Publico hoje , 13 de Março, as respostas às adivinhas. Vêm junto de cada uma delas neste mesmo artigo. Lamento a pouca adesão a este passatempo. Hoje, apeteceu-me vir a Miranda, essa Miranda na margem direita do Douro, a ver Espanha e a amar Portugal, elevada à categoria de cidade e de sede de diocese em 1545, em tempos de D.João III. A Miranda-do-Douro da sua Sé iniciada em 1552, dos Pauliteiros e do mirandês.
A história da cidade foi bastante atribulada, pela sua condição de fronteira. Em 1710, por exemplo, caiu em poder espanhol, o que de novo ocorreu em 1762. Terá sido esta ocupação estrangeira o motivo principal para a mudança do bispo para Bragança, cidade menos exposta a ameaças externas. A posição do titular da diocese e respectivo cabido deu início à decadência de Miranda enquanto sede episcopal.
Diz o padre António Carvalho da Costa, "Coreografia Portuguesa", que Miranda foi uma cidade importantíssima no tempo dos romanos, que lhe deram o nome de Conticum, depois de Paramica, e por fim de Seponcia.
Conquistada pelos Árabes em 716, estes deram-lhe o nome de Mir-Andul, que depois se corrompeu no actual de Miranda.
Com as guerras entre os Lusitanos e os Árabes foi tomada e destruída, de modo que no tempo do conde D. Henrique, estava em completo estado de ruína e quase deserta. Foi nesta miserável situação que D. Afonso Henriques a encontrou, o qual, vendo a importância militar e estratégica deste ponto, por ser fronteiro aos turbulentos Leoneses, com quem teve várias encarniçadas lutas, tratou de a tornar uma praça de guerra, construindo-lhe um forte Castelo e uma pequena cerca de muralhas, em 1136; nesse mesmo ano, a 9 de Novembro, concedeu-lhe foral com muitos privilégios, sendo um dos principais o de ser couto do reino ou de homiziados, para atrair mais facilmente povoadores.
Na porfiosa luta da Restauração da nossa independência no século XVII, durante 27 anos muito padeceu a cidade de Miranda. Foi esse o primeiro, mas terrível golpe na sua prosperidade. Estando situada na raia de Espanha, por vezes os castelhanos ali entraram e fizeram grandes saques.
No dia 8 de Maio de 1762 a cidade foi vítima de uma horrorosa catástrofe, uma explosão de 1.500 arrobas de pólvora que derrubou o castelo e muitas casas, ficando sepultadas nas ruínas perto de 400 pessoas.
Ignora-se se a explosão foi acidental ou de propósito, mas é tradição em Miranda que o governador do castelo, comprado pelos espanhóis, lançara fogo ao paiol da pólvora, e que depois da explosão fora visto fora das muralhas, em direcção do campo inimigo.
O clima é de tal forma áspero, que é tradicional dizer-se: Em Miranda há nove meses de Inverno e três de inferno.
Na área artesanal , e por todo o concelho, podemos encontrar: Confecção de Traje Regional - Em saragoça, buréis e linho.
Confecção de Colchas, Tapetes, Carpetes, Alforges, etc - em lã de ovelha e linho. Encontram-se em Constatim, Duas Igrejas, S.Martinho, Sendim, Póvoa, e Picote.
Confecção de Gaitas de Foles - Miranda, Sendim, Constantim, Freixiosa e Vale de Mira.
Trabalhos de Madeira - Miranda, Sendim, Palaçoulo, Freixiosa, Teixeira.
Trabalhos em Ferro Forjado - Miranda e Paladouço.
Cestaria - Sendim, Miranda e Póvoa.
Rendas e Bordados - Sendim e outras Aldeias do Concelho.
A cultura mirandesa tem, de facto, uma componente etnográfica que a língua por sua vez, expressa. Assim sendo, dá sentido aos "Lhaços da dança dos Pauliteiros", que vem da dança Indo-Europeia de Espadas; às danças paralelas e de roda; às cantigas da segada e demais rimances; às cantigas dos ciclos da lã, do linho e das mondas; às cantigas de ronda; às cantigas religiosas (Natal, Reis, Páscoa); aos jogos de roda, etc.
Os mirandeses têm uma lingua característica, a língua mirandesa, finalmente reconhecida através da Lei nº 7/99 de 29 de Janeiro.
O Mirandês é falado numa área de cerca de 500 Km2, no extremo Nordeste de Portugal, ao longo da fronteira a sul de Alcañices, entre a ribeira de Angueira, a poente e sul, e o rio Douro, a nascente, num conjunto de aldeias dos concelhos de Miranda do Douro e Vimioso.
Em mirandês, essa adorável mistura de idiomas mas com uma identidade própria, deixo-vos aqui umas adivinhas:
1
Conheço ua sinhora
Mui assinhorada
Nunca sal a la rue
I sięmpre stá molhada.
Que cousa yę?
* Resposta: La lhengua (a língua)
~~
2
You cuôrro i nun tengo pięrnas
Assobio i nun tengo boca
Mas nunca naide me biu
I tengo bastante fuôrça.
Que cousa yę?
* Resposta: L aire ( o ar)
~~
3
Ua casa cun doze damas
Cada dama ten quatro quartos
Todas eilhas ténen meias
I ningua ten çapatos.
Que cousa yę?
* Resposta: L reloijo (o relógio; a hora)
~~
4
Que yę, que yę
Yę cumprido cumo ua strada
Mas cabe nua mano cerrada?
Que cousa yę?
* Resposta: L nobięlho (o novelo)
~~
Publicação nº 311 - JPG
Etiquetas: idiomas, línguas, Miranda-do-Douro, mirandês