Capa da Time Magazine do verão de 1947
Quem aqui hoje recordo é uma mulher que nasceu justamente num dia 7 de Maio, em 1919, numa pequena cidade argentina, Los Toldos, na região das Pampas, a cerca de 200 Km de Buenos Aires.
Os pais, Juan Duarte e Juana Ibarguren (muitas vezes referida como Doña Juana), nunca se casaram. Duarte era um rancheiro das proximidades de Chivilcoy, onde já tinha mulher e uma família. Alguns biógrafos referem que o "segundo casamento" de Duarte com Juana Ibarguren não era incomum na Argentina rural de então e pode estar relacionado com a história da região : as circunstâncias da guerra, os imperativos da fronteira e a completa ausência de registos significam que os colonos rurais argentinos do séc.XIX tomavam mulheres índias e as deixavam, e aos filhos, à medida que se deslocavam para outras terras e de região para região.
Em 1920, quando Eva tinha apenas um ano, Duarte voltou para a sua famíla legal, deixando Juana Ibarguren e 5 filhos sem meios de subsistência. Perante tal cenário, Juana mudou-se para a parte mais pobre de Junín e costurava para as vizinhas para arranjar dinheiro para si e os filhos. Com o abandono do pai, viviam estigmatizados pela sociedade.
Diz-se que durante este período Juana dirigiu um bordel no qual a própria Eva foi prostituta. Mesmo Jorge Luis Borges, o mais famoso escritor argentino, acreditou nesta versão. Porém, a maioria dos biógrafos, tais como Tomas Eloy Martinez, escreveram que tal não corresponde à verdade.
Com cerca de 15 anos, Evita foi para a capital, levada supostamente por um cantor de tangos, Agustín Magaldi.
Na grande cidade, Eva teve naturalmente grandes dificuldades para sobreviver, mas após uma longa batalha, conseguiu tornar-se actriz, trabalhando na rádio e no cinema.
E foi em 15 de Janeiro de 1944, quando um terramoto sacudiu violentamente a cidade de San Juan, tendo vitimado 6 milhares de pessoas, que Juan Perón, na altura Secretário de Estado do Trabalho, destinou um fundo de apoio às vítimas. Esboçou um plano para um "festival artístico" incluindo artistas da rádio e do cinema, os quais se deslocaram pelas ruas de San Juan com caixas de recolha de donativos.
E ao fim de uma semana de angariação de fundos, todos se reuniram numa Gala. E nesse dia , 22 de Janeiro de 1944, Eva Duarte encontrou-se com o futuro marido , 25 anos mais velho, pela primeira vez.
Depois, o povo começou a amá-la até ocorrer a sua morte em 26 de Julho de 1952.
Em 1951, Evita lançou uma campanha para a Vice-Presidência da Argentina. Mas os militares, as elites do país e o próprio Juan Perón opuseram-se e por fim impediram a sua candidatura.
Em 1952, foi dado a Evita o título oficial de "Líder Espiritual da Nação". E embora nunca oficialmente eleita para qualquer cargo político, a maioria dos estudiosos concorda que, por alturas do 2º mandato do marido, Eva Perón tinha exercido maior poder e influência dentro do governo do que qualquer dos seus membros à excepção do próprio Perón.
Este poder derivava da sua liderança dentro dos sindicatos Pro-Peronistas, na Fundação Eva Perón e no Partido das Mulheres peronistas.
São muitos os que consideram que Evita foi a mais poderosa mulher da história da Argentina e que na altura da sua morte era mesmo uma das mais poderosas no mundo.
Publicação nº 363 - Jorge Sineiro