O Ronaldinho do Presidente: em um ano, Lulinha saiu de um emprego de 600 reais (aprox. Euros 222.00) para ser fenómeno das comunicações. Ar de inteligente...tem!...
Nota: Cotação fixada pelo Banco Central do Brasil em 23/10/2006:
1 euro = R$ 2,68357 (compra)
1 euro = R$ 2,68564 (venda) ou seja , 1 real=aprox. Euro 0.37 (74$oo antigos)
Da revista brasileira "Veja", respingo a seguir e com as devidas adaptações o seguinte texto, ainda que sabendo que a 2ª volta das eleições está à porta e Lula caminha imparável para um novo mandato:
Como aconteceria com qualquer pai, o presidente Lula tem demonstrado o orgulho que sente pelo sucesso de seu filho Fábio Luís Lula da Silva.
Aos 31 anos, Lulinha, apelido que ele detesta, é um empresário bem-sucedido. É sócio de uma produtora, a Gamecorp, que, com um capital de apenas 100.000 reais, conseguiu fazer um negócio extraordinário: vendeu parte das suas acções à Telemar, a maior empresa telefónica do país, por 5,2 milhões de reais. Como a Telemar tem capital público e é uma concessionária de serviço público, a sociedade com o filho do presidente sempre causou estranheza.
Na segunda-feira da passada semana, em entrevista ao programa Roda Viva, Lula teve de falar em público sobre os negócios do filho. "Não posso impedir que ele trabalhe. Vale para o meu filho o que vale para os 190 milhões de brasileiros. Se têm alguma dúvida, acionem ele", afirmou.
Dois dias depois, em entrevista à Folha de S.Paulo, o assunto Lulinha voltou à baila. Os jornalistas apresentaram-lhe uma questão formulada por um leitor do jornal, que não foi identificado. A pergunta dizia o seguinte: "Tenho 61 anos, sou pai de quatro filhos adultos, todos com curso superior, mas com dificuldades de bons empregos ou de se lançarem na vida. Como é que o seu filho conseguiutornar-se empresário, sócio da Telemar, com o capital avultado de 5 milhões de reais?".
Em resposta, o presidente Lula explicou que o seu filho se tornou sócio da Gamecorp quando a empresa, fundada por alguns amigos em Campinas, já tinha mais de dez anos de vida. "Eles fizeram um negócio que deu certo. Deu tão certo que até muita gente ficou com inveja", disse. Em seguida, o presidente fez menção às suspeitas que rodeiam a sociedade da Gamecorp com a Telemar. "Se alguém souber de alguma coisa que meu filho tenha cometido de errado, é simples: o meu filho está subordinado à mesma Constituição a que eu estou", disse o presidente, fazendo logo depois uma divagação comparativa que já nasceu imortal: "Porque deve haver um milhão de pais reclamando: por que meu filho não é o Ronaldinho? Porque não pode todo mundo ser o Ronaldinho". Os entrevistadores gostaram do paralelo estabelecido pelo presidente entre o seu filho e o astro do futebol e perguntaram se não seria mais fácil ser um Ronaldinho quando se é filho do presidente. Lula respondeu: "Não é mais fácil, pelo contrário, é muito mais difícil. E eu tenho orgulho porque o facto de ser Presidente da República não mudou um milímetro o hábito dos meus filhos".
Pouco ou nada se sabe dos hábitos dos filhos de Lula antes ou depois de o pai receber a faixa presidencial.
Mas a trajectória profissional de Fábio Luís mudou e muito. Foi só depois da posse que os seus dons fenomenais começaram a expressar-se – e com tal intensidade a ponto de o pai ver nele um Ronaldinho dos negócios. Ele mostrou talento para as comunicações e, como se lerá nesta reportagem de VEJA, para a actividade de "lobista" junto do governo. A reportagem revela que o filho do presidente associou-se ao "lobista" Alexandre Paes dos Santos, um personagem explosivo, que responde a três inquéritos da Polícia Federal, por suspeitas de corrupção, contrabando e tráfico de influências.
Esse dom do filho do presidente revelar-se-ia ainda no episódio da sua associação com a Telemar.
Sabe-se agora que os 15 milhões de reais investidos pela Telemar na empresa de Lulinha não foram um investimento qualquer. As circunstâncias sugerem que o objectivo mais óbvio seria comprar o acesso que o filho do presidente tem a altas figuras da República. O sector dos telefones estava e está numa guerra em que, a repetir-se a tendência mundial, haverá apenas um ou dois vencedores. Ganhar fatias do adversário é vital.
Houve uma corrida entre grandes empresas de telecomunicações para ver quem conseguia alinhar o filho do presidente entre a sua equipa de lobistas. A Telemar venceu. A maior empresa de telecomunicações do Brasil em facturação e em número de telefones fixos instalados, e com 64% do território nacional por ela coberto, é uma empresa cujo facturação anual supera 7 mil milhões de dólares. A aposta na associação com Lulinha acabou por não ser muito vantajosa para a Telemar porque o escândalo veio à tona. Mas foi por pouco. O governo negociava a queda de barreiras legais que impedem a actuação nacional de empresas de telefones fixos. Além disso, por orientação do governo, fundos de pensão de estatais preparavam-se para vender fatias relevantes de sua participação accionista no sector. Quem estivesse mais perto do poder sair-se-ia melhor.
O Ronaldinho do presidente Lula é mesmo um fenómeno.
Formado em Biologia, ainda lhe chamavam Lulinha, apelido que os amigos hoje evitam, quando trabalhava como monitor no Zoológico de São Paulo, com um salário de 600 reais por mês. Para reforçar os seus ganhos, dava aulas de inglês e de computadores. Do ponto de vista profissional e financeiro, vivia uma situação que parece ser muito semelhante à dos quatro filhos com curso superior do leitor da Folha.
Em Dezembro de 2003, no entanto, quando Lula estava em vias de completar o seu primeiro ano no Palácio do Planalto, Lulinha começou a sua viagem rumo à galeria exclusiva dos indivíduos fenomenais.
Publicação nº 118 - Jorge G