quinta-feira, 5 de março de 2009
5 DE MARÇO de 1953 - A MORTE DE ESTALINE E A DESMEDIDA AMBIÇÃO PELO PODER
O Marechal Stalin, em final de vida
Faz hoje 56 anos que faleceu Estaline, curiosamente no mesmo dia e na mesma cidade, Moscovo, em que o "enfant terrible" da música russa, Prokoviev, quase a completar 62 anos, morria discretamente apenas com umas horas de diferença.
Uns dias antes, no teatro Bolchoi, o ditador tivera de se retirar antes do final da representação. Jantara com os adjuntos, num repasto bem regado. No dia seguinte, os guardas, não o tendo visto sair do quarto, arrombaram a porta e encontraram-no agonizante sobre os tapetes, acometido de uma congestão cerebral. Não conseguiram que saísse do coma, acabando por sucumbir quatro dias depois. O anúncio do seu fim trouxe ao mundo espanto, desolação, mas alívio, também.
As exéquias, a 9 de Março, em Moscovo, traduziram-se por cenas de histeria colectiva. Em Paris, a sede do partido comunista hasteava a bandeira negra e, na Câmara dos Deputados, o Presidente Édouard Herriot reclamou um minuto de silêncio em memória do vencedor de Hitler e do modernizador da URSS. Apenas dois deputados recusaram levantar-se.
Иосиф Виссарионович Джугашвили, em russo,(Ióssif Vissariónovich Djugashvíli) (mais tarde chamado Stalin, «homem de aço», em russo) nasceu em Gori, uma pequena cidade no coração da Geórgia, em 6 ou 18 de Dezembro de 1878, segundo alguns biógrafos, ou em 18 de Dezembro de 1879, de acordo com outros, ou ainda em 21 de Dezembro de 1879, de acordo com a sua biografia oficial, na qual Stalin se teria rejuvenescido de alguns meses. (sobre a controvérsia, poder-se-á consultar a biografia escrita por Jean-Jacques Marie, "Staline", Fayard, 2001, página 15.) Mais do que nenhum outro homem de Estado da era moderna, Estaline foi objecto de paixões extremas no mundo inteiro, tendo milhões de homens morrido quer por o adorarem (ou dele dependerem?) quer por o odiarem.
Sucessor de Lenine na chefia da URSS, deu-se o título de «Vojd», nome russo que significa «guia», «condutor», à semelhança do "Führer" alemão, do "Duce" italiano ou do espanhol "Caudillo". Mas a propaganda russa apelidava-o igualmente de "pai dos povos".
O seu pai era um sapateiro pouco menos do que miserável e iletrado, que voltara a casar, tardiamente, com uma jovem prima. Alcoólico e violento, batia frequentemente na mulher e nos filhos, entre os quais o pequeno José, tendo morrido em 1890 no decurso de uma rixa entre bêbedos.
José entrou então no seminário de Tbilissi, a capital da Geórgia de hoje, o único meio de ascensão social a que teve acesso. Lá, iniciou-se secretamente nas ideias revolucionárias do marxismo e a sua indisciplina valeu-lhe ser expulso do estabelecimento, sem diploma, em 1899.
6 anos mais tarde, em 25 de Dezembro de 1905, teve o primeiro encontro com Lenine, algures na Finlândia, por ocasião de um congresso pan-russo, tornando-se desde então "um profissional da Revolução". Lenine confiou-lhe acções de monta na região do Cáucaso que tinham por objectivo, digamos, "encher os cofres" do Partido bolchevique.
Em 1912 acedeu ao Comité Central do partido, tendo no ano seguinte adoptado o nome de Stalin. Foi então preso e exilado para a Sibéria até à Revolução de Fevereiro de 1917. Libertado, tomou a direcção do «Pravda», jornal do partido bolchevique, e após a Revolução de Outubro, que consagrou o poder sem partilhas dos bolcheviques, Staline tornou-se Comissário do Povo(equivalente a ministro).
Aos 39 anos, principiou então para ele uma segunda vida. Daí para a frente, é por demais conhecida a lista dos seus actos, que fizeram deste homem um dos grandes genocidas da era moderna. Nos dias actuais, em que a política cada vez se centra mais e mais em figuras-emblema, é imprescindível pensar-se em que se pode transformar um homem de ambição desmedida e dos perigos que esta acarreta para a própria humanidade! A alguns homens não podemos dar asas.
Texto de Jorge P.G.
Publicação nº 698 de "O SINO DA ALDEIA" - Jorge P.G.
Sino tocado em
março 05, 2009 -
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