quinta-feira, 31 de agosto de 2006
A Estrela e O Crescente
Andámos e andamos à procura de uma explicação. Não, não é o "eu" majestático. É mesmo “nós”, eu + uma amiga, que desta coisa vasta, infindável, que é a História, sabe tanto que em mim faz maior o desarrumo que vai pela minha gavetinha do conhecimento sobre a matéria. Por que razão o símbolo do Islamismo é representado por uma estrela e um crescente? Depois de investigar e muito meditar, cheguei às conclusões que aqui deixo, mas solicito desde já a colaboração de quem souber mais e melhor sobre o assunto.
A ESTRELA – É simplesmente uma estrela com cinco pontas, como normalmente a desenhamos, 72º entre cada ponta, ou vértice, e com um dos vértices voltado para cima. O uso de tal estrela não se limita a países islâmicos e nem sequer todos o usam na sua bandeira. O Irão e a Indonésia servirão bem como exemplo. Essa figura está igualmente na bandeira dos Estados Unidos, e por 50 vezes! Um dos erros será considerá-la um pentagrama. Este, é uma estrela semelhante mas envolta por um círculo. As 4 pontas laterais correspondem aos quatro elementos naturais – Terra , Ar, Fogo e Água – e o vértice superior representa o Espírito, o Equilíbrio… decorrendo do perfeito equilíbrio entre os outros quatro. É um símbolo de origem pagã, indatável, e que tem ganho conotações que nada têm a ver com o significado original. Por lembrar um pentagrama, a estrela de 5 pontas terá sido usada pelo Islamismo para representar exactamente a excelência eo equilíbrio de tal religião.
O CRESCENTE – Outro erro será o de o associar à lua e a uma das suas fases, a de Quarto-Crescente, que tem a aparência de D no hemisfério norte e de um C no hemisfério sul. Crescente é o nome que se dá à representação gráfica de um “quarto-de-lua” e tanto se pode desenhar um crescente em forma de D como de C. “Crescent” é como os ingleses designam as diversas ruas de Londres que têm essa forma! Podem ser assim ( ou então... assim ) . Deste modo, o crescente – símbolo do Islamismo – pode apresentar tanto a forma de um D como de um C. Na bandeira da Tunísia, é um C. Na da Mauritânia temos um C “deitado”, lembrando um U aberto. Na do Paquistão o C está a 45º.
Na do Presidente do Paquistão aparece em forma de D a 45º. ( ver imagens mais abaixo ) Quanto à forma de D, sugiro um site que poderá ser esclarecedor :
http://altreligion.about.com/library/glossary/symbols/bldefsstarcrescent.htm
Lá nos é dito que a estrela e o próprio símbolo crescente nos remetem para a civilização suméria, em que eram associados ao Deus Sol e à Deusa Lua,( datando de 2100 a.C. a primeira aparição de tais símbolos) e, mais tarde, à Deusa Tanit em Cartago, ou mesmo à grega Diana. O símbolo foi constantemente utilizado e eventualmente adoptado como estandarte da Dinastia Otomana, a principal responsável pela sua associação com o Islão. Como esta Dinastia foi também a “cabeça política” da Fé, tornou-se inevitável que o seu símbolo se associasse de igual modo com o Islão e o Islamismo. Bandeiras de alguns países islâmicos referidos
TUNÍSIAMAURITÂNIAPAQUISTÃOPRESIDENTE do PAQUISTÃO Notas finais: 1 - Quem mais souber sobre este assunto que o diga, por favor. 2 – Este artigo será publicado em “O Arauto”e em “O Sino da Aldeia” em 31 de Agosto de 2006. 3 – Outro site consultado e a consultar está em http://islam.about.com/library/weekly/aa060401a.htm ( embora lá se confunda Suméria com Sibéria e se fale de “lua crescente” em vez de, simplesmente, ”crescente”!) 4 – Um devido agradecimento à prestimosa colaboração do meu filho, que tornou rápida e eficaz a consulta de elementos essenciais à elaboração deste trabalho.
Jorge G. 31.08.2006
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segunda-feira, 28 de agosto de 2006
Ainda a propósito de...
Porcos no Futebol
Por enquanto estes "barbudos" jogam em Londres, onde iniciaram agora a época futeboleira, mas já há vários empresários portugueses interessados em colocá-los no futebol português - informou-me fonte segura. E não como amadores, mas sim para actuarem na nossa "Liga Bwen", a Liga da Honra Nacional. Não diga BetAndWin, que a lei não deixa. Diga Bwen, que é completamente diferente e imaculadamente legal ! Faça-o a bem da transparência e da moralização dos costumes!
Porcos no futebol Foto@Lusa/EPA/Geoff Caddick
Jorge G. 28.08.2006
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domingo, 27 de agosto de 2006
27 de Agosto - Carnaval em Notting Hill
Dia de folguedo em Londres. Hoje, Notting Hill apinhou-se de gente para dar largas à imaginação e à tradição. Muitas centenas de milhar de pessoas puderam ver e aplaudir o habitual desfile multicultural nas ruas do bairro The Notting Hill Carnival is an annual event which takes place in Notting Hill, London, England each August, over three days (a weekend and a bank holiday). It is led by members of the Caribbean population, many of whom have lived in the area since the 1950s. The Carnival began in January 1959 in St Pancras Town Hall as a response to the depressing state of race relations at the time; the UK's first widespread racial attacks had occurred the previous year. It was a huge success, despite being held indoors. It first moved outside and shifted into August in 1965. The prime mover was Rhaune Laslett, who wasn't even aware of the indoor events when she first raised the idea. At this point, it was more a Notting Hill event than an Afro-Caribbean event, and only around a thousand people turned out. By 1976 the event had become definitely Caribbean in flavour, with around 150,000 people attending. However, in that year and several subsequent years the carnival was marred by riots, in which predominantly Caribbean youths fought with police — a target due to the continuous harassment the population felt they were under (see article on the 1976 riots in External links, below). During this period, there was considerable coverage of the disorder in the press, which some felt took an unfairly negative and one-sided view of the Carnival. For a while it looked as if the carnival would be banned. Prince Charles was one of the few establishment figures who supported the event. In recent years, the event has been much freer from serious trouble and is generally viewed very positively as a dynamic celebration of London's multi-cultural diversity, though dominated by the Caribbean culture in the best traditions of Rio. However, there has been controversy over the public safety aspects of holding such a well-attended event in narrow streets in a small area of London. The capital's authorities have sought to spread the load by making use of nearby Hyde Park. (fonte Wikipedia) Imagens Reuter/Texto: Jorge G. 27.08.2006
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Lá em cima e Cá em baixo
Mercúrio ao lado do Rei e Plutão no fim da fila mas correndo como os outros
Plutão desceu de divisão tendo sido despromovido na Secretaria, já que em campo com os outros sempre andou. Dizem que já não pertence ao “grupo dos nove” porque era anão. Mercúrio é também pequenino, mas a sua rapidez congénita fá-lo correr ao lado do Rei e comandar sempre a fila. Terá sido essa a razão de Mercúrio não ter sido mandado por uns quantos, e de igual modo, para a 2ª divisão? Eu, se fosse o Plutão, haveria de recorrer. O prazo ainda não expirou. Baixar-me por ser anão! Onde é que isso já se viu ? E se um grupo de juízes maus me não fizessem justiça, interporia eu recurso. Iria até ao Supremo que, Esse sim, como é justo, logo me arranjaria um lugar na 1ª divisão.
Jorge G. 27.08.2006
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sábado, 26 de agosto de 2006
O grande regabofe
Quem olhar, hoje, para as capas dos jornais portugueses vai deparar com parangonas anunciando o caos e a desgraça que se abateram sobre o futebol nacional. E tudo motivado pelo "Caso Mateus"!
Se o leitor, de futebol, souber apenas que é um jogo onde há muitos rapazes, uma bola e uma baliza em cada topo de um campo grande com mais, ou menos, relva, vai perguntar-se: Que Mateus é este que tanto mal causou? O que terá ele aprontado? Pois bem, como não quero que vos falte nada, contarei o caso de um modo simples. Ora sentai-vos bem!
Aqui há atrasado, um clube chamado Gil Vicente deu emprego como futebolista a um rapaz simples que trabalhava nas obras desde que chegara de Angola e que jogava futebol, como amador, num outro clube - O Lixa. Os olheiros do Gil Vicente (desempregados e reformados da terra, Barcelos) viram que o moço tinha mais jeito para dar pontapés e cabeçadas do que para dar o corpo ao manifesto naquelas duras vidas das obras. Vai daí, contrataram-no. Porém, o Gil disputava um campeonato de futebol profissional - Liga BetandWin era o seu nome. Não poderiam, no entanto, inscrevê-lo à face das leis que regem o futebol profissional, porque o rapaz tinha actuado como amador na época desportiva imediatamente anterior, ou seja, em 2004-2005. O Belenenses, outro clube, sendo despromovido à divisão inferior em 2005-2006, decidiu protestar. "Quem deve descer é o Gil Vicente que utilizou um jogador quando não o podia fazer." Protesto aceite, lei cumprida, Gil Vicente para baixo. "Isso é que era bom!", terão pensado os dirigentes deste último. "Vamos recorrer!", anunciou aos jornais, revistas, televisões e rádios o dedicado Sr. Presidente do clube. Recurso interposto, baseado em que o caso era do foro do trabalho. Por isso o Gil recorreu para os tribunais comuns e não para os desportivos. Nos tribunais comuns foi aceite o pedido do Gil de uma providência cautelar. Entretanto, as instâncias jurídicas desportivas tinham dado razão ao Belenenses. A LPFP, que organiza o campeonato nacional de Futebol Profissional, já aprontara tudo para a época nova que ontem se iniciou. Fez o sorteio dos jogos e os clubes envolvidos para eles se prepararam. Esperava-se, assim, um Benfica-Belenenses e um Leixões-Gil Vicente. Foram-se vendendo bilhetes. A 24 horas do início do campeonato, vem uma decisão do TAFL ( Trib.Adm. e Fisc. Lisboa) concluindo que seria o Gil Vicente e não o Belenenses a disputar a Liga. Passava-se, assim, a um Benfica-Gil e a um Leixões-Belenenses. O Leixões, não sei poquê, também decidiu protestar.
O recurso do Gil Vicente ao TAFL é, também ele, questionável. Ontem, a FPF informou a LPFP de que aquele procedimento é passível de um processo disciplinar, que pode implicar a descida de divisão do clube em causa e deu indicações à LPFP para avançar nesse sentido. A própria FPF suspendeu o Gil Vicente das competições que organiza (pelo que os gilistas não podem participar no campeonato nacional de juniores A - I Divisão). A FPF emitiu ainda uma nota onde critica a actuação da LPFP. "Lamentamos que o andamento processual se tenha arrastado no órgão disciplinar da LPFP", indo ainda mais longe nas críticas: "Caso a FPF tivesse plenos poderes sobre todo o futebol português, incluindo o profissional, como, de resto, a FIFA tem vindo a exigir, este caso já estaria encerrado há muito tempo." (O Secretário-Geral da LPFP, um advogado que é o funcionário com mais alto vencimento nesta instituição marcou férias até 18 de Setembro e, entretanto, prolongou-as até 28 !)
Também a FIFA se mostrou preocupada com a situação. Tal como sucedeu em Itália, com a Juventus, no âmbito do calcio-caos, o recurso aos tribunais comuns quando estão em causa questões de âmbito desportivo não é aceite por aquela entidade. O organismo que tutela o futebol a nível mundial lembra que os clubes das federações onde isso sucede podem vir a ser punidos, o mesmo sucedendo com as respectivas selecções nacionais, que podem ser impedidas de participar em competições internacionais.
Para aumentar ainda mais a confusão em torno desta situação, o Moreirense, clube despromovido a época passada da Liga de Honra à II Divisão B, está a estudar a possibilidade de imitar o Leixões e recorrer da sua despromoção. "Face a estes acontecimentos, estamos a analisar a possibilidade de regressar à Liga de Honra no caso do Gil Vicente vir a ser penalizado. Nesse caso, é óbvio que temos legitimidade para contestar, por termos sido os melhores classificados no grupo dos despromovidos na Liga de Honra", afirmou ao PÚBLICO Ernesto Fernandes, presidente do Moreirense.
Por fim, pelo menos por agora, a comissão executiva da LPFP decidiu suspender os jogos das equipas envolvidas, na sequência de uma deliberação do Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) em resposta a um recurso com efeito suspensivo apresentado ontem pelo clube de Matosinhos, no qual se sustenta que a equipa que deve disputar a Liga é o Leixões no caso de o Gil Vicente ser despromovido.
É ou não um caso simples de contar e de compreender? Perceberam? Eu, também não!
Do Mateus não sei de novas ou mandados.
Usando um linguajar futeboleiro. "Que ganda jogatana!" Viva o regabofe!
Jorge G. 26.08.2006
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sexta-feira, 25 de agosto de 2006
As boas novas do Império
Uma boa notícia é notícia em Portugal. Finalmente, parece que a dignidade do Café Império, há anos vendida por um prato de lentilhas, lhe foi hoje restituída às 8:00 do pequeno-almoço. Não esperando eu que o ambiente de café-café se volte algum dia a respirar, o nobre espaço lisboeta onde tantas vezes joguei bilhar naquelas mesas enormes para jogar "às 3 tabelas"está de volta. Lisboa faz bem em recuperar alguns dos seus "locais de culto", pobre que é de referências de um passado em que os edifícios tinham identidade própria e faziam parte do rosto romântico da cidade. Sejas bem-vindo a casa IMPÉRIO!
Nota: Estranhamente o jornal "Público" não apresenta na edição de hoje qualquer referência ao evento, preferindo dar destaque ao sorteio da "Champions League" e, nos seus suplementos, publicar um sobre "O calcanhar de Zidane".
Idêntico o comportamento do "Correio da Manhã", o que leva a concluir que caras tão diferentes podem ter feitios tão parecidos. Vá lá saber-se porquê!
CAFÉ IMPÉRIO
Reabriu um dos últimos cafés históricos de Lisboa
Reabriu esta sexta-feira o Café Império, um dos últimos cafés históricos de Lisboa, após um encerramento de três meses provocado pela compra do espaço por parte da Igreja Universal do Reino de Deus. Após as obras que foram feitas no espaço arquitectado por Cassiano Branco há mais de 50 anos, acabaram por ser mantidas a arquitectura, as pinturas e azulejos que de resto são considerados Património Arquitectónico. Só que agora este património, que inclui também fotografias a preto e branco de outras épocas, passa a coexistir com outros elementos mais modernos, nomeadamente plasmas, mesas de som de holofotes. «Temos um grande ecrã e um grande palco que está preparado para grandes espectáculos, temos um bom sistema de som, imagem e luzes. Temos uma sala reservada só para crianças, onde os pais podem estar a comer e a ver as crianças», adiantou Carina Ribeiro. A relações públicas do espaço explicou ainda que o espaço está ainda dotada de uma sala que permite uma «certa privacidade» e que poderá ser usada para «conferências e grandes reservas». Paula Castelo, com quase 40 anos de idade e que frequenta o café desde pequena, habitando na zona há cerca de 17 anos, foi a primeira cliente do café após a reabertura que aconteceu às 8:00.
Gonçalves, o empregado mais antigo, está convencido de que valeu a pena lutar pela continuidade do café: "Não queremos que o Império seja só um café, mas também uma casa de cultura". A trabalhar naquele estabelecimento há 34 anos, o funcionário recorda que quase todos os cafés históricos de Lisboa desapareceram: "É importante manter estas casas que são um bem para a nossa cidade", remata.
Fontes: TSF on-line e Diário de Notícias. Foto@SAPO/Paulo M. Guerrinha
Jorge G. 25.08.2006
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quinta-feira, 24 de agosto de 2006
É preciso saber abrir a janela
Não Basta
Não basta abrir a janela Para ver os campos e o rio. Não é bastante não ser cego Para ver as árvores e as flores. É preciso também não ter filosofia nenhuma. Com filosofia não há árvores: há idéias apenas. Há só cada um de nós, como uma cave. Há só uma janela fechada, e todo o mundo lá fora; E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse, Que nunca é o que se vê quando se abre a janela.
Alberto Caeiro
Jorge g. 24.08.2006
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terça-feira, 22 de agosto de 2006
GÜNTER GRASS e 60 anos de vergonha - O meu comentário
"Beim Häuten der Zwiebel" ( "O descascar da cebola") é o título original. 150 mil exs. na 1º edição das suas 480 pgs. Euro 24.oo - Posto à venda em 1 de Setembro próximo.
Publiquei já, e nem todos o terão lido, um artigozinho sobre a confissão de Günter Grass. Aqui mesmo e intitulado "Günter Grass e 60 anos de vergonha" Ele próprio refere que se tratava de uma confissão que lhe oprimira o peito ao longo de tantos anos. Fui reler esse artigozinho. Nele, confirmo-o agora, limito-me à tradução de uma pequena parte da longa entrevista, que li em italiano.Tradução sem comentários. Assim. Para pura reflexão. Ao ler um artigo de alguém amigo, achei por bem comentar as palavras de Grass.
A vida é feita de opróbrios e de medalhas. Aos 78 anos e com uma obra digna e vasta, não necessitaria Grass de qualquer golpe publicitário promotor, tantas vezes, dos medíocres - mesmo os de alta-roda e de vendas largas ! O escritor apenas sentiu a urgência de dar conhecimento por voz própria de algo de que nunca se poderia orgulhar. Fê-lo também, talvez, como exemplo de que a verdade deve sempre nortear os homens embora expondo-se à condenação dos que nunca tiveram 17 anos e uma família rígida e opressora. "Il tamburo di latta" terá o título que vier a ter em Portugal. Mas já tem, justamente, um lugar na prateleira de cima da minha modesta estante.
O autor: Jorge G.
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segunda-feira, 21 de agosto de 2006
RECADO AOS NOVOS
"Por um mundo melhor" - pintura naïf de Iracema,1995
Não sei se Torga o escreveu pensando apenas no seu Presente ou antevendo igualmente as águas cinzentas de dias seguintes.
Mas sei que este poema de 1962 se mantém, no meu presente, inconsolavelmente actual.
Publico-o em súplica aos jovens de agora. Deixai-o ser só um testemunho, de hoje a 44 anos, da vontade que houve de socorrer o mundo.
Jorge G. 21.08.2006
"Câmara Ardente", Miguel Torga-1962
Não sei quantos seremos, mas
qu'importa?!
um só que fosse e já valia a pena.
Aqui, no mundo, alguém que se condena
A não ser conivente
Na farsa do presente
Posta em cena!
Não podemos mudar a hora da chegada,
Nem talvez a mais certa,
A da partida.
Mas podemos fazer a descoberta
Do que presta
E não presta
Nesta vida.
E o que não presta é isto,
esta mentira
Quotidiana.
Esta comédia desumana
E triste,
Que cobre de soturna maldição
A própria indignação
Que lhe resiste.
Jorge G. 21.08.2006
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quinta-feira, 17 de agosto de 2006
MEMÓRIAS
O Sol continua a nascer em cada manhã (Alentejo, 6:30 , Agosto/06 - foto minha)
Memórias
Passaram-se uns 25 anos, um quarto de século se nos quisermos fazer mais velhos. Na altura, era um jovem professor, já casado, e que por entender que a criação de uma família era um dado primordial na minha forma de entender a vida, não quis fazer o périplo que outros fizeram pelo país fora, vindo a casa aos fins-de-semana, um cá e outro sabe-se lá onde, marido e mulher separados após recente matrimónio. A minha companheira de todos estes anos estava então empregada, não enveredara pelos caminhos incertos do Ensino apesar do curso que havia terminado um ano antes de mim. Dava eu aulas num colégio de Lisboa, a par de muitas outras particulares. O colégio era um daqueles que vendiam o ensino como quem vende artigos de mercearia ou de qualquer outro ramo de primeiras necessidades. Não descontava para a Segurança Social pois os donos só tinham registada uma pessoa em todo o colégio. Queria lá eu saber disso! Pretendia trabalhar em Lisboa, ganhar menos do que no ensino oficial, mas estar perto da minha mulher e com ela começar a pensar num futuro filho. Fiz, assim, a minha opção de vida. E, apesar de tudo, menos tempo de trabalho para efeitos de reforma por exemplo, não me arrependo. Nunca me arrependi. Construí o que queria, não entrando no sistema que me poderia ter sugado a construção do que mais desejava.
Tinha então, como referi, muitas aulas particulares. No meu local de trabalho, a que só chamei “colégio” para que se percebesse desde logo a que local me referia, dava aulas de Português, Inglês e Alemão a alunos que iam dos 10 aos 60 anos. Algumas turmas eram constituídas quase exclusivamente por mulheres que pretendiam fazer o 2º ciclo. Recordo-me bem que ocupavam os primeiros tempos da tarde e chamava-lhes eu o “Clube das Donas de Casa”. Outras eram turmas de miúdos, que pelas mais variadas razões os pais quiseram e puderam poupar ao caos que já se anunciava no ensino oficial. Aulas de manhã, 8:30, e à tarde ajudava-os na “Sala de Estudos” que lá criei. Ao fim da tarde e à noite, enriqueci-me com a presença dos estudantes trabalhadores, que queriam e necessitavam de um grau académico mais elevado, para enriquecimento pessoal e para poderem ascender a lugares dentro das carreiras profissionais que, de outro modo, lhes estariam vedados. Preparei muitos para os exames do Geral e do Complementar, os actuais 9º e 11º/12º. Foi neste contexto que conheci, entre 1978 e 1980, um aluno que havia regressado de Angola. Não me lembro já, infelizmente, do seu nome. Teria uma idade muito próxima da minha. Era alto, moreno, uma calvície que se aproximava e uns olhos castanhos mornos, envergonhados e tristes. Li neles sem qualquer dificuldade a saudade da sua Angola, a afronta sentida por ter de abandonar a sua terra, o seu espaço a céu aberto, os amigos, os companheiros de trabalho num Banco, as suas Cuca e Nocal, o camarão, o ananás, os cheiros de África… Quase o vi chorar quando me disse que precisava prementemente de fazer a cadeira de Inglês que lhe faltava para poder ser integrado na categoria profissional devida no mesmo Banco que servira em Angola. Fui tocado pela amargura do seu olhar e pela humildade e esmerada educação com que lidava comigo e com os colegas de estudo. Propus-lhe, então, que tentasse arranjar mais uns dois ou três companheiros para que lhe ficassem mais baratas as “explicações” de Inglês. Assim aconteceu. Porém, a falta de jeito natural para a aprendizagem de uma Língua era gritante. O tempo para estudar, no final de um dia de trabalho, em nada o ajudava. Tive medo. Contudo, conversei com ele e, sem obviamente lhe dar qualquer garantia de êxito – os exames eram nacionais e realizados numa escola pública ! – fi-lo acreditar que ia conseguir. Reconhecendo as suas enormes dificuldades, aceitou o repto, se bem que descrente.Vinha a minha casa duas vezes por semana, trabalhámos persistentemente e com muita fé. Aumentei-lhe a auto-estima, entusiasmei-o, a ele e aos colegas, de forma a levá-lo a acreditar que ia conseguir. Veio com a mulher a minha casa dar a notícia de que havia passado no exame. Mais nervoso estava eu. Não queria acreditar que aquele jovem pudesse ficar com a carreira adiada. Quando lhes abrimos a porta, os seus olhos descansaram-me. Vi-os sorrir de esperança e de confiança pela primeira vez. Depois, em conversa, falou-me sobre os projectos de vida aos quais agora, sim, poderia dar início. São estas as medalhas que nunca qualquer Ministro néscio e carreirista me poderá roubar. Assim me fiz professor.
Jorge G. texto e imagem 17-08-2006
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segunda-feira, 14 de agosto de 2006
Alguém terá aí por casa um filmezito que a NASA perdeu ?
The moon landing NASA Lose Moon Films Updated: 09:39, Monday August 14, 2006 ( in Sky News ) NASA has lost the original footage of man's first steps on the moon. Neil Armstrong's historic moment was seen by 600 million people in July 1969, but according to NASA the original tapes have been mislaid in their vast archive. They are now trying to track them down through paperwork dating back 35 years. The television broadcast came from a camera that was pointed at a black and white monitor back on earth. According to officials the footage could lay to rest the conspiracy theory that the landings were faked on a Hollywood sound stage. Despite being the best record of the historic event, NASA simply filed the tapes away with other records. A spokesman for the space agency said: "We're trying to track them down through the paperwork created at the time. "But it's 35 years ago so it's a challenge." E estive eu acordado uma noite inteira em 1969 para isto ?
Regressa querido Fernando Pessa !
Jorge P.G. 14-08-2006
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domingo, 13 de agosto de 2006
Feliz Cumpleaños !
Me siento muy feliz
Al arribar a sus 80 años de edad, el Comandante en Jefe Fidel Castro envía mensaje alentador sobre su estado de salud, que ha mejorado considerablemente. Asegura que el país marcha perfectamente bien. 13 de agosto de 2006 00:18:57 GMT
Foto: Estudios Revolución
"Queridos compatriotas y amigos de Cuba y del resto del mundo:
Ya hoy día 13 he arribado a los 80 años de edad. Decir que la estabilidad objetiva ha mejorado considerablemente no es inventar una mentira. Afirmar que el período de recuperación durará poco y que no existe ya riesgo alguno, sería absolutamente incorrecto. Les sugiero a todos ser optimistas, y a la vez estar siempre listos para enfrentar cualquier noticia adversa. Al pueblo de Cuba, infinita gratitud por su cariñoso apoyo. El país marcha y seguirá marchando perfectamente bien. A mis compañeros de lucha, eterna gloria por resistir y vencer al imperio, demostrando que un mundo mejor es posible. Hoy, 13 de agosto, me siento muy feliz. A todos los que desearon mi salud, les prometo que lucharé por ella."
Estas são palavras de Fidel no dia do seu 80º aniversário, publicadas hoje no Jornal Juventud Rebelde - Diário de La Juventud Cubana. Mas o que me intriga é esta fotografia, das quatro publicadas. Onde terá sido fabricado este fato-de-treino da Adidas? Que mãos o terão trabalhado? Ou será que a Adidas se instalou já em Cuba?
Entretanto, no mesmo diário publica-se este "cartoon" com a seguinte legenda: "La siembra perfecta..." (Tr. A sementeira perfeita...)
LINKS
- http://www.juventudrebelde.cu/
- http://www.juventudrebelde.cu/cuba/2006-08-13/el-oficio-de-la-palabra-hablada/
- IMPERDÍVEL, mas demasiado longo para ser publicado, " El ofício de la palabra hablada" pode ser lido na morada acima indicada. É um documento histórico. Este texto, escrito há quase 20 anos para acompanhar a entrevista realizada pelo jornalista italiano Gianni Miná a Fidel, é um excepcional testemunho que mantem uma extraordinária actualidade e foi cedido pelo autor para esta ocasião. Por: Gabriel García Márquez
- Neste mesmo blogue, em 21 de Junho deste ano, publiquei "Cuba - Que futuro?" Será talvez interessante reler. In ARQUIVOS - Junho 2006
Jorge P.G. 13-08-2006
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GÜNTER GRASS e 60 anos de vergonha
"Non avevo mai trovato la forza di dirlo, ma è una cosa che andava scritta. Entrai da volontario e non ebbi vergogna: mi venne dopo".
"Nunca encontrei coragem para o dizer, mas era uma coisa que estava escrita. Entrei como voluntário e não tive vergonha: esta chegou depois" - Um silêncio de 60 anos.
Completados os 78 anos, Günter Grass, Prémio Nobel da Literatura em 1999, decidiu fazer uma confissão pública, libertando-se de um enorme peso de consciência. Durante a 2ª Guerra militou nas SS nazis. E como voluntário. Estas revelações foram feitas ao jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung, um mês antes da saída do seu próximo livro – * “Tambor de Lata”, no qual relata as suas memórias do período passado ao serviço dos nazis. A recordação daquela experiência foi como um “martelo” na sua cabeça. “ O meu silêncio de tantos anos é uma das razões pelas quais escrevi este livro”, disse Grass na entrevista, “…mas antes ou depois teria de aliviar este fardo." Grass acabou a sua experiência de SS num campo americano de prisioneiros, depois de ferido em batalha. Segundo afirmou ao jornal,o motivo da sua inscrição foi “ a vontade de deixar o seio da família: muitos rapazes como eu ofereciam-se como voluntários para o serviço militar pela mesma razão. Era uma coisa comum entre os da minha geração, um modo de voltar a esquina e virar costas aos pais. Só depois de ter recebido a carta de chamada é que me dei conta que me estavam a mandar para Dresden com o uniforme das SS”
* Este título é apenas a tradução literal do italiano "Tamburo di latta".
Adaptação e tradução de Jorge P.G. 13-08-2006
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terça-feira, 8 de agosto de 2006
O meu paraíso alentejano
Às 6:30, primeiros dias de Agosto, o Rei acorda ali olhando de frente para os quartos
Na Quinta do Barrieiro entrei hóspede, vivi em casa, parti amigo.
Para quem saia de Castelo de Vide ou de Portalegre, são só mais uns poucos Km até à estrada para um lugarejo premonitoriamente chamado Reveladas. De facto, ultrapassado o portão principal da Quinta, são reveladas ao viajante as primeiras sombras das árvores que nos refrescarão durante a estadia. Chegámos à Quinta do Barrieiro, onde somos saudados pelo olhar sonolento do Bernardo deitado à sombra do muro da casa principal, naquela letargia diurna de quem não dorme depois que o sol se deita, pois que cão-de-guarda é um mister que o Bernardo dignifica desde que se reconhece como tal há mais de uma dezena de anos. Mas são só uns dois minutos até que surja o sorriso luminoso do José Manuel a receber-nos, afável e prazenteiro. Já assim fora da primeira vez. Guardado pela sombra das árvores, o carro descansa do braseiro à distância de uns passos do quarto reservado. Curiosamente designadas de acordo com as cores da decoração, as pequenas habitações têm tudo o necessário para quem procura o descanso e a tranquilidade de uma quinta no campo. São limpas, confortáveis, frescas e convidam-nos a um apetecido repouso. Sem luxo ou espavento, reflectem o bom-gosto dos proprietários na sua decoração sóbria, confortável, harmoniosa. Depois, pelo cair da tarde, quem lá chega pela primeira vez não resiste ao curioso descobrir do espaço circundante. E então... o paraíso revela-se. São as rãs e as relas da charca, a subida ligeira até à piscina com um pequeno espaço mesmo ao lado para os mais pequenos, as amoras maduras por colher ou que escaparam à panela do doce da Maria , as esculturas desta espalhadas numa ordenada desordem por toda a parte, pedra, ferro e bronze a céu aberto, figuras cheias de movimento em perfeito contraste com a quietude que as envolve e lhes ressalta as formas onduladas e sonhadoras. É a arte da Maria Leal da Costa, que não se esconde em exposições, antes se abre aos céus no ambiente em que a artista as criou. Depois, nunca faltam: a companhia da Jacqueline, uma canita doce e educada que não entra no quarto sem convite, mais a de mãe e filha gatas de pelagem branca e preta, pequeninas e meigas, mimadas e interesseiras como apenas os gatos sabem ser. Chegada a noite, o silêncio é ainda mais absoluto, entrecortado pelo canto persistente e manso das cigarras e o coaxar que vem da charca, numa conversa de comadres que as rãs põem em dia. A lua espreita por entre a folhagem, Catalina acordada quando Lorenzo se deita, como dizem os amigos de Espanha que está logo ali, por detrás daqueles montes além, que se acendem de longe a longe por algum carro que lá passa sem se ouvir. No céu, contam-se as estrelas, são tantas e mais uma quando um avião se lhes junta e nos recorda que estamos em terra. À porta do quarto, sentados à luz do candeeiro da parede que ofusca e aquieta os insectos campestres, podemos ouvir os sons do silêncio, fechando os olhos e sentindo...sentindo só. Ou então ouvir Chopin, Mozart e a sua Eine kleine Nacht Musik, ou Beethoven - Für Elise, optar pelas medievais trovas de Angelo Branduardi cantando S.Francesco d'Assisi e a sua pregação aos pássaros nos pauis de Venezia, e sonhar...embalados...sonhar...e adormecer até que o canto das aves madrugadoras, bailando de árvore em árvore, nos despertem para a vida que se renova mais forte em cada manhã. Então, um bonito saco contendo pão e bolo, aguarda que o retiremos do gancho colocado à porta e lhes juntemos o mel, o queijinho regional, presunto de montado irmão do famoso de Parma, o café,... que a D.Antónia renova dia-a-dia. Passeio matinal enquanto o sol não queima, um mergulho na piscina, umas brincadeiras com a bicharada, e segue-se um passeio por terras vizinhas. Castelo-de-Vide com as belíssimas ruelas da Judiaria, Marvão que se transforma numa vila-modelo sem antenas nos telhados de casas brancas, uma volta em redor da Serra de S.Mamede onde a paisagem é uma feliz mistura de Alentejo e Beira-Baixa, o descobrir das antas e de ruinas romanas que a região oferece,... Ou então, fazer 12,8 Km da Quinta ao posto de abastecimento mais próximo, com o carburante 25/26/27 cêntimos mais barato, e andar mais 10 Km até à progressiva vila de Valência de Alcântara ou mais cerca de 100 até à monumental Cáceres com um centro histórico deslumbrante, imperdível. No regresso, por boa estrada sem tráfego, o descanso espera-nos na Quinta. É o retorno ao meu paraíso alentejano. Inspiro profundamente o ar puro da serra e ponho-me de novo a sonhar.
A Canita, para mim Jacqueline, junto da piscina, ao nascer do dia 5/Ag/06
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Fotos e texto de Jorge P.G.
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Sino tocado em
agosto 08, 2006 -
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