Meu caro José Pedro Gomes,
meu amigo:
Deixe-me tratá-lo assim pois, embora não o conhecendo pessoalmente, sou seu amigo há já uns bons anos, do tempo em que o Herman tinha graça e em que você e alguns outros, como a São José Lapa – admirável como no nome se pode transportar tanta informação! - me divertiam com inteligente humor.
Sinto amizade por si porque se conseguiu libertar, rasgando amarras e baraços.
Primeiro do Herman, que começou a ser mais navio encalhado do que rebocador, e depois, daquela que por todos espera e a quem aproveito para pedir que seja muito paciente com as pessoas de bem.
O seu relato, a que assisti na TV, sobre os momentos difíceis por que passou e que quase nos privavam de si, foram os minutos mais hilariantes dos últimos tempos. A forma como relata o acontecimento é um exemplo de sanidade intelectual superior e assinalável. E de vida!
Pois bem, escrevo-lhe esta carta pública por dois motivos:
Logo porque não é tão pública assim pois o meu blog é visitado por uma amiga fiel e por alguns outros que se perdem por atalhos para a auto-estrada da blogosfera. Querem ir ao “Abrupto” do Pacheco Pereira, o trânsito está infernal, tomam um atalho virando à esquerda e …zás, caem no meu blog!
O outro motivo tem a ver com uma mensagem com carácter de “URGENTE” que a minha amiga fiel destas vidas me enviou.
Era uma reprodução de palavras suas sobre teatro e sobre a educação que nos querem impingir.
De imediato procedi à instalação de um reprodutor de som nos meus dois espaços http://... dizendo à minha mulher que não tinha apetite para o jantar, o que me custou um raspanete dos antigos.
Você, meu amigo, fala alto e claro. Martela bem as sílabas, saboreando cada palavra que profere. São assim os bons actores.
Só que, aqui, você falou como profissional honesto e pai honesto.
Os senhores ministros, ou seus atentos lacaios, por certo ouviram as suas palavras. Se tivessem alguma vergonha ficariam de cara bem corada.
Sobre o teatro, já se sabe do amor que os nossos governantes têm tido por ele. Preferem naturalmente outras artes! O que pode você esperar das criaturas? Continue a divulgar as suas (deles) estrumeiras. Peço-lhe.
Depois, com muita graça e grande verdade, o José Pedro fala do que me diz mais directamente respeito – a anunciada avaliação de professores pelos encarregados de educação.
Antes de mais, quero dizer-lhe que só li comentários de revolta, chamemos-lhe, em um jornal. O diário desportivo “ A Bola”! Nem mais, todos os outros caladinhos.
Em “A Bola”, Vítor Serpa – o Director – em dois artigos e Jorge Olímpio Bento trouxeram a público o seu espanto e a sua denúncia. Bem hajam!
Agora foi você !
Numa época em que tantos começam de novo a ter medo de dizer as verdades, um pai que é actor apenas de profissão vem a terreiro clamar pela Verdade e denunciar as falsas políticas de educação, ainda para cúmulo anunciadas ao país como sendo grandes lições de democrática moralização de práticas e costumes.
Assim se enganam uns milhares.
Naquela curta mas implacável comunicação você, meu Amigo, pode estar certo que foi a voz possível de muitos milhares de professores que têm servido de montadas aos fazedores de leis que vamos tendo. Um enorme Bem-Haja pela verdade das suas palavras ! Alguém tem de dizer a Verdade!
Mas, afinal, os dois motivos para lhe escrever esta carta são, como é da praxe, três.
O terceiro visa engraxá-lo, para o caso de poder um dia ser professor de um filho, ou de um neto seu, e necessitar da sua avaliação para progredir na carreirinha.
Com esta nota de humor amargo termino.
Os maiores êxitos pessoais e profissionais.
Como seu atento espectador aqui lhe deixo a minha avaliação ao seu trabalho: 19 valores. O 20 fica para os próximos !