Os cientistas calculam que as formigas que hoje conhecemos evoluíram desde há cerca de 120 milhões de anos, mas o registo de fósseis sugere que as formigas de então não eram os insectos predominantes que são nos nossos dias.
Só 60 milhões de anos mais tarde, quando algumas se adaptaram ao novo mundo das plantas com flor e diversificaram as suas dietas alimentares é que alcançaram a prevalência no universo ecológico. E desde então, têm tido uma vida bem-sucedida no planeta.
Supõe-se que existam na Terra à volta de 20 mil espécies, tendo os taxonomistas classificado já mais de 11 mil.
O peso combinado das formigas na Amazónia brasileira é cerca de 4 vezes maior do que a massa combinada de todos os mamíferos, aves, répteis e anfíbios.
Estes insectos predominam devido às muitas e diferentes maneiras com que se têm adaptado para trabalharem e se alimentarem.
Mesmo o seu aspecto e os locais onde vivem variam de umas para as outras.
A milimétrica Oligomyrmex atomus, à esquerda. Ao lado, a grande Dinoponera que pode atingir quase 4 cm


Podem ser milimétricas como a Oligomyrmex atomus ou tão grandes como a Dinoponera que pode atingir os 3,8 cm de comprimento.
As cores variam do amarelado e avermelhado até o preto.
Existem em desertos, florestas e pântanos - em toda a parte, menos nos lugares mais frios e mais altos do planeta.
Tipos de comportamento
Muitas formigas alimentam-se de plantas com flor ricas em carbohidratos. Algumas espécies constroem "abrigos defensivos" em volta das bases das plantas, gerando-se assim uma curiosa troca de serviços entre formiga e planta, com esta a ser defendida de outros herbívoros e aquela a guardar para si o pólen que lhe serve de alimento.

Uma Troca de Serviços com vantagens mútuas para a planta e uma Dolichoderus scabridus .
As formigas que vivem em habitats quentes e secos descobriram meios de subsistência aos longos períodos de seca, armazenando comida.
Algumas lutam pela alimentação. Espessas antenas das cabeças de formigas-guerreiras travam verdadeiras batalhas contra outras.
As Odontomachus, providas de fortes mandíbulas, fecham-nas tão rapidamente sobre as suas presas que só se ouve um "click".
As "slave-raiding", assim como que um tipo de "recrutadoras de escravas", roubam às vizinhas as suas crias.
O trabalho é todo das fêmeas
Uma família de formigas tem rainhas, jardineiras e bandidas que desenvolveram instrumentos e competências especializadas para o cabal cumprimento das respectivas tarefas e dentro de cada espécie, a divisão do trabalho varia com a idade e o sexo.
As que cuidam da descendência e trabalham internamente são as mais jovens, enquanto que as defensoras do "lar" e que providenciam à alimentação, pilhando a forragem no exterior, são as mais velhas.
Tal como todas as espécies sociais da ordem das Hymenopterae, as fêmeas fazem todo o trabalho, limitando-se os machos a espalharem os seus genes.
"Os machos são pequenos mísseis de esperma voador", afirmou Alex Wild, um entomologista da Universidade do Arizona.
A formiga bulldog australiana - Myrmecia nigriscapa
Todas as formigas são sociais, mas algumas espécies desenvolveram complexas sociedades ao passo que outras permanecem mais primitivas. Enquanto umas caçam em festas, a "formiga bulldog australiana" opera solitariamente, usando os seus grandes olhos em vez de complicadas interpretações químicas do ambiente.
As colónias são pequenas e não há grandes diferenças morfológicas entre rainhas e operárias.
Contrariamente às abelhas e vespas, a grande maioria das formigas é desprovida de asas, tendo desenvolvido todo um arsenal de químicos para facilitar a comunicação no solo.
Essa ausência de asas coloca uma restrição na procura dos alimentos, pois têm de apanhar toda a comida no solo, o que significa que a comunicação com base no terreno que pisam seja deveras importante.
As indicações químicas permitem-lhes encontros, alarmes e a localização dos alimentos.
Quando está pronta para procriar, a rainha de algumas espécies trepa para um ponto mais elevado, espeta a cauda no ar, e liberta uma feromona que vai atrair a atenção dos pequenos machos que pouco tempo vivem depois.
Se algo perturba a família, uma feromona é emitida a partir de uma glândula localizada na boca. Então, agarrando nas suas larvas, correm a enterrar-se no solo para sua segurança.
As defensoras do "lar" começam a correr à volta com as mandíbulas abertas e prontas a morder e a picar.
A comunicação é a chave
Os humanos também são capazes de sentir estas feromonas.
Uma espécie de formigas cor-de-laranja que unicamente se encontra na América do Norte exala um forte odor a limão. Mas nem todas as feromonas cheiram tão agradavelmente, pois há as que cheiram, mesmo, a fezes.
As formigas seguem as suas trilhas, no solo, seguindo pistas químicas e recrutando trabalhadoras para seguirem os caminhos das provisões que procuram e transportam.
"O sucesso destes insectos está no modo como descobriram como usar o seu comportamento social para a maximização de uma via que lhes traga os recursos de que precisam", disse o entomologista da Universidade do Arizona, o já referido Alex Wild. "Desenvolveram sistemas que lhes permitem uma eficaz e rápida comunicação. É por isso que nos nossos piqueniques se apresenta sempre um elevado número destas indesejadas convidadas."
Fonte: Live Science - - - Tradução e adaptação de Jorge G.