Não desisti. Não gosto de o fazer!
Começando pelo velhinho Dicionário que sempre me ensinou qualquer coisa, encontrei "chedre" ou "chede", como sendo um pássaro comum em Portugal, também conhecido por "carriça" ou "felosa-do-mato". Depois, num site espanhol, vim a saber que tem um canto forte e prolongado, nada de acordo com o seu pequeno porte, e que é um malandrão que leva as fêmeas ao desespero. É esquivo e dá conta das minhocas. Tendo o nome científico de Troglodytes troglodytes - vá-se lá saber porquê! - os franceses chamam-lhe TROGLODYTE MIGNON, e eu que sempre usei a palavra para designar um sujeito encorpado e meio abrutalhado !...
Afinal, é um dos pássaros mais pequenos e existe por toda a Europa à excepção dos países mais a norte.
Seguiu-se então a pesquisa de uma foto bem reveladora, bonita, de casamento! E tudo isto para ilustrar umas versejaduras dedicadas à boa amiga que teve o "desplante" de dizer que este simples editor, assalariado mal pago, logo, bem português, lhe fazia lembrar um tal António Aleixo que por cá andou a semear rimas com talento.
Na verdade, não é só o amor que é cego. A amizade também.
Vamos, pois, à versaria, esperando com fé que este chedre seja um chedre e que possa eu, alguma vez, escrever algo que saiba a poesia.
"LIGAÇÃO"
No link para o teu mundo
Já lá pus uma urzeira,
Desejando bem no fundo
Ter um chedre à sua beira.
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Procurei na Net toda,
Chedres... só um de apelido!
Ter-se-ão ido p'rá boda
Da urze c'o seu querido?
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Quedas-te assim alindada
Por florinhas d'urze bela.
Minha tarefa, findada.
O que falta... é tu ires vê-la!
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Do Gato vai-te aos bigodes,
Pux'ós p'ra baixo à direita,
Junto da minhoca podes
Ver, do chedre, a amada eleita.
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E ainda mais te digo,
Amiga minha e das letras,
Não gasto tempo contigo...
Ganho amor a estas tretas!
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Se te recordo Aleixo,
Aquele que canta o povo,
Não é arte...é desleixo...
De escrever algo de novo.
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Mas lá que, em Portugal,
Rimar...rima qualquer um,
É verdade! Tal e qual !
Nem que seja atum com pum!
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Por isso me atrevo a tanto,
Sou descarado sem cura,
E se uso do meu canto
É p'ra dar a mordedura !
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Findo como comecei,
Chedre à sua urzeira volta,
Não sei fingir que não sei
Do que a mim tanto revolta.
De "Tentativas poéticas " - Jorge P. Guedes (Maio de 2006)
Republicado hoje, 03.09.2006 11:18 a.m.