Hoje tirei parte do dia para visitar blogues. Entrei em alguns mais uma vez e noutros pela primeira vez.
Foi o caso do “Apanha-Moscas”. Dois factos me lá levaram: ser comentador habitual do meu amigo do KAOS e o nome escolhido.
Pois Luikki, responsável pelo Apanha-Moscas, tinha lá uma publicação intitulada “Como fazer de um imbecil um primeiro-ministro”. Li com atenção e deixei-lhe lá este comentário que agora partilho com outros amigos que, porventura, não tenham lido o Apanha-moscas. http://apanha-moscas.blogspot.com
De Manuel António Pina, in DN, Luikki publicou este excerto:
«Em recente entrevista ao "Sol", Saramago disse, referindo-se a Santana Lopes, esperar "que se explique às crianças como se chega a primeiro-ministro sendo um imbecil". A sugestão fica ao cuidado do Ministério para uma próxima reforma dos programas do Ensino Básico, e muito poderá contribuir para algumas brilhantes carreiras políticas futuras. Principalmente se as crianças forem ainda esclarecidas sobre como se chega a dirigente das estruturas intermédias dos partidos. O truque, segundo revelou (...) o ex-vice da Câmara do Porto, Paulo Morais, é pôr-se "ao serviço de quem financia a sua vida política e até pessoal". Não sei como se fabrica um dirigente partidário (é produto que consumo pouco), mas sempre me surpreendera, de facto, o modo como tantos imbecis (a expressão de Paulo Morais é "salazaretes"), sem relevância pessoal ou profissional conhecida, florescem nessas estruturas intermédias, daí muitos deles se lançando depois em fulgurantes voos picados sobre a mesa do Orçamento. Afinal é, pelos vistos, fácil (Paulo Morais é um homem "de dentro" e deve saber do que fala), basta talento para comer calar. Porque, e esta é uma lição de boa educação partidária que se aprende logo nas "jotas", com a boca cheia não se fala (nem se ouve).»
O comentário que lá deixei foi o seguinte:
A esta reflexão apenas acrescentaria que a tendência será para aumentar.
Começa-se pelas "Jotas", porque é giro, pá, a malta junta-se e tal, pá, depois a malta fazemos barulho, pá, bué da noise, pá, e às vezes vamos pelas terras, pá, pendurados nos carros, bué de bandeirinhas como no futebol, pá, garinas fixes, os gajos dão guito p’ó pitróilo, pá, é pá… porque sim, pá!
Depois, já feito empregado de confiança, começa-se a colar uns cartazes e a andar à porrada com gajos dos outros partidos.
Querendo continuar, é necessária a matrícula numa Faculdade, numa qualquer, o que não é difícil porque há muitas para que basta uma média de 7. O grau de Licenciatura é garantido desde que se paguem as propinas.
Entretanto, nunca se pode faltar a uma reunião do partido.
Nessas reuniões, há que estar atento ao político mais promissor, com alguma carreira já feita, e que se esteja preparando para o assalto ao poder.
Fazer-se amigo dessa promessa política partidária é fundamental.
Pode começar-se por lhe furar os pneus do carro e esperar por ele à saída da sede, oferecendo-se então os préstimos para o levar no carruncho do aspirante a uma qualquer boîte da moda, enquanto se insultam os grupelhos dos outros partidos que furaram os pneus.
Ceder-lhe as namoradas, ou namorados, também pode ser uma boa opção.
A partir daí, as bases de uma promissora carreira no partido, e na política nacional, estão definitivamente lançadas.
Deve continuar-se atento às alterações internas e não perder de vista que saber esperar é uma virtude. Trair com toda a naturalidade é igualmente uma base essencial.
Um belo dia… telefona-se para casa e diz-se: “ Pai, já sou Primeiro-Ministro. Avisa a mãe!...”
Publicação nº 196 - jorgg