quarta-feira, 7 de março de 2007
R. Wagner e o travestismo
Richard Wagner (1813-1883), que se auto-proclamava "o mais alemão dos homens", "o espírito alemão", não ficou famoso somente pelas suas 13 óperas e inúmeras outras composições mas também por causa da sua inevitável influência no conhecimento que temos da cultura e história alemãs. Wagner foi classificado como anarquista e socialista e, simultaneamente, como um pro-fascista e nacionalista, como um vegetariano e um anti-semita... surgindo o seu nome, na realidade, ligado a quase todas as tendências principais da história alemã dos sécs. XIX e XX. Para além de compositor e libretista, Wagner escreveu um espantoso número de livros e artigos, cerca de 230 títulos, indo o seu espectro literário desde teorias de ópera até programas políticos. Somando a estas actividades, deixou ainda cerca de 10 mil cartas.
Richard Wagner foi indubitavelmente uma das figuras de topo do séc.XIX e já no seu tempo era fonte de debate e de controvérsia. Quando faleceu, em 1883, foram escritos mais de 10 mil livros e artigos sobre ele, e esse número tem-se multiplicado desde então. Wagner inspirou músicos e compositores, mas igualmente artistas de outras áreas como foi o caso do famoso pintor alemão Ferdinand Leeke (1859-1925), que ilustrou algumas das suas óperas. Uma das facetas interessantes e ainda hoje um pouco negligenciadas do compositor é a memorabilia e cultura popular inspirada na sua personalidade.Siegfried Wagner, seu filho e de Cosima von Bülow, filha de Franz Liszt , foi também compositor de ópera, tendo até escrito mais óperas do que o pai!
Siegfied Wagner (1869-1930)
Todo este trabalho sobre Wagner, compositor que nem é do meu agrado, foi-me sugerido por uma notícia de há um par de dias lida no CM. O austero autor de " O Holandês Voador" (1840-41 e estreado em 1843) ; "O Anel do Nibelungo"(1876) ; "Tristão e Isolda" (estreado em 1865, embora terminado 6 anos antes) ou "Parsifal" (1882, cerca de um ano antes da sua morte), era referido nessa notícia como tendo, provavelmente, tendências travestis. Com uma vida privada tão criativa como a pública, Wagner mudava frequentemente de casa e de mulher, ora perseguido por furiosos credores, ora por maridos ultrajados. Foi o que ocorreu em Munique quando teve de fugir com Cosima, filha de Liszt e mulher do maestro Hans von Bülow.
R. Wagner e Cosima
Ora, numa das milhentas cartas, esta de 1874, Wagner solicitava a uma casa de moda de Milão um vestido supostamente para a mulher, Cosima. Numa outra, endereçada ao mesmo costureiro milanês e datada de 1869, pode ler-se que o compositor encomendava "um colete de cetim negro que possa ser usado tanto na rua, com ou sem casaco, como em casa, como uma combinação". Indicações exaustivas de detalhes particulares a incluir nos modelos encomendados ameaçam denunciar fetiche travesti. Segundo uma publicação alemã "The Wagner Journal", o seu interesse "nas minúcias da roupa feminina" evidencia "um lado feminino muito pronunciado" e a mesma fonte avança dois diagnósticos possíveis: ou o compositor sofria de travestismo ou de uma doença de pele, a erisipela, que provoca irritação cutânea e obriga ao uso de tecidos como o cetim e a seda.
Mas um estudioso de Wagner, Joachim Kochler, autor de "R. Wagner - o último dos titãs", chega a uma muito singela conclusão. É que, afinal, o génio "precisava de uma aura de feminilidade para estimular os sentidos".
Publicação nº 307 - JPG
Etiquetas: compositores, música, ópera, Wagner
Sino tocado em
março 07, 2007 -
20 comentários
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