É verdade, hoje li o
Sol no dia em que sai para as bancas. Ao Sábado. Isto porque, na passada semana, o efeito publicitário e a costumada curiosidade dos portugueses fizeram o novel semanário esgotar ainda antes do dia se fazer à tarde. Só pude ler o 1º número na 2ª feira.
Então, com franqueza, não me agradou. A qualidade do papel muito fraca, uma capa sem vida, sem imaginação, a lembrar a de um qualquer diário de menos recursos ou ambições. Por dentro, artigos com títulos de espelho, apelativos, mas de parco sumo. Revista
à Expresso, gorda de folhas mas com magreza de temas interessantes. Publicidade a rodos, de páginas inteiras, e uma entrevista de 5 páginas centrais, se não erro, de interesse geral questionável a Guta Moura Guedes.
O Director do
Sol tinha
avisado: - Quero conquistar as mulheres como leitoras!
Duvido é que assim o consiga!
E disse mais: “O
‘Sol’ pretende ser, numa perspectiva mais pessimista, o maior e mais influente semanário português dentro de três anos”, prometeu José António Saraiva
Pois bem, hoje os responsáveis do jornal puseram na rua 210 mil exemplares, um acréscimo de cerca de 60% relativamente ao número 1 ! Não sei se esgotará, porque o comprei cedo, pelas 10:00. Mas duvido, apesar de ainda estar no período das "novidades" e do tempo não convidar a grandes passeatas, deixando mais tempo para a leitura.
O
Sol de hoje vem mais claro e arrumado. Melhorou a má qualidade do papel, que agora é menos pardo e desagradável, chamou à capa Proença de Carvalho e o anúncio da "verdade sobre a sua saída da Casa Pia", junta um pouco de sal com o nome do major mais famoso de Portugal - ó esquecidos capitães e majores de Abril ! - e acaba por salgar mesmo a capa com uma ponta da notícia desenvolvida nas páginas 22/23, publicando uma sondagem de que resulta que "um quarto dos portugueses preferiam ser espanhóis ( em título) " para logo se corrigir, em letras mais pequenas, para "28% dos portugueses acham que Portugal e Espanha deveriam ser um só país", o que não será exactamente a mesma coisa, embora vá dar ao mesmo beco!
Desenvolvendo os resultados da sondagem, o jornal apresenta várias conclusões: Madrid seria por pequena margem a capital (Madrid 41.8% - Lisboa 40.7%). Já quanto à pergunta "Portugal desenvolvia-se mais? " os números são esclarecedores ( Sim 96.5% - Não 1.1%).
63.9% , num hipotético estado único, preferiam a República, contra 23.9% que viam com bons olhos a Monarquia.
"Os portugueses seriam descriminados?"- 68.1% acham que seriam tratados em igualdade e 23.5% entendem que não, que seríamos descriminados.
Outros resultados são publicados e é curioso um quadro com perguntas sobre a situação actual do país, ainda Portugal!, e a de há 20 anos. Na Agricultura, Indústria, Educação, Saúde, Dependência Externa e Nível de Vida ( este por curtíssima margem) os sondados acham que a situação piorou. Melhorar só no Prestígio Internacional, a que não será alheia a classificação de
Bom que os mesmos atribuíram à Presidência de Durão Barroso na UE.
Perante tal quadro, pergunto, em que outro país europeu se imagina que estes resultados, embora valham o que valem as sondagens, se poderiam produzir?
Alguém será capaz de "ver" os austríacos a desejarem unir-se aos alemães, os cipriotas a verem com bons olhos a sua capital en Atenas, os irlandeses do sul a cantarem o "God save the Queen"?, os belgas a entenderem que viveriam melhor unidos com os holandeses, ou com a sua capital a passar de Bruxelas para Paris, ou os..., ?!
O que se passa com os portugueses?
Que desespero se apoderou deste povo?
E quem serão os culpados?
Quanto à revista do
Sol, com um nome quase tão fraquinho
- Tabu, que me cheira à distância a nome de perfume, repete a mesma receita para a conquista das leitoras, uma entrevista enorme nas páginas nobres, mas desta vez com a Manuela em vez da Guta (Moura Guedes), o que me deixa preocupado com o provável convite que poderá chegar para a minha A. Guedes !
Fiquem bem e divirtam-se!
Jorge, Guedes( pois então! )