ATENÇÃO: Esta é uma versão anti-árabe. Outras há, menos abonatórias para o ocidente.
Euclides de Alexandria, que morou em Alexandria e ensinou na Biblioteca na segunda metade do Século IV a. C.
Conforme a visão artística de Rafael Sanzio no seu afresco Cognitio Causarum.
Euclides manuseia um compasso e explica Geometria a alguns estudantes.
Tendo sido fundada por Ptolomeu ou por Ptolomeu II, a destruição da grande biblioteca de Alexandria foi rematada pelos árabes em 646 da era cristã.
A cidade foi fundada, como o seu próprio nome indica, por Alexandre o Grande, entre 331 e 330 a.C. decorrendo quase mil anos antes de a biblioteca ser destruída.
Alexandria foi, talvez, a primeira cidade do mundo totalmente construída em pedra, sem que se utilizasse nenhuma madeira. A biblioteca compreendia dez grandes salas e quartos separados para os consultantes. Discute-se ainda a data da sua fundação e o nome de quem a fundou, mas o verdadeiro fundador, no sentido de organizador e criador da biblioteca, e não simplesmente do rei que reinava ao tempo do seu surgimento, parece ter sido um personagem de nome Demétrios de Phalère.
Desde o começo, ele agrupou 700 mil livros e continuou a aumentar sempre esse número . Os livros eram comprados a expensas do rei. Esse Demétrios de Phalère , nascido em 354 e 348 a.C. , parece ter conhecido Aristóteles. Apareceu em 324 a.C. como orador público, em 317 foi eleito governador de Atenas e governou-a durante dez anos, de 317 a 307 a.C.
Impôs um certo número de leis, nomeadamente uma, de redução do luxo nos funerais. Então, Atenas tinha 90 mil cidadãos, sendo 45 mil estrangeiros e 400 mil escravos. No que concerne à própria figura de Demétrios, a História apresenta-o como um modelo da elegância, tendo sido o primeiro ateniense a descolorir o cabelo, alourando-o com água oxigenada. Depois, foi banido de seu governo e partiu para Tebas onde escreveu grande número de obras, uma com título estranho: "Sobre o feixe de luz no céu", que é , provavelmente, a primeira obra sobre os discos voadores. Em 297 a. C., o faraó Ptolomeu persuadiu Demétrios a instalar-se em Alexandria. Fundou então a biblioteca. Ptolomeu I morreu em 283 a.C. e o seu filho Ptolomeu II exilou Demétrios em Busiris, no Egipto, onde faleceu, mordido por uma serpente venenosa.
Demétrios tornou-se célebre no Egipto como mecenas das ciências e das artes.
Depois disso, uma sucessão de bibliotecários, através dos séculos, aumentou a biblioteca, aí acumulando pergaminhos, papiros, gravuras e mesmo livros impressos, se formos crer em certas tradições. A biblioteca continha portanto documentos inestimáveis. Coleccionou, igualmente, documentos dos inimigos, notadamente de Roma.
Sabe-se que um bibliotecário se opôs, violentamente, à primeira pilhagem da biblioteca por Júlio César, no ano 47 a.C. , mas a História não tem o seu nome. O que é certo é que já na época de Júlio César a biblioteca de Alexandria tinha a reputação corrente de guardar livros secretos que davam poder praticamente ilimitado.
Quando César chegou a Alexandria a biblioteca tinha pelo menos 700 mil manuscritos. Quais? E por que se começou a temer alguns deles?
Os documentos que sobreviveram dão-nos uma ideia. Havia lá livros em grego. Evidentemente, tesouros, toda essa parte que nos falta da literatura grega clássica. Mas entre esses manuscritos não deveria aparentemente haver nada de perigoso.
Ao contrário, o conjunto de obras de Bérose é que pode inquietar. Sacerdote babilónico refugiado na Grécia, Bérose deixou-nos o relato de um encontro com extraterrestres: os misteriosos Apkaluus, seres semelhantes a peixes, vivendo em escafandros e que teriam trazido aos homens os primeiros conhecimentos científicos.
Bérose viveu no tempo de Alexandre o Grande, até à época de Ptolomeu I. Foi sacerdote de Bel-Marduk na Babilónia. Era historiador, astrólogo e astrónomo. Inventou o relógio de sol semicircular. Criou uma teoria dos conflitos entre os raios do Sol e da Lua que antecipa os trabalhos mais modernos sobre a interferência da luz . Podemos fixar as datas de sua vida em 356 a.C. , nascimento, e 261, ano da sua morte. Uma lenda contemporânea diz que a famosa Sybila, que profetizava, era sua filha.
A História do Mundo de Bérose, que descrevia os seus primeiros contactos com os extraterrestres, foi perdida. Restam alguns fragmentos, mas a totalidade desta obra estava em Alexandria e, nela, todos os ensinamentos dos extraterrestres.
Encontrava-se em Alexandria, também , a obra completa de Manethon. Este, sacerdote e historiador egípcio, contemporâneo de Ptolomeu I e II, conhecera todos os segredos do Egipto. O seu nome pode mesmo ser interpretado como "o amado de Thot " ou "o detentor da verdade de Toth".
Era o homem que sabia tudo sobre o Egipto, lia os hieroglifos, tinha contacto com os últimos sacerdotes egípcios. Teria ele mesmo escrito oito livros e reuniu quarenta rolos de pergaminho, em Alexandria, que continham todos os segredos egípcios e provavelmente o Livro de Toth . Se tal colecção tivesse sido conservada, conheceríamos, provavelmente, tudo o que seria preciso saber sobre os segredos do Egipto. Foi exactamente isto que se quis impedir.
Foi César quem inaugurou a sua destruição. Levou um certo número de livros , queimou uma parte e engradeou o resto. Uma incerteza persiste até hoje sobre esse episódio, e 2.000 anos depois da sua morte, Julio César tem ainda partidários e adversários. Os seus partidários dizem que ele jamais queimou livros na própria biblioteca; aliás muitos livros prontos a ser embarcados para Roma foram queimados num dos depósitos do cais do porto de Alexandria , mas não foram os romanos que lhes atearam fogo.
Ao contrário, certos adversários de César dizem que grande número de livros foi deliberadamente destruído. A estimativa do total varia de 40 a 70 mil. Uma tese intermediária afirma que as chamas provenientes de um bairro onde se lutava , alcançaram a biblioteca e destruiram-na acidentalmente.
Parece certo , em todo caso, que tal destruição não foi total. Os adversários e os partidários de César não dão referência precisa, os contemporâneos nada dizem e os escritos mais próximos do acontecimento são-lhe dois séculos posteriores.
O próprio César, nas suas obras, nada referiu. Parece mesmo que ele se "apoderou" de certos livros que lhe pareciam especialmente interessantes. A maior parte dos especialistas em História egípcia pensa que o edifício da biblioteca deveria ser de grandes dimensões para conter setecentos mil volumes, salas de trabalho, gabinetes particulares, e que um monumento de tal importância não pode ser totalmente destruído por um princípio de incêndio. É possível que este tenha consumido armazenamentos de trigo, assim como rolos de papiro virgem. Não é certo que tenha desvastado grande parte da biblioteca e que esta tenha sido totalmente aniquilada. É certo, porém , que uma quantidade de livros considerados particularmente perigosos desapareceu.
CONTINUA...
Publicação nº 697 de "O SINO DA ALDEIA" - Jorge P.G.