terça-feira, 1 de dezembro de 2009
O 1º de DEZEMBRO e A HERANÇA PESADA DE D. SEBASTIÃO
Há 369 anos, Portugal recuperou a independência perdida cerca de 60 anos antes muito por acção do 16º monarca da sua história, D.Sebastião, que deixou o país sem rei nem sucessor, sem governação possível, de cofres vazios e à mercê da sempre temida "união ibérica" comandada do lado de lá. A terrível cláusula inserida nas escrituras do casamento da infanta D. Maria de Portugal com o príncipe D. Filipe de Castela, atribuía aos filhos deste matrimónio a herança da coroa portuguesa no caso de faltarem herdeiros directos. Ora, foi pensando muito nesta disposição que os portugueses haviam aclamado com imenso júbilo o nascimento do futuro rei D.Sebastião, o Desejado.
Filho do único descendente sobrevivente de D.João III, a quem oito filhos legítimos e um bastardo haviam morrido, o menino D.Sebastião subiu ao trono com 14 anos, depois da avó, D.Catarina, ter conseguido a sua maioridade antecipada. Criado entre as disputas desta e de um seu cunhado e tio-avô do monarca, o cardeal D.Henrique, pela regência do reino, D.Sebastião sofreria ainda a influência directa e forte dos jesuítas que detinham na altura um enorme poderio e exerciam na perfeição as artes da intriga e da eficiência na educação.
Assim cresceu o rei-menino passando o tempo entre caçadas, os deveres religiosos e a leitura de muitos livros de História, desenvolvendo uma personalidade de verdadeiro fanático quer pelas armas, educação recebida do seu aio D.Aleixo de Meneses, quer pelos princípios religiosos que lhe foram ministrados pelo preceptor, o padre jesuíta Luís Gonçalves da Câmara. Órfão de pai e com a mãe ausente em Espanha, ressentida por não lhe terem dado a regência, D.Sebastão tornou-se numa espécie de monge guerreiro, renunciando a tudo o mais que não contemplasse armas e religião, mesmo ao amor e aos prazeres carnais, considerados por si, o primeiro, como efeminado, e os segundos como incompatíveis com o espírito religioso que lhe fazia ver a castidade ascética como um ideal da vida humana. Desenvolvendo de forma doentia estas paixões, D.Sebastião nunca se interessou minimamente pelo povo, não visitando o país nem sequer reunindo as cortes. A sua obsessão era derrotar "a barbárie" e trazer à sua soberania os ímpios marroquinos.
E então, a 25 de Junho de 1578, contra todas as vozes e conselhos, muniu-se de um exército de perto de 18 mil homens dos quais metade havia sido recrutada entre aventureiros, miseráveis, rufiões e mercenários espanhóis, irlandeses e alemães, que para além do mais se guerreavam entre si, e partiu para conquistar a glória. Levava consigo uma coroa de ouro que deveria colocar na cabeça após a vitória e a espada de D.Afonso Henriques que pedira à Santa Cruz de Coimbra. Para tomar Larache, um porto de mar, desembarcou em Tânger a 17 de Julho e seguiu por terra, passando por Arzila e Alcácer Quibir. Imagine-se o que foi a marcha, em pleno verão africano. Ao chegarem a Alcácer Quibir os impreparados soldados encontravam-se já mortos de cansaço.
Seguiu-se a desastrosa batalha de 4 de Agosto, na qual se diz que D. Sebastião lutou como um louco, investindo a golpear à direita e à esquerda por entre as hostes inimigas, tendo-se entretanto apercebido da inevitabilidade da derrota. Camões, seu contemporâneo, só tinha um olho, que perdera o outro em Ceuta, mas D.Sebastião era cego de siso e de responsabilidade.
Uns anos depois, foi enviado para Portugal um corpo anunciado como sendo o dele. Todavia, no seu túmulo, nos Jerónimos, foi inscrita na lápide uma frase que diz: "Aqui jaz si vera est fama...".
Portugal, com o seu desaparecimento, ganhou uma lenda mas perdeu a independência e o norte. Mais de quatro séculos depois, o país ainda espera o regresso de D.Sebastião numa manhã de nevoeiro, ainda parece acreditar que a glória lhe será trazida em mão por acção de um cavaleiro saído das brumas e que o caminho certo para o crescimento lhe vai ser indicado por uma visão divina do Salvador, quem sabe numa das 7 colinas da Lisboa que viu D.Sebastião nascer.
- Jorge P.Guedes SineiroFontes consultadas para este artigo:"Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico" - J. Romano Torres, Editor
"Pequeno Dicionário de História de Portugal", direcção de Joel Serrão - Iniciativas Editoriais, 1976
"História de Portugal - Volume III: O Século de Ouro (1495-1580)", Joaquim Veríssimo Serrão - Ed. Verbo, 1978 E AGORA, MAIS UNS BONECOS! Com a pressa de chegar a uma inauguração, ao que consta, o carro onde viajava, entre outros, o Super-Polícia Mendes espetou-se contra a viatura oficial de Jaime Gama, esta felizmente apenas com o motorista dentro. Perante a violência do embate e o estado dos automóveis, a velocidade - Avenida da Liberdade abaixo - devia ser bem interessante... Já foi posta em causa, entretanto, a declaração de que se tratava da chamada "marcha de urgência", visto não estar bem esclarecido se uma mera inauguração se pode enquadrar no articulado legal que rege a permissão de uma velocidade de excepção aos veículos oficiais. Perante o ocorrido, crê-se que será o ministro da Administração Interna a assumir o cargo de Supercop das nossas polícias enquanto o titular se mantiver indisponível. As melhoras e CUIDADO com as velocidades, meus senhores! E se alguém tivesse ficado permanente incapacitado ou morrido? Como era? Mais juízo, recomenda-se.
No sábado passado, creio, o CM trazia uma entrevista pungente com o Sr. Carlos Cruz. Entre coisas de menor relevo, ficámos a saber que o presumível inocente de prática de pedofilia no âmbito do famoso "caso Casa Pia", já teve de vender o jipe, duas ou três casas e objectos de arte, sobrevivendo agora com a modesta pensão de 3 mil euros e mais uns trocados. O Sino da Aldeia foi encontrá-lo este domingo à espera da abertura da sessão nocturna da "Sopa dos Pobres".
António Barreto, igualmente em entrevista a outro jornal, e em contraponto com o optimismo sempre presente no PM Sócrates, afirmou o que podem ler já a seguir. Pertencerá também à cabala?
E ESTA... AFIRMO EU NO BONECO SEGUINTE, JÁ QUE
NINGUÉM ME ENTREVISTOU !
Já vai longa esta edição, mas que diriam os mais pequeninos se lhes faltasse a sua vitamina preferida - A VENERADA PÁGINA INFALTIL ! POIS AQUI A TÊM, MEUS LINDINHOS!
A AMIZADE É UM BEM PRECIOSO!
VEJAM COM ESTES MENINOS SEMPRE FORAM TÃO AMIGUINHOS.Publicação nº 791 de "O SINO DA ALDEIA", um pasquim de Jorge Sineiro
Sino tocado em
dezembro 01, 2009 -
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