O fundador do PS Mário Soares acusou a direita de atacar «com raiva» o primeiro-ministro, José Sócrates, para afastar o Governo socialista, e incitou-o a prosseguir com «a inteligência, a determinação e a coragem» que tem mostrado. - in D.Digital
«Dois anos depois da formação do Governo Sócrates, podemos afirmar, com objectividade, que estamos a caminho de vencer a crise financeira. É por isso que a direita, que está dividida, sem liderança e sem poder, ataca o PS com tanto impudor», declarou.
Mário Soares falava como convidado especial no jantar comemorativo do 34º aniversário do PS, na antiga FIL, em Lisboa, perante cerca de 1700 militantes.
Mário Soares ouviu o maior aplauso durante o seu discurso quando comparou os «ataques sórdidos e infundados» a José Sócrates à situação vivida pelo seu antecessor, Ferro Rodrigues.
O meu comentário:
O velho ex-líder da democracia portuguesa, a quem esta tanto deve, veio em socorro do homem que disse tê-lo apoiado nas últimas presidenciais. Fica-lhe bem tal gesto, sem dúvida! A gratidão é um valor que já vai rareando.
Pouco tempo depois de ter sido varrido por Cavaco Silva de uma lista de convites de que, por direito, deveria constar, Mário Soares quis dar ao Presidente da República e ao país a ideia de que ainda é a reserva moral e o ícone máximo da democracia portuguesa.
Terá ficado babado, como qualquer avô, com o convite de honra que Sócrates lhe enviou. E então, escreveu umas quantas loas ao Primeiro-Ministro sem cuidar de que estava a insultar uma parcela ainda assim significativa da esquerda portuguesa, ou seja, de parentes seus.
Quando afirma que os ataques a Sócrates são fruto da direita, sem cabeça e sem projectos, o velho ex-Presidente retira qualquer importância a todas as críticas que são feitas diariamente ao PM por gente de variadíssimos sectores que não são propriamente de direita.
Cria, assim, o cenário de : ou Sócrates ou a direita reaccionária, ou a incompetência ou o dilúvio. E ainda afirma mais: que os ataques a Sócrates são
"sórdidos e infundados".
Mário Soares quer convencer o país de que todos os jornais são de direita, de que todos os homens e mulheres que ainda escrevem livremente em tantos órgãos de comunicação, e hoje os blogues são-no também, e que não concordam com a política deste governo, são de direita, porventura "terroristas" como chamava Marcelo Caetano a quem se lhe opunha.
O velho paladino da democracia demonstrou, de vez, que está politicamente velho. Para ele, pelo que disse, já não há hoje "o direito à indignação"!
Que penoso fim tem quem não sabe sair de cena no tempo certo!
Publicação nº 344 - JPG