Hoje inicia-se, e de vez em quando aparecerá, este My name's Back, Flash Back, aproveitando algumas peças de outros blogues meus já extintos que muitos dos actuais amigos não tiveram oportunidade de ler.
Estranho desaparecimento o da leitura em voz alta. O que teria Dostoievski pensado disto? E Flaubert? E o direito de se colocar as palavras na boca antes de as introduzir na cabeça? Mais, nos ouvidos? Mais, na música? Mais, no gosto pelas palavras? E depois, ainda que mais?
Será que Flaubert não berrou contra isso até furar os tímpanos da sua Bovary?
Será que ele não está definitivamente mais bem colocado que qualquer outro para saber que a inteligibilidade do texto passa pelo som das palavras, as quais fundem todo o seu sentido?...
O quê, textos mudos por puros espíritos?
Socorro Rabelais! Socorro Flaubert! Dosto! Kafka! Michaux! Socorro!
Gigantescos vociferadores de sentido, aqui, imediatamente! Vinde soprar nos nossos livros! Os vossos livros necessitam de corpos! Os vossos livros necessitam de vida!
PENNAC, Daniel — Como um Romance, Asa
Da contracapa:
"É sobejamente conhecida a preocupação de professores e pais pela falta de interesse e gosto que os jovens manifestam pela leitura. Daniel Pennac, professor, pai de família e romancista, descreve neste ensaio pleno de humor, que se lê «Como um romance», todas as perplexidades que usualmente assaltam os diversos intervenientes no processo educativo e formativo, sempre cheio de conflitos surdos, temores, bloqueios e teimosias.
Acima de tudo, conforme se sublinha no presente livro, a leitura deve ser um prazer e os leitores de hoje têm de usufruir de alguns direitos inalienáveis.
A profunda originalidade de «Como um romance» está na forma ao mesmo tempo muito divertida e muito séria com que o autor aborda a questão central de que dependem tanto o destino do livro como o destino da cultura e da educação."
---------------Os Direitos Inalienáveis do Leitor------------------
1. O Direito de Não Ler.
2. O Direito de Saltar Páginas.
3. O Direito de Não Acabar um Livro.
4. O Direito de Reler.
5. O Direito de Ler Não Importa o Quê.
6. O Direito de Amar os "Heróis" dos Romances.
7. O Direito de Ler Não Importa Onde.
8. O Direito de Saltar de Livro em Livro.
9. O Direito de Ler em Voz Alta.
10. O Direito de Não Falar do Que se Leu.
Publicação nº 559 - J.G.