e às árvores gritam
Que o tempo é Senhor do céu e da serra.
- de Jorge G, in "Tentativas"
Publicação nº 108 - Jorge G