quinta-feira, 25 de janeiro de 2007
Porque hoje não me apetece...
Ora bem, vou hoje falar de quê? De política, confesso que ando enjoado. Todos os dias sai uma cretinice qualquer a juntar às de sempre. Acho até que as pessoas nem ligam muito ao que ouvem ou lêem, de tal modo já se habituaram à propaganda governamental. Fazem o mesmo que à publicidade indesejada nas caixas de correio. Deitam fora sem ler, só pelo aspecto da papelada já sabem do que se trata e…zás…lixo!
Vou então escrever sobre quê? Que o Eusébio faz hoje 65 anos? Ou o Eanes não sei quantos? Ou que fixei estes aniversariantes por o serem no mesmo dia 25 de Janeiro em que nasceu a minha sogra? Mas o que pode isso interessar a quem lê este “berloque”? A minha sogra nem sequer conhecem e o Eanes não está na moda. A festa do Eusébio todos logo à noite poderão ver nas TVs, com aquelas entrevistas fantásticas a dizer-nos que foi um grande jogador, passando as imagens nunca vistas dos 3 golos à Coreia em 1966 ( 40 anos, meus amigos, há 40 anos!),…enfim, Parabéns a todos! Poderia, então, escrever sobre as alterações climatéricas, a fome no mundo, a diabetes crescente em Portugal e não só,…ou, temas mais leves, sobre poesia, a actividade sexual das formigas, o papel do humor em países sisudos,… Poderia …mas não me apetece.
Hoje, só tenho vontade de brincar ao faz-de-conta. E de contar-vos esta história.
Era uma vez um país. E nele havia terras e mares, estradas, gente, animais, casas e cidades, aquelas coisas que todos os países têm. Nesse país mandava um rei. Dava as ordens, fazia as leis, administrava a justiça, mandava. Com o rei habitavam a rainha, a família do real casal, os amigos e os servos do palácio. Fora deste, espalhavam-se os restantes habitantes do território. Viviam para trabalhar e pagar os impostos que o rei determinava. Assim, todos os dias se levantavam cedo e começavam uma jornada que só terminava à noite depois de ouvirem as últimas decisões do rei para os dias seguintes. E todos os anos tinham que inscrever num papel todo o dinheiro que haviam recebido pelo seu trabalho e entregá-lo ao fazendeiro real. Este, depois de rever as contas, informava-os de quanto tinham que pagar a el-rei por lhes dar a benesse de poderem trabalhar, pois o monarca proclamava que só com muito trabalho poderiam um dia trabalhar menos. Muitos e muitos outros, porém, tinham rumado a terras vizinhas, e outros mais preenchiam diariamente papeis rogando que lhes dessem um trabalho. Era assim nesse país porque o rei mandava. E o povo acreditava.
Enquanto isso, o rei e o seu séquito continuavam no palácio a fazer leis e mais leis para que o povo, diziam os escribas de el-rei, pudesse um dia viver melhor. No palácio cada vez havia maior abundância, e nas ruas maior era a míngua. Até que um dia, muitos anos depois, à beira do desespero, o povo se revoltou e forçou os portões do palácio com o auxílio dos próprios guardas, seus parentes. E armados com a força da razão, adentraram nos aposentos reais no preciso momento em que o rei tomava seu banho perfumado de rosas. Tiraram-no da banheira e fizeram-no percorrer nu as ruas da cidade. O mesmo fizeram à sua corte. E todos puderam ver que el-rei era um homem igual aos outros. Depois, o frio e a vergonha de ser alvo da chacota geral acabaram por lhe dar o castigo merecido. E nunca mais houve outro rei naquele país.
Imagem do blogue "Deixa-me" - Texto de Jorgg - Publicação nº 268
Sino tocado em
janeiro 25, 2007 -
19 comentários
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