Títulos de Jornais
Artigo de opinião de JG
Como se pode ver, os jornais referem as últimas novidades apresentadas ao povo pelo governo. Solteiros e deficientes vão pagar mais impostos, os que não têm dinheiro nem um bom e caro seguro que lhes permita um internamento em clínicas privadas vão pagar pelos dias que passarem num hospital até 14 dias, (se estiverem internados mais um ou dois...então a doença já é grave e não pagam!...), a electricidade sobe para todos até aos 15%, o estado vai reduzir a comparticipação em medicamentos,... enquanto as despesas do estado aumentaram em 2 mil milhões de euros (400 milhões de contos).
Que se saiba, o pleno emprego não aumentou, o crédito à banca não diminuiu, a produção interna estagnou, as exportações não cresceram, os milhares de licenciados indecorosamente para aí conduzidos por políticas demagógicas de "crescimento educacional" que não cuidaram de preparar primeiro as saídas profissionais necessárias, que se saiba, tais jovens continuam a porfiar por um emprego, um qualquer..., os livros escolares não baixaram de preço, o número de polícias para prevenção e combate ao crime organizado crescente diminuiu, algumas viaturas dos corpos policiais deixaram de estar no activo por falta de verbas para o carburante ou deterioração do parque por antiguidade, os funcionários públicos são dia-a-dia sacrificados nos seus direitos laborais e usados como peões de brega na tal luta do governo contra a despesa pública, escolas e maternidades são fechadas, as parturientes de Elvas são convidadas a terem filhos em Espanha com o argumento de que sai mais barato ao sistema de saúde, as camas nos hospitais continuam a ser diminutas, o respeito pelas leis do ambiente e da poluição sonora não são vigiados nem, em muitos casos, punidos, etc...etc...
Hoje e amanhã os professores estão em greve!
Segundo os últimos números de uma sondagem que já contava com mais de 12000 votos a meio da manhã, feita pelo "Sapo on-line", apenas 47% dos votantes entendiam concordar com esta greve; 39% não concordavam e outros não sabiam responder. sim ou não. Estes números, representando aquilo que quisermos, são no entanto demasiado baixos para o apoio massivo que se pretendia obter.
Nos jornais de hoje nem uma referência de capa!
Entendo que, uma vez mais, o envenenamento da opinião pública contra a classe docente venceu de certa forma. A indiferença ou a discordância de tanta gente perante uma das mais justas lutas de professores de que haverá memória, vem demonstrar o poder da influência do estado na difusão de mensagens de propaganda pouco próprias de estados de regime democrático.
E demonstrará igualmente as insuficiências dos sindicatos em Portugal, que não souberam fazer passar a mensagem. Ora, a ignorância conduz fatalmente à aceitação fácil e acéfala "do que se ouve dizer."
Com tudo isto que aqui deixei, quero dizer que se continuam a dar em Portugal pontapés fortes na Democracia, afastando dela muita gente que sente que " se Democracia é isto, prefiro um regime autoritário de partido único não-violento".
E este sentimento, que tem feito crescer a extrema direita por toda a Europa ( leia-se e medite-se sobre o excelente artigo do
último número do Courrier Internacional, bem como o editorial do seu Director, F. Madrinha
http://courrierinternacional.clix.pt/ ) começa a infectar o nosso país. É um novo vírus de muito difícil erradicação.
O regime democrático ainda é o melhor de todos os regimes. Que o não mate quem dele tão bem tem sabido alimentar-se !
A História é implacável e julgá-los-á!
Publicação nº 106 - Artigo de : Jorge G - 17 de Outubro de 2006