Na esperança de que mais do que uma ou duas pessoas, e são sempre as mesmas, me possam ler na íntegra, vou debruçar-me hoje sobre uma questão que julgo já ter sido posta por qualquer habitual escrevinhador de blogues – o porquê de manter um espaço como este.
Quando, no início deste ano, comprei um brinquedo que se destinava a uso familiar, um portátil, longe estava eu de imaginar que lhe iria chamar “meu” em pouco tempo.
Sem qualquer conhecimento destas coisas, andei aos tropeções durante uns dois meses, surpreendendo-me com as imagens que postava e não eram vistas senão por mim, das barras laterais que fugiam de repente, enfim, daquelas pequenas grandes contrariedades para quem começa e nada percebe da matéria.
Fui aprendendo, como outros por certo, às próprias custas e com os erros cometidos.
Hoje, naturalmente que sei mais do que sabia…não sou destituído de todo.
Fui ganhando entusiasmo por esta possibilidade fascinante de aprender e comunicar os resultados das nossas aprendizagens. A quem? A quem nos leia, porventura, é a resposta lógica e imediata.
Porém, com o passar do tempo, direi que talvez não seja bem assim!
O que procuram as pessoas num blogue seu ou alheio? Colher ideias, informação, pistas para os seus espaços, avisar, calar, rir, divertir, filosofar, observar calado, comentar, procurar o diálogo, expor-se, esconder-se, espreitar, avisar da sua presença, difundir boa-vontade e companheirismo, ser solidário, ser invejoso, destilar ódio, chatear, entusiasmar, entusiasmar-se, acicatar, denegrir, incentivar, e um sem número de outros motivos, que já vai demasiado longo o rol…
Na verdade, todo este conjunto de propósitos está à mercê de quem se der ao trabalho de carregar numas teclas de um mero computador.
A vaidade ou a modéstia de cada um, irão dar o mote para o trilho do blogue. Há os que colocam selos dizendo “eu fui destaque em…”, e os que acham ridículos esses mesmos selos, que se retiram a qualquer hora de um sem número de sites, a troco da publicidade aos mesmos.
A partilha de conhecimentos e de opiniões é, a meu ver, o único motivo interessante deste género novo de comunicação. Não deverá ser por vaidade que se gosta de ter comentários ao que se publica. Antes deverá ser porque alguém, tantas vezes longe e que não conhecemos nem nos conhece, leu e reflectiu sobre aquilo que fizemos com o maior dos gostos e com toda a qualidade que conseguimos.
Se tal não acontecer, um blogue torna-se um exercício prático de puro narcisismo e, por isso mesmo, tão desinteressante para os outros quanto para quem o mantem, a não ser que o autor se contente e regale na sua auto-contemplação e adore ler-se a si próprio.
Para isso, comigo não contem. Eu sei que o número de pessoas que entram num blogue e nada lêem, ou lêem mal – o que é bem pior – até tenderá a aumentar, pelo menos enquanto esta moda febril não passar e a purga natural não se fizer.
Mas também sei que não é para esses milhares que escrevo. É só para alguns, poucos… mas bons! Muito obrigado a esses.
Este espaço é de livre acesso, os comentários não. Em nossa casa só entra quem vier por bem. Aos outros, não abro a porta. Chamem-me o que quiserem!
-Jorge P.G.
Publicação nº 216 - jorgg